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A jornalista que escolheu fazer rádio de outro jeito

A jornalista que escolheu fazer rádio de outro jeito

Recém-vencedora da primeira edição do Women’s Music Event Awards by Vevo na categoria “Radialista”, Patrícia Palumbo é um radar de novos talentos. Com audições no seu próprio apartamento em São Paulo, ela prevê quem serão os novos grandes nomes do país – e acaba se tornando madrinha de muitos deles –, assim como transmite aos seus ouvintes um pouco mais sobre os sons atuais e de tempos passados. Após vinte anos de trabalho na rádio Eldorado, com os programas “Vozes do Brasil” e “A Hora do Rush”, agora ela passa a ser conhecida como fundadora da rádio digital mais completa e bem feita do país. Patrícia Palumbo  nos recebeu em sua casa para contar um pouco sobre a Rádio Vozes e sobre sua relação com o rádio e com a música brasileira.

Como foi o processo de criação da Rádio Vozes?

Essa história de fazer uma rádio digital começou há cerca de dez anos, quando fui a Amsterdã visitar a cantora Ceumar. Ela morava lá junto ao marido, Ben, que é da área de produção musical. No porão da casa deles havia um miniestúdio, onde ele fazia uma rádio digital 24 horas sozinho. Na sala, havia um receiver de rádio web igual ao que temos em casa e, como qualquer um, você “zappeia” e para em rádios digitais. Isso ficou na minha cabeça me martelando por anos. Continuei fazendo rádio de diversas maneiras, mas cada vez mais ligada na possibilidade de ter uma rádio web. No entanto, o conceito de rádio web que a gente tinha até então no Brasil era muito cru, era simplesmente um player com o mesmo conteúdo que está no ar na rádio analógica tradicional. Não era o que eu queria. Há dois anos, quando eu estava cansada do mercado e do formato de rádio da maneira como ele é – e das dificuldades que o acompanham –, eu decidi entrar nessa onda digital e finalmente fazer uma rádio web. Comecei a pesquisar as possibilidades, as rádios web da Europa, e então criei essa história de fazer uma rádio como eu sempre quis fazer e como eu sempre quis ouvir. Uma rádio que toca música brasileira contemporânea, música do mundo, com programas de cultura, de arte e de variedades. Uma rádio que transmite um bom astral, que transforma a vida dos ouvintes – o que sempre foi o papel do rádio.

O que o rádio significa para você?

O rádio para mim é aquele lugar em que você tem a possibilidade de ter surpresas o tempo inteiro: chega coisa nova e você está ouvindo na rádio; uma música que você nunca ouviu na sua vida, que foi gravada em 1967, mas que também pode ser uma grande surpresa. E essa é a ideia da Rádio Vozes: que você possa transformar sua vida com a música, com alto astral e com conteúdo de altíssimo nível. Eu tenho adorado! Eu gosto de ouvir a rádio! [risos]

Explique um pouco como funciona a Rádio Vozes.

A Rádio Vozes é uma plataforma de conteúdo. Nós oferecemos duas experiências: o streaming de música, que é a Rádio Vozes, 24 horas e ao vivo. Ao mesmo tempo, temos uma produção de conteúdo específica para o offline, o “on demand”. Este “sob demanda” são os nossos podcasts que, no fim das contas, são como programas de rádio. Todo o nosso acervo de podcasts está disponível no aplicativo para smartphones Rádio Vozes, assim como no site radiovozes.com.

O que significava o MPB para a Patrícia de 18 anos e o que significa o MPB agora, para a Patrícia de 52?

MPB quando eu tinha 18 anos ainda tinha muito a ver com aquele conceito que foi difundido na época dos festivais. Meus pais sempre ouviram muita música, então desde pequena eu acompanho tudo. E em casa era assim: minha mãe gostava de MPB e meu pai gostava de música pop. Isso queria dizer que minha mãe ouvia Chico Buarque e Maria Bethânia e que meu pai ouvia Jorge Ben e Tim Maia. Tínhamos essa briguinha lá em casa. Então basicamente MPB para mim era música brasileira mais tradicional. Hoje em dia eu acho que esse termo, “Música Popular Brasileira”, da maneira como se entendia, não dá mais para aplicar, porque depois do tropicalismo, dos anos 2000 e do fim dos muros entre o pop e a canção, entre o pop e o tradicional, a música brasileira está toda muito junta e misturada. Nós estamos vivendo hoje a diversidade – ainda bem – da música brasileira de uma maneira muito presente. Então, hoje, MPB é uma sigla antiga.

