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Hora Rio: o melhor da cidade maravilhosa em janeiro

Início do ano, férias começando, e todos querem mais é curtir o Rio por completo. Como de costume, procuram o que fazer pela cidade carioca, o que comer, onde ir, onde se hospedar (no caso de turistas). Por conta disso, separamos algumas dicas de locais, restaurantes e hotéis, tanto para você, carioca, como também para quem já está programando a viagem para a cidade maravilhosa.

Energia à beira mar

Rio de Janeiro

Até o dia 10 de fevereiro, a Santander Rio Academia ocupa um espaço estratégico nas areias da praia de Ipanema, com aulas de musculação, yoga, cross fit, fit dance, wolf fit, beach volley, beach boxing, mahamudra e tai chi, entre outras.

Além de promover saúde e bem-estar, a iniciativa amplia as conexões entre as pessoas e revigora a rotina de quem opta por se colocar em movimento nesse verão carioca, em um agradável ambiente ao ar livre, de frente para o mar.

Todas as atividades são gratuitas, mas, para participar, é necessário inscrever-se antes pelo aplicativo Mude. As aulas acontecem de segunda a sexta, das 6h30 às 10h30 e das 17h às 21h, e aos sábados, domingos e feriados, das 8h às 13h.

Santander Rio Academia

Praia de Ipanema, Posto 10.

Hotel Musical

Hotel no Rio de Janeiro

O hotel boutique Chez Georges tem um diferencial único: um estúdio de música profissional. A bem equipada sala de gravação, instalada em um local com visual incrível, tem vista para a Floresta da Tijuca e para o Pão de Açúcar. Por causa disso, já virou point de músicos brasileiros e estrangeiros de passagem pelo Rio.

O hotel tem apenas sete quartos, distribuídos pelos quatro andares da casa de 900 construída na década de 1970 por 2 m Wladimir Alves de Souza – referência na arquitetura modernista no Brasil. Todos os charmosos ambientes são decorados com móveis dos anos 1950-1960.

O hotel conta ainda com piscina, deck, jacuzzi, bar, sala de jantar e biblioteca. As diárias variam de R$ 890 a R$ 1.900. Também é possível alugar a casa toda, por preços que variam de R$ 8.000 (na baixa temporada) a R$ 13.000 (no Carnaval).

Chez Georges

Ladeira do Meireles, 90, Santa Teresa, tel. 21 97232-7563.

Roteiro boêmio

O Triângulo das Sardinhas é formado por três bares (Ocidental, Adega Quinta das Vieiras e O Rei do Frango Marítimo) na Rua Miguel Couto, que têm como especialidade a sardinha aberta e a empanada – petisco perfeito para ser consumido na companhia de um bom chope gelado.

Este é um dos locais indicados pelo mapeamento da botecagem carioca que foi compilado pelos donos da Companhia Tradicional de Comércio (à frente do bar Astor e – da pizzaria Bráz, entre outros empreendimentos). “O Rio do Pirajá” é um guia essencial para boêmios, e está sendo distribuído gratuitamente em todas as unidades da casa.

Fazem parte da lista a Adega Pérola, o Bar Urca, o Bracarense, o Café Lamas, o Belmonte, o Galeto Sat’s, o Jobi, a Casa Paladino, o Aconchego Carioca e o Bar do Momo, entre outros. O roteiro é separado em três grupos: Zona Sul, Centro, Tijuca e Subúrbio.

Triângulo das Sardinhas

Rua Miguel Couto, Centro.

Videoarte flamenga

Quatro videoinstalações de Chantal Akerman (1950-2015) estão em cartaz na mostra “Tempo Expandido”, no Oi Futuro.

A cineasta belga promove uma viagem pelo seu universo imagético, em obras que inspiram um permanente diálogo com alguns de seus filmes, como “Jeanne Dielman, 23 Quai du Commerce, Bruxelles”, de 1975, e “La Chambre”, de 1972. Chantal, que – influenciou o cinema feminista e experimental, é conhecida no Brasil pelo filme “Um Divã em Nova York”, de 1996.

Centro Cultural Oi Futuro

Rua Dois de Dezembro, 63, Flamengo, tel. 21 3131-3060. Entrada gratuita.

Passado e Futuro

Bhering, no Rio

Fundada em 1880, a Bhering foi a primeira fábrica de chocolate do Brasil. Lá eram fabricadas guloseimas como a saudosa bala Boneco e o chocolate Refeição. Depois de anos abandonado, hoje o prédio é um dos mais agitados points da revitalizada Zona Portuária do Rio.

