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Venda online de vinho cresce e o momento é de imersão

Venda online de vinho cresce e o momento é de imersão

Os canais de venda tradicionais foram a pique. Restaurantes, bares e lojas estão fechados ou trabalhando com delivery, absolutamente fora de sua proposta. As importadoras de vinho se adaptaram a essa modalidade de venda. Afinal, é o que restou. 

Quem se deu bem e muito bem, foram os supermercados que estão funcionando normalmente. Para se ter uma ideia, o Pão de Açúcar cresceu em 50% as vendas de vinho desde março. Um salto impensável. Outro setor que cresceu foi a venda virtualcomo os clubes de vinho que também experimentam um crescimento semelhante. 

Importante observar que há diversas propostas nesse mercado, há clubes que vendem vinhos de rotulagem linda e com vinhos muito simples dentro e outras que vendem produtos mais selecionados de preços mais altos e de volumes limitados. O fato é que, mesmo com esse crescimento todo, o volume não cobre a perda que se observa.  

Venda online de vinho cresce e o momento é propício para uma imersão em livros e cursos

Venda online de vinho cresce e o momento é propício para uma imersão em livros e cursos

De um lado, cresce o consumo na residência por motivos óbvios, mas de outro as pessoas se restringem com gastos, o resultado é o crescimento dos vinhos mais simples. Eu diria que na faixa de preço de até 50 reais. Os vinhos brasileiros saem ganhando e esses se encontram nos supermercados, como Aurora Varietais, os Almadén e os Salton Classic. 

Isso também se explica porque o câmbio cresceu quase 50% em dois meses e isso reflete em tudo. Os vinhos estão mais caros e vão ficar ainda mais. Um momento muito difícil. Penso que agora os produtores brasileiros deveriam intensificar ofertas e delivery e promover seus vinhos. 

As pessoas não conhecem vinho, não sabem das suas diversas alternativas, de regiões, de estilos, de produtores, etc., e então acabam confiando em quem lhe indica o vinho. Os clubes sempre falarão bem dos vinhos que estão oferecendo, porém para quem é do ramo sabe que hoje, um vinho vendido a 30 reais custou lá fora 1 euro. Isso é algo que os consumidores deveriam ter em mente e dar preferência a um vinho feito em seu país, que nesse momento precisa sobreviver. 

Eu acho que hoje o consumidor deveria primeiro escolher um importador ou um produtor brasileiro em quem confia, quem cuida bem de seus vinhos e são honestos. Então a partir daí você pode escolher entre muita variedade. Hoje todos entregam, é uma facilidade. 

Há também um fator bom para o vinho nisso tudo. As pessoas estão dentro de casa e estão sem a possibilidade de sair, assim podem prestar mais atenção ao vinho que bebem. O vinho precisa disso, pois há diferenças entre eles, entre as castas, entre os assemblages. Quando a pandemia passar, os consumidores estarão mais familiarizados com os vinhos, tenho certeza.  O importante é experimentar, variar, esquecer as notas e palpites de experts de vinho, acredite em você. 

Mergulhe!

“Confissões de uma amante de vinhos” de Jancis Robinson

E informe-se, há inúmeros cursos de vinho e livros maravilhosos para se curtir nestes tempos de confinamento, sugiro de cabeça os seguintes: A História do Vinho de Hugh Johnson,A experiência do gosto de Jorge Lucki, “A Arte de Degustar o Vinho” de Enrico Bernardo, Confissões de uma Amante de Vinhos de Jancis Robinson, Vinho para Iniciantes e Iniciados de José Oswaldo Albano do Amarante, Presença do Vinho no Brasil” de Carlos Cabral e “O Gosto do Vinho” de Émile Peynaud e Jacques Blouin. 

Eu tenho um curso que vez por outra é lançado na web, sugiro que o leitor interessado se inscreva em “O vinho é simples 2020” e acompanhe o próximo lançamento. Saúde!! 

Hora Campinas: Confira as dicas da semana

Hora Campinas: Confira as dicas da semana

Nos meses de junho e julho, você confere o melhor dos delivery de Campinas e região no Hora Campinas. Veja as dicas da semana!

