Fábio Porchat revela em novo stand-up situações cômicas vividas em suas viagens
De volta aos palcos de São Paulo, o humorista lota as sessões do espetáculo “Histórias do Porchat” em que narra algumas de suas malucas viagens pelo mundo e, na TV, faz sucesso compartilhando experiências inesquecíveis de famosos e anônimos
Uma massagem na Índia, encontro com gorilas, safáris na África e até dor de barriga no Nepal. Essas são algumas das aventuras de viagens que Fábio Porchat compartilha com a plateia em “Histórias do Porchat”, em cartaz até outubro no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado. Com muita risada do público, o humorista lota o teatro há meses e prorrogou o fim da temporada na cidade depois de esgotar ingressos em seguidos finais de semana.
“Está indo tão bem porque é leve, tem um texto para todos, do adolescente ao avô, todo mundo queria rir de alguém depois da pandemia”, resume. Mesmo com tantas histórias e o passaporte cheio de carimbos – resultado de visitas a lugares inusitados e deslumbrantes – Porchat escolhe o Brasil como o melhor país para viajar: “Temos uma diversidade incrível de destinos, é impossível elencar apenas um lugar favorito”.
O sucesso do stand-up também se relaciona com a audiência cativa de seu programa no GNT, “Que História É Essa, Porchat?”, já na quinta temporada. Na TV, o artista propõe a famosos e anônimos que compartilhem suas experiências inesquecíveis, engraçadas e até mesmo assustadoras. E o resultado não poderia ser diferente, alguns desses causos bombam nas redes sociais logo depois da transmissão. Direto da sala de embarque do Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, Fábio Porchat conversou com a 29HORAS entre um voo e outro. Confira os principais trechos da entrevista:
Você foi capa da 29HORAS em 2013. Qual é a diferença do Fábio Porchat de 10 anos atrás e agora?
Sinto que, em 2013, eu ainda era uma aposta do humor nacional. Aquele ano mudou a minha vida profissionalmente, as pessoas estavam me descobrindo, porque o Porta dos Fundos estourou, estreei o filme “Meu Passado Me Condena” nos cinemas e entrei para ‘A Grande Família’, na Globo. Hoje, já tenho um programa meu no GNT, ‘Que História é Essa, Porchat?’, e lancei dez filmes, o que me dá muita satisfação! Tenho ainda muito para conquistar na carreira, mas posso dizer que me estabeleci na profissão. Tenho 39 anos, faço 40 no dia primeiro de julho, então sou jovem para alcançar mais, até uma pandemia passou por nossas vidas… Agora sou um cara mais maduro, com maior entendimento sobre humor e entretenimento.
Entre tantas viagens, como foi montar o roteiro do “Histórias do Porchat”?
Quando decidi fazer o stand-up, pensei que as pessoas estavam com desejo de voltar aos teatros, de interagir ao vivo depois da pandemia. Todos estavam precisando rir, sem polêmicas, nada sobre política, queria fazer algo que todos da família poderiam assistir juntos. É isso que tem acontecido em “Histórias do Porchat”! Viajei para mais de 60 países e fui para muitos lugares no Brasil – que para mim é o país mais incrível do mundo – e resolvi selecionar histórias dessas viagens para contar para o público. Já falava muito sobre as minhas aventuras para os amigos! Fui separando as histórias em temas, em lugares, gosto de escrever show de stand-up com ‘começo-meio-fim’, aproveitando os assuntos…Como não tem ensaio, fui apresentando a ideia em comedy clubs primeiro, com 10 minutos dos textos e vendo o que funcionava. E meus amigos também foram me dizendo o que era mais engraçado, fui testando.
Por que você acha que o público recebeu tão bem o stand-up?
Vamos até o final de outubro em São Paulo, é incrível a recepção do público! Está indo tão bem porque é leve, tem uma risada a cada 12 segundos, já fizemos essa medição. Tem um texto para todos, do adolescente ao velho, todos queriam rir de alguém depois da pandemia. E acredito que o sucesso tem muito a ver com o programa também, as pessoas estão acompanhando muito o ‘Que História é Essa, Porchat?’, e muitos chegam sem ter me visto no teatro antes e mesmo sem nunca ter ido a uma peça, mas já são fãs do programa.
Como começou a sua paixão por viagens? Sua família sempre foi muito viajante?
Curiosamente, meus pais nunca foram muito viajantes. Comecei a viajar com meus tios, Júlio e Flávia, eles iam muito a Portugal porque tinham casa lá e eu acompanhava. Sou vascaíno por causa desse meu tio, inclusive. Eles me levavam junto, fomos para Espanha, França…isso me estimulou. Eu acho mágico viajar, porque estamos longe de tudo o que conhecemos, ninguém te conhece, você não fala a língua do lugar, os problemas se distanciam. Quando passo três semanas fora, acontecem diversas situações que não parecem muito grandiosas e não tem importância estando longe. A vida segue e não tem problema nenhum, traz paz de espírito! Viajar mostra como somos pequenos, tira esse universo centrado do ego, e fica evidente como o mundo é diverso e pode ser diferente do que concebemos.
O que faz uma viagem ser marcante? A companhia? O roteiro? A organização ou o espontâneo?