Com sua bonita estrutura de ferro importada da Alemanha e um projeto arquitetônico que tira proveito da luz natural, a Fábrica Bhering abriga em seus seis andares e mais de 10 mil um polo da economia criativa, com 2 m boutiques, lojas de design, ateliês de pintura, fotografia, escultura e arquitetura, além de ser o cenário de diversas festas, bazares e produções de moda, cinema e TV.

Fábrica Bhering

Rua Orestes, 28, Santo Cristo, tel. 21 2213-0014.

Drinques no palacete

O Julieta Bar, antigo Paris Bar, faz parte do complexo gastronômico da Casa de Arte e Cultura Julieta de Serpa. Daniel Milão, o bartender residente, é quem assina a carta de drinques.

Vale provar o picante Rosemary (feito com vodca Grey Goose Le Citron, Aperol, suco de tangerina, pimenta e alecrim), o marcante Rio Dourado (que mistura cachaça Leblon com licor de abricó e vinagre balsâmico) e o frutado Perfect Season, elaborado com um mix de scotch whisky Dewars 12 anos e licor Southern Comfort.

Julieta Bar

Praia do Flamengo, 340, tel. 21 2551-1278.

23h às 29h: Bar Manifesto preserva rock há 24 anos com shows nas noites paulistanas

23h às 29h: Bar Manifesto preserva rock há 24 anos com shows nas noites paulistanas

Banda alemã de heavy metal, Grave Digger se apresentou no Manifesto Bar

Querido leitor,

Antes de começar essa coluna eu queria passar um recado. Você sabia que eu tenho um e-mail pessoal? Meus netos que fizeram para mim. É donalourdes@yahoo.com. Fique à vontade para me escrever.

Passado o recado, vamos para o assunto da coluna. Acho que eu posso começar lembrando de um episódio que aconteceu entre mim e a querida amiga Nádia, que conheço desde a época das aulas de Direito no Largo de São Francisco.

Ela me interrogou certa vez sobre o meu peculiar, porém eclético, gosto musical: “Lourdes”, ela disse, “como você consegue escutar essa barulheira que chamam de rock?”. Ao que eu respondi: “Gosto de muitos estilos, desde que me faça dançar”. Foi por isso que achei uma boa ideia levá-la ao  Manifesto Bar. É uma casa noturna que fica na Rua Iguatemi, no Itaim, conhecida por receber bandas de rock.

Confesso que Nádia parecia bem assustada quando chegamos. Ela não parava de encarar a clientela – em sua maioria homens, trajados em vestes escuras. Mas eu tranquilizei minha amiga. Falei que roqueiros são como abacaxis: espinhosos por fora, mas doces por dentro.

Entrando, a gente se depara com um ambiente bem interessante. As paredes são decoradas com instrumentos musicais, autografados por integrantes de bandas como AC/DC e Megadeth.

No salão principal fica o palco, com um espaço para ficar de pé na pista, e também um mezanino com sofás para quem quiser assistir ao show com mais conforto. O bar se encontra no canto do salão, no meio do caminho entre o palco e o fumódromo.

O cardápio dele é bem completo, com várias opções de bebidas e porções. Só existe uma crítica que preciso fazer. Eles não têm porção de pastel misto: ou é só de queijo ou só de carne. Um mistério que nenhuma das simpáticas garçonetes nos conseguiu elucidar. Afinal, se há pastel de queijo e de carne, por que não fazer uma porção mista?

A busca por essa resposta rendeu bons frutos para mim e Dona Nádia. Tivemos a oportunidade não só de conhecer boa parte dos funcionários, como também o proprietário do estabelecimento, o Sr. Silvano. Ele nos deu uma explicação convincente para o enigma dos pastéis, mas confesso que não consigo me lembrar – resultado de muita Heineken e Jack Daniels.

Naquela noite, quem se apresentou foi uma banda cover de Metallica. Nádia acabou admitindo, no dia seguinte, que se divertiu muito. E eu também!

Manifesto Bar

R. Iguatemi, 36, Itaim Bibi, tel. 2574-5256.

Marina da Glória reserva uma variedade de programas culturais e gastronômicos

Marina da Glória reserva uma variedade de programas culturais e gastronômicos

Há quem diga que pousar no Santos Dumont é como pousar num cartão postal. Há um pingo de exagero aí – mas que é bonito, é. Modéstia à parte, é um baita privilégio contemplar o Pão de Açúcar, a Baía de Guanabara e o Aterro do Flamengo. Apreciar a visão da belíssima Marina da Glória, no coração da cidade e a alguns passos do Aeroporto Santos Dumont…

Marina da Glória

O entorno do Aeroporto Santos Dumont reserva boas novas para os frequentadores da ponte aérea

É uma área muito rica pela própria natureza e com ótimos lugares para lazer e gastronomia. Por isso, vale reservar um tempinho para conhecer o entorno do aeroporto mais charmoso do país.

