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Emicida celebra “AmarElo Prisma” e reflete sobre a pandemia

Emicida celebra “AmarElo Prisma” e reflete sobre a pandemia

Nelson Mandela narra uma de suas atividades favoritas na autobiografia “Longa caminhada até a liberdade”. Cultivar uma horta significava manter-se são na penitenciária, onde ficou preso durante 27 anos sob o regime de segregação racial da África do Sul, o Apartheid. “Eu via a horta como uma metáfora para certos aspectos de minha vida. Um líder também deve cuidar de sua horta; ele também planta sementes, e então observa, cultiva e colhe o resultado”, escreveu.  

Para Emicida, plantar significa cultivar o bem viver e se voltar para o ritmo da terra. Mandela é, inclusive, a leitura de cabeceira do cantor. “As plantas me fizeram ter uma rotina. Notei que a jabuticaba está crescendo, é maravilhoso perceber essa evolução, agora estou dentro do andar natural do tempo”, repara, com um sorriso espontâneo e sincero.  

Em 2019, Emicida lançou o álbum "AmarElo"

Em 2019, Emicida lançou o álbum “AmarElo”
Crédito: Júlia Rodrigues

Seu álbum mais recente, “AmarEelo”, lançado em outubro de 2019, é uma homenagem ao cotidiano tranquilo. “Sou um velhinho de 80 anos no corpo de um rapper”, define o paulistano do “fundão” da zona norte. “Não moraria no centro da cidade, vocês não iam querer me ver na janela pedindo para abaixar o volume do som”, conta o agora morador de uma casa com jardim em Mairiporã, fora do eixo central da metrópole e onde passa a quarentena. “Estou próximo da Cantareira, o ar é mais puro”, defende e brinca.  

O sorriso e o tom de brincadeira talvez não sejam os comportamentos mais associados a um rapper. Emicida quebra estereótipos. A tônica de suas canções continua sendo os apontamentos de uma realidade com violência policial e racismo – questões duramente atuais no mundo -, e desde 2009 está nas rádios, na internet e nos encontros de rima da zona sul da capital paulista, que lançaram o cantor no cenário musical do país.  

Os problemas sociais também são vivências, infelizmente, presentes nas periferias de cidades brasileiras. A São Paulo de Emicida e de milhões de habitantes não foge a essa dura regra. Mas a suavidade, a alegria de viver e o amor são experiências humanas e subjetivas comuns a todos.

Então, o samba, o tom de voz mais baixo, as parcerias com outros ritmos e até o flerte com o pop ganham espaço na obra do artista. “Nos tirar a positividade é reduzir a nossa vida ao sofrimento e àquilo que não é causado por nós”, define. 

 

Emicida em meio às suas criações no computador e anotações

Emicida em meio às suas criações no computador e anotações

Em 2020, ano pandêmico, AmarElo se transformou em “AmarElo Prisma”, cujo conteúdo se espalha em formato de vídeo (às quartas-feiras, no canal no YouTube do rapper), podcast (às sextas-feiras, nas plataformas de streaming), imagem e texto (em seu Instagram, Facebook e Twitter). São reflexões, poesias e conversas. Emicida está em constante renovação.  

Tal qual uma sinfonia, o “AmarElo Prisma” foi organizado em Movimentos, que são lançados e destrinchados semanalmente. São quatro Movimentos no total, cada um regido pelos valores de “AmarElo”.

São: Paz (dialoga com o corpo), Clareza (aborda a mente e a saúde mental), Compaixão (fala da alma, empatia e capacidade de conexão com o outro) e Coragem (diz sobre o coração, o poder de criar uma nova história juntos, independente do medo gerado pelo desconhecido). Esta última, inclusive, traz a filosofia africana Ubuntu como referência (“eu sou porque nós somos”). “Juntos podemos fazer muita coisa foda”, reflete. 

Arte se semeia em casa

Emicida é Leandro Roque de Oliveira. Filho de Jacira Roque. “Fui criado por alguém que mesmo trabalhando duro em casas de família, ouvia muita música no rádio, lia poema em voz alta para treinar a leitura, ela é símbolo de perseverança e força para mim”, lembra. Dona Jacira, como é conhecida pela família e pelos quase 9 mil seguidores nas redes sociais, hoje é escritora e artista plástica.  

Ela lançou, em 2018, o livro autobiográfico “Café”, que narra suas memórias desde a infância – como o período difícil em uma escola de freiras – até a maternidade e outras experiências atuais. Mas Jacira faz isso de forma leve, amarrando as narrativas como se estivesse recebendo o leitor em casa para uma conversa ou um café da tarde gostoso.

“Minha mãe chorou muito quando o Renato Russo morreu, parecia que um tio meu tinha morrido. Ela amava Legião Urbana! É esse o papel da arte na vida dela”, resume o cantor, que também tem um irmão artista – o produtor musical Evandro Fióti.  

Cantor ao lado de sua mãe, dona Jacira, e de seu irmão, Evandro Fioti

Cantor ao lado de sua mãe, dona Jacira, e de seu irmão, Evandro Fióti

Cultivo de boas reflexões

A escuta é, muitas vezes, mais importante que a fala. “Quando nos fechamos em bolhas, ouvimos apenas quem pensa de forma parecida, assim estamos aplaudindo a nós mesmos”, define o rapper, que integra o time de comentaristas do programa da GNT “Papo de Segunda”, agora transmitido da casa de cada um. 