Gastronomia bate à porta 

A Laticínio Búfala Almeida Prado se uniu ao chef Antonio Maiolica para desenvolver aPopUpCucinauma rede com os melhores produtores da região de Jaú, cidade do interior paulista. O programa combina frutas e vegetais orgânicos, cogumelos, cafés e avocados de origem, cervejas e gelatos artesanais, pães de fermentação natural, dicas de harmonização com vinhos e receitas. O chef escolhe os melhores ingredientes da estação e monta os pratos. São massas moldadas à mão acompanhadas por molhos simples e saborosos, carnes de vida digna temperadas e assadas lentamente, e sobremesas clássicas para serem compartilhadas. A Pop Up Cucina tem um sistema de entregas exclusivo dos pratos e produtos no número (14) 98162-4901. 

O menu à la carte do tradicional D’Autore Restaurante vai desde entradas, como o Polvo com polenta e alho negro, passando por pratos principais, como o Polvo & Gnocchi Frito, o Chorizo Black Angus com purê de mozzarela, até deliciosas sobremesas como o Manjar de Coco e o Creme Catalão com Churros. A casa de gastronomia contemporânea está funcionando por delivery de terça a sábado para o almoço e jantar e aos domingos para o almoço. Os pedidos podem ser feitos diretamente pelo contato do restaurante: (19) 3307 – 3921 (telefone fixo e WhatsApp) ou pelo aplicativo Ifood. 

Chorizo Black Angus com purê de mozzarella, farofa e chimichurri do D'Autore

Chorizo Black Angus com purê de mozzarella, farofa e chimichurri do D’Autore

 

Emicida celebra “AmarElo Prisma” e reflete sobre a pandemia

Emicida celebra “AmarElo Prisma” e reflete sobre a pandemia

Nelson Mandela narra uma de suas atividades favoritas na autobiografia “Longa caminhada até a liberdade”. Cultivar uma horta significava manter-se são na penitenciária, onde ficou preso durante 27 anos sob o regime de segregação racial da África do Sul, o Apartheid. “Eu via a horta como uma metáfora para certos aspectos de minha vida. Um líder também deve cuidar de sua horta; ele também planta sementes, e então observa, cultiva e colhe o resultado”, escreveu.  

Para Emicida, plantar significa cultivar o bem viver e se voltar para o ritmo da terra. Mandela é, inclusive, a leitura de cabeceira do cantor. “As plantas me fizeram ter uma rotina. Notei que a jabuticaba está crescendo, é maravilhoso perceber essa evolução, agora estou dentro do andar natural do tempo”, repara, com um sorriso espontâneo e sincero.  

Em 2019, Emicida lançou o álbum "AmarElo"

Em 2019, Emicida lançou o álbum “AmarElo”
Crédito: Júlia Rodrigues

Seu álbum mais recente, “AmarEelo”, lançado em outubro de 2019, é uma homenagem ao cotidiano tranquilo. “Sou um velhinho de 80 anos no corpo de um rapper”, define o paulistano do “fundão” da zona norte. “Não moraria no centro da cidade, vocês não iam querer me ver na janela pedindo para abaixar o volume do som”, conta o agora morador de uma casa com jardim em Mairiporã, fora do eixo central da metrópole e onde passa a quarentena. “Estou próximo da Cantareira, o ar é mais puro”, defende e brinca.  

O sorriso e o tom de brincadeira talvez não sejam os comportamentos mais associados a um rapper. Emicida quebra estereótipos. A tônica de suas canções continua sendo os apontamentos de uma realidade com violência policial e racismo – questões duramente atuais no mundo -, e desde 2009 está nas rádios, na internet e nos encontros de rima da zona sul da capital paulista, que lançaram o cantor no cenário musical do país.  

Os problemas sociais também são vivências, infelizmente, presentes nas periferias de cidades brasileiras. A São Paulo de Emicida e de milhões de habitantes não foge a essa dura regra. Mas a suavidade, a alegria de viver e o amor são experiências humanas e subjetivas comuns a todos.

Então, o samba, o tom de voz mais baixo, as parcerias com outros ritmos e até o flerte com o pop ganham espaço na obra do artista. “Nos tirar a positividade é reduzir a nossa vida ao sofrimento e àquilo que não é causado por nós”, define. 

