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Agaxtur aposta em retomada do turismo no segundo semestre

Agaxtur aposta em retomada do turismo no segundo semestre

A entrevista com Aldo Leone Filho, CEO da Agaxtur, uma das três maiores agências de viagens do Brasil, estava agendada para 25 de março, às 14h30, por telefone. Cerca de uma hora antes do horário marcado, Aldo avisa que teríamos que remarcar para às 17h, pois acompanharia uma vídeo conferência da equipe do Ministério do Turismo.

Aldo liga, então, às cinco da tarde em ponto. E, claro, pergunto sobre a reunião com os membros do Governo. “Desde que a crise chegou, estamos conversando, discutindo. Revendo as regras trabalhistas e falando sobre o congelamento do setor. De que adianta ter hotéis vazios, aviões sem voar e agências sem ter o que vender”?

As companhias aéreas e o turismo enfrentam sua maior crise com a pandemia de coronavírus (Covid-19). A Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) estima que o setor sofra uma queda, em 2020, de 60%, com perdas de US$ 250 bilhões. No Brasil, estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços aponta uma perda de R$ 2,2 bilhões apenas na primeira semana de março.

Apostas positivas

Aldo Leone Filho, CEO da Agaxtur, com sua cachorrinha Cookie na quarentena

Aldo Leone Filho, CEO da Agaxtur, com sua cachorrinha, Cookie

Apesar do momento extremamente difícil, a Agaxtur manteve seus 190 funcionários e aposta na recuperação do mercado no segundo semestre deste ano. Aldo explica que já viu “o mundo acabar várias vezes”. “Só que não acabou. A experiência dos 67 anos de nossa companhia serve muito bem para este momento. Temos que ter muita calma e paciência, e usar tudo o que aprendemos em situações de crises anteriores. E acertar as contas”.

A resposta do setor, segundo o CEO, deve vir ainda em 2020. A Agaxtur já está colocando no mercado campanhas de viagens para julho. E mira no turismo interno, uma vez que o dólar permanecerá em alta e o receio de viajar para fora se manterá. Dessa forma, a empresa já começa as negociações de pacotes com descontos de hotéis no Nordeste. “Tenho que ser coerente. Não posso esquecer o meu lado vendedor. Se você sentar comigo agora, tenho certeza de que te vendo uma viagem para o Nordeste a partir de julho ou um cruzeiro de navio pelo Brasil para o Réveillon”.

Com todos os colaboradores trabalhando em home office, a Agaxtur aproveita para acelerar o relacionamento com agentes de viagens e clientes por meio de conteúdos diferenciados e replicados em redes sociais.

Aldo também está seguindo as recomendações. Bem humorado, ele fala sobre trabalhar em casa. “Para ser sincero, aproveito esse home office para curtir um pouco a família e tentar aliviar o stress. Aliás, vamos encerrar a entrevista porque a Cookie, minha cachorrinha, está me chamando para jogar bola”.

 

29HORAS em casa: O despertar da vizinhança

29HORAS em casa: O despertar da vizinhança

Solidariedade nos condomínios diante da pandemia

Solidariedade nos condomínios diante da pandemia

Ainda não acertei os ponteiros com o isolamento. Costumava despertar às 5h30. Às 6h já estava no clube. Segundas, quartas e sextas, na academia. Terças e quintas, 9km de corrida.

O café da manhã era com amigos, atletas amadores como eu (pelo menos não pegaremos essa “gripezinha”). Conversa gostosa, leve e com muita risada. 9h, redação da 29HORAS. Mal dava para perceber o dia passar.

Confinamento. Mais do que necessário. Home office. Home day. Home all. Mas velhinho acorda cedo de qualquer jeito. Agora, me levanto por volta das 7h. Coloco meu robe de chambre. Pego o notebook para ler os jornais no jardim de inverno e apreciar a vista do meu apartamento.

Silêncio. Quase consigo ouvir os passos do casal de tartaruga que mora no jardim do meu prédio. O céu está mais azul. Ninguém nas ruas. A cidade também está reclusa. Parece assustada, sem entender o que acontece. O dia nasce mais lento, tranquilo, em um ritmo que lembra uma câmera lenta. Quase um pause.

Esqueço as notícias. Começo a prestar mais atenção no despertar da vizinhança. Afinal, o que não falta por aqui são prédios.  Vejo um casal de idosos lendo jornal (impresso, coisa rara) na varanda. Cada um na sua cadeira. Mantendo a distância regulamentar. Eles não têm a menor pressa. Demoram a virar as páginas…

No edifício ao lado, a moça montou a academia no terraço. Agachamentos, pesos, abdominais e o pique no lugar. Um andar abaixo, uma senhora junta suas mãos e faz uma oração de cabeça erguida e olhos fechados. Torço para que ela peça aos céus que nos abençoe nesta difícil jornada que temos pela frente.

Tento voltar aos jornais. Não consigo. O silêncio me atrapalha. Tenho que me acostumar. Porque daqui em diante será assim. Será preciso coragem, força e colocar em prática a criatividade da vizinha atleta. E temos que estar juntos, mesmo separados, e cuidar um do outro.

Por falar em cuidar, moro em um prédio com vários idosos. Não conheço a Fernanda, do apto 182. Mas depois da mensagem que ela deixou no elevador, farei questão de me apresentar e lhe entregar um botão de rosa. Assim que tudo se acalmar, é claro.