Toda segunda-feira, assuntos comportamentais, políticos e sociais são colocados em pauta para os humoristas e atores Fábio Porchat e João Vicente, o escritor Francisco Bosco,  e Emicida compartilharem suas visões. “Gosto daquele ambiente porque sei que eles terão olhares diferentes dos meus, e eu respeito muito isso, a vida é infinitamente possível”. Tanta sensibilidade faz o cantor parecer o mais quieto, mas, ao mesmo tempo, muito analítico naquele espaço. 

Paternidade e masculinidade são temas comuns nos episódios. “Não sei o que ser homem significa, mas ser pai me transformou em uma pessoa melhor, é mágico”. Emicida é pai de Estela, de 9 anos, e Teresa, de 2. Para o rapper, esses assuntos não eram recorrentes há pouco tempo, mas hoje já dominam rodas de conversas. “Isso tudo graça às mulheres que fazem a denúncia do machismo e aos homens que entram na discussão e conscientizam os outros”, comenta. 

 Flores que se alastram

Entre 2005 e 2009, o cantor ficou conhecido por seus improvisos, que o tornaram um dos MCs mais conhecidos de São Paulo. Venceu onze vezes consecutivas a batalha de MC da Santa Cruz e por doze vezes a Rinha dos MC, encontros em que rappers disputam as melhores rimas.

Na época, Emicida acumulou milhares de acessos em cada batalha sua no YouTube. Leandro, então, criou o acrônimo E.M.I.C.I.D.A (Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte). 

Das ruas paulistanas, Emicida ocupou muitos lugares com a sua música. O lançamento de “AmarElo” aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, em novembro do ano passado. “Muito importante trazer um concerto de rap para cá”, Emicida anunciou no palco. “Isso aqui é o resultado do sonho coletivo de muita gente. Essa conquista é o que anistia o espírito de quem veio antes de nós e sofreu”, declarou.  

E, falando em espírito, Emicida lembra que, há 500 anos, pessoas negras eram entendidas como sem alma e, assim, a escravidão aconteceu e perdurou no mundo. “Parece distante, mas as consequências são muito atuais. No lançamento do álbum, naquele ambiente de arte, pegamos a nossa alma de volta”. 

Mc Carol no desfile da LAB na São Paulo Fashion Week

Mc Carol no desfile da LAB na São Paulo Fashion Week

Os projetos se multiplicam. Fundada em 2008 pelos irmãos Emicida e Fióti, a Laboratório Fantasma (LAB) é um hub de entretenimento que tem gravadora, editora, produtora de eventos e marca de roupas. Em 2016, a LAB estreou na São Paulo Fashion Week. “As passarelas do nosso país precisam ser um reflexo do que se vê em nossas calçadas, aquilo também foi importante para muita gente”. 

Neste mês, estreia a LAB Fantasma TV no Twitch, maior plataforma de e-sports do mundo. Emicida está em todos os lugares. Nas ruas, na TV e nos diferentes palcos, o rapper segue ocupando muitos espaços e, ao lado de outros artistas, planta mudanças importantes por onde passa. 

Papo reto na pandemia da Covid-19 

Emicida discorre sobre os impactos do novo coronavírus no Brasil e os posicionamentos necessários em meio à crise 

Emicida analisa a pandemia e seus impactos no Brasil

Emicida analisa a pandemia e seus impactos no Brasil. Crédito: Victor Balde

Na sua visão, qual o papel de cantores e artistas neste momento?

O mesmíssimo papel de qualquer outra pessoa comprometida com a civilização e não com a barbárie.  Ajudar a construir pontes que facilitem a travessia de quem se encontra em situações mais adversas. Se não for possível ajudar a construir, não atrapalhar quem está construindo já é uma grande ajuda. Artistas não são diferentes do resto dos seres humanos, aliás, para a natureza, a arte nem existe. Tudo é vida, manifestação da existência. Tudo está comprometido com a vida e a transformação necessária para que a vida aconteça, do bolor das comidas que se decompõe até as orquídeas que tanto admiramos.

Então, a arte, para mim, hoje, é se comprometer profundamente com a continuidade do ciclo da vida, isso não é feito somente por profissionais da área. A agricultura familiar produzindo e distribuindo cestas básicas de alimentos orgânicos via Movimento dos Sem Terra (MST) e os médicos no front, lutando contra o coronavírus, é esse o comprometimento com a transformação de que falo. 

Como você tem mudado a sua rotina de criação nesse momento de isolamento? Como é trabalhar em casa e cuidar de filhos e casa tudo junto?

Eu não estou preocupado em criar, sinceramente. Estou preocupado com quem, diferente de mim, atravessa esse período em uma situação desconfortável, de maneira semelhante às que já vivi. Tenho estudado piano, feito tarefas escolares e brincado com as crianças, feito exercícios físicos em casa, meditação, lavado louças e banheiros e cozinhado. Aprendi a fazer queijos e isso tem sido uma alquimia interessantíssima! Uma brincadeira mágica com a microbiologia, que é uma faca de dois gumes, desespera o mundo com a Covid-19, mas também gera as transformações mágicas dos laticínios. Eu me sinto o Rick Moranis no filme “Querida, Encolhi as Crianças”, quando fico observando essas transformações.

