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Instituto Escolhas busca gerar estudos sobre os temas da economia e do meio ambiente

Instituto Escolhas busca gerar estudos sobre os temas da economia e do meio ambiente

Fundado em 2015, o Instituto Escolhas vem se destacando pela qualidade dos estudos que publica, sempre relacionando questões sociais e ambientais da atualidade com dados e análises econômicas para viabilizar o desenvolvimento sustentável.

A organização nasceu da inquietude do advogado Sérgio Leitão, um dos mais proeminentes representantes do movimento social e ambiental no Brasil, com uma carreira construída em grandes ONGs como Greenpeace, Instituto Socioambiental (ISA) e no setor público, como no Museu Nacional, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Justiça.

O ambientalista Sérgio Leitão, fundador do Instituto Escolhas. Foto: Divulgação

O ambientalista Sérgio Leitão, fundador do Instituto Escolhas. Foto: Divulgação

Ao participar de grandes embates envolvendo o movimento ambientalista e outras forças da sociedade, Leitão entendeu que havia uma lacuna no debate, que era justamente a produção de análises econômicas que trouxesse elementos que justificassem temas como a redução do desmatamento, a conservação da água e a transição para a economia de baixo carbono. Um exemplo foi a votação do Novo Código Florestal (Lei Nº 12.651/2012) que opôs representantes do agronegócio e do ambientalismo nas discussões sobre a atualização da lei que regulamenta a conservação das florestas e a produção agrícola no país.

“Nessas discussões, o setor do agronegócio passou a manejar suas informações de uma maneira mais hábil, ao convencer a sociedade do quanto a produção de alimentos era relevante para o Brasil. Isso me levou ao questionamento se nós, ambientalistas, não tínhamos limitações no debate que precisariam ser superadas para se lidar com uma nova etapa do movimento”, diz Leitão.

Para ele, a sociedade brasileira está convencida da importância do meio ambiente, que se reflete nas instâncias de cuidado com o tema nas esferas do poder público e nas empresas e no legado que foi construído desde a Constituição de 1988 – a base de legislação sobre o tema, as Unidades de Conservação e a demarcação de Terras Indígenas. Mas faltava aos ambientalistas dizerem como seria, quando seria e quais os custos dessa transição para o desenvolvimento sustentável.

Assim, o Instituto Escolhas passou a atuar em duas principais frentes: na produção de análises e estudos que identificam os custos econômicos, sociais e ambientais dos projetos públicos e privados em temas como energia, florestas, oceanos, produção de alimentos e urbanização; e na promoção do conhecimento científico na área de Economia e Meio Ambiente. Para desempenhar o primeiro papel, a organização reuniu, em três Conselhos – Diretor, Científico e Fiscal – nomes de peso como os economistas Marcos Lisboa e Bernardo Appy, os cientistas políticos Ricardo Abramovay e Ricardo Sennes e a ex-ministra do Meio Ambiente Izabella Teixeira, entre outros. Os estudos, realizados pela equipe do Escolhas e pesquisadores associados, têm gerado alta repercussão na mídia e debates no Congresso.

Um dos mais recentes abordou o tema da água e o setor elétrico, frente a um cenário de escassez. A equipe do Instituto Escolhas debruçou-se sobre o aumento dos conflitos pelo uso da água no país e a necessidade de se precificar corretamente os recursos hídricos, especialmente em um contexto de mudança no regime de chuvas que está sendo agravado pelas mudanças climáticas.

Queimadas na Amazônia. Foto: Getty Images

O documento traz uma análise das bacias dos rios São Francisco e Jaguaribe (CE) e da Usina Hidrelétrica de Belo Monte e mostra dados reveladores: a escassez de água na Bacia do rio São Francisco traria um prejuízo de R$ 2,5 bilhões por ano para a geração de energia elétrica, com consequências diretas para a tarifa de energia e o bolso dos consumidores. Já a disputa pela água na bacia do rio Xingu, no Pará, traria um prejuízo de R$ 2 bilhões/ano pela perda da energia firme que seria gerada em Belo Monte.

Entre outros temas contemplados por estudos recentes do Instituto Escolhas, estão uma nova proposta para a economia do Amazonas, com base na bioeconomia e dinamização do parque industrial da Zona Franca de Manaus; e um estudo sobre o volume de subsídios e a pegada de carbono da produção de carne no Brasil. “Quando você traz dados para um debate, você organiza o eixo da discussão”, diz Leitão.

Para a segunda frente de atuação, foi criada a cátedra de Economia e Meio Ambiente. Após um ano de atuação, em 2016, os fundadores do Instituto Escolhas confirmaram sua suspeita inicial de que havia poucos centros de estudo e pesquisadores debruçados sobre esses dois temas. “Víamos um esforço isolado de alguns pesquisadores, então a solução encontrada foi estimular, por meio de bolsas de estudos para alunos de mestrado e doutorado, a produção científicas nessas áreas”, afirma Leitão.

