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Surgido há 47 anos, os eSports contaram com revoluções digitais e o apoio da comunidade para decolar mundialmente

Surgido há 47 anos, os eSports contaram com revoluções digitais e o apoio da comunidade para decolar mundialmente

“As pessoas veem esse mainstream atual e acham que os eSports é algo novo, mas não é”, conta Guilherme Barbosa, diretor de negócios da Nøline Culture, geradora de conteúdo do universo gamer. Em 19 de outubro de 1972, na Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, aconteceu a primeira competição de jogos eletrônicos. O campeonato era do jogo Spacewar e teve o nome de “Olimpíadas Intergalácticas de Spacewar”. Como prêmio, o ganhador saiu com um ano de assinatura da revista Rolling Stone. Surgia, então, o fenômeno eSports.

Bruce Baumgart, vencedor do campeonato em Stanford em 1972

Em 1980, veio o primeiro grande torneio. A empresa de produtos eletrônicos Atari criou o “Space Invaders Championship”, considerado o primeiro campeonato da modalidade em larga escala, que atraiu aproximadamente 10 mil pessoas nos EUA.

eSports surgiram 47 anos atrás

Jogadores no Space Invaders Championship, em 1981

A modalidade começou a crescer e se expandiu rapidamente pelo planeta. Na década de 1990, outros campeonatos surgiram nos Estados Unidos, mas foi na Coreia do Sul que os eSports ganharam força. Para enfrentar a crise econômica que abalou a Ásia naquela década, o país investiu em telecomunicações e infraestrutura de redes, permitindo que qualquer cidadão tivesse acesso a uma conexão de alta velocidade. Como consequência, as lan houses apareciam a cada esquina e, com elas, diversos jovens atraídos pela ideia de jogarem competitiva e coletivamente online. A febre foi tanta que o governo coreano criou a Korea e-Sports Association (KeSPA), com a intenção de tornar a modalidade um esporte oficial.

Naquela época, um jogo se destacou: Counter Strike. Lançado inicialmente em 1999 como um mod de Half Life, o jogo se tornou extremamente popular e um dos grandes responsáveis pela massificação do multiplayer, sendo um dos mais famosos até os dias de hoje.

Counter Strike é tido como um dos grandes responsáveis pela popularização dos eSports

Milhares de pessoas se juntavam em lan houses para jogá-lo e, aos poucos, o cenário competitivo aumentou, com times e campeonatos locais. “Na época, as premiações eram horas de lan house, além de produtos, como mouses e teclados. E quando tinha isso, é porque era uma competição grande”, conta Barbara Gutierrez, editora-chefe do Versus, maior site do Brasil sobre eSports.

Em 2006, as premiações aumentaram significativamente. Na época, a antiga FUN Technologies criou a Worldwide Webgames Championship. Com a proposta de achar o “melhor jogador casual de games do mundo”, o evento reuniu 71 players, que competiram pelo prêmio de US$ 1 milhão de dólares.

O cenário competitivo cresceu rapidamente, pulando de 10 campeonatos em 2000, para 160 em 2010. Até então, todas competições eram acompanhadas apenas pelas pessoas ali presentes. Se alguém quisesse assisti-las online, apenas conseguiria dias depois, quando algum canal as colocava no Youtube. Em 2011, no entanto, isso mudou com a chegada da Twitch. A plataforma de streaming deu um impulso aos eSports e, agora, todos interessados por games podiam assistir aos campeonatos ao vivo e acompanhar seus players favoritos de graça.

Home page da Twitch; plataforma de streaming de games é a maior atualmente

Com esse serviço, as desenvolvedoras começaram a ter em mãos o real alcance dos eSports. Impulsionadas por sua criação e com uma base de fãs estabelecida, algumas passaram a investir altos valores em campeonatos e eventos, caso da Riot Games, desenvolvedora do jogo League of Legends. “A Riot revolucionou os eSports. Trouxe um nível de produção, de transmissão e show, que antes não havia. Ela profissionalizou as competições”, afirma Guilherme.