 

Emicida em meio às suas criações no computador e anotações

Emicida em meio às suas criações no computador e anotações

Em 2020, ano pandêmico, AmarElo se transformou em “AmarElo Prisma”, cujo conteúdo se espalha em formato de vídeo (às quartas-feiras, no canal no YouTube do rapper), podcast (às sextas-feiras, nas plataformas de streaming), imagem e texto (em seu Instagram, Facebook e Twitter). São reflexões, poesias e conversas. Emicida está em constante renovação.  

Tal qual uma sinfonia, o “AmarElo Prisma” foi organizado em Movimentos, que são lançados e destrinchados semanalmente. São quatro Movimentos no total, cada um regido pelos valores de “AmarElo”.

São: Paz (dialoga com o corpo), Clareza (aborda a mente e a saúde mental), Compaixão (fala da alma, empatia e capacidade de conexão com o outro) e Coragem (diz sobre o coração, o poder de criar uma nova história juntos, independente do medo gerado pelo desconhecido). Esta última, inclusive, traz a filosofia africana Ubuntu como referência (“eu sou porque nós somos”). “Juntos podemos fazer muita coisa foda”, reflete. 

Arte se semeia em casa

Emicida é Leandro Roque de Oliveira. Filho de Jacira Roque. “Fui criado por alguém que mesmo trabalhando duro em casas de família, ouvia muita música no rádio, lia poema em voz alta para treinar a leitura, ela é símbolo de perseverança e força para mim”, lembra. Dona Jacira, como é conhecida pela família e pelos quase 9 mil seguidores nas redes sociais, hoje é escritora e artista plástica.  

Ela lançou, em 2018, o livro autobiográfico “Café”, que narra suas memórias desde a infância – como o período difícil em uma escola de freiras – até a maternidade e outras experiências atuais. Mas Jacira faz isso de forma leve, amarrando as narrativas como se estivesse recebendo o leitor em casa para uma conversa ou um café da tarde gostoso.

“Minha mãe chorou muito quando o Renato Russo morreu, parecia que um tio meu tinha morrido. Ela amava Legião Urbana! É esse o papel da arte na vida dela”, resume o cantor, que também tem um irmão artista – o produtor musical Evandro Fióti.  

Cantor ao lado de sua mãe, dona Jacira, e de seu irmão, Evandro Fioti

Cantor ao lado de sua mãe, dona Jacira, e de seu irmão, Evandro Fióti

Cultivo de boas reflexões

A escuta é, muitas vezes, mais importante que a fala. “Quando nos fechamos em bolhas, ouvimos apenas quem pensa de forma parecida, assim estamos aplaudindo a nós mesmos”, define o rapper, que integra o time de comentaristas do programa da GNT “Papo de Segunda”, agora transmitido da casa de cada um. 

Toda segunda-feira, assuntos comportamentais, políticos e sociais são colocados em pauta para os humoristas e atores Fábio Porchat e João Vicente, o escritor Francisco Bosco,  e Emicida compartilharem suas visões. “Gosto daquele ambiente porque sei que eles terão olhares diferentes dos meus, e eu respeito muito isso, a vida é infinitamente possível”. Tanta sensibilidade faz o cantor parecer o mais quieto, mas, ao mesmo tempo, muito analítico naquele espaço. 

Paternidade e masculinidade são temas comuns nos episódios. “Não sei o que ser homem significa, mas ser pai me transformou em uma pessoa melhor, é mágico”. Emicida é pai de Estela, de 9 anos, e Teresa, de 2. Para o rapper, esses assuntos não eram recorrentes há pouco tempo, mas hoje já dominam rodas de conversas. “Isso tudo graça às mulheres que fazem a denúncia do machismo e aos homens que entram na discussão e conscientizam os outros”, comenta. 

 Flores que se alastram

Entre 2005 e 2009, o cantor ficou conhecido por seus improvisos, que o tornaram um dos MCs mais conhecidos de São Paulo. Venceu onze vezes consecutivas a batalha de MC da Santa Cruz e por doze vezes a Rinha dos MC, encontros em que rappers disputam as melhores rimas.

Na época, Emicida acumulou milhares de acessos em cada batalha sua no YouTube. Leandro, então, criou o acrônimo E.M.I.C.I.D.A (Enquanto Minha Imaginação Compuser Insanidades Domino a Arte). 