O fato é que o meu compromisso é ser uma pessoa melhor, que vai embora daqui sem ter estragado o planeta. Isso faz parte da minha rotina antes da pandemia. Esse é o meu lance: valorizar coisas simples, talvez por isso eu não esteja em frangalhos emocionais como muitos amigos. O sorriso da minha família me recarrega a bateria todos os dias e eu, independente do estresse que sentir, tenho o compromisso de sempre fazer quem eu amo sorrir, nem que seja uma vez no dia. 

Como foi a experiência de fazer uma live? Qual foi o retorno do público?

Bacana, mas nem se compara com um concerto ao vivo. As pessoas interagem bem, é legal o fato de quem está Acre vivenciar uma experiência junto com quem está em São Paulo, simultaneamente. Fizemos uma gigante, 8 horas, só canções de nossa autoria, algo impossível para muitos artistas, mas, para a gente, é só rotina. Nunca tínhamos tocado 8 horas seguidas. Às vezes, os shows têm 4 horas (se empolgamos no improviso), mas nesse aí a gente empolgou mesmo, e ainda faltou música. 

 O mundo vai mudar muito na pós pandemia. Muitos já observam como a mobilidade urbana sofrerá grande impacto, além de preocupações ambientais e discussões de direitos econômicos e sociais estarem muito em alta mundo afora. Mas, na sua opinião, o Brasil acompanhará esse caminho?

O Brasil é o único lugar onde o coronavírus vai se transformar em um detalhe devido à dimensão dos abismos sociais e a irresponsabilidade de quem está ocupando o Palácio do Planalto. Essa brincadeira de chamar pandemia de “gripezinha” vai comprometer, no mínimo, duas gerações. Uma chaga inesquecível.

Lembra quando Israel chamou o Brasil de anão diplomático? Hoje somos menos do que isso, um micróbio irrelevante em qualquer discussão frutífera a respeito de um bom caminho para o planeta. Vai doer e vai doer por muito tempo, por mais que tenhamos mentes brilhantes aqui dentro, o maior freio de mão que poderíamos ter está com a faixa presidencial. Elegeram uma âncora e agora todos vão pagar, pois a única vocação de uma âncora é descer o máximo que puder. 

 O que precisamos fazer para que o amanhã não seja um ontem com novo nome como você canta em “AmarElo”?

Podemos aprender que a perspectiva europeia que ainda norteia as grandes movimentações desse lugar não é necessariamente uma mentira, mas é apenas uma forma de analisar a realidade e que muitas outras podem acrescentar e nos tornar um lugar melhor se as observarmos com a capacidade de aprender. Os Yanomami estão aqui ainda, por que não os trazemos à luz? Povos que antecedem a chegada dos europeus, eles lidam com essa terra há 10 mil anos, tem muito a nos ensinar, mas os parâmetros que essa sociedade preferiu seguir são esses de uma mão única que destrói tudo por onde passa e depois da catástrofe põe a culpa em Deus. Deus é cada árvore cortada e cada criança quilombola chorando por ver sua casa derrubada pelas forças armadas, Deus é sempre o mais vulnerável.  

 

Brasil Restaurant Week lança ação “Delivery Solidário”

Brasil Restaurant Week lança ação “Delivery Solidário”

Para ajudar diversas pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social em meio à pandemia do novo coronavírus, a Brasil Restaurant Week, que acontece de 8 de maio a 7 de junho, promove a ação Delivery Solidário.

Com a iniciativa, os clientes que adquirirem o menu RW, que contempla entrada, prato principal e sobremesa, também contribuem com a doação de uma refeição para pessoas necessitadas. Para isso, basta escolher o restaurante e o menu desejado. O próprio restaurante fica responsável por preparar as marmitas para distribuição aos mais vulneráveis.

A medida também é uma forma de manter os restaurantes ativos durante um período em que o isolamento social afetou drasticamente a circulação de pessoas nas ruas e o consumo nos comércios. As cidades participantes são: São Paulo, Recife, Salvador, João Pessoa, Rio de Janeiro, Baixada Santista, Campinas, Curitiba e Belo Horizonte.

Em São Paulo, o menu tem valor fixo de R$ 56,90, que já contempla a entrada, prato principal, sobremesa e a refeição solidária que todos os restaurantes participantes distribuirão.

Cheeseburguer da Forneria San Paolo

Cheeseburguer da Forneria San Paolo, em São Paulo

Entrega

Os pedidos podem ser feitos diretamente com os restaurantes por meio dos contatos disponibilizados no site. O menu RW também está disponível em outros apps de entregas de comidas, como IFood, Rappi e Uber Eats, de acordo com a funcionalidade de cada restaurante. Os clientes podem optar pela retirada de seus pedidos nos estabelecimentos.

Para seguir com o propósito da companhia de fomentar pequenos negócios, o Mercado Pago coloca à disposição a nova função delivery da Central de Descontos para os restaurantes participantes de São Paulo, permitindo que os usuários do aplicativo Mercado Pago e Mercado Livre tenham acesso às suas ofertas para a Restaurant Week. Sem cobrar taxas das transações dos restaurantes e com o intuito de estimular a economia digital, o Mercado Pago também concede um desconto de R$ 5 para pagamentos acima de R$ 20 com Código QR do Mercado Pago.