A gastronomia, por exemplo, tem levado cada vez mais gente à região. Já no Bossa Nova Mall, aquele pequeno shopping colado ao Santos Dumont, a gente encontra o Xian, restaurante asiático com menu respeitado e, principalmente, um bar que tem merecido elogios até de quem não bebe… A carta de cachaças é de primeira linha.

Mas o melhor certamente é a paisagem. O pessoal do Xian teve a feliz ideia de aproveitar ao máximo a cobertura do shopping, de frente para a Guanabara, o Pão de Açúcar, o Cristo e outros tantos morros que cercam a cidade.

No mesmo nível do Xian está o Orla 21 Club, que oferece a mesma vista e serviços de restaurante, além de organizar pequenos shows para quem gosta de um happy hour animado. E quem não gosta?

MAM, perto da Marina da Glória

No Parque do Flamengo, o Museu de Arte Moderna (MAM) tem um dos mais importantes acervos do país

A cinco minutos de caminhada do Santos Dumont está o Museu de Arte Moderna (MAM), que merece alentada visita não só pela sua arquitetura peculiar, como também pelas exposições perma nentes e mostras temporárias. Tudo muito bacana, mas, já que estamos tratando de gastronomia, vamos ao Laguiole, restaurante do MAM, sempre presente na lista dos mais bem cotados do Rio. Lugar discreto, tranquilo e com 600 rótulos em sua carta de vinhos. Coisa fina, um dos pontos preferidos para almoço de altos executivos que passam pela cidade.

Claro que esse roteiro etílico-gastro nômico sugerido aqui não pode ser feito em um dia só, porque não existe apetite para tanto. Por isso, é importante curtir o – entorno em caminhadas leves e contemplativas. É o caso da Marina da Glória, que fica a uns dez minutos do MAM – ou quinze, saindo do Santos-Dumont.

O melhor da Marina – pelo menos para quem ainda não tem seu barquinho ou iate – é a oferta de ótimos restaurantes no seu píer principal. É fácil ser feliz em qualquer um deles. O mais recente é o Bota, com foco na culinária mediterrânea italiana, sem dispensar ingredientes brasileiros como o tucupi. A receita é caprichada no tudo-junto-e-misturado, orquestrando sabores inusitados.

Todos os restaurantes da Marina da Glória tratam muito bem os fãs de vinhos e drinques incomuns. O Urukum, por exemplo, casou gim premium com licor de açaí, entre outras combinações deveras sedutoras – como o Rio Moscow, que leva Absolut, açaí e sucos de limão e de gengibre com hortelã. Deu certíssimo. No fim de tarde, apreciando o sol cair por trás do centro da cidade, essas combinações fazer a gente ver o mundo mais colorido. Mas com classe.

Para quem gosta da melhor carne argentina, assim como dos bons vinhos do nosso país vizinho, a pedida é o Corrientes 348, com sua ótima parrillada.

Terraço do Hotel Prodigy

Outra casa da Marina da Glória que está muito bem na foto é a SoHo, especializada na culinária japonesa e já bastante premiada Brasil afora. A carta de vinhos e, claro, os drinques à base de saquê, fazem a gente querer ficar na varanda até o sol nascer.

A propósito, é bom ter em mente que a Marina conta com serviço de táxis e, como está na região central, ali não falta oferta de transporte – inclusive Uber, Cabify e afins. Além disso, fica a dez minutos de caminhada da estação Glória do Metrô.

Ou seja: não tem desculpa para fugir da Marina da Glória. Que, aliás, está se tornando referência também como local de grandes shows e eventos de moda. Em janeiro, haverá atrações do naipe de Jorge Ben Jor, Arlindinho e baterias de escolas de samba.

História do aeroporto

Muita gente não sabe que o Santos-Dumont está cravado numa área histórica do Rio de Janeiro. Sente-se, por exemplo, na varanda do Xian, abaixo na foto. A cidade foi criada bem à sua frente, aos pés do Pão de Açúcar.

Imagine-se chegando por ali em caravelas, pelos idos de 1502… Difícil resistir, e os portugueses não resistiram. Sabiam que valia a pena se estabelecer naquela baía. Só que tinham que brigar com seus legítimos donos da terra, os índios, e com franceses invasores, cheios de graça para cima da Baía de Guanabara.