Das ruas paulistanas, Emicida ocupou muitos lugares com a sua música. O lançamento de “AmarElo” aconteceu no Theatro Municipal de São Paulo, em novembro do ano passado. “Muito importante trazer um concerto de rap para cá”, Emicida anunciou no palco. “Isso aqui é o resultado do sonho coletivo de muita gente. Essa conquista é o que anistia o espírito de quem veio antes de nós e sofreu”, declarou.  

E, falando em espírito, Emicida lembra que, há 500 anos, pessoas negras eram entendidas como sem alma e, assim, a escravidão aconteceu e perdurou no mundo. “Parece distante, mas as consequências são muito atuais. No lançamento do álbum, naquele ambiente de arte, pegamos a nossa alma de volta”. 

Mc Carol no desfile da LAB na São Paulo Fashion Week

Mc Carol no desfile da LAB na São Paulo Fashion Week

Os projetos se multiplicam. Fundada em 2008 pelos irmãos Emicida e Fióti, a Laboratório Fantasma (LAB) é um hub de entretenimento que tem gravadora, editora, produtora de eventos e marca de roupas. Em 2016, a LAB estreou na São Paulo Fashion Week. “As passarelas do nosso país precisam ser um reflexo do que se vê em nossas calçadas, aquilo também foi importante para muita gente”. 

Neste mês, estreia a LAB Fantasma TV no Twitch, maior plataforma de e-sports do mundo. Emicida está em todos os lugares. Nas ruas, na TV e nos diferentes palcos, o rapper segue ocupando muitos espaços e, ao lado de outros artistas, planta mudanças importantes por onde passa. 

Papo reto na pandemia da Covid-19 

Emicida discorre sobre os impactos do novo coronavírus no Brasil e os posicionamentos necessários em meio à crise 

Emicida analisa a pandemia e seus impactos no Brasil

Emicida analisa a pandemia e seus impactos no Brasil. Crédito: Victor Balde

Na sua visão, qual o papel de cantores e artistas neste momento?

O mesmíssimo papel de qualquer outra pessoa comprometida com a civilização e não com a barbárie.  Ajudar a construir pontes que facilitem a travessia de quem se encontra em situações mais adversas. Se não for possível ajudar a construir, não atrapalhar quem está construindo já é uma grande ajuda. Artistas não são diferentes do resto dos seres humanos, aliás, para a natureza, a arte nem existe. Tudo é vida, manifestação da existência. Tudo está comprometido com a vida e a transformação necessária para que a vida aconteça, do bolor das comidas que se decompõe até as orquídeas que tanto admiramos.

Então, a arte, para mim, hoje, é se comprometer profundamente com a continuidade do ciclo da vida, isso não é feito somente por profissionais da área. A agricultura familiar produzindo e distribuindo cestas básicas de alimentos orgânicos via Movimento dos Sem Terra (MST) e os médicos no front, lutando contra o coronavírus, é esse o comprometimento com a transformação de que falo. 

Como você tem mudado a sua rotina de criação nesse momento de isolamento? Como é trabalhar em casa e cuidar de filhos e casa tudo junto?

Eu não estou preocupado em criar, sinceramente. Estou preocupado com quem, diferente de mim, atravessa esse período em uma situação desconfortável, de maneira semelhante às que já vivi. Tenho estudado piano, feito tarefas escolares e brincado com as crianças, feito exercícios físicos em casa, meditação, lavado louças e banheiros e cozinhado. Aprendi a fazer queijos e isso tem sido uma alquimia interessantíssima! Uma brincadeira mágica com a microbiologia, que é uma faca de dois gumes, desespera o mundo com a Covid-19, mas também gera as transformações mágicas dos laticínios. Eu me sinto o Rick Moranis no filme “Querida, Encolhi as Crianças”, quando fico observando essas transformações.

O fato é que o meu compromisso é ser uma pessoa melhor, que vai embora daqui sem ter estragado o planeta. Isso faz parte da minha rotina antes da pandemia. Esse é o meu lance: valorizar coisas simples, talvez por isso eu não esteja em frangalhos emocionais como muitos amigos. O sorriso da minha família me recarrega a bateria todos os dias e eu, independente do estresse que sentir, tenho o compromisso de sempre fazer quem eu amo sorrir, nem que seja uma vez no dia. 

Como foi a experiência de fazer uma live? Qual foi o retorno do público?

