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Dia da Mulher: veja 8 grandes diretoras de cinema atualmente

Dia da Mulher: veja 8 grandes diretoras de cinema atualmente

Historicamente, o cinema de Hollywood sempre desfavoreceu as mulheres na direção. Nos últimos anos a narrativa vem mudando e em 2019, o número de mulheres que dirigiram filmes importantes mais do que dobrou, mas a parcela ainda é baixa em comparação com os homens. Em estudo divulgado pela USC Annenberg Inclusion Initiative, da Universidade do Sul da Califórnia, as mulheres representaram quase 11% dos diretores dos 100 melhores filmes lançados em 2019. No entanto, opções de diretoras de cinema não faltam, assim como grandes produções feitas por elas.

Por conta disso, para o Dia Internacional da Mulher (08), selecionamos 8 diretoras de cinema que vêm se destacando nos últimos anos com filmes elogiados pela crítica e público.

Greta Gerwig

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Greta Gerwig, no set de Lady Bird. Foto: Divulgação

Destaque recente como diretora, Greta iniciou sua trajetória no cargo em 2017, com Lady BirdSucesso da crítica, foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e rendeu, por enquanto, a única nomeação da diretora ao Oscar de Melhor Direção. Ela continuou seu sucesso com sua produção mais recente, Adoráveis Mulheres (2020). Pelo longa, no entanto, ela foi apenas indicada ao Oscar na categoria de Melhor Roteiro Adaptado, sendo um dos principais nomes esnobados nesta edição na categoria de diretores. Mesmo com uma carreira na direção apenas no início, Greta Gerwig vem rapidamente se tornando um dos principais nomes no cinema.

Indicações ao Oscar: 3

  • Melhor Direção (Lady Bird)
  • Melhor Roteiro Original (Lady Bird)
  • Melhor Roteiro Adaptado (Adoráveis Mulheres)

Kathryn Bigelow

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Kathryn Bigelow, no set de Guerra ao Terror. Foto: Divulgação

Conhecida por abordar temas militares, Kathryn Bigelow fez história no cinema ao se tornar a primeira – e única – mulher a vencer o Oscar de Melhor Direção, com o filme Guerra ao Terror (2008) – na ocasião, ela também conquistou o Oscar de Melhor filme. Em 2012, ela dirigiu também o aclamado A Hora Mais Escura, indicado a 5 Oscars, incluindo Melhor Filme. Seu longa mais recente é Detroit em Rebelião (2018), no qual ela mostra as manifestações que ocorreram na cidade em 1967.

Indicações ao Oscar: 3

  • Melhor Direção (Guerra ao Terror) – Venceu
  • Melhor Filme (Guerra ao Terror) – Venceu
  • Melhor Filme (A Hora Mais Escura)

Ava DuVernay

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Ava DuVernay, no set de Selma. Foto: Divulgação

A diretora iniciou sua carreira em 2006, principalmente com curtas e documentários, mas acabou migrando também para grandes produções de Hollywood. Em 2014, dirigiu Selma, indicado ao Oscar de Melhor Filme. Sua única indicação à premiação, no entanto, veio com o documentário A 13ª Emenda (2016). Suas produções mais recentes incluem Uma Dobra no Tempo (2018) e a minissérie da Neflix, Olhos que Condenam (2019), extremamente elogiada pela crítica e indicada ao Emmy de Melhor Série Limitada.

Indicações ao Oscar: 1

  • Melhor Documentário (A 13ª Emenda)

Anna Muylaert

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Anna Muylaert, no set de Que Horas Ela Volta?. Foto: Divulgação

Anna iniciou sua carreira em 1994, dirigindo Castelo Rá-Tim-Bum. De lá pra cá, ela dirigiu grandes sucessos, como Durval Discos (2002) e É Proibido Fumar (2009), antes de chegar a sua principal obra, Que Horas Ela Volta? (2015). Sucesso na crítica, o filme foi premiado ao redor do mundo, levando inclusive o Prêmio Especial do Júri de melhor atuação para sua dupla de protagonistas, Regina Casé e Camila Márdila, no Sundance Film Festival. Seu longa mais recente é Mãe Só Há Uma (2016).

Sofia Coppola

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Sofia Coppola, no set de Maria Antonieta. Foto: Divulgação

Embora ela não consiga escapar da comparação com seu pai, Francis Coppola, Sofia construiu uma carreira de sucesso e estilo único na direção. Seu maior sucesso é Encontros e Desencontros (2003), tido como um dos melhores filmes da história pela crítica. O longa lhe rendeu seu único Oscar, por Melhor Roteiro Original. No entanto, sua filmografia ainda inclui outros sucessos, como As Virgens Suicidas (1999) e Maria Antonieta (2006). Sua obra mais recente é O Estranho que Nós Amamos (2017).

