Aena Brasil assume o Aeroporto de Congonhas e diretor-presidente fala sobre melhorias
Diretor-presidente da Aena Brasil, que assume o Aeroporto de Congonhas neste mês, Santiago Yus detalha planos de reformas no terminal e compartilha resultados da administração em outros aeroportos do país
São Paulo é a maior metrópole da América do Sul e o principal polo econômico e industrial do Brasil. A cidade é também palco de eventos corporativos, culturais, esportivos e gastronômicos de expressão nacional e internacional. Porta de entrada para essa efervescência urbana, o Aeroporto de Congonhas é o segundo terminal mais movimentado do país. Em 2022, 18 milhões de pessoas passaram pelo aeroporto e, neste cenário, uma nova operadora assume sua gestão a partir de outubro, para colocar o terminal na rota dos mais modernos do planeta.
A empresa espanhola Aena – maior operadora aeroportuária do mundo – arrematou por R$ 2,45 bilhões o bloco de aeroportos liderado por Congonhas. A concessão será de 30 anos e prevê investimentos de mais de R$ 3 bilhões no aeroporto nos primeiros cinco anos. “Temos um planejamento de melhorias de curto e médio prazo, já trazendo mais conforto e eficiência para a operação atual”, resume o espanhol Santiago Yus, diretor-presidente da Aena Brasil. Entre os destaques para a melhor experiência dos passageiros, estão: implementação de novas tecnologias no check-in e no despacho de bagagens, uma melhor ambientação na sala de embarque, além da ampliação dos canais de inspeção e de reparos imediatos na infraestrutura das áreas comuns e restrita.
De acordo com o executivo, as reformas estarão alinhadas ainda aos compromissos globais de sustentabilidade, visando a redução dos impactos para o meio ambiente. Cerca de 2,5% das emissões globais de gases de efeito estufa são geradas pelo setor de aviação. Desse total, 95% vêm das aeronaves, enquanto o restante é atribuído ao controle direto dos aeroportos, ou seja, a atividades realizadas nas instalações aeroportuárias. “Trabalhamos para mitigar esses efeitos, buscando eficiência energética e a valorização de fontes renováveis”, pontua.
Além disso, com arquitetura inspirada no estilo art déco – obra dos arquitetos Ernani do Val Penteado e Raymond A. Jehlen – o prédio do aeroporto é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), assim suas características arquitetônicas serão preservadas nas futuras adaptações.
Para além da modernização de Congonhas, a atuação da Aena objetiva o desenvolvimento da aviação civil no Brasil. “O mercado brasileiro é estratégico e nos instiga a apostar em soluções conjuntas, seja com companhias aéreas e outras empresas, para a evolução do setor como um todo”. Segundo Santiago, a Aena é, hoje, uma operadora que se propõe a investir no país – com escritório em São Paulo e Recife – são 800 funcionários, sendo quase 100% das equipes formadas por brasileiros.
O gestor
Santiago Yus é graduado em ciências econômicas e empresariais pela Universidade de Zaragoza, na Espanha, e em administração pela The Nottingham Trent University, da Inglaterra. O executivo possui MBA pelo Instituto de Empresas em Madrid e PDD (programa de desenvolvimento de altos executivos) pela IESE Business School, ambos na Espanha, que é seu país natal.
Ele iniciou sua carreira profissional na Aena há vinte anos, na área de Planejamento e Gestão, e foi diretor dos aeroportos Almeria e Tenerife Sur. Desde novembro de 2019, Santiago Yus ocupa o cargo de diretor-presidente da Aena Brasil, coincidindo com sua mudança de residência para o Brasil. Fluente em português, ele se firmou no país nos últimos anos: “Não apenas construo a minha trajetória profissional por aqui, mas já posso dizer que me sinto acolhido pelo país e tenho minha casa no Brasil”.
Santiago também é membro dos dois Conselhos de Administração dos aeroportos da operadora e participa, desde o primeiro momento, de todo o planejamento da concessionária no país, acompanhando os planos de investimento, os projetos e a sua execução.
Dimensão nacional
A Aena Brasil é a maior operação da empresa fora da Espanha, o que revela a importância da aviação civil brasileira para o setor. “Estamos tropicalizados, é a única administração no exterior que opera com o nome do grupo, o que reflete esse compromisso”, afirma. Desde começo de 2020, a operadora também administra seis aeroportos da região Nordeste: Recife, Juazeiro do Norte, João Pessoa, Campina Grande, Aracaju e Maceió. Em 2019, os seis aeroportos somaram quase 14 milhões de passageiros.
Santiago Yus reforça ainda que a cobertura estratégica da Aena no país mostra as potencialidades de diferentes regiões: “Temos a oportunidade criar polos comerciais no entorno dos aeroportos e desenvolver essas regiões, que podem se tornar hubs e proporcionar novas conexões para os passageiros. Nosso objetivo também é oferecer um serviço de excelência em diversas rotas distribuídas pelo Brasil.”
O Aeroporto de Recife, em Pernambuco – administrado pela empresa – é um exemplo. O terminal conquistou premiações relacionadas à qualidade e pontualidade e ganhou, pelo 2º ano consecutivo, o Prêmio Aviação Mais Brasil, do Ministério de Portos e Aeroportos, como o mais pontual do país na categoria entre 5 e 10 milhões de passageiros por ano. Em dezembro de 2022, o aeroporto foi eleito o segundo melhor do mundo pelos usuários, segundo dados da consultoria AirHelp – ficando atrás apenas do Aeroporto Internacional de Haneda, em Tóquio.
Em Maceió, no estado de Alagoas, a Aena entregou um aeroporto renovado em julho deste ano. Por lá, o novo check-in agora tem 21 balcões, onde operam as quatro companhias – TAP, Azul, Latam e Gol. No desembarque, o processo de recolhimento das malas dos passageiros ficou mais rápido, com a instalação de três novas esteiras, e o pátio foi redesenhado para receber aeronaves de grande porte.
Depois da administração regional no Nordeste, a Aena venceu a licitação de mais 11 aeroportos, em agosto do ano passado. Hoje, a empresa é responsável por cerca de 20% do tráfego aéreo nacional, com a operação de 17 aeroportos do Brasil, incluindo o Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. “O grande desafio agora é equilibrar a complexa operação do terminal paulistano com o restante do bloco, mas estamos confiantes”, conclui.
Internacionalização
Na Espanha, a Aena opera 46 aeroportos e dois heliportos. É acionista controlador, com 51%, do aeroporto de Londres-Luton, no Reino Unido, além de gerenciar aeroportos no México, Colômbia e Jamaica, que totalizaram um volume de passageiros de mais de 78 milhões, em 2019.
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