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Empresária, cantora e influenciadora, Preta Gil leva reflexões sobre a liberdade do corpo

Empresária, cantora e influenciadora, Preta Gil leva reflexões sobre a liberdade do corpo

Preta Gil é sinônimo de ousadia, liberdade, autenticidade e franqueza, qualidades que ela expressa em seu dia a dia, nas redes sociais e no Carnaval de rua de Salvador, de São Paulo e do Rio de Janeiro. À frente do Bloco da Preta, a cantora costuma reunir 1,5 milhão de foliões em um único dia. Preta também é referência de lutas importantes do nosso tempo, além de ser uma empresária bem-sucedida e múltipla.

Entre uma agenda recheada de shows, sociedade em agências e marcas, e ativismos nas redes sociais, a função de avó da pequena Sol, de 4 anos, é vista por Preta como “a experiência mais incrível” de sua vida: “Não é algo que você se prepara, mas quando acontece você simplesmente aprende com cada momento e a cada instante”. Casada pela segunda vez e mãe de Francisco Muller, de 25 anos, Preta foi mãe jovem, aos 20 anos, e hoje, aos 45, é uma avó entusiasmada, que está sempre com a neta, inclusive nas redes sociais.

Empresária, influencer digital e cantora, Preta Gil faz de tudo um pouco. Foto: Alex Santana

Quando começou a cantar profissionalmente, no início dos anos 2000, a cantora esbarrou em algumas questões. Tinha que encontrar a sua turma, expressar o que sempre pensou e queria aplicar os conhecimentos técnicos de publicidade em sua carreira musical.

Não é pouca coisa ser filha de Gilberto Gil, um dos maiores músicos brasileiros, e Preta soube aproveitar a rica herança musical e cultural do pai e de todos os amigos que fizeram a MPB ser o que é a partir dos anos 1970. Dele, herdou o ouvido aberto e atento: “O melhor conselho que ele me deu foi que eu precisava encontrar sozinha os meus estilos e as pessoas que somariam à minha música”.

Deu certo. O primeiro álbum de estúdio de Preta Gil , o “Prêt-à Porter”, foi lançado em 2003. A cantora tirou fotos nua para a capa e o encarte do CD, o que rendeu muitos comentários na época, já mostrando a que veio. “Se eu fosse magra, o barulho não seria tão grande”. A partir daí, ela passou a se posicionar fortemente, propondo reflexões sobre a importância de aceitar o próprio corpo e romper com padrões escravizantes de beleza.

Preta foi criança nos anos 1980, quando acompanhava alegremente a disco music, as Frenéticas e o programa do Chacrinha, expoentes culturais importantes no país, que influenciaram o estilo da carioca. A cantora também traz da infância a memória de uma casa viva e cheia de irmãos com múltiplos talentos. “O cheiro de dendê me remete àquele tempo”, lembra com carinho.

Preta, com Gilberto Gil, em seu bloco no Rio de Janeiro

Preta é filha da empresária Sandra Gadelha, é enteada de Flora, casada com Gil há 32 anos, e afilhada de Gal Costa. “Mulheres que são exemplo de força sem diminuir ninguém, elas me ensinaram a ser livre e lutar contra os preconceitos. Foi minha mãe que me mostrou o que é ser antirracista. Ela é branca, mas brigava por nós sempre!”

Vá se benzer

É justamente por causa da luta contra as discriminações que Preta Gil se tornou, entre tantas funções, influenciadora. Com 7,5 milhões de seguidores no Instagram, a cantora não deixa de postar sobre liberdade sexual, sendo apoiadora assídua da comunidade LGBT+, expressando também em suas músicas o direito de amar quem quiser.

Lançou no ano passado o clipe “Só o Amor” com a cantora e drag queen Gloria Groove, impulsionando a narrativa da personagem de Glamour Garcia, atriz trans que interpretou Britney na novela “A Dona do Pedaço”, da TV Globo. Preta Gil ainda trouxe outras mulheres trans da vida real ao clipe, com homenagens para figuras célebres como Rogéria, Roberta Close e Laerte. “Essas são verdadeiras heroínas”, enfatiza. Misturando diferentes mídias e vozes influentes, ela sabe ser estratégica para se fazer ouvir.

