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Rádio Vozes: a música e as estações do ano

Rádio Vozes: a música e as estações do ano

Uma das minhas coletâneas preferidas se chama “Jazz for a Rainy Afternoon”. Achei acertadíssima a escolha dos temas e a relação com o título tão poético quanto inspirador. Recebi num disco promocional nos anos 90, quando fazia programação para a boa e velha Rádio Eldorado FM.

Dona Onete, cantora e compositora paraense de carimbó. Foto: Divulgação

O disco não tenho mais, mas o conceito ficou impresso em mim e sigo fazendo minhas listas de jazz para dias chuvosos, para dias solares, para dias quentes, para dias frios…

O verão aqui para nossos lados tropicais está chegando e podemos fazer a mesma brincadeira alterando a estação. É quase lugar comum ouvir samba, axé, e fazer uma mega lista de forró bem dançante para celebrar a chegada da temporada das praias. Por outro lado, fico pensando em temas “refrescantes”, ao menos para mim. Música africana com guitarras harmoniosas e vozes femininas, a música francesa charmosíssima de Henry Salvador, o carimbó chamegado de Dona Onete de Belém do Pará… Quase todas me remetem ao mar… Uma seleção contemporânea e brasileira tem que ter Silva com seu “Entardecer” e Mahmundi com “Eu Quero Ser o Mar”. Uma seleção de hits clássicos do calor chegando tem que ter “Anunciação” de Alceu Valença e poderia ter “Uma Noite e Meia” com Marina, mas eu prefiro “Criança”, que tem uma levada que é da praia e um clipe maravilhoso. Aliás, Marina Lima é playlist de praia para toda uma vida.

Para falar de mar mesmo tem Adriana Calcanhotto com “Ogunte”, que é forte, atual, um manifesto; tem Dorival Caymmi sempre; tem Maria Bethania falando de amor e medo em uma canção que reúne dois compositores muito populares em uma só canção: Jorge Vercilo e Ana Carolina em “Eu Que Não sei Quase Nada do Mar”.

Para a primavera também temos muitas canções, uma das mais bonitas e bem pouco conhecida é de José Miguel Wisnik, aqui vai um pedaço da letra: “A primavera é quando ninguém mais espera / E desespera tudo em flor / A primavera é quando acredita / E ressuscita por amor…”

Para o outono, Ed Motta fez a linda “Outono no Rio” que faz uma deliciosa referência a “April in Paris” cantada por Ella Fitzgerald. Jazzy, meio bossa, meio friozinho… passeando pela Guanabara, um luxo de trilha.

Agora, se você vai aproveitar o verão aqui para fugir para o frio, esquiar, se enrolar em cobertores, volte para o “Jazz for a Rainy Afternoon” e se aprofunde em Thelonius Monk, John Coltrane, Miles Davis, nada mais aconchegante do que uma balada com esses monstros. Não falo de free jazz, be bop, estilos que podem ser bons para descer a montanha de snow board… Eu falo de balada mesmo. Para depois do esqui.

Enfim, eu vou para praia e levo minha seleção. Siga seu roteiro e leve a música junto. Na sua memória afetiva, elas vão fazer uma enorme diferença.

Bon Vivant: confira supermercados com ótimos restaurantes

Bon Vivant: confira supermercados com ótimos restaurantes

Apesar de ter virado moda pedir delivery de supermercados, eu faço parte daqueles que fazem questão de escolher os produtos que iremos consumir em casa. Mas a luta contra a ansiedade não é novidade para todos aqueles que têm um lado gourmet (e gourmand) e já não podem mais com as extravagâncias alimentares em qualquer ocasião.

Fraldinha do restaurante El Carbón. Foto: Helena de Castro / Divulgação

Quem lê esta coluna sabe exatamente do que estou falando. Acontece que falar a respeito de controle de ansiedade parece simples, porém conseguir pôr a determinação de fechar a boca em prática no dia a dia é bem mais complicado.

Pretendo nunca deixar de apreciar o lado gourmand da gastronomia, mesmo sabendo que já não posso usufruir dela como antes, e isso por vários motivos… Invejo quem não precisa se regular na alimentação cotidiana, mas não posso reclamar, tive lá minhas décadas de fartura. Estou, hoje, naquele estágio que tolera até um ou dois excessos por semana, no máximo. Falo daquelas mesas sem culpa onde só importa a celebração da vida e do estar juntos. Digamos que busco restringir o consumo de proibidos (pelo médico e pelo meu cinto) nos jantares com amigos.

Uma das coisas que todo mundo sabe e que aprendi é não ir às compras em supermercados ou empórios com fome. É obrigatório comer algo antes de sair pilotando o carrinho pelas gôndolas, caso contrário, é certeza de que na hora de guardar as compras nos armários, o arrependimento vai bater. Como não sou do tipo que sai com listinha na mão, qualquer produto bem embalado se torna sedutor.

Minha receita é simples: qualquer que seja o lugar escolhido para se abastecer, vá direto para um restaurante ou para uma cafeteria no mesmo endereço. Para mim, é simples porque os poucos mercados e empórios que frequento têm ótimas opções para fazer um lanche ou mesmo jantar antes de partir para a missão principal.

Seguem minhas sugestões para esse pit stop antes das compras nos mercados que frequento: no Jardim Pamplona Shopping tem um Carrefour bem legal e no roof top há várias opções de bons restaurantes, entre eles o árabe Saj, a parrilla uruguaia Las Leñas e o El Carbón, onde o cardápio com pé na Espanha passa todo por um forno de carvão.

No imponente Eataly também há boas opções. Tanto o Brace quanto o Mare usam a grelha nos seus menus. O Brace tem um menu da terra bem italiano e o Mare com seus peixes tanto crus quanto na grelha. E atenção, se nenhum dos dois empolgar, o La Pizza entra para resolver com a autêntica pizza napolitana.

Quem quer algo um pouco mais sofisticado pode optar pelo Empório Santa Maria. Ali, a única mas ótima opção é o Sushi Bar. Os produtos e os sushimen são ótimos. O preço, nem tanto. Por fim, o melhor supermercado de todos para mim é a Casa Santa Luzia. Só que ali só tem a cafeteria no primeiro andar (onde ficam os orgânicos e sem glúten). Mas mesmo assim é possível resolver a fome com uma ótima quiche ou um dos bons salgados e um suco natural. Sem contar que, se você fizer questão de comer em restaurante, basta andar pelo quarteirão.

Garanto que boa parte dos supérfluos que você teria comprado se estivesse com fome vão continuar na prateleira do mercado. E o mais legal desse procedimento é que você ainda faz a digestão enquanto circula pelos corredores.

Ou seja, ainda vai para cama sem culpa… Até!