Com isso, a cátedra tem o objetivo de contribuir para ampliar o número de pesquisadores que abordem a complexidade dos temas ambientais de forma objetiva. Desde o lançamento do programa, já foram realizados três editais que reuniram 17 bolsistas em instituições como Fundação Getúlio Vargas, Esalq-USP, FEA-USP, UFPE, UFOP e Universidade de Potsdam, Alemanha. As inscrições para o edital 2020 encerraram-se em janeiro.

Para Leitão, o caminho escolhido pelo Instituto Escolhas tem sido fundamental justamente em um momento em que a questão ambiental entrou no centro do debate público do Brasil atual, deflagrado pelas queimadas na Amazônia e o derramamento de óleo no litoral nordestino. “Em um momento em que os temas socioambientais estão inseridos em uma guerra de narrativas, muitas vezes ideológica, o papel do Instituto Escolhas é trazer dados qualificados para o debate, e deve seguir nessa direção”.

A velejadora olímpica Isabel Swan defende a preservação das águas e a participação de atletas na gestão esportiva

A velejadora olímpica Isabel Swan defende a preservação das águas e a participação de atletas na gestão esportiva

A imagem emblemática da velejadora carioca Isabel Swan recolhendo lixo da Baía da Guanabara enquanto disputava as Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, ficou na memória de todos que lutam para proteger a natureza. “É necessário que os atletas se mobilizem. Sem a preservação do meio ambiente não há condições para desenvolver o esporte”, defende. Hoje, Isabel levanta a bandeira da representatividade dos atletas – é a única brasileira na Comissão de Atletas Pan-Americana – e é uma das principais vozes a favor da proteção dos recursos hídricos e do acesso ao saneamento básico.

Isabel Swan, nas Olimpíadas de 2016, no Rio. Foto: Divulgação

Isabel Swan, nas Olimpíadas de 2016, no Rio. Foto: Divulgação

O encantamento pela vela surgiu cedo para Isabel Swan. Em 1992, a madrinha da velejadora voltava dos Jogos Olímpicos de Barcelona e a menina de 9 anos se empolgava com a possibilidade de também representar o país na maior competição esportiva do mundo. Incentivada pela família de velejadores e após muito treino, Isabel foi para as Olimpíadas de Pequim, em 2008, de onde saiu com a primeira medalha do Brasil na categoria feminina. “Até então não existiam mulheres medalhistas na vela no país, nós abrimos esse espaço”, conta.

Ela é membro da Comissão de Atletas nas Américas e seu objetivo é representar os demais esportistas brasileiros. “Acredito muito que esse é o caminho, uma maior participação na gestão esportiva para prevenir a corrupção e as injustiças!”, enfatiza.

Aprender sobre a parte administrativa também é a aposta da velejadora para sua transição de carreira: “Já participei de um programa global para recolocação no mercado do atleta, tenho aprendido muito sobre governança, além das possibilidades de parceria com clubes e empresas”.

Para Isabel Swan, a universalização do saneamento básico tem tudo a ver com o esporte. Ela é embaixadora do Instituto Trata Brasil, que reúne dados e ações para a conscientização desse tema. “Existem mais de 20 milhões de mulheres sem acesso ao tratamento de esgoto no país, isso impacta o aprendizado e a capacidade de trabalho delas. Como podemos esperar que elas sejam potenciais atletas nessas condições?”, questiona.

Grupo Amigos do Bem investe na canalização de água, na geração de trabalho e na educação de crianças e jovens no sertão nordestino

Grupo Amigos do Bem investe na canalização de água, na geração de trabalho e na educação de crianças e jovens no sertão nordestino

No início de 1993, comovida pela situação de miséria no Nordeste, Alcione Albanesi reuniu amigos e propôs uma mobilização para ajudar as pessoas da região. “Aquilo começou a me incomodar, por isso juntei os mais chegados, que chamaram outros, e sugeri que arrecadássemos alimentos, roupas e brinquedos para distribuir. Conseguimos levar 1.500 cestas”, lembra Alcione. Assim brotou um movimento exemplar, os Amigos do Bem, projeto que hoje conta com 9200 voluntários, que se revezam entre a sede, em São Paulo, e os 130 povoados do sertão de Alagoas, Pernambuco e Ceará, onde são atendidas 75 mil pessoas todos os meses.

Amigos do Bem

Alcione Albanesi compartilha momento histórico da chegada da água em Torrões, em Alagoas; antes, a população precisava andar quilômetros para conseguir água. Foto: Divulgação

Os Amigos do Bem atuam em diversas áreas para promover a inclusão social e romper o ciclo da miséria. Alcione estruturou um projeto belíssimo, que ela acompanha de perto, todos os meses. “É possível terceirizar construções de casas, abertura de estradas, instalação de saneamento. Mas quando você fala de transformação de vidas, você tem que realmente estar lá”, diz a fundadora.