Como você descobre novos nomes da música brasileira? Você faz viagens pelo país?

Já fiz muito isso e faço sempre que me convidam para festivais, pois são boas oportunidades de conhecer música nova. Eu conheci muita coisa viajando por Belém do Pará, durante um tempo em que acontecia o Terruá Pará, que foi um projeto lindo. Já fui muitas vezes para Salvador a fim de conhecer a música da Bahia. Para Minas e Belo Horizonte eu vou sempre. No entanto, eu também recebo muita coisa e busco muita coisa pela internet. A gente falou de Belém do Pará. Por exemplo, o Arthur Nogueira, que hoje está em seu quarto álbum, eu conheci através da internet. Eu ouvi uma música do Ali Salomão e do Jards Macalé que ele gravou chamada “Mal Secreto”, essa gravação é uma maravilha. Enfim, temos várias maneiras de conhecer boa música, mas o principal é estar sempre curiosa a respeito.

Você já se aventurou a fazer música?

Ah, claro que sim! Imagina se não! Quando eu era menina eu tive aulas de piano, mas a professora era muito brava e me assustou. Eu fiz flauta transversal, então nas rodinhas de fogueira e violão a gente tocava Crosby, Stills, Nash & Young, Jethro Tull, e eu fazia os improvisos de flauta, mas era uma flautinha Yamaha pequenininha. Violão eu também fiz algumas aulas e tal. Mas era tudo muito amador e, quando eu comecei a trabalhar com música, começou a ficar constrangedor tocar alguma coisa, então agora eu só toco música no rádio!

Descubra mais sobre a Rádio Vozes aqui. E não se esqueça de baixar o app!

O 1º Fórum de Mobilidade Urbana do Estadão/99

O 1º Fórum de Mobilidade Urbana do Estadão/99

“Afinal, queremos mover gente ou veículos?”

A pergunta do título, feita por Luis Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis, mostra como estamos perdidos no que se refere à mobilidade. Metrópoles como São Paulo criaram modelos urbanísticos voltados para os carros, e não para as pessoas. O triste resultado é colhido há décadas, e o símbolo mais evidente é a i-mobilidade dos congestionamentos – neles, se veem uma grande maioria de carros com apenas uma pessoa, outro dado que destaca o individualismo na vida da capital paulista.

Mas há esperança. No 1º Fórum de Mobilidade Urbana Estadão, patrocinado pela 99, que aconteceu em dezembro em São Paulo, especialistas e pesquisadores trouxeram algumas ideias que podem nos fazer refletir sobre um jeito melhor e mais inteligente de viver e se mover:

“Existem quatro elementos que podem causar uma mudança na mobilidade: a revolução energética, com veículos elétricos e sustentáveis; a direção autônoma; o compartilhamento de carros; e uma atitude proativa do governo. Melhorar a mobilidade depende do governo, das empresas e de todos nós. A governança está estática, e ela é despreparada para lidar com a economia compartilhada. Mas nós temos muito trabalho pela frente.” Ciro Biderman, professor da FGV e pesquisador

“Afinal, queremos mover gente ou veículos? Precisamos melhorar a mobilidade humana e não a dos veículos. Desestimular o uso do automóvel. E desestimular não é proibir. As cidades que estão reduzindo a poluição do ar fazem isso. Na mobilidade, a inovação tecnológica sustentável é a que aumenta a sustentabilidade das cidades. Vamos pensar no todo, no coletivo, e não no individual.” Luiz Antonio Lindau, diretor do WRI Brasil Cidades Sustentáveis

“Além do tempo que o trânsito rouba da gente, cada cidadão também sente no bolso o custo altíssimo do transporte. Paga-se muito por pouca eficiência. A família média brasileira gasta 20% da renda com transporte, boa parte com transporte privado. O custo do transporte público também é muito maior do que em outras grandes metrópoles. Equivale a 17% do salário mínimo em São Paulo e no Rio de Janeiro, um peso enorme se compararmos, por exemplo, com o gasto do morador de Xangai (4%).” Peter Fernandez, CEO da 99