Indicações ao Oscar: 3

  • Melhor Roteiro Original (Encontros e Desencontros) – Venceu
  • Melhor Filme (Encontros e Desencontros)
  • Melhor Direção (Encontros e Desencontros)

Patty Jenkins

Patty Jenkins, no set de Mulher-Maravilha. Foto: Divulgação

Conhecida por sua direção em Mulher-Maravilha (2017) e o sucesso que o filme fez mundialmente, Patty Jenkins iniciou sua carreira em 2001. Antes de dirigir a super-heroína, a diretora foi responsável pelo longa Monster: Desejo Assassino (2003), o qual rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Charlize Theron. Ela ainda dirigiu 2 episódios da aclamada série Entourage (2004-2011), da HBO. Neste ano, ela está de novo na direção da sequência Mulher-Maravilha 1984, que estreia 4 de junho nos cinemas.

Laís Bodanzky

Laís Bodanzky, no set de seu filme. Foto: Divulgação

Grande nome no cinema nacional, Laís Bodanzky detém uma filmografia de sucesso. Em seu portfólio, filmes premiados em festivais nacionais e internacionais, à exemplo de Bicho de sete cabeças (2000), Chega de Saudade (2007) e Como Nossos Pais (2017). Ela ainda dirigiu dois episódios da série brasileira da HBO, Psi (2014-).

Petra Costa

Petra Costa, no set de Democracia em Vertigem. Foto: Divulgação

Petra Costa detém uma filmografia curta – apenas 5 longas -, mas de extremo sucesso. Conhecida por abordar questões sociais e políticas, a diretora atingiu o ápice de sua carreira até aqui, ao receber a indicação ao Oscar de Melhor Documentário, com Democracia em Vertigem (2019) – produção da Netflix. Além dele, outras obras de Petra estão disponíveis na plataforma, como Elena (2012) e Olmo e a Gaivota (2015).

Indicações ao Oscar: 1

  • Melhor Documentário (Democracia em Vertigem)
Exposições, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

Exposições, espetáculos, filmes e eventos: confira a agenda cultural para o fim de semana em São Paulo

Mais um final de semana chegando e com ele, mais uma agenda cultural. São diversas exposições e espetáculos em cartaz, filmes estreando e shows rolando por São Paulo. E para não ficar perdido no meio disso tudo, confira nossas dicas para esses dois dias:

Exposições

“Destaques do Acervo”, na Pinacoteca

agenda cultural de São Paulo

Cena de Carnaval. Jean Baptiste Debret. Aquarela sobre papel (18 x 23 cm). Ano: 1823

As salas da Galeria José e Paulina Nemirovsky, na Pinacoteca, abrigam algumas obras que são destaques no acervo do museu. Na lista de artistas, nomes como Jean-Baptiste Debret, Almeida Junior, Parreiras e Oscar Pereira da Silva.

Até: 04/06
Entrada: Ingressos a partir de R$ 7 (gratuita aos sábados)

Espetáculos

“Donna Summer Musical”, no Teatro Santander

agenda cultural São Paulo

Jennifer Nascimento e Karen Hill interpretam Donna Summer. Foto: Divulgação

Estreou essa semana no Teatro Santander, o espetáculo “Donna Summer Musical”. Sucesso na Broadway, a peça traz a rainha da Disco Music, intérprete de hits como “Last Dance”. Dirigido por Miguel Falabella, o musical conta com as atrizes Jeniffer Nascimento, que interpreta a diva no auge da carreira – Disco Donna – e Karin Hils, como Diva Donna.

Até: 28/06
Entrada: Ingressos a partir de R$ 37,50

“O Mundo de Hundertwasser”, no Teatro Morumbi

agenda cultural de São Paulo

Espetáculo foi indicado para o APCA na categoria Grande Prêmio da Crítica. Foto: Georgia Branco/Divulgação

Em cartaz no Teatro Morumbi, a peça é voltada para todos os públicos, mas principalmente o juvenil. O espetáculo é inspirado na vida e na obra do pintor, arquiteto e ativista ambiental austríaco Hundertwasser, e na sua relação com a arte, a arquitetura e a ecologia. Dirigido por Alvaro Assad, “O Mundo de Hundertwasser” é protagonizado por Raul Barretto e Helena Cerello. Além disso, a programação do Teatro ainda conta com shows de comédia de Yuri Marçal, Marcelo Marrom e Bruna Louise, um show solo de Igor Guimarães e o espetáculo dos YouTubers Willow e Watson.