A cantora com os irmãos e a mãe, Sandra Gadelha. Foto: Acervo pessoal

As parcerias na música sempre foram diversas, assim como os ritmos escolhidos pela cantora. Entre suas canções há pop, samba, axé e tudo junto. Estilos que estão presentes na música “Vá se Benzer”, em parceria com Gal Costa, lançada em 2017. “Naquele momento eu precisava de uma força materna do meu lado, por isso escolhi a minha madrinha para cantar comigo”.

Para a cantora, a arte é um conjunto de expressões. Seu corpo, seus pensamentos e a direção de arte se transformam em amplificadores de sua música. “Na minha casa nunca teve isso de essa música é boa ou não, não importa… Fomos criados com ouvido aberto, eu canto o que toca o meu coração. A música tem que bater em algum lugar em você, seja no coração, na cabeça ou no quadril”.

Da Central do Brasil à Estação da Luz

Preta nasceu no Rio de Janeiro e tem em Salvador suas origens e referências culturais, já que essa é a cidade de seu pai. “Sou também apaixonada por São Paulo, é um lugar noturno e cheio de energia, me identifico”, diz ela, que hoje está sempre na ponte aérea, e por isso mantém uma casa na capital paulista.

“Lembro que nós viajávamos muito de trem do Rio para Sampa quando era pequena. Mal conseguia dormir observando tudo pelas janelas… Saíamos da Central do Brasil direto para a Estação da Luz, essa foi uma conexão que eu amava”.

Preta com o marido, Rodrigo Godoy. Foto: Divulgação

Em São Paulo, Preta Gil trabalha muito. É sócia da agência Mynd, especializada em marketing de influência e entretenimento, com clientes famosos da música, como Luísa Sonza e Pabllo Vittar. Um do trabalhos mais recentes da empresa inclui um dossiê sobre o comportamento musical do país, com tendências sobre o funk, que é referência de música brasileira no exterior.

“Também sempre fui muito ligada à internet e dizia para todos os meus amigos cantores para estarem nas redes sociais”. Foi uma das primeiras cantoras a ter Orkut e páginas próprias, há mais de uma década. “Segui as atualizações e consegui um olhar privilegiado sobre como os artistas podem se conectar com marcas de forma verdadeira no ambiente digital”, observa.

Seu diagnóstico é que o mercado de publicidade nunca foi tão sincero: “Tudo está junto, o que está na TV e na rádio está na internet. É preciso orquestrar as mensagens e as pessoas esperam espontaneidade e transparência”.

Além da sociedade na agência, Preta ainda tem uma marca própria de esmaltes e administra o Bazar da Preta, brechó beneficente que revende roupas e acessórios de famosos, como Anitta, Kelly Key, Carolina Dieckmann, Danilo Faro e Sabrina Sato, no Rio de Janeiro e em São Paulo, e reverte o valor para instituições filantrópicas.

Sangue e suor de Carnaval

Quatro gerações da família Gil, com filho e neta. Foto: Acervo pessoal

Há 11 anos na capital carioca, o Bloco da Preta iniciou a tendência de grandes blocos de rua comandados por cantores. Hoje, Tiago Abravanel, Elba Ramalho, Léo Santana, Alceu Valença, entre outros artistas de diversos estilos, arrastam multidões pelas avenidas durante o Carnaval. “É incrível ter aberto essa ala, o Carnaval é um evento acessível e democrático, para todo mundo que quiser aparecer”.

As expectativas para a festa deste ano incluem receber mais de um milhão de pessoas também no bloco em Salvador e São Paulo, além de misturar pop, funk, samba e axé na folia de todo mundo. No comando de tanta alegria, Petra Gil é sincera e feliz ao analisar a carreira: “Para mim, palavra de recompensa não é sucesso, é felicidade”.

Jogo rápido

Quais os maiores desafios da sua vida no momento?

O maior desafio é conciliar o tempo dedicado à família e dar conta dos meus muitos compromissos de trabalho. Esse equilíbrio entre as diferentes forças e demandas é um objetivo constante.

Como você descreveria a si mesma?

Sou uma pessoa feliz, sem preconceitos e fiel aos meus princípios e amigos.

Pelo que e como você gostaria de ser lembrada?

