Recém-inaugurada na Serra Gaúcha, a mostra Space Adventure permite que seus visitantes se sintam “astronautas por um dia”, com itens originais da Nasa e experiências imersivas e interativas
A Space Adventure é uma experiência totalmente interativa para toda a família que foi inaugurada no início de abril na cidade de Canela, na Serra Gaúcha, com a presença de Charles Duke, astronauta que, em 1971, a bordo do Módulo Lunar Orion, na missão Apollo 16, entrou para o seleto grupo de 12 homens que já pisaram na Lua. A atração reúne itens originais da Nasa, a agência norte-americana de exploração espacial, e ocupa uma área de 4 mil m².
A mostra tem um espaço que emula o ambiente lunar, por onde os visitantes podem circular em meio a um Rover – veículo de quatro rodas conhecido popularmente como “Buggy lunar” – e a um elevador que simula a movimentação e a chegada na rampa de lançamento dos foguetes. A exposição tem ainda uma das maiores coleções de artefatos originais da Nasa, como o motor de foguete do programa Mercury, uma réplica fiel da cápsula da Apollo 11 com painel original, duas mesas de comando de Houston, trajes especiais do projeto Gemini, a câmera fotográfica usada na Apollo 17, além de registros históricos da missão Apollo 11, que levou dois astronautas americanos à Lua em 20 de julho de 1969.
Exposição de trajes e equipamentos da Nasa na Space Adventure, em Canela (RS) – Foto divulgação
O público pode ainda conferir de perto os itens originais preparados para a higiene e a alimentação dentro da cápsula espacial. A Space Adventure também proporciona experiências extraordinárias como o giroscópio, que simula a força gravitacional, Cinema 6D e Realidade Virtual – sem falar na lojinha de souvenirs e itens de colecionador. No planetário, o visitante pode conferir filmes produzidos pelo Museu de História Natural de Nova York.
A atração é fruto de mais uma iniciativa da DC Set – dos gaúchos Dody Sirena e Cicão Chies, grupo que há 40 anos produz alguns dos maiores shows e festivais do país (como o Planeta Atlântida e o Tomorrowland), trouxe para o Brasil exposições interativas sobre as obras de Banksy e Frida Kahlo e, mais recentemente, passou a administrar equipamentos de lazer como o Jardim Botânico (em SP), o Parque das Pedreiras (em Curitiba), a casa de espetáculos Qualistage (no Rio) e a Arena MRV (em BH). A expectativa é que Space Adventure seja visitada por 300 mil pessoas a cada ano.
Exposição da SpaceAdventure – Foto divulgação
Space Adventure Avenida Ernani Kroeff Fleck, 960, Vila Suíça, Canela (RS). Ingressos de R$ 50 a R$ 220.
Em março deste ano, a icônica Pinacoteca de São Paulo abriu as portas da Pinacoteca Contemporânea – novo edifício dentro de seu conjunto arquitetônico que já inclui a Pinacoteca Luz e a Pinacoteca Estação. O espaço sustentável, com certificação ambiental Leed Silver, tem projeto assinado pelo escritório Arquitetos Associados e foi pensado para ser integrado ao centenário Parque da Luz e aos bairros do Bom Retiro e da Luz. No ambiente, há um novo centro de atividades socioeducativas, área de serviços, restaurante, loja e espaços comuns, além da Biblioteca da Pinacoteca de São Paulo e o Centro de Documentação do Museu. Para sua inauguração, a Pina Contemporânea apresenta a mostra “Chão da Praça: Obras do Acervo da Pinacoteca”, que pode ser apreciada até o dia 30 de julho.
Foto Christina Rufatto | divulgação
Pina Contemporânea: Avenida Tiradentes, 273, Luz.
De quarta a segunda, das 10h às 18h. Ingresso a R$ 20.
A exposição, que está em cartaz no BarraShopping, conta com fósseis de dinossauros, esqueletos e um impressionante conjunto de tesouros palentológicos
Em cartaz até o dia 16 de abril no BarraShopping, a exposição “Expodinos – O Maior Dinossauro do Mundo” desvenda um mundo fascinante, apresentando 16 réplicas de esqueletos de dinossauros completos e fósseis originais, incluindo o maior de todos, o titanossauro Patagotitan, e o gigante carnívoro Tyrannotitan. Também está exposto o crânio do Giganotossauro, um dinossauro que se tornou popular depois de derrotar o Tyranossaurus rex no último filme da franquia “Jurassic Park”. Além do maior de todos, a Expodinos também inclui a réplica do esqueleto em tamanho natural do dinossauro mais antigo do mundo, o “brasileiro” Buriolestes schultzi, que viveu há 233 milhões de anos! O acervo paleontológico exposto é um conjunto impressionante, com fósseis originais dos períodos Triássico, Jurássico e Cretáceo. Antes de chegar ao Rio, a exposição teve uma temporada em São Paulo, na Oca do Parque Ibirapuera, onde foi visitada por mais de 100.000 pessoas.