“Em São Paulo temos 12 milhões de pessoas, 8,3 milhões de veículos, segundo dados do Detran de 2016, e 45% de viagens feitas por pedestres. Apesar de um terço dos deslocamentos ser feito a pé, o carro ocupa a maior parte do espaço, cerca de 80% do sistema viário. Esse é o reflexo de uma verdadeira doença das cidades brasileiras, desenhadas para os automóveis. Vamos mudar essa realidade, valorizar o pedestre e o ciclista, proteger o ser humano. É ele o verdadeiro rei no universo da mobilidade.” Sérgio Avelleda, Secretário Municipal de Mobilidade de São Paulo

“Os transportes afetam a saúde das pessoas e a sustentabilidade das cidades. Precisamos mudar o paradigma, o nosso comportamento e renunciar ao sonho vendido durante décadas do carro individual, construindo um novo sonho de compartilhamento e uso de diversos modais, com base no transporte coletivo e no transporte ativo”. Carolina Tohá, cientista política e ex-prefeita de Santiago

Brahma: o bar da esquina mais famosa da cidade

Brahma: o bar da esquina mais famosa da cidade

A esquina da avenida Ipiranga com a avenida São João foi eternizada pela canção “Sampa”, de Caetano Veloso. Não à toa, o lugar virou ponto turístico e, junto à placa que indica o nome das vias – possivelmente a placa mais fotografada da cidade –, ficou famoso também o Bar Brahma, estabelecido bem ali, naquele ponto crucial, desde 1948. Inclusive, é bem provável que a imagem que marcou Caetano na década de 1960 tenha sido exatamente a da boemia paulistana confraternizando no Brahma.

Que o chopp de lá é bem tirado, que a comida é suculenta e que o ambiente e a música ao vivo são aconchegantes, não há dúvida. O bar que este ano completa 70 anos de tradição cumpre bem a sua responsabilidade de ser, de fato, um bom bar. O espaço é organizado em cinco ambientes distintos, cada um com uma programação musical. Um desses espaços, o Brahminha, é uma joia rara, pois preserva a mesma arquitetura e decoração desde os tempos iniciais do bar. Em termos históricos, é o lugar mais interessante para escolher uma mesa. No entanto, esta área nem sempre está aberta ao público.

Sobre os comes e bebes, vale a pena confiar na experiência de Tia Luiza, garçonete do Brahma há dezessete anos. Ela recomenda a picanha na pedra, acompanhada por pãozinho, vinagrete e farofa. Bem simples, porém delicioso e perfeito para o clima do lugar. Para a sobremesa, a dica foi o cheesecake de goiabada e, para beber, é tão óbvio que não é necessário escrever aqui.

Pensando nas comemorações dos 70 anos da casa, o Brahma iniciou um projeto muito interessante para reforçar sua imagem como símbolo de resistência da ocupação do centro de São Paulo e para retomar a ideia de bar como espaço de discussões políticas, intelectuais e artísticas. Segundo Nelson Rocha, diretor de comunicação do lugar, “a cerveja e a mesa do bar eram juntas a rede social mais popular antes de surgir a tecnologia; ao invés de discutir política no Facebook, discutia-se nos bares”. A partir dessa ideia surgiram o Clube da Imprensa, que buscou reunir em 2017 grandes nomes do jornalismo brasileiro para tratar de questões contemporâneas no Brahma, e a “Bossa na Esquina, o Jazz da Garoa” para homenagear os 60 anos da Bossa Nova, reunindo pessoas em torno do som do grupo Roda Fina. Além disso, este ano será lançado um livro contando as histórias do lendário bar que nunca abandonará a esquina mais famosa de Sampa.

Tulipa Ruiz lança o álbum “TU”

Tulipa Ruiz lança o álbum “TU”

Em tempos de excesso de informação, a cantora Tulipa Ruiz lança “TU”, seu manifesto artístico em prol da simplicidade. O álbum é composto por nove faixas, sendo cinco inéditas e quatro releituras executadas à moda acústica.