O conflito aconteceu, claro, e foi para tomar posse oficialmente do lugar que o nobre Estácio de Sá criou ali uma pequena vila. Isso foi em 1565. Só que a guerra continuou e, dois anos depois, os portugueses acharam melhor fortificar e povoar o atual centro da cidade – a cinco minutos do nosso aeroporto. Na época, a Guanabara era bem maior, e tinha espaço não só para baleias em profusão, como também para inúmeras caravelas.

Quem conhece o aeroporto já reparou, também, que bem próximo a ele está uma ilhota, com os grandes prédios da Escola Naval. É a Ilha de Villegagnon. Com sucessivos aterros ao longo do último século, hoje pode-se chegar lá caminhando.

Originalmente, porém, ela ficava a cerca de 1,5 quilômetro do litoral. Tanto que serviu perfeitamente para os tais franceses que queriam tomar para si aquela bela cidade. Daí terem ocupado a ilha, sob comando do tal Villegagnon. A expulsão dessa turma só se deu em 1567.

Aliás, ainda sentado na varanda do Xian, perceba à sua direita a igrejinha do Outeiro da Glória, fincada ali desde o século XVIII. Foi edificada sobre um pequeno morro onde, também em 1567, o fundador da cidade, Estácio de Sá, recebeu uma flechada que o levou à morte.

Mas agora mude seu ponto de observação. Vá para a Marina. Sentado na varanda do Bote, você pode identificar a região da Cinelândia e o finzinho da Avenida Rio Branco, onde se vê um obelisco. Localizou? Considere, pois, que ali perto havia uma das encostas do Morro do Castelo – justamente o ponto onde os portugueses, lá no século XVI, decidiram iniciar a colonização definitiva da cidade.

Foi a partir dali que o Rio de Janeiro começou a crescer, principalmente após a expulsão dos franceses e dos índios que ocupavam a região.

Mas alguém pode perguntar: cadê o tal do Morro do Castelo? Uma pena, mas o Castelo foi totalmente desmontado na década de 1920, abrindo espaço para uma nova cidade. Que, com o passar do tempo, ganhou o Aterro do Flamengo, inaugurado em 1965. Na época, já havia o Santos Dumont, em operação desde a década de 1930, quando foi construído na área ocupada pelo antigo atracadouro de hidroaviões.

Pode-se dizer, assim, que o Aterro, com seu modesto 1,2 milhão de quilômetros quadrados, é uma espécie de quintalzinho do Santos Dumont. E sorry, Central Park.

Gim é a bebida do momento

Gim é a bebida do momento

Drinque Negroni, feito com gim, vermute tinto doce e Campari

Na época medieval, monges toscanos usaram medicinalmente, pela primeira vez, o zimbro – o ingrediente emblemático do gim.

A Holanda tem o mérito de ter produzido, no século XVII, o primeiro gim, também para fins medicinais. Pouco tempo depois, guerreando nos Países Baixos, os britânicos tomaram contato com essa bebida e a levaram para o Reino Unido, onde foi objeto de um súbito e enorme sucesso.

No Brasil, nas festas dançantes do final dos anos 1960, três eram as bebidas alcoólicas mais servidas: cuba libre (rum e cola), hi-fi (vodca e crush, como era denominada a Fanta laranja) e gim-tônica – a minha predileta. Após essa época, o consumo de gim no nosso país ficou adormecido por décadas.

Em meados da década de 2010, na esteira do boom mundial dessa bebida, ela despertou da longa letargia. O mercado de gins nacionais e importados contava, então, com uma dezena de rótulos. Hoje, temos noventa marcas de gim à venda no país, sendo que 36 delas são nacionais.

Afinal, que bebida é esta?

O gim, assim como a vodca, é uma bebida destilada proveniente de matéria-prima agrícola (cereais, uva, maçã, cana-de-açúcar etc.). No Brasil, o seu teor alcoólico deve ter entre 35% e 54% de álcool em volume, ao passo que na legislação europeia deve ficar acima de 37,5%. A vodca é relativamente neutra, já o gim é submetido a mais um estágio de produção, a redestilação com botânicos.

Os botânicos são misturas de especiarias, ervas, flores e frutas usadas como ingredientes flavorizantes. Onde, por lei, a presença de bagos de zimbro (Juniperus communis) deve ser predominante. Desta forma, obtém-se a mais aromática das bebidas alcoólicas!