Brownie do Brado Restaurante

Brownie do Brado Restaurante, em São Paulo

Confira os participantes do Restaurant Week Delivery Solidário em São Paulo:

Restaurante: Aguzzo Cucina
Endereço: 
R. Simão Álvares, 325 – Pinheiros, São Paulo 
Telefone: 
11 3083-7363

Restaurante: Aguzzo Trattoria – Jardins
Endereço: 
R. Haddock Lobo, 1002 – Cerqueira César, São Paulo
Telefone: 
11 3586-8491

Restaurante: Aguzzo Trattoria – Moema
Endereço: 
Alameda dos Maracatins, 495 – Moema, São Paulo 
Telefone: 
11 3586-8491

Restaurante: Antonietta Cucina – Higienópolis
Endereço: 
R. Mato Grosso, 412 – Higienópolis, São Paulo 
Telefone: 
(11) 94414-0355 (pedidos)

Restaurante: Antonietta Cucina – Jardins
Endereço: 
R. Dr. Melo Alves, 205 – Jardins, São Paulo
Telefone: 
(11) 94414-0355 (pedidos)

Restaurante: Banana Verde
Endereço: 
R. Harmonia, 278 – Vila Madalena, São Paulo
Telefone: (11) 3542-4630

Restaurante: Bra.do Restaurante
Endereço: 
R. Joaquim Antunes, 381 – Pinheiros, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3061-9293

RestauranteCafé Journal
Endereço: 
Alameda dos Anapurus, 1121, Moema – Indianópolis, São Paulo 
Telefone: 
11 5055-9454

Restaurante: Chez Vous – Restaurante Belga
Endereço: 
Av. Lavandisca, 395 – Indianópolis, São Paulo
Telefone: 
11 5051 6263

Raviolli di Mozzarella da Forneria San Paolo

Raviolli di Mozzarella da Forneria San Paolo

Restaurante: De La Paix Bistrô
Endereço: 
R. Tupi, 844 – Santa Cecilia, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3805-4470

Restaurante: Dona Carmela
Endereço: 
R. Dr. César, 944 – Santana, São Paulo 
Telefone: 
(11) 2283-2458

Restaurante: Duas Terezas
Endereço: 
Alameda Lorena, 514 – Jardim Paulista, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3884-5193

Restaurante: Forneria San Paolo
Endereço: 
R. Amauri, 319 – Itaim Bibi, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3078-0099

RestauranteForneria San Paolo – Shopping Pátio Higienópolis
Endereço: 
Av. Higienópolis, 618 – Higienópolis, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3663-0877

Restaurante: Forneria JK
Endereço: 
Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041 – Vila Olímpia, São Paulo
Telefone: (11) 3152-6240

Restaurante: Taka Daru Izakaya
Endereço: 
R. Costa Carvalho, 234 – Pinheiros, São Paulo 
Telefone: 
(11) 94414-0355 (pedidos)

Picadinho de filé com arroz, farofa crocante. couve Flor e ovo do Vie Rose

Picadinho de filé com arroz, farofa crocante. couve Flor e ovo do Vie Rose

Restaurante: Jacarandá
Endereço: 
R. Alves Guimarães, 153 – Pinheiros, São Paulo 
Telefone: 
(11) 94414-0355 (pedidos)

Restaurante: La Piadina Cucina Italiana
Endereço: 
R. Prof. Atílio Innocenti, 911 – Vila Olímpia, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3926-5427

Restaurante: Mamaggiore Cucina Italiana
Endereço: 
R. Nanuque, 243 –  Vila Leopoldina, São Paulo 
Telefone: 
(11) 2362-6539 / 3473-1622

Restaurante: Mondo Pane
Endereço: 
R. Haddock Lobo, 1398 – Cerqueira César, São Paulo

Telefone: (11)99533-5370

 Restaurante: Moocaires Resto Bar
Endereço: 
R. da Mooca, 3593 – Mooca, São Paulo 
Telefone: 
(11) 3675-7306

 Restaurante: Philippe Bistrô
Endereço: 
R. Normandia, 103 – Moema, São Paulo 
Telefone: 
11 5532-0807

Restaurante: Po Poke
Endereço: 
R. Capistarno de Abreu, 59/71 – Barra Funda, São Paulo
Telefone: (11) 38736581 / 36757710

Restaurante: A Figueira Rubaiyat
Endereço: 
Rua Haddock Lobo, 1738 – Jardim Paulista, São Paulo
Telefone: (11) 3087-1399 / 3087-4265

Dadinho de Tapioca do Vie Rose

Dadinho de Tapioca do Vie Rose

Restaurante: San Telmo
Endereço: 
R. Desembargador do Vale, 401 – Perdizes, São Paulo
Telefone: (11) 3675-7306

Restaurante: Tartuferia San Paolo
Endereço: 
Alameda Lorena, 1906 – Jardim Paulista, São Paulo
Telefone: (11) 99533 5370

Restaurante: Tea Connection
Endereço: 
Alameda Lorena, 1271 – Jardim Paulista, São Paulo
Telefone: (11) 3063-4018

Restaurante: Vie Rose
Endereço: 
R. Vupabussu, 199 – Pinheiros, São Paulo
Telefone: (11) 4858-1996