Nunca parei para pensar nisso, mas gostaria de ser lembrada como alguém que foi feliz fazendo o outro feliz.

Qual a melhor forma de começar o dia?

Com um beijo de alguém que amo que esteja por perto.

Qual a coisa mais louca que já fez?

Não sei se foi a mais louca, mas aceitar ser rainha de bateria da Mangueira foi sem dúvidas uma ousadia, o Bloco da Preta foi consequência disso. Hoje, me sinto realizada por ter deixado o Carnaval entrar na minha vida dessa forma tão intensa. Viva a Mangueira! Viva o Carnaval!

Veja nosso Ping Pong com a cantora:

Trilha sonora certa para todos os Carnavais, Ivete Sangalo completa 27 anos de carreira

Trilha sonora certa para todos os Carnavais, Ivete Sangalo completa 27 anos de carreira

O sol parece sempre brilhar para Ivete Sangalo. Na verdade, ela é a chama e o próprio astro rei da maior festa popular do país, o Carnaval. Mas sua fama e seu conhecido agito ultrapassam fevereiro e março, faz gente de toda cor, todo lugar e toda idade pular em qualquer época do ano. “É a melhor cantora do país”, gritam paulistanos mesmo debaixo da tradicional garoa da cidade, em um show ainda a dois meses dos blocos, desfiles, folias e alegorias, no Festival Eletriza, no Anhembi. A energia e a potência incidem do palco em duas horas de apresentação. Quase três décadas de carreira tornam Veveta referência e ídolo, e anunciam que, se depender dela, ainda muita festa virá pela frente.

Ivete Sangalo

Ivete comemorando os 10 anos de sua carreira solo

Se é a melhor cantora do país, Ivete não gosta de comparações e prefere não responder. É a mais popular. O que importa é incluir todo mundo na sua música: “Se relacionar bem é ter empatia. Eu quero ser respeitada e ouvida por todos, então me esforço para perceber as outras pessoas também”.

São diversas parcerias desde o início de sua carreira solo, quando saiu da Banda Eva, em 1999. Os duetos internacionais incluem a canadense Nelly Furtado, o espanhol Alejandro Sanz e até a banda de rock norte-americana Dave Matthews Band. Por aqui, os “feats” vão de Roberto Carlos, Criolo, Daniela Mercury, Maria Bethânia, Carlinhos Brown a Ludmilla, companheira do possível hit do Carnaval de 2020, ainda não divulgado.

Como se vê, o axé não é o único combustível de Ivete. Já em seu primeiro álbum, que ganhou disco de platina em 2000, com 1 milhão de cópias vendidas, a cantora apresentou outros ritmos. A balada romântica “Se eu não te amasse tanto assim”, composta por Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, é a prova e foi cantada por grandes nomes da música brasileira como Caetano Veloso e Gilberto Gil.

E música de sucesso é o que não falta no seu repertório. Suas canções dialogam com o Brasil. Marcam acontecimentos relevantes de nossa história recente. O hit “Festa” é gatilho de felicidade e traz a lembrança do pentacampeonato na Copa do Mundo de 2002, já que foi a música da comemoração do troféu na TV e em todos os cantos. “Nunca imaginava cruzar as fronteiras da Bahia, a música que eu faço é original de onde venho. Então me deixa honrada ser compreendida e acolhida pelo país, ainda mais em clima de união. Vejo que minha música mexe com as pessoas”.

Ivete, com sua família

Desde quando começou a cantar profissionalmente, em 1993, até hoje são mais de 300 canções. Ivete já vendeu mais de 20 milhões de cópias e recebeu mais de 150 prêmios nacionais e internacionais, como o Grammy Latino. Por mês, a cantora realiza uma média de 10 intensos shows e suas redes sociais somam incríveis 45 milhões de seguidores.

Veveta maré cheia

O Brasil de Ivete é diverso e, principalmente, alegre. As raízes explicam. “É como se eu morasse em Juazeiro até hoje, aquele lugar ainda está na minha memória. O bem viver que levo vem de lá”. Na casa de infância da cantora, a música vinha do violão do pai e da voz da mãe, que ouviam e cantavam juntos a música de Clara Nunes “Conto de areia”, o que rendeu o apelido “Veveta maré cheia”, dado pelo pai para a caçula.