A desenvolvedora sediou o primeiro “League of Legends Championship”, campeonato mundial do jogo, em 2011. Realizado na Suécia, o torneio deu o prêmio de US$ 100 mil para a equipe vencedora e teve mais de 1,6 milhão de espectadores assistindo à transmissão online. Em 2014, já eram mais de 67 milhões de pessoas jogando League of Legends por mês, 27 milhões por dia e 7,5 milhões durante o horário de pico. A febre dos eSports chegava.

The International, do Dota 2, é responsável pelas maiores premiações nos eSports. Foto: Valve

Em pesquisa da Super Data Research, em 2015, o Youtube Gaming e a Twitch se estabeleceram com as maiores audiências de meios de entretenimento do público. Superando gigantes como Netflix, Spotify, ESPN e HBO, os dois serviços de streaming contabilizaram naquele ano 517 milhões e 185 milhões de espectadores, respectivamente. “Antes, os eSports só conseguiam investimentos de marcas endêmicas ligadas à modalidade. Depois desse salto, tudo mudou. Chegaram as grandes marcas, como Coca-Cola e Unilever”, lembra Barbara.

Hoje os eSports levam milhares de pessoas a estádios e arenas, além de contar com prêmios milionários, à exemplo do Dota 2, que em 2019 deu a maior premiação da história, acima de US$ 30 milhões. “A gente chegou a um ponto que não tem mais volta. No Brasil, ainda estamos nos desenvolvendo, mas é um mercado com extremo potencial e as marcas sabem disso”, pontua Guilherme. Embora ainda não movimente a mesma quantia que outros países, o Brasil tem a terceira maior audiência em eSports, ficando atrás somente de Estados Unidos e China.

Final do CBLoL (Campeonato Brasileiro de League of Legends) reuniu mais de 12 mil fãs no Allianz Parque, em 2015. Foto: Riot Games

“A Riot e a Twitch revolucionaram o mercado, mas não podemos esquecer que o principal responsável por isso é a própria comunidade. Ela se mobilizou lá atrás e exigiu das desenvolvedoras e marcas cada vez mais”, ressalta Barbara.

Conheça o cenário dos eSports, com os principas jogos, campeonatos e jogadores brasileiros

Conheça o cenário dos eSports, com os principas jogos, campeonatos e jogadores brasileiros

Entre US$ 1,4 bilhão e US$ 2,4 bilhões. Essa é a previsão de valores que os eSports devem movimentar até 2020, segundo relatório da empresa de pesquisa Newzoo. Cada vez mais estabelecida no mundo, a modalidade traz campeonatos com premiações milionárias, atrai milhões de pessoas em transmissões online e chama a atenção de grandes marcas. Mesmo assim, os eSports ainda são desconhecidos por muitos. Por conta disso, elaboramos um guia do cenário competitivo, com os principais jogos, campeonatos e destaques brasileiros.

League of Legends

Desenvolvido pela Riot Games, o jogo foi lançado em 2009 e é um dos grandes destaques no cenário competitivo. Gratuito, está disponível para Windows e MAC. Sua gameplay consiste em duas equipes de cinco batalhando para destruir o Nexus de seu inimigo, localizado na base de cada um. O player seleciona seu “campeão” (cada um com habilidades únicas) antes de cada partida e o evolui conforme o andamento do jogo.

Desde seu lançamento, o game foi atingindo números incríveis, tanto em transmissões online como também em número de players. No primeiro semestre de 2019, o LoL totalizou 512,3 milhões de horas assistidas na Twitch, sendo o primeiro do ranking da plataforma de streaming. Além disso, em agosto, o jogo teve um pico de 8 milhões de jogadores simultâneos, segundo a Riot. Seu principal campeonato é o League of Legends World Championship, com premiação de um pouco mais de US$ 2 milhões. No Brasil, existe o CBLoL (Campeonato Brasileiro de League of Legends), dividido em duas etapas – 1º e 2º split. A premiação do campeonato é de R$ 200 mil.

"brTT" é um dos destaques dos eSports brasileiro

“brTT” foi campeão do 2º slpit do CBLoL 2019 com o Flamengo. Foto: Riot Games

No cenário brasileiro, Gabriel “Revolta” e Felipe “brTT” Gonçalves, são alguns dos principais nomes – ambos foram diversas vezes campeões do CBLoL. Neste ano, “brTT” se sagrou campeão do 2º split junto ao Flamengo, e garantiu sua vaga no Mundial de LoL de 2019.