As quatro Cidades do Bem, vilarejos com infraestrutura completa, acolhem famílias em casas de alvenaria confortáveis e dignas. Com a construção de 123 cisternas e 35 poços artesianos – com mais 6 em andamento –, não há mais necessidade de andar quilômetros em busca de água: mais de 700 milhões de litros são distribuídos por ano nessas regiões.

Quatro Centros de Transformação atendem 10 mil crianças e jovens em atividades educativas e culturais. Além do transporte, o projeto se responsabiliza pelo atendimento médico e odontológico e por 180 mil refeições mensais. Cursos de informática, culinária, cabeleireiro e manicure integram o programa, que também oferece bolsas em instituições de ensino superior. Outra frente do projeto é a autonomia financeira das famílias, com as fábricas de castanhas e de doces.

“O meu lema de vida assim descrevo”, diz a inspiradora Alcione: “Se não posso fazer tudo o que devo, devo, ao menos, fazer tudo o que posso!”

Preocupadas com a preservação ambiental, empresas investem em ações e produtos sustentáveis

Preocupadas com a preservação ambiental, empresas investem em ações e produtos sustentáveis

Muitas marcas brasileiras oferecem produtos de pouco impacto ambiental – no caso dos cosméticos, eliminam os testes em animais, sendo cruelty-free –, além da produção de embalagens recicláveis, de iniciativas que compensam as emissões de carbono, do uso de fontes de energia sustentáveis e da redução da quantidade de água utilizada em seus processos.

produtos sustentáveis

Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

O ranking da revista Corporate Knights, divulgado em janeiro em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mostrou que algumas corporações brasileiras são exemplares nesse sentido. Banco do Brasil, Cemig e Natura estão entre as 100 mais sustentáveis do planeta. O mundo empresarial vem se voltando, cada vez mais, à racionalização de recursos naturais, resíduos e emissões, ao mesmo tempo em que investe em produtos verdes e boas práticas com os funcionários e com a comunidade.

Eficiência hídrica e energética

Um exemplo é a fábrica da GM em Joinville (SC), uma das mais sustentáveis da montadora no mundo todo. A unidade foi a primeira a implantar um conjunto de sistemas pioneiros na área de eficiência energética e proteção ao meio ambiente: energia fotovoltaica, gerada a partir da luz do sol; reciclagem de água industrial por meio de osmose reversa; e tratamento inédito de efluentes e esgotos por meio de jardins filtrantes.

Fábrica da GM, em Joinville. Foto: Divulgação

A fábrica catarinense também possui 100% dos resíduos industriais reciclados ou reutilizados (zero aterro). Outras iniciativas, como a troca de torres de resfriamento, o melhor direcionamento da água pluvial e a substituição dos carregadores de bateria, fizeram com que a fábrica se tornasse ainda mais eficiente, gerando redução do consumo de água equivalente ao gasto de 43 residências no período de um ano e de energia elétrica na ordem de 106 residências por ano.

A fábrica da L’Oréal Brasil, em São Paulo, foi a ganhadora do Prêmio de Conservação e Reúso e Água promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 2018. A marca se destacou pelo projeto Fábrica Seca, que objetiva a redução do consumo de água em todas as atividades – desde as etapas de produção até o uso em áreas administrativas. Os resultados obtidos são significativos: decréscimo de 44% de litros/unidade em 2017, em comparação com 2005, o que equivale a 35 piscinas olímpicas.

Ainda no mundo da beleza, a The Body Shop, rede inglesa de cosméticos que hoje faz parte do grupo Natura, lançou uma linha de embalagens feitas de plástico reciclado, fruto de uma parceria com a Plastics For Change, fabricante indiana de plástico reciclável de alta qualidade. A iniciativa faz parte do programa de comércio justo da marca, que compra matérias-primas sustentáveis de 31 comunidades presentes em 23 países.

Foco socioambiental

A sustentabilidade faz parte do DNA da Movida desde a sua fundação, em 2006, quando ela implantou seu programa pioneiro, o Carbon Free. A empresa é a primeira locadora com projeto sustentável que neutraliza as emissões de CO2 geradas durante a locação e agora é também a primeira brasileira desse nicho a receber a Certificação de Empresa B, movimento global que identifica corporações alinhadas com as questões socioambientais. “Temos um Comitê de Sustentabilidade e um modelo de negócios alinhado com esses valores”, explica Edmar Lopes, CFO da Movida.

Tuk Tuk da Movida. Foto: Divulgação

Desde 2019, foram plantadas 51.226 árvores em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica, responsáveis por neutralizar 8,3 mil toneladas de CO2 em mais de 300 mil m², o equivalente a 42 campos de futebol iguais ao Maracanã.

Além do Programa Carbon Free e do Comitê, a empresa apoia o projeto Gerando Falcões, que busca criar oportunidades para jovens da periferia; estimula a integração de modais, com o aluguel de bikes elétricas – e mais recentemente o Tuk Tuk, em Vitória, em parceria com a Uber –; e ampliou a licença maternidade para seis meses e a licença paternidade para 20 dias.