Havia ainda os ritmos diversos dos quatro irmãos, que desde cedo tocavam e ouviam de tudo. “Com uma casa cheia dessas, não tem como não se abrir para novos estilos… Era viola, percussão, era uma diversidade imensa”. Foi o irmão Ricardo quem percebeu o talento de Ivete e começou a agendar shows em bares de Salvador. Durante uma apresentação em Morro do Chapéu, cidade a 390 quilômetros da capital baiana, ela chamou a atenção do produtor Jonga Cunha, dono do Bloco Eva, que a convidou para integrar a banda.

Cantora desfilando na escola de samba Grande Rio, em que foi homenageada em 2017

Com o trabalho da cantora, a família passou a ter uma vida estável novamente, após anos de dificuldade causada pela morte do pai e de um dos irmãos, Marcos. Durante aquele período, Ivete e sua irmã, Cyntia, chegaram a vender marmitas feitas pela mãe, Maria Ivete. Mas com o sucesso na música, Cyntia ficou responsável pelo figurino dos shows e, hoje, a família está toda envolvida na IESSI Music Entertainment, empresa responsável pela carreira da baiana, com 40 funcionários trabalhando diretamente para ela.

Quando se casou com o nutricionista Daniel Cady, em 2008, Ivete formou um novo núcleo familiar, também repleto de alto astral. Teve o filho Marcelo, hoje com 10 anos, que já acompanha a mãe na bateria em algumas festas. “Com o tempo, ele também vai poder se encontrar nos próprios ritmos”. E há dois anos a cantora viveu uma nova experiência com a maternidade, gestou as gêmeas Helena e Marina. “Elas são diferentes, às vezes esqueço que nasceram juntas, já mostram que têm seus jeitos particulares”. Ivete ainda deseja ter mais filhos, quantos forem possíveis, em suas palavras. “Venho de uma casa cheia e gosto muito disso”.

A cantora parece ultrapassar as barreiras do envelhecimento, ou melhor, os anos passam e a disposição, feliz e simplesmente, não. Com 47 anos, Ivete mostra que envelhecer apenas é um problema se existem obstáculos, o que para ela, com uma rotina de exercícios físicos e, principalmente, simpatia, não há. “Minha fonte de juventude são meus filhos também”.

Com ternura e desenvoltura

Sair dos palcos para apresentar programas de TV foi um caminho natural. Muito amiga da apresentadora Xuxa, a cantora comandou o “Programa da Xuxa” na TV Globo em 1998, durante a licença-maternidade da apresentadora. “Naquela época, tentei transmitir a naturalidade de Xuxa, falando para o público com ternura e desenvoltura. Acho que deu certo!”.

Quatorze anos depois, Ivete voltou à televisão, mas dessa vez em horário nobre e atuando no papel de Maria Machadão na novela “Gabriela”, de Walcyr Carrasco, inspirada no livro de Jorge Amado. “Atuar foi uma das melhores experiências que tive, e foi algo inesperado e surpreendente, pois nunca havia desejado aquilo até então”.

Desde 2018, Ivete é jurada no The Voice. Na última edição, esteve ao lado de Iza, Lulu Santos e Michel Teló aconselhando cantores de todo o Brasil. Para os novos talentos, a cantora enfatiza a autenticidade, o que ela própria leva para a vida.

Ivete ao lado dos apresentadores e outros jurados do The Voice. Foto: Globo / Paulo Belote

“Digo para terem uma postura honesta com todo mundo, seja com o público, com os jurados e com outros artistas. As pessoas lembram disso, você acaba colhendo a honestidade”. Este ano, ela também estreia no programa “Música Boa”, do Multishow.

Os shows continuam lotados mesmo entre as aparições na TV e alguns foram a amostra da potência de Ivete. Gravado no Estádio do Maracanã, em 2006, o disco “Ivete no Maracanã” reuniu grandes sucessos, como “Sorte Grande”, “Abalou”, “Arerê”, “País Tropical” e “Taj Mahal”, em um show para 60 mil pessoas no Rio de Janeiro.