Bacana, mas nem se compara com um concerto ao vivo. As pessoas interagem bem, é legal o fato de quem está Acre vivenciar uma experiência junto com quem está em São Paulo, simultaneamente. Fizemos uma gigante, 8 horas, só canções de nossa autoria, algo impossível para muitos artistas, mas, para a gente, é só rotina. Nunca tínhamos tocado 8 horas seguidas. Às vezes, os shows têm 4 horas (se empolgamos no improviso), mas nesse aí a gente empolgou mesmo, e ainda faltou música. 

 O mundo vai mudar muito na pós pandemia. Muitos já observam como a mobilidade urbana sofrerá grande impacto, além de preocupações ambientais e discussões de direitos econômicos e sociais estarem muito em alta mundo afora. Mas, na sua opinião, o Brasil acompanhará esse caminho?

O Brasil é o único lugar onde o coronavírus vai se transformar em um detalhe devido à dimensão dos abismos sociais e a irresponsabilidade de quem está ocupando o Palácio do Planalto. Essa brincadeira de chamar pandemia de “gripezinha” vai comprometer, no mínimo, duas gerações. Uma chaga inesquecível.

Lembra quando Israel chamou o Brasil de anão diplomático? Hoje somos menos do que isso, um micróbio irrelevante em qualquer discussão frutífera a respeito de um bom caminho para o planeta. Vai doer e vai doer por muito tempo, por mais que tenhamos mentes brilhantes aqui dentro, o maior freio de mão que poderíamos ter está com a faixa presidencial. Elegeram uma âncora e agora todos vão pagar, pois a única vocação de uma âncora é descer o máximo que puder. 

 O que precisamos fazer para que o amanhã não seja um ontem com novo nome como você canta em “AmarElo”?

Podemos aprender que a perspectiva europeia que ainda norteia as grandes movimentações desse lugar não é necessariamente uma mentira, mas é apenas uma forma de analisar a realidade e que muitas outras podem acrescentar e nos tornar um lugar melhor se as observarmos com a capacidade de aprender. Os Yanomami estão aqui ainda, por que não os trazemos à luz? Povos que antecedem a chegada dos europeus, eles lidam com essa terra há 10 mil anos, tem muito a nos ensinar, mas os parâmetros que essa sociedade preferiu seguir são esses de uma mão única que destrói tudo por onde passa e depois da catástrofe põe a culpa em Deus. Deus é cada árvore cortada e cada criança quilombola chorando por ver sua casa derrubada pelas forças armadas, Deus é sempre o mais vulnerável.  

 

“Adote o Artista” promove shows virtuais durante a pandemia

“Adote o Artista” promove shows virtuais durante a pandemia

Criado e idealizado pelos músicos Paulo Neto e Zé Ed, o projeto “Adote o Artista” propicia uma experiência nova para as pessoas durante o isolamento social e também ajuda artistas independentes, que tiveram seus shows cancelados e sua renda comprometida durante a pandemia.

Como um “correio elegante virtual”, o projeto permite presentear uma pessoa com uma música ou com um pocket show, sempre virtual. Há ainda uma terceira recompensa que pode ser adquirida, que varia entre cada artista integrante. No caso da cantora e compositora sul-mato-grossense Thamires Tannous, o presenteado ganha uma aula online de canto com 1 hora de duração.

As pessoas que desejam participar devem entrar em contato com o projeto, ou então já diretamente com o artista, e combinam o melhor dia e horário para acontecer o show. Se preferirem, o próprio artista conversa diretamente com quem foi presenteado, fazendo a surpresa.

Cantora de Campo Grande Thamires Tannous integra o "Adote o Artista" durante a quarentena

Cantora de Campo Grande Thamires Tannous integra o “Adote o Artista” durante a quarentena

Thamires reforça que projeto tem como objetivo difundir a música autoral brasileira, tanto que só compositores integram o grupo. É o músico que normalmente escolhe qual canção de seu repertório irá apresentar. “A intenção é fazer com que as pessoas tenham uma experiência completamente nova naquele momento, sem que a música remeta à alguma memória do passado, justamente para elas ficarem no presente, naqueles cinco ou quinze minutos em que estão ouvindo a canção”.