Restaurante: Ami Bistrô
Endereço: 
Av. Kennedy, 38 – Jardim do Mar, São Bernardo do Campo
Telefone: (11) 2833-2883

 Restaurante: Pasta Nostra
Endereço: 
R. Joaquim Távora, 1355 – Vila Mariana, São Paulo
Telefone: (11) 5084 0289 / (11) 2373 1910

Restaurante: La Pergoletta
Endereço: 
R. Dr. Renato Paes de Barros, 435 – Itaim Bibi, São Paulo
Telefone: (11) 2158-1957

Restaurante: Pier Trattoria
Endereço: 
R. Caconde, 177 – Jardim Paulista, São Paulo
Telefone: (11) 3887 8788

Dia Mundial da Terra: National Geographic lança projeto sobre biomas

Dia Mundial da Terra: National Geographic lança projeto sobre biomas

O National Geographic estreia hoje, no Dia Mundial da Terra (22 de abril), o “Nat Geo Ilustra”, projeto de vídeos animados com duração de 1 minuto que apresenta os biomas brasileiros. Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa são representados em pequenas pílulas que destacam suas floras e faunas – com animais como a ararinha-azul da Caatinga e o mico-leão-dourado da Mata Atlântica.

Os vídeos começaram a ir ao ar às 10h nos canais National Geographic e National Geographic Wild e estarão disponíveis no Youtube.

Tucanos-de-bicos-pretos e Tucanuçu

Tucanos-de-bicos-pretos e Tucanuçu

Os conteúdos de #NatGeoIlustra mostram também as particularidades e características dos biomas de forma didática, facilitando o entendimento de quem assiste, ao mesmo tempo em que entretêm. “É um prazer apresentar esse projeto que é totalmente produzido in house por colaboradores da National Geographic, com ilustrações de Keryma Lourenço. A proposta do Nat Geo Ilustra é ter uma animação abstrata com narração informativa”, explica Mariana Balieiro, produtora da área digital.

Esse projeto foi idealizado pelas equipes de Creative Services e Online da National Geographic no Brasil e liderado por Keryma Lourenço e Mariana Balieiro. Os vídeos são exibidos durante os comerciais da programação especial do #DiadaTerra, ao longo do dia, e também vão estar disponíveis no canal do Youtube do National Geographic.

Para enfatizar a importância dos biomas para a preservação do meio ambiente e de milhares de espécies que neles vivem, o canal publica em seu site uma série de reportagens com informações completas sobre cada um dos biomas.

50% da Amazônia não foi pisada por um biólogo

50% da Amazônia não foi pisada por um biólogo

Escritas por João Paulo Vicente, as reportagens serviram como base para os roteiros dos vídeos do #NatGeoIlustra e completam a imersão no mundo dos biomas brasileiros. Para desenvolver os materiais, a equipe realizou entrevistas com dezenas de pesquisadores, elaborou infográficos e buscou referências para definir a identidade visual. As matérias oferecem ao leitor uma visão ampla sobre cada bioma, além de abordar sua importância, as dificuldades que existem em estudá-los e o que pode ser feito para ajudar na preservação desses ecossistemas únicos.

Preocupadas com a preservação ambiental, empresas investem em ações e produtos sustentáveis

Preocupadas com a preservação ambiental, empresas investem em ações e produtos sustentáveis

Muitas marcas brasileiras oferecem produtos de pouco impacto ambiental – no caso dos cosméticos, eliminam os testes em animais, sendo cruelty-free –, além da produção de embalagens recicláveis, de iniciativas que compensam as emissões de carbono, do uso de fontes de energia sustentáveis e da redução da quantidade de água utilizada em seus processos.

produtos sustentáveis

Centro de Pesquisa e Inovação da L’Oréal, no Rio de Janeiro. Foto: Divulgação

O ranking da revista Corporate Knights, divulgado em janeiro em paralelo ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, mostrou que algumas corporações brasileiras são exemplares nesse sentido. Banco do Brasil, Cemig e Natura estão entre as 100 mais sustentáveis do planeta. O mundo empresarial vem se voltando, cada vez mais, à racionalização de recursos naturais, resíduos e emissões, ao mesmo tempo em que investe em produtos verdes e boas práticas com os funcionários e com a comunidade.

Eficiência hídrica e energética

Um exemplo é a fábrica da GM em Joinville (SC), uma das mais sustentáveis da montadora no mundo todo. A unidade foi a primeira a implantar um conjunto de sistemas pioneiros na área de eficiência energética e proteção ao meio ambiente: energia fotovoltaica, gerada a partir da luz do sol; reciclagem de água industrial por meio de osmose reversa; e tratamento inédito de efluentes e esgotos por meio de jardins filtrantes.

Fábrica da GM, em Joinville. Foto: Divulgação

A fábrica catarinense também possui 100% dos resíduos industriais reciclados ou reutilizados (zero aterro). Outras iniciativas, como a troca de torres de resfriamento, o melhor direcionamento da água pluvial e a substituição dos carregadores de bateria, fizeram com que a fábrica se tornasse ainda mais eficiente, gerando redução do consumo de água equivalente ao gasto de 43 residências no período de um ano e de energia elétrica na ordem de 106 residências por ano.