Até: 19/05
Entrada: Ingressos a partir de R$ 20

Eventos

7ª MITsp – Mostra Internacional de Teatro de São Paulo

agenda cultural de São Paulo

Obras do artista visual Henrique Oliveira compõem a identidade visual desta edição

Em sua sétima edição, a MITsp traz um recorte da cena mundial com produções de artistas brasileiros e internacionais. Críticas ao seu próprio tempo, elas propõem reflexões sobre a sociedade atual e as artes cênicas. Espetáculos, oficinas, palestras e diversos outros eventos estarão acontecendo por São Paulo até o dia 15/03. Veja a programação.

Até: 15/03
Onde: Confira os locais que recebem o evento.

Cinema

Seberg Contra Todos

agenda cultural de São Paulo

Kristen Stewart interpreta a atriz francesa no filme. Foto: Divulgação

Já em cartaz nos cinemas, “Seberg Contra Todos” traz a história da atriz francesa Jean Seberg (1938-1979). Em 1968, a atriz (Kristen Stewart) está no auge de sua popularidade, graças ao sucesso de vários filmes rodados na França. Ao chegar aos Estados Unidos, ela logo se envolve com o ativista de direitos civis Hakim Jamal (Anthony Mackie), que conheceu ainda durante o voo. Jean logo se posiciona a favor dos Panteras Negras e passa a ser uma das financiadoras do movimento, ao mesmo tempo em que mantém um caso com Hakim. Tal situação é acompanhada de perto peo FBI, que mantinha um programa de vigilância para romper e expor os Panteras Negras. Dentre os agentes designados para espioná-la, está Jack Solomon (Jack O’Connell), que começa a se rebelar quando o FBI inicia um plano de difamação contra a atriz.

Confira também a agenda cultural do final de semana no Rio.

Exposições, espetáculos e filmes: confira a agenda cultural para o fim de semana no Rio de Janeiro

O final de semana já está batendo na porta e com ele, uma agenda cultural completa pelo Rio. Se você não sabe o que está rolando pela cidade, exposições, espetáculos e filmes em cartaz, então confira as nossas sugestões do que fazer neste fim de semana.

Exposições

“Como sobreviver a um naufrágio”, na Galeria de Arte Ibeu

agenda cultural do Rio

Atlântida (fragmento arruinado), de Marcio Diegues. Foto: Divulgação

Primeira individual do artista paulista Márcio Diegues no Rio, a mostra foi inaugurada esta semana na Galeria de Arte Ibeu. A exposição é composta por cerca de 40 trabalhos que, reunidos, partilham a experiência do naufrágio, da ruína e da falência mimética como ponto de fissura visual e conceitual com a realidade. Entre as obras, desenhos, objetos tridimensionais, gravuras, um desenho instalativo e livros do próprio Diegues.

Até: 03/04
Entrada: Gratuita

Espetáculos

“Lazarus”, no Teatro Multiplan

Cena musical “Lazarus”. Foto: Flavia Canavarro/Divulgação

Após a temporada de sucesso em São Paulo, em 2019, “Larazus” chega ao Rio, no Teatro Multiplan. Escrito por David Bowie, o musical traz 18 músicas do cantor inglês, incluindo sucessos como Life on Mars e Heroes, além de faixas do último álbum do artista, falecido em 2016. A história mostra a vida de Thomas Newton, um alienígena que viaja para a terra para salvar seu planeta. Dirigido por Felipe Hirsch, o espetáculo conta com Jesuíta Barbosa, Carla Salle e Bruna Guerin, entre outros, no elenco.

Até: 15/03
Entrada: Ingressos a partir de R$ 50

“Leopoldina, independência e morte”, no Teatro Petra Gold

agenda cultural do Rio

Sara Antunes interpreta Leopoldina na peça. Foto: Victor Iemini/Divulgação

Primeira mulher a se tornar chefe de Estado do Brasil, Leopoldina é o tema da peça que estreia neste sábado (07/03), no Teatro Petra Gold. O espetáculo recria três momentos da vida da arquiduquesa austríaca – quando ela chegou ao Brasil; quando já era Imperatriz e analisava o processo de independência; e por fim, em um delírio, ela relaciona sua vida e época com os dias de hoje. Dirigido por Carlos Damigo, traz Sara Antunes e Plínio Soares no elenco.