A cantora tem levado sua voz para as mais diversas realidades, até mesmo para pacientes com Covid-19, fazendo shows virtuais desde o sertão de Pernambuco até grandes capitais do país. “Já cantei para uma senhora que tem Alzheimer e estava em uma casa de repouso, e para outra de 97 anos que ficou muito comovida com o presente. São experiências que também acabam sendo emocionantes para mim. É um momento de solidão para tanta gente, muitas vezes o show termina com uma conversa e com trocas muito grandes para ambos os lados. E isso que é o mais lindo desse projeto”.

O gesto de carinho pode ser adquirido por 20 reais (uma canção), 50 reais (um pocket show), ou então o terceiro presente, no caso de Thamires, uma aula online, sai no valor de 120 reais.

O estilo da cantora mistura influências da música sul-mato-grossense com a música contemporânea brasileira. Seus dois discos autorais, “Canto para Aldebarã” (2014) e “Canto-correnteza” (2019), entraram para as listas dos melhores do ano e ela recebeu o Prêmio Grão Música, em 2016. Outros quatro compositores fazem parte do projeto e podem ser conhecidos por meio do Instagram do “Adote o Artista”. Para marcar os shows, basta entrar em contato com o projeto ou pelas redes sociais dos próprios artistas.

29HORAS em casa: O futuro do cinema

29HORAS em casa: O futuro do cinema

O faturamento das bilheterias de cinema zerou no país. Começo a coluna de hoje com essa frase triste, mas real. Quando a pandemia ganhou força no país no final de março e as medidas de isolamento social foram decretadas pelos estados, as salas de cinema fecharam temporariamente, assim como restaurantes, bares e teatros. Lugares que amo e muitos que me leem também.

Deixando a melancolia de lado, é hora de encarar a realidade, lidar com ela e projetar as tendências futuras. Falar de cinema no Brasil requer alguns recortes. As salas de exibição ainda ficam concentradas nos grandes pólos urbanos do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Imagino que o novo normal reforçará as desigualdades, inclusive de acesso aos cinemas. Ir a uma sala de cinema me parece que será um evento mais caro e ainda mais pontual no novo normal. 

Mais uma vez deixando o baixo astral de lado, alguns fundos emergenciais foram criados. A  Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) preparam uma linha emergencial de crédito para socorrer a indústria. Mas entraves burocráticos são esperados. 

Já a Netflix e o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB) anunciaram a criação do Fundo Emergencial de Apoio à Comunidade Criativa Brasileira, que reúne a quantia de R$ 5 milhões a ser distribuída para profissionais do setor. Para se candidatar a receber o benefício, que será um depósito único de R$ 1.045 -, os profissionais precisam acessar o site do ICAB

E, por falar em streaming, eles nunca tiveram tão em alta. Uma pesquisa da Nielson, mostrou que os americanos aumentaram o consumo on demand em 85% desde o início da quarentena. Por aqui, plataformas anunciaram até um mês de graça para que as pessoas pudessem se aproximar desses serviços, caso ainda não assinassem. 

Lançamentos de filmes diretamente nas plataformas já acontecem. A exemplo do novo documentário do diretor cearense Karim Ainoux, “Aeroporto Central”, que estreou em 24 de abril no Now e em outros serviços. Inclusive o Oscar de 2021 não exigirá que as produções passem por salas de cinema para concorrer à premiação. 

Cine Drive-In, em Brasília, segue funcionando em meio à pandemia

Cine Drive-In, em Brasília, segue funcionando em meio à pandemia

Não poderia deixar de mencionar uma possível tendência, que é quase uma volta no tempo. Os cinemas drive-in, onde os espectadores veem o filme de seus carros, podem pipocar pelas cidades de novo. Muito populares nos Estados Unidos nos anos 1950 a 1970, a alternativa evita proximidade e contato entre pessoas desconhecidas. 

No Rio de Janeiro, a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, vai inaugurar um cinema drive-in até o fim de maio. Como disse ao jornal O Globo a presidente da fundação, Renata Monteiro, a ideia é que haja programação de terça a domingo, com uma sessão noturna por dia. O espaço terá lanchonete com vendas online e vai abrigar 150 carros. Será permitido apenas duas pessoas por carro e o ingresso será vendido por veículo, não por pessoa. A curadoria ficará por conta da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio.

Em São Paulo, o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, planeja um projeto de cinema drive-in que deve ser inaugurado em até dois meses. O projeto “Arena Sessions” contará com filmes, shows e palestras. A ideia inicial é exibir clássicos. Eu, claramente, me empolgo com essa possibilidade!