A fábrica da L’Oréal Brasil, em São Paulo, foi a ganhadora do Prêmio de Conservação e Reúso e Água promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em 2018. A marca se destacou pelo projeto Fábrica Seca, que objetiva a redução do consumo de água em todas as atividades – desde as etapas de produção até o uso em áreas administrativas. Os resultados obtidos são significativos: decréscimo de 44% de litros/unidade em 2017, em comparação com 2005, o que equivale a 35 piscinas olímpicas.

Ainda no mundo da beleza, a The Body Shop, rede inglesa de cosméticos que hoje faz parte do grupo Natura, lançou uma linha de embalagens feitas de plástico reciclado, fruto de uma parceria com a Plastics For Change, fabricante indiana de plástico reciclável de alta qualidade. A iniciativa faz parte do programa de comércio justo da marca, que compra matérias-primas sustentáveis de 31 comunidades presentes em 23 países.

Foco socioambiental

A sustentabilidade faz parte do DNA da Movida desde a sua fundação, em 2006, quando ela implantou seu programa pioneiro, o Carbon Free. A empresa é a primeira locadora com projeto sustentável que neutraliza as emissões de CO2 geradas durante a locação e agora é também a primeira brasileira desse nicho a receber a Certificação de Empresa B, movimento global que identifica corporações alinhadas com as questões socioambientais. “Temos um Comitê de Sustentabilidade e um modelo de negócios alinhado com esses valores”, explica Edmar Lopes, CFO da Movida.

Tuk Tuk da Movida. Foto: Divulgação

Desde 2019, foram plantadas 51.226 árvores em parceria com a ONG SOS Mata Atlântica, responsáveis por neutralizar 8,3 mil toneladas de CO2 em mais de 300 mil m², o equivalente a 42 campos de futebol iguais ao Maracanã.

Além do Programa Carbon Free e do Comitê, a empresa apoia o projeto Gerando Falcões, que busca criar oportunidades para jovens da periferia; estimula a integração de modais, com o aluguel de bikes elétricas – e mais recentemente o Tuk Tuk, em Vitória, em parceria com a Uber –; e ampliou a licença maternidade para seis meses e a licença paternidade para 20 dias.

Crescem os conflitos mundiais pela água

Crescem os conflitos mundiais pela água

As disputas em torno da água estão se alastrando, tanto no Brasil como no exterior. Elas acontecem de diferentes formas, são confrontos entre nações, modelos de gestão, grupos de interesse e classes sociais. Quando esses embates reduzem o acesso de populações à água de qualidade, é de se esperar que haja a propagação de doenças e, muitas vezes, o aumento do número de mortos. Frente a essa realidade, segue a questão: é possível assegurar que todos tenham acesso a esse recurso?

Entre os desafios, está o fato de que aproximadamente 2,1 bilhões de pessoas (29% da população mundial) não têm acesso à água potável em casa, segundo dados do último relatório da OMS em parceria com a UNICEF. Apresentada em 2017, a pesquisa também aponta que cerca de 4,5 bilhões de pessoas (55%) carecem de um sistema seguro de saneamento. Em um balanço de 17 anos, iniciado em 2000, o estudo mostra que o acesso a serviços de água potável e a saneamento seguro tiveram uma progressão média anual de respectivamente 0,48% e 1,02%.

Foto: Getty Images

Água, um campo minado

O Water, Peace and Security é uma ferramenta que mapeia a possibilidade de conflitos por água no Sudeste Asiático, no Oriente Médio e em todo o continente africano. Patrocinada pelo governo holandês, a plataforma foi apresentada para o conselho de segurança da ONU antes de seu recente lançamento. Ela prevê altos índices de conflito por água no Iraque, Irã, Mali, Nigéria, Índia e Paquistão ainda este ano.

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, nas Colinas de Golã. Foto: GPO/Fotos públicas

“É importante dizer que a guerra por água não é uma guerra clássica. Ela ocorre em uma luta por posições estratégicas para manter o acesso aos recursos hídricos”, aponta Wagner Costa Ribeiro, professor de geografia da USP e autor do livro “Geografia Política da Água”. Um exemplo é a disputa pelas Colinas de Golã, responsável por um terço do abastecimento de água de Israel. O país tomou a região da Síria em 1967 e, desde então, seu governo ocupa e administra as colinas, apesar de a maioria da comunidade internacional reconhecer o território como sírio.

O Movimento Pelos Direitos do Povo Palestino e Pela Paz no Oriente Médio e a Anistia Internacional também acusam Israel de privar o acesso à água ao povo palestino. Segundo Ribeiro, o estado israelense proibiu a Palestina de construir uma cisterna, pois o armazenamento promovido por ela diminuiria o volume de água que chega ao rio e, consequentemente, a vazão para Israel. Os conflitos pela água não acontecem apenas na escassez do Oriente Médio.

O Brasil possui a maior concentração de água doce do planeta, cerca de 12% das reservas estão aqui. Mesmo assim, muitas populações e locais sofrem para ter acesso ao recurso em quantidade e qualidade adequadas. Desde 2002, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) contabiliza os conflitos por água no território nacional. No primeiro ano foram registrados 8 conflitos em todo o território brasileiro; no último relatório, referente a 2018, houve um recorde de 276 conflitos por água. O número é crescente desde 2010 e a CPT estima que mais de 2,7 milhões de pessoas foram envolvidas nesses conflitos. Segundo os dados de 2018, as principais vítimas dos conflitos por água foram, respectivamente, ribeirinhos, pescadores, geraizeiros (populações tradicionais do cerrado mineiro), assentados e pequenos produtores. Já os maiores causadores foram mineradoras (50,36% dos conflitos), empresários (26,45%), hidrelétricas (11,96%) e fazendeiros (9,78%).