O DVD teve quase um milhão e meio de cópias comercializadas, batendo todos os recordes mundiais da Universal Music, desbancando U2, Amy Winehouse e outras estrelas da companhia na época. Em 2010, Ivete gravou no Madison Square Garden, em Nova York, o quarto DVD da carreira, com participações do argentino Diego Torres, do colombiano Juanes, de Seu Jorge, do britânico James Morrison e da dupla de reggaeton porto-riquenha Wisin & Yandel.

Sempre em Salvador

Os planos para fevereiro são viver intensamente Salvador, como é seu costume há 27 anos. “No Carnaval, não tem jeito, eu não saio de lá”, brinca. Neste ano, a cantora anunciou um camarote próprio para convidados no circuito Dodô (Barra-Ondina), além de seguir no Bloco Coruja, que desfi la durante o sábado, domingo e segunda e tem a cantora como atração nos três dias de folia, arrastando milhares de pessoas pelas ruas em festa.

Cantora no papel de Maria Machadão, na novela “Gabriela”

“Curto muito as festas do Rio, de Sampa e de Olinda, o Carnaval é diverso e traz muitos estilos, é natural ter bloco para todo mundo. Mas abraçamos a rota de Salvador há muito tempo e não tenho planos de sair de lá. É a minha casa”. Para Ivete Sangalo, 2020 só começa de fato após a festa popular e, para o novo ano que chegou, a baiana continua desejando alegria a seu comando: “O melhor jeito de passar o Carnaval é comigo!”, avisa.

Confira nosso Ping Pong com a cantora:

Da baixada fluminense para o mundo: a história de Ludmilla

Da baixada fluminense para o mundo: a história de Ludmilla

Tudo começou com a Beyoncé, um caldo de cana e o melhor pastel de Duque de Caxias. Era um domingo de 2007, e, como de costume, a família de Ludmilla foi almoçar em sua feira favorita na cidade. Enquanto a mãe dela, Silvana, fazia o pedido, a pré adolescente Ludmilla Oliveira da Silva zanzava curiosa pelas barracas. Foi nesse momento que ela se deparou com a mulher que iria mudar a sua vida: Beyoncé. A diva americana não estava a passeio no subúrbio carioca quando esse encontro aconteceu, mas a sua arte estava.

“Eu vi o DVD dela tocando na rua e fiquei vidrada. Nem consegui comer o meu pastel naquele dia. Me apaixonei e queria ser igual a Beyoncé. Ela cantava e dançava muito bem e ao mesmo tempo, eu nunca tinha visto alguém fazer aquilo”, recorda a cantora, que conseguiu convencer a mãe a comprar o DVD, depois de muita insistência.

Ludmilla

Atualmente, Ludmilla é uma das principais cantoras brasileiras. Foto: Divulgação

Nessa fase, a música já era algo central na vida de Ludmilla. Sua mãe administrava um bar em Caxias e seu padrasto, Renato de Araújo da Silva, era pagodeiro. Desde os oito anos, a garota franzina, primogênita de três filhos, acompanhava a família nas rodas de samba. “Eu já sabia que o que queria para a minha vida era a música”. No início, essa ideia preocupava bastante a mãe. Além da instabilidade da carreira, na região imperava o pagode, um ritmo dominado por homens.

“Minha mãe dizia: ‘Larga a Beyoncé, filha, ela tá com a vida ganha”, conta a cantora. “Ela queria o melhor para mim, mas quem é artista pensa diferente, nós respiramos arte… E lá estava eu tentando explicar isso para minha mãe, aos 13 anos”. Hoje, Silvana e a irmã de Ludmilla, Luane, são as responsáveis por cuidar da agenda da cantora, entre outras funções.

Musa inspiradora

Mas foi no funk que ela conseguiu associar dança e música. Ludmilla sempre amou dançar ao som do batidão, e resolveu também compor canções nesse ritmo. Aos 16 anos, lançou na internet o single “Fala Mal de Mim”, que tinha todos os elementos indispensáveis – a melodia marcante e o refrão – para se tornar uma música chiclete. Na hora de assinar a composição, não teve dúvidas: lacrou o seu nome artístico, MC Beyoncé.

Ludmilla, no Réveillon de 2019 no Rio. Foto: Marco Estrella / Divulgação

A partir daí, Ludmilla começou a ficar conhecida nas redes sociais e estreou sua agenda de shows. Nem ela acreditava que isso estava acontecendo. “No Facebook, muita gente pedia para me adicionar. Primeiro, pensei que fosse o pessoal da minha escola me trolando, porque quando disse que ia ser MC todos riram e ninguém acreditou. Mas muita gente de São Paulo, de Vitória e de Porto Alegre começou a me adicionar. Era real!”