Até: 29/03
Entrada: Ingressos a partir de R$ 27

“O Som e a Fúria – Um Estudo Sobre o Trágico”, no Oi Futuro

agenda cultural do Rio

Peça é destaque na agenda cultural do Rio. Foto: Divulgação

Em cartaz no Oi Futuro, “O Som e a Fúria” aborda as disparidades presentes no Brasil, além da cultura e sociedade do país. Dirigido por Jefferson Almeida, o espetáculo é estrelado por Betho Guedes, João Vítor Novaes, Livs Ataíde Marcelo de Paula, Paula Sholl e Tamires Nascimento.

Até: 22/03
Entrada: Ingressos a partir de R$ 40

Cinema

Seberg Contra Todos

agenda cultural de São Paulo

Kristen Stewart interpreta a atriz francesa no filme. Foto: Divulgação

Já em cartaz nos cinemas, “Seberg Contra Todos” traz a história da atriz francesa Jean Seberg (1938-1979). Em 1968, a atriz (Kristen Stewart) está no auge de sua popularidade, graças ao sucesso de vários filmes rodados na França. Ao chegar aos Estados Unidos, ela logo se envolve com o ativista de direitos civis Hakim Jamal (Anthony Mackie), que conheceu ainda durante o voo. Jean logo se posiciona a favor dos Panteras Negras e passa a ser uma das financiadoras do movimento, ao mesmo tempo em que mantém um caso com Hakim. Tal situação é acompanhada de perto peo FBI, que mantinha um programa de vigilância para romper e expor os Panteras Negras. Dentre os agentes designados para espioná-la, está Jack Solomon (Jack O’Connell), que começa a se rebelar quando o FBI inicia um plano de difamação contra a atriz.

Confira também a agenda cultural do final de semana em São Paulo.

Uma das maiores especialistas do Brasil no assunto, Marussia Whately alerta sobre a crise hídrica

Uma das maiores especialistas do Brasil no assunto, Marussia Whately alerta sobre a crise hídrica

Não dá para falar sobre água sem citar Marussia Whately, uma das grandes referências mundiais sobre o assunto. Convivendo desde pequena com movimentos pela conservação dos mananciais da represa de Guarapiranga, em São Paulo, onde cresceu, ela logo cedo percebeu seu talento para liderar e engajar grupos, além de transmitir informações técnicas de forma clara para a população.

Casas no leito do Rio Amazonas. Foto: Getty Images

Formada em arquitetura e urbanismo pelo Mackenzie, Marussia se destaca por passagens inovadoras: foi a mais jovem coordenadora do ISA – Instituto Socioambiental, onde atuou por mais de dez anos; participou do Programa Municípios Verdes, parceria entre a sociedade civil e o governo do Pará; e articulou o movimento Aliança pela Água, com mais de 60 organizações, para discutir a grande crise hídrica de São Paulo em 2014. Autora de “O Século da Escassez – Uma Nova Cultura de Cuidado com a Água: Impasses e Desafios”, que escreveu em parceria com Maura Campanili, Marussia está agora à frente do Instituto Água e Saneamento, que visa aumentar o acesso ao esgoto de forma mais rápida e beneficiando mais gente.

Por que, mesmo sendo uma questão crucial para a saúde da população e do meio ambiente, é tão difícil avançar com o saneamento no Brasil?

Saneamento é um tema complexo, pois tem várias dimensões. Assim como o acesso à água, ele é um direito humano, o que responsabiliza os países; ele é política pública, alçada de governo federal, estadual e municipal, e é também prestação de serviço. Envolve água, esgoto, lixo, águas pluviais, enchentes e todos os processos ligados a cada uma dessas questões, todas relacionadas à saúde. Como é um tema complexo, não tem um único responsável nem uma única solução, o que dificulta avançar. Ainda falta muito até chegarmos no ponto ideal onde os governos economizam com os benefícios, pois estamos atrasados desde a parte do esgoto. Há um enorme déficit na prestação de serviços, com 48% da população sem coleta básica. O maior problema das crianças e adolescentes do Brasil, segundo dados da UNICEF, é a falta de saneamento, visto que cerca de 14 milhões deles vivem ao lado de valas abertas e rios sujos.

Existe algum avanço em relação às formas de implementar o esgoto?