O número é crescente desde 2010 e a CPT estima que mais de 2,7 milhões de pessoas foram envolvidas nesses embates. Segundo os dados de 2018, as principais vítimas foram ribeirinhos, pescadores, geraizeiros, assentados e pequenos produtores. Já os maiores causadores foram mineradoras (50,36% dos conflitos), empresários (26,45%), hidrelétricas (11,96%) e fazendeiros (9,78%).

Desastre em Brumadinho. Foto: Ibama/Fotos públicas

As regiões com mais conflitos são o Nordeste com 133 casos (48,1%), seguido do Sudeste com 85 (30,80%), e em terceiro o Norte (18,84%). Bahia e Minas Gerais foram os estados mais afetados, com 65 casos (23,55%) cada um. O relatório destaca disputas consequentes da tragédia de Mariana; a luta pela manutenção do modo de vida das 55 comunidades do Baixo São Francisco contra os interesses especulativos e imobiliários; e 30 ações da refinaria Hydro Alunorte contra as comunidades paraenses, do município de Barcarena – que terminou com o assassinato de duas lideranças comunitárias (a empresa nega a associação entre as suas atividades e as ações contra os moradores de Barcarena, e declara que condena firmemente qualquer ação dessa natureza).

Para o autor de “Geografia Política da Água”, o uso inteligente dos recursos disponíveis, alinhado com tecnologias que já existem, seria capaz de suprir as demandas por água de todas as populações. Porém, falta a vontade política e econômica daqueles que detêm o controle das fontes de água potável. “O problema não é a transferência de água, mas o fato de ela estar sendo feita com foco central no lucro e não no compromisso de ofertar uma substância fundamental para a manutenção da vida”.

Mercado líquido

A água também é protagonista de uma batalha simbólica, voltada para decidir se ela é uma mercadoria ou um direito humano. Há dois grandes tipos de negócio para a substância: o comércio de água engarrafada; e os serviços ligados a ela, como a distribuição e o tratamento de esgoto. Em vários países, grandes bancos e corporações como o Deutsche Bank, Credit Suisse, JP Morgan Chase,Goldman Sachs, Allianz e HSBC Bank, entre outros, já compraram vastos hectares de terra com aquíferos e lagos, além dos seus direitos de exploração deles e várias companhias de água (segundo o eco-engenheiro Jo-Shing Yang, autor do livro Solving Global Water Crises) .

Fábrica de engarrafamento de água. Foto: Getty Images

André Martin, professor da Universidade de São Paulo especializado em geopolítica, comenta por que não apoia que esses grupos controlem o recurso: “ Na procura de investimentos de alta lucratividade, as companhias de água associadas ao capital financeiro vão tentar transformar a água em raridade”. Para o professor, parte da escassez que acontece no mundo foi induzida para que houvesse rentabilidade. “Esse sistema vai contra a natureza humana. Foi comprovado empiricamente que os homens são mais solidários na sede do que na fome. Reparte-se mais água que comida”.

O modelo de gestão privada de recursos hídricos existe desde a virada do século XIX para o XX, e teve um boom mundial a partir da década de 1990. Wagner Ribeiro afirma que dados coletados nos últimos 30 anos comprovam cientificamente que a privatização gera aumento do preço da água e perda de qualidade. “É evidente que o principal objetivo do modelo privado é obter lucro e não promover o acesso à água de qualidade e barata. Além disso, é muito difícil que uma empresa vá estimular a redução do uso da água. Pelo contrário, ela quer que você use mais água para poder te cobrar. Então a privatização da água, além de produzir efeitos negativos para o consumidor final também é antiambiental”.

Nova York, Berlim, Paris, Madrid, Buenos Aires e Jacar, na Indonésia, são algumas das 235 localidades que nos últimos 15 anos reestatizaram seus serviços de águas e esgoto após constatarem um péssimo desempenho do setor privado. O geógrafo avalia que essa é uma tendência global, principalmente em países desenvolvidos, e que o Brasil está na contramão. Em fevereiro, o BNDES anunciou que promoverá ainda esse ano leilões de concessão de serviços de saneamento de quatro estados (RJ, AC, AP, AL). Ribeiro argumenta que a gestão estatal é menos corrupta, pois há um controle social maior quando o estado atua, o que resulta em parâmetros mais rigorosos de qualidade da água.

Odor e gosto de terra

A crise recente da Companhia de Águas e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) parece contrapor esse ponto de vista. Em muitas localidades da região metropolitana da capital, a água que saía das torneiras era amarronzada, com odor e gosto de terra. Atualmente, a privatização da estatal está sendo considerada por muitos, inclusive pelo governador Wilson Witzel (PSC), como a única solução para os problemas. O geógrafo rebate essa alternativa e afirma que a crise é na verdade decorrente das ações do governo que encaminha a estatal para a privatização.