Counter Strike: Global Offensive

Lançado em 1999 como um “mod” (modificação de um jogo), o Counter Strike conseguiu se manter forte no mercado após todos esses anos. Com o boom dos eSports, a Valve, sua desenvolvedora, lançou o CS:GO, em 2012 – e foi um sucesso. O game traz o clássico confronto 5 vs 5 de Terroristas e Contra-terroristas, no qual ganha quem eliminar todos seus inimigos, ou no caso dos terroristas, plantar a bomba com sucesso.

Major de CS:GO em Katowice, na Polônia. Foto: HLTV

Seus principais campeonatos são os Major Championships, conhecidos como Majors. Quando foram introduzidos, em 2012, a premiação era de US$ 250 mil. Atualmente, é de US$ 1 milhão. No Brasil, a principal competição do jogo é o CBCS (Campeonato Brasileiro de CS:GO), que premiará R$ 800 mil no ano que vem.

O Brasil tem três dos melhores jogadores do mundo atualmente: Lincoln “fnx” Lau, Marcelo “coldzera” David e Gabriel “FalleN” Toledo, que ganharam dois Majors juntos. Em 2006, também com “fnx” na formação, o Made in Brazil (mibr) havia vencido a Electronic Sports World Cup (ESWC), em um título considerado mundial.

“FalleN”, “coldzera” e “fnx” foram campeões do Major de 2016 com a SK Gaming. Foto: HLTV

O game é um dos mais reconhecidos atualmente no cenário competitivo, com centenas de competições menores, além dos Majors. CS:GO também é gratuito, disponível para Windows e MAC.

Tom Clancy’s Rainbow Six Siege

Relativamente “novo” nos eSports, o Rainbow Six foi lançado em 2014 pela Ubisoft. Desde então, o game é um dos que mais crescem em jogadores e espectadores. No Brasil, em especial, o jogo já é extremamente popular. Durante o campeonato mundial Six Invitational 2019, dos 22 milhões de espectadores alcançados durante as transmissões, 30% da audiência foi representada por brasileiros.

Pro League de 2018 de Rainbow Six Siege aconteceu na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro. Foto: Raphael Urjais

Seu principal modo consiste em duas equipes de cinco se enfrentando. Ambos ganham se eliminarem todos seus inimigos e no caso dos Atacantes, se plantarem a bomba com sucesso. O jogador pode selecionar um operador antes de cada rodada (cada um com uma habilidade e equipamentos distintos).

Seus principais campeonatos são o Six Major, realizado em agosto, Six Invitational, em fevereiro e a ESL Pro League. As temporadas da ESL (principal organizadora de campeonatos dos eSports) têm duração aproximada de seis meses, enquanto o Brasileirão de Rainbow Six (BR6) dura, atualmente, o ano inteiro, e dá R$ 200 mil de premiação.

Brasileiros ganharam a Pro League 2018 com a Team Liquid. Foto: ESL

O Brasil tem alguns dos melhores jogadores do mundo, como Thiago “xS3xyCake”, Leo “ziGueira” (aposentado) e André “nesk”. Em 2018, os três foram campeões da Pro League com a equipe da Team Liquid. O jogo é pago e está disponível para Windows, MAC, Xbox One e PS4.

Dota 2

Pouco acompanhado no Brasil e nos EUA, o Dota é extremamente popular na China e na Rússia. Inicialmente feito como um “mod”, o jogo foi acolhido pela Valve, que lançou a sequência em 2013. No jogo, dois times de cinco batalham entre si e precisam destruir o Ancestral do inimigo, uma construção localizada na base de cada equipe. Cada jogador seleciona um herói, que pode ser evoluído conforme seu progresso.