É necessária uma revisão profunda do tema. A forma linear como tratamos o esgoto no Brasil é uma ilusão, é o modelo clássico, onde se pega a água do manancial que está longe da cidade, perde-se parte dessa água no meio do caminho, trata-se essa água e a distribui para as casas, perdendo mais uma quantia. Ainda tem o esgoto, que não é todo coletado, nem tratado, e parte dele vai parar nos rios – tanto que todos os rios das cidades brasileiras têm poluição por dejetos. E mesmo a parte do esgoto que foi devolvido não desaparece, ele vai para a cidade de baixo, vai poluir o mar… Por isso, precisamos de uma revisão urgente.

O que é necessário fazer?

Uma concepção mais atualizada sobre o esgoto, assim como temos com o lixo. Falta olhar para ele não só como dejeto, mas também como recurso natural que pode ser reposto para a atmosfera. Podemos ter cadeias de serviços separadas, e a água não precisa necessariamente estar ligada ao esgoto. Falta enxergarmos o esgoto de forma circular, para que ele seja reaproveitado, e não descartado. E daí podem surgir novos negócios. Um exemplo é o fósforo, recurso finito na natureza e que se encontra no lodo do esgoto. Por que não desenvolvermos sua extração? Também é possível ter adubo vindo do esgoto, energia… E assim vão sobrando menos partes a serem descartadas. É o mesmo princípio da reciclagem de lixo.

Qual é a grande causa da crise hídrica em algumas regiões do Brasil, tendo em vista que o Brasil parece ter água de sobra?

O Brasil de fato possui 12% da água superficial do planeta e, mesmo assim, algumas cidades, como São Paulo e Rio, já vivem um estresse hídrico. Não dá para dizer que o país está numa situação confortável. Uma das razões é que grande parte da água está na Amazônia e a maior concentração de população e indústrias está no Nordeste, Sudeste e Sul. Não há um bom planejamento para reduzir o uso da água.

Outro aspecto é que, apesar de existir tanta água, boa parte não tem qualidade para se reutilizada. Hoje temos quatro principais fontes de poluição de água: esgoto e efluentes urbanos; fertilizantes e agrotóxicos; processos de mineração; e desmatamento. Essas “ameaças” ocorrem de formas diferentes em cada região. É essencial que a gente crie, com urgência, uma nova cultura de cuidado com a água. É importante partir do princípio que, desde que começou a chover na Terra, a água é sempre a mesma, ela vai se renovando, e estamos acabando com os espaços onde ela se renova, como a várzea, os rios, as geleiras.

O aquecimento global tem relação com esse estresse hídrico?

Totalmente. No contexto de um processo global de mudança do clima, os extremos têm sido mais intensos. Como diz o professor Antonio Nobre em seu livro “O Futuro Climático na Amazônia”, o clima está ficando menos amigo. Nos últimos 14 mil anos, as pessoas compartilhavam o “saber” do clima, sabiam quando ia chover, fazer frio ou calor, o que favorecia a agricultura, por exemplo. Hoje, não, o que causa muita insegurança. A crise hídrica é mundial, tanto que nos últimos cinco anos o Fórum Econômico Mundial vem apontando o problema como um dos maiores riscos para a humanidade.

Além dos governos, a sociedade civil e as empresas têm responsabilidade em relação ao cuidado com a água?

Todos somos responsáveis. Mesmo a água sendo um direito humano, o cuidado com ela é um dever de todos. E eu acredito que possamos mudar nossa cultura e comportamento. Um exemplo é o que aconteceu em São Paulo após a grande crise hídrica de 2014, quando chegamos à beira de um colapso. Houve investimento em diferentes escalas para o uso mais consciente e inteligente da água, de moradores a condomínios e indústrias. Por causa do uso consciente, o consumo de água na cidade hoje é 10% menor do que era antes da crise.

Você vê as novas gerações mais conscientes com a questão da escassez?

Sim, mas não podemos generalizar. Uma criança que estuda em uma boa escola particular em São Paulo tem uma visão de futuro muito diferente do que a criança que vive ao lado de uma vala de esgoto aberto, onde o problema é o seu presente. Essa primeira criança, privilegiada, entende que o seu futuro está ameaçado; então ela tem medo, sabe que as coisas precisam mudar e cobra das gerações anteriores a solução para o mal que causaram. Daí surgem lideranças como a Greta Thunberg, que é um fenômeno maravilhoso. Mas também temos que tomar cuidado para educar e conscientizar essas crianças sem causar pânico e depressão, que pode ser muito ruim e pouco produtivo.