Exposição “Expodinos – O Maior Dinossauro do Mundo” – Foto Caio Gallucci
BarraShopping
Avenida das Américas, 4.666, portaria J, Barra da Tijuca. Ingressos de R$ 20 a R$ 50.
Conhecido por conceber obras de arte com chocolate, diamantes, molho de tomate ou lixo, Vik Muniz agora usa dinheiro picado para montar imagens dos animais que estampam as cédulas do nosso bonito e desvalorizado real. As obras ficam expostas na galeria Nara Roesler até o dia 22
Há quatro décadas, Vicente José de Oliveira Muniz faz a gente pensar com suas obras de arte feitas com materiais inusitados. Hoje, seus trabalhos são expostos nos principais museus e galerias do planeta. Em 2010, seu trabalho no lixão do Gramacho gerou o longa “Lixo Extraordinário”, que concorreu ao Oscar de Melhor Documentário. Agora, com 61 anos, o artista nascido em São Paulo e radicado no Rio expõe na galeria Nara Roesler (no Jardim Europa, na capital paulista) a série “Dinheiro Vivo”, com imagens compostas com fragmentos de dinheiro que seriam descartados pela Casa da Moeda, mas em suas mãos ganharam novo valor e novos significados.
“Dinheiro Vivo” se divide em duas partes. A primeira traz representações dos animais que estampam as cédulas do dinheiro brasileiro: a tartaruga marinha da nota de R$ 2, a garça da cédula de R$ 5, a arara (R$ 10), o mico-leão-dourado (R$ 20), a onça-pintada (R$ 50), a garoupa (R$ 100) e o lobo-guará (R$ 200). Mesmo triturado e sem valor financeiro, esse dinheiro serve para articular uma nova imagem, com aspectos metalinguísticos e novos simbolismos.
No segundo grupo de trabalhos, Muniz recria pinturas e gravuras de paisagens brasileiras do século 19, feitas por pintores viajantes como o alemão Johann Moritz Rugendas, o norte-americano Martin Johnson Heade e o francês Félix Taunay. Essas recriações também conferem a essas pinturas tão famosas novas interpretações e novas perspectivas. Afinal, dinheiro vivo (feito de papel) é sinônimo de floresta morta.
Em entrevista que concedeu à 29HORAS, Vik fala do processo de criação dessas novas obras, de suas próximas exposições na Europa e da sua dificuldade para se adaptar a esses tempos modernos em que tudo deixa de ser físico e analógico para se tornar digital e imaterial – como a música, os livros e o próprio dinheiro. Veja a seguir os principais trechos dessa conversa:
A releitura de Vik Muniz para uma pintura do alemão Johann Moritz Rugendas – Foto divulgação
Você realizou o sonho de muita gente: entrou na Casa da Moeda e saiu de lá carregando sacos de dinheiro! Como foi que você fez isso?
Pouco antes da pandemia, estava participando da organização de uma mostra com obras feitas a partir das cinzas do Museu Nacional, destruído em um incêndio em novembro de 2018, para angariar fundos para a recuperação da instituição. Um dos lugares que cogitamos para sediar a exposição foi o Museu da Casa da Moeda, na Praça da República, no centro do Rio. As negociações para fazer a mostra ali não avançaram, mas quando estive lá no museu, me convidaram para visitar a gráfica da Casa da Moeda, no subúrbio de Santa Cruz, na zona oeste do Rio. Como sou muito curioso, fui lá! É impressionante ver como o dinheiro é produzido. As prensas são gigantescas, e o trabalho ali é fantástico. Ao ficarem prontas, as pranchas com as notas de dinheiro são examinadas por dezenas de mulheres muito minuciosas. Se tiverem qualquer defeito minúsculo, são descartadas e trituradas. Ao final da visita, me deram de presente um pacotinho, do tamanho de um saco de pipoca, com dinheiro picado. Perguntei se eles poderiam me dar mais e eles responderam que sim, que eu poderia retirar ali o quanto quisesse. No dia seguinte, enchi duas vans com 14 pacotes de dinheiro triturado, dois sacos com fragmentos de cada cédula!