Pernas tremendo

Seu primeiro show como MC Beyoncé foi em São Paulo, em 2012. “Lembro que eu estava nervosa e minhas pernas tremiam bastante, mas eu consegui levar, cantei com o pessoal e vi que o palco era um lugar que eu poderia dominar se estudasse mais um pouquinho”.

Desde então, a carreira de Ludmilla acumula sucessos. Em 2014, ela assinou contrato com a Warner Music e abandonou o título de MC Beyoncé, assumindo seu nome e cantando vários estilos. Aos 24 anos, se firmou como umas das artistas de maior sucesso do Brasil. Seus videoclipes têm mais de 1,4 bilhão de visualizações no Youtube; todo mês, mais de 6 milhões de pessoas ouvem suas canções na plataforma de streaming Spotify; e seu número de seguidores no Instagram superou a marca dos 18 milhões.

Sua musa inspiradora, Beyoncé. Foto: Reprodução

Além de cantora e dançarina, ela domina a arte de compor músicas dançantes e que grudam na cabeça. Seu método é deixar a inspiração fluir. “Se eu passo por uma situação ou vejo algo que mexe comigo, já pego o celular e gravo uma parte do que será a melodia. Depois, vou trabalhando mais na música.”

A espontaneidade e a objetividade são traços marcantes da cantora. Em 2013, no programa “De Frente com Gabi”, ela respondeu à Marília Gabriela qual seria o seu maior medo na vida: “Cair de moto e me ralar toda”. Hoje, ela pondera que seu maior medo não é mais esse, mas morre de medo de perder uma pessoa muito querida. Ludmilla é muito próxima de sua família e se define como caseira ao extremo. “O que mais amo é ficar em casa com minha família. São os melhores momentos, em que me sinto completa”.

Trilha sonora para Rihanna

2019 foi um ano de muitas conquistas, reflete Ludmilla. Uma delas aconteceu em setembro, quando Rihanna, de quem é superfã, abriu o desfile de sua grife de lingerie, em Nova York, com a música “Malokera”. “Foi uma felicidade muito grande que eu não soube expressar na hora, fiquei sem palavras. Isso me fez ficar mais esperançosa e acreditar que eu posso chegar a lugares que eu nunca fui”, ela desabafa.

Ludmilla com sua mãe, Silvana; os irmãos mais novos, Yuri e Luane; e o amigo Marcos Araujo. Foto: Acervo Pessoal

Ainda neste ano, a cantora lançou seu primeiro DVD, “Hello Mundo”, ganhou o Show dos Famosos no Faustão, gravou com a rapper americana Cardi B; se apresentou no Rock in Rio ao lado da Funk Orquestra, foi a primeira artista negra a ganhar o Prêmio Multishow na categoria de melhor cantora e assumiu publicamente o namoro com a bailarina Brunna Gonçalves. Não ter que esconder mais sobre o seu relacionamento foi libertador.

“No início nós ficamos com aquele receiozinho de assumir, mas logo depois veio o alívio de poder ser livre para ser quem somos”. A cantora reconhece que é vista como uma inspiração para muitas mulheres negras e LGBT: “Eu gostaria de dizer para essas mulheres confiarem no potencial delas. Para conhecerem quem elas são e não mudarem suas vidas por causa de ninguém. São completamente poderosas”.

Emoções com o prêmio

Empoderamento, amor, luta e liberdade. São esses os valores que Ludmilla quer passar em suas músicas. “Minhas canções representam uma comunidade, inspiram pessoas e passam mensagens importantes. Para mim, a música é um elemento transformador, que pode tocar o coração, emocionar e libertar. Ela mudou minha vida e o que espero é que meu trabalho também promova isso na vida de outras pessoas”.