Witzel fala à impresa e bebe água após visita a Guandu. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Em 2017, o estado fez um acordo com o Governo Federal que permitia suspender o pagamento dos juros de sua dívida com a União. Uma das exigências era encaminhar a privatização da Cedae. O lucro líquido da empresa registrado em 2018 foi de R$ 832 milhões, quase o triplo do ano anterior, R$ 280 milhões (não foi encontrado o valor do ano passado). Uma investigação, feita pelo UOL, apontou que o Pastor Everaldo (PSC) influenciou a demissão de 54 funcionários, muitos deles técnicos e engenheiros com anos de experiência. O presidente da Cedae, Hélio Cabral, que ocupou o cargo do início de 2019 até fevereiro, também foi indicação política do pastor. O ex-presidente era conselheiro da Samarco indicado pela Vale na época da tragédia de Mariana. Quando assumiu o cargo ele ainda era réu, acusado por homicídio com dolo eventual, mas depois foi inocentado.

Especialistas apontam que o problema foi causado pelo composto orgânico chamado geosmina, produzido por um tipo de alga presente nas águas que abastecem a estação Guandu. Em 2001, o Rio teve o mesmo problema, e foi resolvido em 7 dias pelos técnicos da Cedae com o uso de raspadores que retiravam o lodo, de acordo com o então diretor da Cedae, Flávio Guedes, em entrevista para o UOL.

Na mesma reportagem, ele afirmou que hoje em dia não há recursos para isso e, em nota, a atual gestão da Cedae reconheceu a necessidade de colocar em operação os raspadores. Porém, a companhia afirma que a aquisição desse equipamento faz parte de um plano de dois anos, com investimentos de R$ 700 milhões para Estação de Tratamento Guandu. Apesar dos altíssimos lucros, poucos investimentos foram feitos para garantir a área de proteção ambiental, onde os recursos hídricos são explorados. A empresa também responde a um processo pelo lançamento de esgoto em cinco estações, despejados na Baía de Guanabara e no oceano.

“A situação é crítica. Lamentável, eu diria. Ela ocorre devido a esse processo errado e nada contemporâneo de insistir na privatização, quando na verdade o estado deveria estar mais presente para garantir a qualidade do serviço de água para a população”, argumenta o professor. Ribeiro também desaprova a forma como o país faz uso dos seus recursos hídricos. Segundo dados da Agência Nacional de Águas (ANA), o maior consumo de água no país acontece na irrigação (66,1% do volume total), seguido por uso animal (11,6%), indústria (9,5%) e abastecimento urbano.

O sistema de irrigação que mais cresce no Brasil é o pivô central. O Levantamento da Agricultura Irrigada por Pivôs Centrais quantifica que, em 2017, havia 1.476.101 hectares equipados para irrigação por pivôs centrais. Para o geógrafo, essa é uma prática que acarreta muito desperdício e a agricultura deveria adotar técnicas mais sustentáveis como o plantio direto e o gotejamento. Outra imprudência que aumenta a demanda de água do setor é que muitas espécies são introduzidas em terras que não são propícias para elas. “O cultivo tem que ser analisado à luz da oferta hídrica da localidade. Temos que diminuir o volume de água utilizado na agricultura e fazer escolhas mais adequadas às condições geográficas e ambientais. Há lugares que não são bons para plantar soja ou cana e, mesmo assim, as pessoas plantam porque dá dinheiro. Isso exige muito mais água do que o normal para ter um desenvolvimento adequado e essa operação ser rentável”.

Fonte contaminada

Avião despejando agrotóxicos em uma plantação. Foto: Getty Images

Mais um ponto preocupante é o altíssimo nível de agrotóxicos presente em muitas reservas de água doce, decorrência da água que irriga as plantações e chega aos mananciais. A Agência Pública apresentou dados reveladores do Sistema de Informação de Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano (SISAGUA), que reúne os resultados de testes feitos pelas empresas de abastecimento. Agrotóxicos foram detectados na água de 92% dos municípios testados em 2017. Esse número teve um crescimento constante nos últimos anos e estima-se que em breve não haverá mais água.

São Paulo, Rio de Janeiro, Fortaleza, Manaus, Curitiba, Porto Alegre, Campo Grande, Cuiabá, Florianópolis e Palmas são algumas das capitais com contaminação de múltiplos agrotóxicos. Além dessas dez cidades, mais 1386 municípios detectaram na água todos os 27 pesticidas que foram obrigados por lei a testar. Desses, 16 foram classificados pela Anvisa como altamente tóxicos e 11 estão associados com o desenvolvimento de câncer, malformação fetal, disfunções hormonais e reprodutivas. Na União Europeia, 21 desses agrotóxicos são proibidos.

“A questão é: estamos cuidando da nossa água? Não estamos. Estamos contaminando nossas reservas, ora com lixo, ora com esgoto ou com agrotóxicos. Isso tudo é má gestão”, conclui Ribeiro. “Precisamos discutir seriamente a quantidade de água para cada uso. Devemos pensar um reservatório para a preservação humana e ambiental fundamental, para a geração de energia, lazer, pesca etc. Todas as possibilidades devem ser pensadas à luz dos ciclos naturais da água. Hoje temos tecnologia para quantificar o tipo de atividade econômica que pode ser feita em cada localidade, seja industrial, agrícola ou de consumo populacional. Enquanto não tiver esse tipo de ação, as crises serão recorrentes, quando não muito mais intensas”.