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29HORAS em casa: O futuro do cinema

29HORAS em casa: O futuro do cinema

O faturamento das bilheterias de cinema zerou no país. Começo a coluna de hoje com essa frase triste, mas real. Quando a pandemia ganhou força no país no final de março e as medidas de isolamento social foram decretadas pelos estados, as salas de cinema fecharam temporariamente, assim como restaurantes, bares e teatros. Lugares que amo e muitos que me leem também.

Deixando a melancolia de lado, é hora de encarar a realidade, lidar com ela e projetar as tendências futuras. Falar de cinema no Brasil requer alguns recortes. As salas de exibição ainda ficam concentradas nos grandes pólos urbanos do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. Imagino que o novo normal reforçará as desigualdades, inclusive de acesso aos cinemas. Ir a uma sala de cinema me parece que será um evento mais caro e ainda mais pontual no novo normal. 

Mais uma vez deixando o baixo astral de lado, alguns fundos emergenciais foram criados. A  Agência Nacional do Cinema (Ancine) e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) preparam uma linha emergencial de crédito para socorrer a indústria. Mas entraves burocráticos são esperados. 

Já a Netflix e o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB) anunciaram a criação do Fundo Emergencial de Apoio à Comunidade Criativa Brasileira, que reúne a quantia de R$ 5 milhões a ser distribuída para profissionais do setor. Para se candidatar a receber o benefício, que será um depósito único de R$ 1.045 -, os profissionais precisam acessar o site do ICAB

E, por falar em streaming, eles nunca tiveram tão em alta. Uma pesquisa da Nielson, mostrou que os americanos aumentaram o consumo on demand em 85% desde o início da quarentena. Por aqui, plataformas anunciaram até um mês de graça para que as pessoas pudessem se aproximar desses serviços, caso ainda não assinassem. 

Lançamentos de filmes diretamente nas plataformas já acontecem. A exemplo do novo documentário do diretor cearense Karim Ainoux, “Aeroporto Central”, que estreou em 24 de abril no Now e em outros serviços. Inclusive o Oscar de 2021 não exigirá que as produções passem por salas de cinema para concorrer à premiação. 

Cine Drive-In, em Brasília, segue funcionando em meio à pandemia

Cine Drive-In, em Brasília, segue funcionando em meio à pandemia

Não poderia deixar de mencionar uma possível tendência, que é quase uma volta no tempo. Os cinemas drive-in, onde os espectadores veem o filme de seus carros, podem pipocar pelas cidades de novo. Muito populares nos Estados Unidos nos anos 1950 a 1970, a alternativa evita proximidade e contato entre pessoas desconhecidas. 

No Rio de Janeiro, a Cidade das Artes, na Barra da Tijuca, vai inaugurar um cinema drive-in até o fim de maio. Como disse ao jornal O Globo a presidente da fundação, Renata Monteiro, a ideia é que haja programação de terça a domingo, com uma sessão noturna por dia. O espaço terá lanchonete com vendas online e vai abrigar 150 carros. Será permitido apenas duas pessoas por carro e o ingresso será vendido por veículo, não por pessoa. A curadoria ficará por conta da Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio.

Em São Paulo, o Allianz Parque, estádio do Palmeiras, planeja um projeto de cinema drive-in que deve ser inaugurado em até dois meses. O projeto “Arena Sessions” contará com filmes, shows e palestras. A ideia inicial é exibir clássicos. Eu, claramente, me empolgo com essa possibilidade!