The International é uma das competições mais tradicionais dos eSports. Foto: Valve

Seu principal campeonato, The International, dá as premiações mais altas do cenário competitivo, batendo a casa dos US$ 30 milhões. No Brasil, embora existam competições, não há um campeonato oficial do jogo ainda. No cenário internacional, a equipe paiN Gaming foi responsável pela estreia do Brasil no The International, em 2018. Dota 2 é gratuito, disponível para Windows.

Fortnite

Lançado em 2017 pela Epic Games, o Fortnite se tornou uma febre mundial, popularizando o modo Battle Royale (100 jogadores iniciam em um mapa e lutam entre si para sobreviver). Segundo uma reportagem da Bloomberg, o jogo já ultrapassou a marca de 200 milhões de jogadores.

Fortnite World Cup, no Arthur Ashe Stadium

Mesmo ainda não tendo o tamanho de LoL, CS:GO e Dota no cenário dos eSports, o game conta com a Fortnite World Cup, seu principal torneio atualmente. Em sua primeira edição, neste ano, deu US$ 30 milhões em premiações. Com a proposta de se estabelecer mais ainda no cenário competitivo, a Epic Games anunciou que vai distribuir mais de R$ 40 milhões em seus torneios ao redor do mundo – R$ 4 milhões serão destinados ao campeonato brasileiro. O game é gratuito, disponível para Windows, Mac, Xbox One, PS4, Android e iOS.

São Paulo recebe este mês mais uma edição do GP Brasil de Fórmula 1

São Paulo recebe este mês mais uma edição do GP Brasil de Fórmula 1

Entre os dias 15 e 17 deste mês, o Autódromo de Interlagos acolhe o circo da Fórmula 1, para a realização da 48ª edição do Grande Prêmio do Brasil. Na sexta e no sábado acontecem os treinos e, no domingo, às 14h10, será dada a largada da prova que será uma confirmação do britânico Lewis Hamilton (da Mercedes) como hexacampeão da categoria. O pega mais animado será entre os pilotos da nova geração, o holandês Max Verstapen (da Red Bull) e o monegasco Jacques Leclerc (da Ferrari).

GP do Brasil de Fórmula 1 acontece no Autódromo de Interlagos

Lewis Hamilton vem dominando a categoria e deve se consagrar hexacampeão mundial

Mas a maior disputa neste momento está acontecendo é nos bastidores da Fórmula 1: um grupo de empresários cariocas e a família Bolsonaro querem transferir o GP Brasil para o Rio de Janeiro, em um circuito que ainda seria construído no subúrbio de Deodoro. Enquanto isso, o governador de São Paulo, João Doria, e o prefeito, Bruno Covas, se esforçam para renovar o contrato de realização da corrida aqui em SP por mais cinco anos. A decisão dessa contenda só deve ser anunciada no começo do ano que vem pela Liberty Media (a empresa norte-americana que é a atual “dona” da F-1).

O fato é que o GP do Brasil é o evento que mais injeta recursos nos caixas da Prefeitura de São Paulo. Outros destaques do calendário paulistano – como a Parada do Orgulho LGBTQ, o Réveillon na Paulista, o Carnaval, o festival Lollapalooza, a Bienal Internacional de Arte, o Salão do Automóvel e até mesmo a Virada Cultural – reúnem públicos muito maiores do que a Fórmula 1, mas é durante o período dessa corrida que os hotéis atingem 95% de ocupação e os restaurantes da cidade faturam mais. Em 2018, as 150 mil pessoas que foram ao GP Brasil geraram um impacto de R$ 334 milhões no turismo da capital paulista, 20% a mais que em 2017. Do público total que passou pelo autódromo de Interlagos, 77% eram turistas, e os estrangeiros representavam 18% desse total.

São Paulo é a capital brasileira dos eventos, e disputa com Buenos Aires, Cidade do México e Lima o título de principal sede de eventos na América Latina. A cada ano a capital paulista recebe 15,4 milhões de visitantes, sendo 2,7 deles do exterior. 46,7% desse total vêm a negócios, 25,1% vêm a lazer e 3,9% para os eventos (em 2017, a cidade sediou 1.654 congressos, feiras e convenções). Estima-se que esses turistas gastem R$ 12,4 bilhões por ano na cidade. A atividade turística representa 9,8% do PIB paulistano!