Cada viagem é uma viagem. É clichê, mas é verdade. Viajar com amigos é uma experiência, que é totalmente diferente do que fazer uma viagem de casal…. Você pode ir para Paris com a sua esposa e brigar, acaba sendo péssimo. E uma viagem com os amigos para o Guarujá pode ser marcante e engraçada, a melhor da vida! O mais importante é conhecer um novo lugar, independente de onde for. Gosto de planejar e saber o que determinada região tem para oferecer, para onde ir naquela cidade, mas deixo espaços abertos para improvisar e para as situações chegarem também.
Muitas pessoas devem te pedir dicas de viagem, o que você costuma recomendar?
Quando alguém viaja e não me pede recomendação, fico até ofendido (risos). As minhas perguntas são sempre: com quem vai, quanto tempo vai passar no lugar e em qual época do ano é a viagem. São três pontos muito importantes! Se você vai para a Europa em dezembro, vai no inverno e em alguns lugares faz muito frio, por exemplo, e vale ver se é possível conhecer mais de um país…Se a viagem é em família e são muitas pessoas, precisa pensar na locomoção, são diferentes questões… E tento pensar em sugestões fora do comum. Tem que conhecer Roma, mas tem que conhecer Matera, na Itália, que ninguém vai e é uma região linda. Fiz uma viagem com o Paulo Vieira (também humorista) para o Caribe e foi através de uma recomendação de um casal que não conhecia. Eu estava na ponte área e eles disseram que eu precisava conhecer o arquipélago de San Blas, em uma viagem de barco. Se as pessoas vão me indicando, analiso, guardo as ideias e começo a me programar.
O Brasil tem uma diversidade incrível de destinos. Qual foi sua melhor viagem por aqui?
É difícil escolher apenas um lugar! Elenco três: Amazônia, porque fiquei muito encantado com o Festival Folclórico de Parintins, que acontece no final de junho todo ano. Eu até me autodeclaro um embaixador de Parintins! Gosto muito também de São Miguel dos Milagres, em Alagoas, que para mim tem as praias mais bonitas do país, e o Pantanal, que é um lugar único. Lá, acompanhei o projeto Onçafari, é demais ver as onças no habitat natural! Ah, e o Rio de Janeiro é obrigatório, não posso deixar de dizer, então são quatro (risos).
Qual lugar no Brasil você ainda quer conhecer? Por quê?
A Serra da Capivara, no Piauí, que tem arte rupestre, e se tudo der certo vou ainda neste ano; Alter do Chão, que tem a época certa para ir e ainda não consegui me programar; e com certeza a Chapada Diamantina. São os três lugares que estão na minha lista!
Você trabalha com humor e viagem, o que é lazer para muita gente. Como separa o trabalho da sua própria diversão? É possível desligar?
Assistir a um filme e a uma série, para mim, tem aspecto de trabalho também. Não consigo me desligar e distanciar totalmente, presto a atenção na direção, no trabalho de atores, em toda a produção. Leio um livro e, às vezes, penso que queria adaptá-lo para o audiovisual, é meio incessante. E até viajar virou trabalho (risos)!
Você está sempre na ponte-aérea. O que você gosta de fazer em São Paulo? Quais são seus lugares favoritos na cidade?
São Paulo é uma cidade rara no mundo. Vejo gringos que vão para São Paulo e se impressionam com o tamanho da cidade, dos prédios, com a diversidade de lugares e bairros. Adoro o Masp, o Museu da Língua Portuguesa, o Mercadão, preciso visitar o Museu do Ipiranga depois da reabertura, lembro que fui com a escola quando era criança, vou aproveitar o final de semana para fazer isso! Amo os restaurantes e os musicais, que tem uma agenda cheia na cidade e são a cara de São Paulo. Sem falar de alguns lugares no estado que tenho muita vontade de conhecer, como o Petar (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), com as suas cavernas maravilhosas.
E até agora, qual é a sua história favorita do “Que História é Essa, Porchat?”, no GNT? Quem foi o convidado que mais te surpreendeu?
Geralmente os anônimos, na plateia, contam as melhores histórias, porque eles não têm nada a perder (risos). Mas adorei a história da Fernanda Torres, da Regina Casé, do Lúcio Mauro Filho, que é o melhor contador de história do Brasil, a Dani Calabresa foi hilária, além da Heloisa Périssé, que foi a preferida do público. Recebemos muitas sugestões e fazemos uma triagem, todos mandam áudios contando as histórias, inclusive os famosos. Não adianta ter o Obama no programa e ele ter uma história ruim. É melhor o desconhecido com uma história boa! Tem vezes que descobrimos a melhor história já no camarim, tento tirar o melhor para além do que nos contam antes, foi assim com a Angélica, por exemplo.
Para além do stand-up e do programa no GNT, quais outros projetos você desenha para o futuro próximo?
Terminei de filmar uma comédia romântica com a Sandy, que é meu par romântico em “Evidências do Amor”, inspirado na música do Chitãozinho e Xororó. O filme deve estrear no começo do ano que vem! “Que História é Essa, Porchat?” fica no ar até o final do ano e o stand-up também segue em cartaz. Neste ano devo filmar ainda mais um longa e tem o especial de Natal do Porta dos Fundos, claro!
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