Como surgiu a ideia de fazer arte com dinheiro? Você acha o dinheiro brasileiro bonito?
Acho lindo o dinheiro brasileiro. Lá em casa, tenho uma gaveta onde guardo algumas notas que trago das minhas viagens pelo mundo. Minha filha, Nina, chama o dólar de “dinheiro de velho” – por causa das efígies de ex-presidentes que ilustram as cédulas – e o real ela apelidou de “dinheiro de bicho”, por causa dos animais estampados nas notas. É muito mais bonito um dinheiro de bicho do que um dinheiro de velho, né não? O dinheiro é um material sempre carregado de simbolismos. Eu gosto de criar as minhas obras a partir de elementos assim, como os diamantes que compõem o rosto de Liz Taylor, o lixo que forma as imagens dos catadores do Jardim Gramacho e o açúcar usado para “retratar” as crianças dos canaviais e engenhos caribenhos.
Existem pelo mundo vários museus de numismática (dedicados aos aspectos artístico, histórico e econômico das cédulas e moedas). Ou seja, dinheiro é arte. E arte também é dinheiro – pinturas, esculturas e NFTs são ativos cada vez mais valorizados. Essa exposição é sobre isso, sobre o valor do dinheiro e da arte?
Prefiro não direcionar o pensamento de quem visita minhas exposições. Cada um processa de um jeito as minhas obras. Dinheiro e pinturas ou fotografias são meros produtos, como outros quaisquer. Mas esses três, especificamente, são carregados de significados e valores – subjetivos ou objetivos. O dinheiro tem isso bem claro, ele tem o seu valor estampado, com destaque. Já uma imagem ou uma escultura só atinge o status de obra de arte e um alto valor agregado quando tem um outro sentido, além daquele óbvio, de ser um pedaço de papel impresso ou de um bloco de bronze modelado. A arte tem uma qualidade reflexiva, um fetiche, uma série de interpretações e entendimentos. Essa proposta de fazer dinheiro com dinheiro e expor numa galeria certamente abarca essa discussão do valor do dinheiro como arte e da arte como dinheiro, mas essa é apenas uma das muitas leituras possíveis. Sou um artista plástico, mas não sou um Michelangelo. Mais do que criar peças de rara beleza, crio situações que estimulam reflexões.
Mosaicos feitos com dinheiro picado e reproduzindo a garça da nota de R$ 5, a tartaruga marinha da cédula de R$ 2, a garoupa da nota de R$ 100 e a onça-pintada da cédula de R$ 50 – Foto divulgação
Com esses animais feitos de dinheiro, vai ficar mais fácil para as pessoas compreenderem que a fauna brasileira é um valioso patrimônio nacional?
Para mim, só o fato de termos esses animais nas notas já deixa evidente que a nossa fauna é uma das maiores riquezas do país. Só não compreende isso quem confunde meio ambiente com meio de pagamento. Mas eu prefiro não induzir ou direcionar o olhar e a compreensão de quem admira essas imagens. Como já disse, quero que cada um tenha a sua interpretação, minha proposta é que isso gere uma reflexão diferente em cada pessoa que aprecia as minhas obras.
E, com as reproduções feitas em dinheiro de pinturas de Rugendas e Taunay, a sua ideia foi mostrar que a floresta em pé tem um valor bem maior do que o de áreas devastadas?
Sim, sem dúvida, mas novamente acho que não cabe a mim “explicar” essas imagens. Essas releituras não são “manifestos” ambientais. O que vejo de interessante nessas obras é que elas foram feitas com pedaços de floresta derrubada – dinheiro, afinal, é um pedaço de árvore, é feito de celulose. Essa renovação, essa reciclagem, é uma abordagem recorrente no meu trabalho. E é importante também lembrar que as obras originais que deram origem a esses meus mosaicos foram feitas por pintores europeus que participaram, no fundo, de expedições que tinham um considerável cunho comercial. Com essas obras, eles passavam duas mensagens para a corte europeia: a primeira era “vejam quanta beleza, como são exóticos os trópicos”, o que é perfeitamente OK. Mas a segunda era mais na linha “vejam quanta coisa tem aqui para vocês explorarem. Venham!”
Você criou essas obras durante a pandemia, quando o dinheiro vivo passou a ter menos valor – o dinheiro eletrônico está cada vez mais popular e as cédulas e moedas são consideradas algo sujo e infecto. Nesse aspecto, a série “Dinheiro Vivo” tem a ver com “Lixo Extraordinário”, com o material utilizado em suas obras ganhando uma segunda chance, uma “nova vida”?