Com a participação do irmão Gustavo Ruiz (violão e produção), e de Stéphane San Juan (percussão), a proposta “nude” da obra traz um ar mais intimista às composições e ressalta a força das letras. O próprio título já carrega a ideia central, pois brinca com o sentido ambíguo entre o apelido da cantora e o pronome de tratamento, convidando o público a se confundir com a artista em um “eu” e “outro” de fronteiras diluídas. O que, inclusive, é representado pela própria ilustração da capa, na qual enxergamos tanto uma só cabeça quanto uma justaposição de duas, ainda que unidas pelo mesmo pescoço.

O novo álbum de Tulipa Rui foi gravado em Nova York, no estúdio de Scotty Hard, no Brooklyn

Por isso, apesar de parecer simples, o quarto trabalho da cantora tem uma sonoridade elaborada com diálogos entre percussão e violão que tendem a acentuar o canto. Por vezes, esse recurso tem o efeito de contrariar a expectativa do ouvinte, exigindo, assim, mais atenção às sutilezas. Um exemplo está na faixa-título, embalada por um ritmo apressado que estanca toda vez que o “tu” é dito, interrompendo o fluxo dos instrumentos por um breve momento e prosseguindo com um jogo sonoro de sílabas iguais em palavras diferentes (aliterações).

Quatro formas diferentes de consumir orgânicos em SP

Quatro formas diferentes de consumir orgânicos em SP

Justo e sustentável

A loja Orgânicos 35 foi inaugurada em junho de 2017 e o objetivo é oferecer produtos sem agrotóxicos a um preço competitivo, muito abaixo do valor dos grandes mercados. É a primeira loja desse nicho a trabalhar com as dez regras do comércio justo. Comprando lá, você tem certeza de qual sítio veio cada folha, legume ou fruta que escolheu e de que os preços são combinados de forma justa com o produtor. Todos os itens são vendidos pelo preço do produtor com o acréscimo de 35% deste valor, porcentagem necessária para manter o funcionamento do local. Além da loja, que conta com hortifruti e mercearia com mais de 250 itens, há, desde 2009, a venda online dos mesmos produtos pelo site obomverdureiro.com.br. Rua Marquês de Itu, 456, Vila Buarque, tel. 3486-0330.

https://www.instagram.com/p/BV7UdWRjkdC/

Curadoria gastronômica

O Gastronômade é uma turnê de eventos gastronômicos que acontece duas vezes por ano em diferentes regiões do Brasil. A proposta é reconectar as pessoas com a terra e a origem dos seus alimentos, servindo um sofisticado almoço ao ar livre, feito com ingredientes regionais de alta qualidade e cujos menus são assinados por chefs locais. Agora, além dos eventos, há o lançamento do serviço Gastronômade InBox: por um valor mensal, o associado recebe todo dia 10 em sua casa uma caixa com cerca de sete produtos orgânicos vindos de pequenos produtores de diferentes regiões do país. www.gastronomadebrasil.com

Economia solidária na rua Harmonia

O Instituto Chão é uma cooperativa que está experimentando um novo modelo de negócio que não visa o lucro. Em contato direto com pequenos produtores, um grupo de doze amigos vende produtos orgânicos de forma verdadeiramente horizontal. Enquanto alguns descarregam caixotes de feira, outros pesam os legumes e mais alguns se distribuem nos caixas, na cafeteria e na administração. Essas funções são rotativas entre os funcionários. Todos os itens são vendidos pelo mesmo preço dos produtores e o Instituto pede que cada consumidor deixe uma contribuição a partir de 35% do total da compra, valor mínimo necessário para manter o funcionamento do local e pagar um salário justo a todos que ali trabalham. Rua Harmonia, 123, Vila Madalena, tel. 3530-0907. www.institutochao.org

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Estamos abertos! Vem ano!!

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Usina inovadora

Localizada no interior paulista, a Native é a maior fabricante mundial de açúcar e álcool orgânicos. Os produtos alimentícios orgânicos da marca – cerca de 70 – chegam à mesa de consumidores em mais de 60 países. Alguns deles são especiais, como os cookies de chocolate (mais gostosos do que muitos não orgânicos) e os sucos, oferecidos em diversos sabores e nos tamanhos de 1L ou de 200mL. www.nativeorganicos.com.br