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Duo Anavitória acumula prêmios e agenda de shows intensa, com destaque no Rock in Rio

por | out 1, 2019 | AGGIOTECH | 0 Comentários

Os lugares não são apenas pontos geográficos, são de onde partem as nossas perspectivas para o mundo. “Ser de Tocantins, do interior de um estado esquecido, nos torna empáticas com as diferentes realidades que existem no Brasil, os olhos e os ouvidos estão mais abertos”, diz Vitória Falcão, da dupla Anavitória.

Anavitoria

Em outubro, duo leva o estilo pop rural para o Rock in Rio e o festival Nômade, na ponte aérea Rio-SP. Foto: Daryan Dornelles

De Araguaína, as duas cantoras hoje se deparam com a velocidade da vida em São Paulo, terminam a segunda turnê e se preparam para rodar ainda mais pela América Latina, com shows na Argentina em 2020. A dupla também se apresenta no dia 5 de outubro no maior festival de música do país, o Rock in Rio, e no Nômade, em São Paulo, no dia 12 deste mês. “Agora é tudo gigante”, repara Ana Caetano.

Apesar do sucesso rápido, a calma está na voz das duas, que ouvem as perguntas para este perfil entre reflexões e pensamentos compartilhados. Olhando uma para a outra, buscam exemplos para explicar o impacto que é sair de uma cidade interiorana para viver na maior capital da América do Sul. “Em Araguaína, não era possível ver uma exposição de arte, ir a um show de um cantor favorito tão facilmente e até os filmes no cinema demoravam a chegar”, conta Ana. Na capital paulista, moram e trabalham na região central, e não param. “O mais legal de viver e trabalhar em São Paulo são os encontros possíveis”, declara Vitória.

Foi por meio desses encontros que Ana e Vitória agora são Anavitória, dupla ganhadora do Grammy Latino de Melhor Música em Língua Portuguesa com “Trevo (Tu)”, em 2017, e indicada à premiação deste ano com o novo álbum, “O Tempo É Agora”. As amigas conheceram o empresário Felipe Simas em 2015, depois de mandarem suas versões de músicas do cantor brasiliense Tiago Iorc feitas em seu canal no YouTube, e deslancharam a carreira. Os cabelos soltos e os pés descalços encantaram o país com o primeiro e mais conhecido single, “Singular”.

Os versos e as vozes suaves declaram amor, primordial entre todos e o sentimento que atravessa as canções de Anavitória. Talvez em falta entre os músicos populares e contemporâneos do país, a simplicidade das jovens de 24 anos é como sua canção de maior sucesso.

De tudo fica um pouco

Ana Caetano cursava Medicina. Vitória Falcão enveredou pelo Direito. Com vinte e poucos anos, os conflitos sobre seguir as carreiras tradicionais faziam as amigas questionarem se a veia artística de ambas seria deixada de lado. A música sempre esteve presente na casa das duas, mas elas são as únicas que a seguiram profissionalmente.

O pai de Vitória tocava bateria em uma banda de amigos e ela cantava na igreja. Já Ana tinha muitos instrumentos em casa, escrevia suas próprias canções e postava algumas delas no Youtube. “Minha avó conta que tínhamos um parente famoso na cidade, o Chico Tomás, que era violeiro”, recorda, entre risadas e lembranças da família.

Foi preciso coragem para seguir os próprios desejos. “Minha cabeça estava uma bagunça, gostava de cantar e todo semestre era uma luta para continuar na faculdade”, diz Vitória. “Antes de trocarmos o certo pelo incerto, Vitória me convenceu a ir para São Paulo e aí acabamos trancando os cursos”, lembra Ana.

Elas, então, tranquilizaram as famílias, que apostaram nos estudos das filhas. Pediram um tempo para os pais, foram experimentar a vida na cidade grande, conheceram outros cantores e agora já não pensam mais em voltar atrás. “Tudo o que experimentamos fica em nós, agora vemos como foi a melhor mudança das nossas vidas, mas ainda é louco pensar que deu certo!”, percebe Vitória.