Sua participação no Show dos Famosos, no programa Domingão do Faustão. Foto: TV Globo / Divulgação

Ao ganhar o Prêmio Multishow de melhor cantora de 2019, no dia 29 de outubro, Ludmilla caiu no choro. Não só pela emoção, mas também por ter sido surpreendida por algumas vaias. “Essas lágrimas são de uma luta muito longa, que estava presa dentro de mim. Eu não esperava isso nunca. Mas eu só queria dizer para todas as meninas, para todas as mulheres, para todas as pessoas periféricas: nunca, nunca mesmo, deixem ninguém falar o que vocês são ou o que podem ser na vida. Se vocês têm um sonho, por favor, lutem como uma garota e vão atrás dele, porque vão conseguir. Eu queria agradecer aos meus fãs, a minha família, a todo mundo e até as vaias de vocês também: obrigada pelas vaias. Elas me fazem sempre pensar no que eu gostaria ou não que fizessem com as pessoas”, esse foi o seu discurso de agradecimento.

2020 está chegando e, com ele, vem muitas novidades. No Réveillon, Ludmilla vai pular as sete ondas para garantir seu sonho de conseguir um feat com a Beyoncé e, quem sabe, com a Rihanna também. Ela abre o ano como apresentadora do programa “Só Toca Top”, da Globo, irá lançar seu primeiro EP de pagode, e promete parcerias internacionais. “Eu vou continuar quebrando muralhas e barreiras, porque eu tenho sonhos e são eles que me movem”.

Shows, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

Shows, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

O que não falta em São Paulo são atividades para se fazer, exposições para visitar e filmes para assistir. Agora saber de tudo o que está acontecendo pela cidade é outro assunto. Portanto, para te ajudar, montamos uma agenda cultural mostrando o que fazer por São Paulo nesse final de semana.

Exposições

“Allegro”, na Chácara Lane

Confira a agenda cultural de São Paulo

Instalação em homenagem ao grafiteiro paulista Alex Valauri. Foto: Divulgação

No sábado, dia 30 de novembro de 2019, a Chácara Lane/Gabinete do Desenho, unidade vinculada ao Museu da Cidade de São Paulo e à Secretaria Municipal de Cultura, abre a exposição “Allegro”, mostra de Guto Lacaz, que traz um panorama do trabalho do artista plástico e arquiteto em seus mais de 40 anos de atividades. A exposição fica em cartaz até 29 de março de 2020 e a entrada é gratuita.

“Anna Bella Geiger: Brasil Nativo / Brasil Alienígena”, na Avenida Paulista

Obra da artista carioca. Foto: Divulgação

A Avenida Paulista recebe exposições  da artista Anna Bella Geiger em dois pontos. No MASP, a coleção irá apresentar trabalhos desde a década de 50 até os anos 2000. Já no Sesc Avenida Paulista, serão remontadas três instalações audiovisuais históricas da artista: Friso, mesa e vídeos macios, apresentada uma única vez na 16a Bienal de São Paulo (1981), Circumambulatio, trabalho criado especialmente para uma exposição no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1972, e Indiferenciados, elaborado para uma grande mostra de Anna Bella Geiger no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2001.

Eventos

Festival Cena 2k19

O rapper Quavo. Foto: Divulgação

O Sambódromo do Anhembi irá receber a primeira edição do Festival Cena 2k19, neste final de semana. O evento traz no total 15 atrações, com DJs e rappers do mundo inteiro. Além de trazer o melhor do rap nacional, com Djonga, BK, entre outros, o evento terá como atração principal o rapper Quavo. O artista ficou famoso por ser membro do grupo Migos e participar de diversos hits com artistas como Post Malone, DJ Khaled e Justin Bieber.

Josyara, no Mirante 9 de Julho

Josyara se apresenta no Mirante 9 de Julho. Foto: Divulgação

A cantora, compositora e violonista baiana, Josyara, se apresenta neste final de semana no Mirante 9 de Julho. Em seu segundo álbum, a artista traz em “Mansa Fúria” uma crítica social, a voz contra o racismo e a reafirmação da liberdade sexual. A entrada do evento é gratuita.

Cinema

Carcereiros – O Filme

Rodrigo Lombardi em cena do filme. Foto: Divulgação

Estreou nessa semana “Carcereiros – O Filme“, estrelado por Rodrigo Lombardi. O filme conta a história de Adriano, um historiador graduado e contrário à violência que decide virar carcereiro para seguir os passos do pai. Com a chegada de Abdel (Kaysar Dadour), um perigoso terrorista internacional, ao presídio em que trabalha, a tensão aumenta a ponto de provocar duas facções criminosas que vivem separadamente. Adriano terá de enfrentar uma rebelião – além de controlar os passos de Abdel.