Sim, essa minha série de trabalhos é sobre isso, sobre a materialidade e sobre uma segunda vida e um novo valor dado a um material que perdeu sua função original. Eu ainda ando sempre com dinheiro no bolso, mas as notas e moedas estão em extinção, como os animais que estão estampados nas cédulas. Cada vez mais, os pagamentos são feitos com transferências, pix, QR codes e criptomoedas. O dinheiro vivo é como um cartão-postal – está fora de moda, caiu em desuso. Na pandemia, então, ele era inútil, nada era pago da forma tradicional. Nasci e cresci no mundo analógico, e estou sofrendo com essa transição para o imaterial, para o etéreo, para essa época em que as coisas deixam de ter um lastro real – na hora de pagar, na música, na fotografia, na leitura… Agora tudo é digital!
Autorretrato de Vik Muniz, produzido em 2012 como parte da série “Pictures of Magazines” – Foto reprodução
Essas obras na exposição são peças únicas, ou são comercializadas reproduções numeradas de cada “mosaico”? Quais estão vendendo mais?
Não quero ser visto como um às das colagens, dos mosaicos, das artes manuais. Sou um artista plástico, e me defino como fotógrafo. Cada uma dessas montagens feitas com dinheiro picado foram fotografadas e ganharam seis reproduções em fine art. São essas peças numeradas que estão sendo comercializadas pela galeria. Quando selecionamos o material que iria compor a exposição, imaginava que os animais fossem vender bem mais do que as florestas, principalmente a onça (da nota de R$ 50) e a garoupa (da nota de R$ 100). Mas, como a gente nunca consegue prever o que vai acontecer, estamos vendo um equilíbrio entre a venda das imagens dos bichos e as releituras das pinturas antigas dos artistas viajantes europeus. Quem está surpreendendo mesmo é a tartaruga marinha (das notas de R$ 2). Acho que ela é a nossa campeã de vendas!
Você já pensou em criar obras com cabelos e unhas, com imagens que gerem reflexões sobre o universo da beleza?
Já trabalhei com material humano há alguns anos. Foi um trabalho que fiz para o MIT (Massachusetts Institute of Technology), com material celular. Eram obras em escala microscópica. Nunca pensei em trabalhar com unhas, pele e cabelos humanos. Considero substratos meio nojentos. Mas talvez fosse interessante brincar com essas matérias-primas que geram asco para refletir sobre a beleza…
O que você está preparando para o futuro próximo? Em quais projetos você está trabalhando no momento?
Para este ano, o que posso te dizer é que vou dar continuidade a duas séries que já expus, mas que ainda não explorei todas as suas possibilidades. Estou falando de “Superfícíes” (com fragmentos de obras de arte utilizados para compor imagens realistas) e “Fotocubismo” (fruto de uma longa pesquisa em torno de obras clássicas do cubismo, assinadas por mestres como Picasso, Braque e Gris). Além disso, estou com várias exposições programadas na Europa. A galeria Ben Brown, de Londres, vai exibir os trabalhos da série “Fotocubismo”; o Museu do Prado, de Madri, vai expor obras da série “Verso” (que explora o lado de trás de quadros de Da Vinci, Rembrandt, Van Gogh e Klimt, entre outros); e terei uma retrospectiva da minha trajetória em cartaz na inauguração do Centro Cultural Santander, no país basco. 2023 está sendo um ano bem intenso!
Conhecida por projetos icônicos de São Paulo, como Masp e Sesc Pompeia, a arquiteta modernista Lina Bo Bardi também idealizou a Casa de Vidro, no Morumbi, que foi sua residência e de seu marido o colecionador de arte e professor Pietro Maria Bardi por mais de 40 anos. Desde sua inauguração, em 1951, o local foi ponto de encontro de artistas, arquitetos e intelectuais. Hoje, a casa é aberta à visitação de quinta a sábado uma oportunidade ímpar para mergulhar na estética atemporal da arquiteta, que valorizava a luz natural, a integração dos espaços e a inovação tecnológica de utensílios domésticos. Neste mês, a Casa de Vidro recebe parte da primeira exposição da artista estadunidense Sarah Crowner no Brasil, que articula formas geométricas com cores vibrantes em aproximação com a arquitetura.
Casa de Vidro – Foto Gama Junior
CASA DE VIDRO:
Rua General Almério de Moura, 200 – Morumbi.
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