O sucesso foi reconhecido pelos familiares e por toda Araguaína, no Tocantins. Em 2017, a dupla voltou à cidade para se apresentar em praça pública com ingressos gratuitos. O resultado foi um show lotado e uma cidade mobilizada para recebê-las como estrelas. O retorno foi registrado no documentário “Anavitória: Araguaína – Las Vegas”, disponível na Netflix.

Documentário mostra a vida e bastidores da dupla

O tempo é agora

“Sempre nos perguntam sobre sonhos e planos futuros, mas para mim já está tão bom assim…”, reflete Ana. O tempo presente é, como a palavra diz, um presente para Ana e Vitória. E elas são conscientes disso. “Queremos seguir fazendo música, a ansiedade surge quando acaba uma turnê, mas no final somos só nós, cantando”.

Ana e Vitória estão realmente mergulhadas na música. Em fevereiro de 2018, lançaram seu terceiro EP, “Anavitória Canta para Foliões de Bloco, Foliões de Avenida e Não Foliões Também”, com o músico baiano Saulo Fernandes – canções para ouvir em casa, dançar e curtir. Em junho do ano passado, a dupla saiu em uma miniturnê com o cantor Nando Reis pelo Brasil. “Nando é uma referência, ele combina com a gente”, pontua Vitória.

Ainda naquele mesmo mês, foi anunciado o longa-metragem “Ana e Vitória”, também na Netflix. No dia da estreia do filme, foi lançado o segundo álbum de Anavitória, “O Tempo é Agora”. “A gente faz música, às vezes despertam outros projetos em torno dela, mas o foco é sempre cantar no final das contas”, diz Ana.

Cerâmica e cozinha

Só que as inspirações para a música também vêm de outros momentos e de outras atividades. “Meu hobby atual é a cerâmica, o que fazemos com a mão desliga um pouco a mente, tenho gostado muito”, conta Ana. “E eu amo cozinhar, faço tudo na cozinha para meus amigos, adoro fazer chás também”, diz Vitória.

Ana Caetano e Vitória Falcão no filme “O Tempo é Agora”, da Netflix

A sincronia é tanta entre as duas que quando querem ajustar uma música nova, seja a melodia ou o tom, as duas já sabem do que a outra vai gostar. As falas das amigas se sobrepõem e intensificam o que querem expressar. “É bom compartilhar o trabalho com uma amiga tão parecida comigo, não vim para essa vida para fazer música sozinha, ter a Vitória ao meu lado traz mais sentido para tudo isso”, conta Ana.

A combinação também está nas roupas de Ana e de Vitória, que se apresentam nos palcos com vestidos e saias leves, brancos e pretos, alternando a escolha entre as duas.

“É mais uma forma de expressão, mas começou de um jeito muito natural: era o que tínhamos no guarda-roupa”, lembra Vitória, rindo. Agora, a dupla veste uma moda romântica assinada pela estilista paulistana Julia Pak, que também desenha vestidos de noivas. “As roupas dialogam com a nossa música”.

A música “Calendário” é a preferida das duas nesse momento. “Ela condensa a nossa mensagem”, diz Vitória. “Mas aquilo que cantamos para nós mesmas é recebido de outro jeito pelas pessoas, sempre vai depender de quem está ouvindo, de como as letras conversam com cada um, porque o amor é assim também”, resume Ana.

Ana, Vitória e o cantor gaúcho Vitor Kley no clipe da música “Pupila”

Palavras que tocam pessoas de diferentes lugares do país, movimentando o calendário das cantoras. Além da apresentação no Rock in Rio, elas cantam no Teatro Municipal da cidade no dia 10 deste mês. Em São Paulo, haverá também um show próprio no Espaço das Américas, em 20 de dezembro.

“Caramba, nem sei como vai ser depois disso tudo, vamos vivendo cada coisa por vez, né?”, ri Ana, procurando o olhar e o suporte de Vitória. Afinal, Anavitória são elas mesmas, as amigas de Araguaína, que se apoiam e compartilham a música e a vida.

Confira o Ping Pong 29 com a dupla:

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