Confira também a agenda cultural do Rio.

Shows, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

Shows, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

O que não falta em São Paulo são atividades para se fazer, exposições para visitar e filmes para assistir. Agora saber de tudo o que está acontecendo pela cidade é outro assunto. Portanto, para te ajudar, montamos uma agenda cultural mostrando o que fazer por São Paulo no final de semana.

Exposições

Art Weekend São Paulo

Ao todo, 48 galerias participarão da Art Weekend São Paulo

A 4ª edição do Art Weekend São Paulo, que acontecerá nos dias 8, 9 e 10 de novembro, chega à cidade trazendo muitas novidades. Entre elas, o evento contará com a parceria internacional “Gallery Weekend“, oficinas para crianças e adolescentes da rede pública de ensino, ateliês de artistas, visitas guiadas pela cidade – com destaque para visitas em libras – e mesas-redondas sobre o tema.

Espetáculos

Concerto “Mulheres Pianistas”, no Sesc Consolação

Simone Leitão se apresenta hoje (08/11), no Sesc Consolação. Foto: Divulgação

De sexta a domingo, o Teatro Anchieta do Sesc Consolação será palco de três grandes concertos de piano, realizados por mulheres: Simone Leitão (8/11 às 21h), Karin Fernandes (9/11 às 21h) e Erika Ribeiro (10/11 às 18h). No repertório, composições contemporâneas e eruditas, do Brasil e do mundo, serão apresentadas ao público. Os ingressos, disponíveis nas unidades do Sesc e no portal, custam de R$ 9 a R$ 30.

Eventos

Festival “A Vida no Centro”

"A Vida no Centro" agita a agenda cultural de São Paulo

Mariana Aydar é uma das atrações confirmadas no festival. Foto: Divulgação

Em sua 1ª edição, o festival “A Vida no Centro” traz para o Centro Cultural de São Paulo, arte, cultura e experiências por meio de atrações gratuitas. Entre as previstas estão nomes como a cantora Mariana Aydar, músicos da cena independente, como Thiago Pimentel e Ana Cacimba, festa com DJs, arena infantil com contadores de histórias, passeios e atividades lúdicas, circuito gastronômico, walking tours e visitas guiadas a prédios históricos do Centro. Haverá ainda ciclos de debates para discutir o presente e o futuro do centro da cidade de São Paulo, aulas abertas de ginástica, entre outros. O evento acontece nesse final de semana.

Festival “Wines of Argentina”

Festival celebra a tradição dos vinhos argentinos, junto aos paulistanos, com preços especiais (a partir de R$75,00)

Começa hoje a 3ª edição do festival “Wines of Argentina“, que vai até 8 de dezembro, nos rooftops e restaurantes mais emblemáticos da cidade. Os rótulos participantes terão preços especiais, abaixo do que é praticado pelos estabelecimentos ao longo do ano.

Participam do Festival os restaurantes: Adega Santiago; Antonietta; Badaró; Barbacoa; Bárbaro; Casa Europa; Casa Santo Antônio; Charlô Bistrô; Che Bárbaro; Jacarandá; La Mordida; La Frontera; Maremonti; Martin Fierro; NB Steak; Sky Hall; Taberna 474; Taka Duru; Vinheria Percussi. Vinícolas e bodegas também participam.

Cinema

Doutor Sono

“Doutor Sono” dá sequência à premiada obra de Stephen King. Foto: Divulgação

Depois de 39 anos, “O Iluminado” ganha sua sequência. Recém-chegado nos cinemas, “Doutor Sono” acompanha Danny Torrance (Ewan McGregor), agora adulto, alcoólatra e traumatizado pelos eventos em sua infância.  Sem residência fixa, ele se estabelece em uma pequena cidade, onde consegue um emprego no hospital local. Mas a paz de Danny está com os dias contados a partir do momento que cria um vínculo telepático com Abra, uma menina com poderes tão fortes quanto aqueles que bloqueia dentro de si.

Confira também a agenda cultural para o fim de semana no Rio.