Na “divisa” dos hemisférios Norte e Sul, Equador é o pequeno notável da América Latina

Na “divisa” dos hemisférios Norte e Sul, Equador é o pequeno notável da América Latina

Calle la Ronda, em Quito

Com um território mais ou menos do tamanho do estado do Rio Grande do Sul, o Equador não faz fronteira com o Brasil, mas nem por isso está longe. Na verdade está até ficando mais perto, com a estreia do voo da Gol ligando os aeroportos de Guarulhos e Quito sem escalas ou conexões e operado pelo moderno Boeing 737 Max 8.

A capital equatoriana é uma cidade com cerca de 2,2 milhões de habitantes e situa-se a 2.800 m de altitude em relação ao nível do mar. É conhecida por ser rodeada por impressionantes vulcões e pelo seu bem preservado Centro Histórico, repleto de bonitos palácios e templos religiosos dos séculos 16 e 17. Não por acaso, todo esse rico conjunto arquitetônico – que tem como destaques a suntuosa igreja da Companhia de Jesus, a Casa do Arcebispo e o palácio Carondelet (sede do governo federal) – foi tombado pela Unesco em 1978 e considerado Patrimônio Cultural da Humanidade.

O Centro Histórico de Quito tem ainda outros atrativos, como a região da Praça San Francisco, rodeada de charmosas ruas de pedra iluminadas à noite por luzes amareladas. Entre elas, a boêmia Calle La Ronda é conhecida por ser coalhada de bares, restaurantes, lojinhas e artistas apresentando shows de música e dança regionais.

É lá que fica o hotel boutique La Casona De La Ronda, que tem todas as comodidades da vida moderna (como ar-condicionado, wi-fi e TV a cabo de tela plana), mas mantém a arquitetura de 1738, quando foi construído, criando nos hóspedes a ilusão de que, a qualquer momento, Zorro ou Simón Bolívar podem aparecer por ali.

É também nas redondezas que fica o hotel Casa Gangotena, cujo restaurante talvez seja o mais conceituado do país, com cozinha comandada pelo chef Andres Davila. O cardápio oferece pratos típicos da culinária equatoriana, mas com uma pegada contemporânea. E, se você gosta de chocolate, não deixe de fazer a degustação proposta pelo hotel. O Equador é famoso por produzir alguns dos melhores cacaus do planeta.

Linha imaginária

Estando em Quito, não dá para deixar de conhecer o marco da latitude zero, que demarca o centro do mundo, dividindo a Terra entre os hemisférios Setentrional (Norte) e meridional (Sul). Distante 1h30 do Centro, o monumento La Mitad del Mundo tem vários museus kitsch ao seu redor. Ali, as pessoas se divertem fazendo fotos sobre a “divisa”, pisando com um pé em cada hemisfério, e observando fenômenos como a água que desce no ralo correndo para lados opostos, dependendo se está ao Norte ou ao Sul da linha imaginária entre as duas metades do planeta.

Ainda em Quito, quem quiser experimentar a sensação de ver as coisas do alto, como os condores andinos, deve embarcar no TelefériQo (assim mesmo, com “Q”), que leva ao Mirante Cruz Loma, ao lado do vulcão Pichincha.

E, se a ideia for explorar outros vulcões, basta pegar a Ruta Panamericana, estrada que vai em direção a Riobamba e passa pela chamada Avenida dos Vulcões – trecho de apenas 200 quilômetros que concentra 14 vulcões, muitos deles ainda ativos e alguns com seus picos cobertos de neve ou com crateras repletas de lava fumegante.

A Laguna Quilotoa

O mais elevado é o Chimborazo (6.310 metros), mas o mais visitado e menos desafiador é o Cotopaxi (com 5.897 metros), famoso por ser o mais visível de Quito. Não é preciso ser alpinista para subir até o alto de algumas dessas montanhas e, tão divertido quanto chegar ao cume, é interagir com guanacos, lhamas, vicunhas e cavalos selvagens que pastam pelas encostas e pelas margens dos lagos do Parque Nacional que engloba essa área em torno dos vulcões.

Por falar nos lagos dessa região, um dos lugares prediletos pelos caçadores de selfies no Equador é a Laguna Quilotoa, formada na cratera de um vulcão extinto e com águas de um azul turquesa embasbacante.

Mais ao sul da Avenida dos Vulcões, já próximo da cidade de Cuenca, fica Ingapirca, o mais bem conservado sítio arqueológico do país. Antes da chegada dos espanhóis, o Equador era parte do Império Inca e, antes dos incas, foi território dos cañaris por cerca de mil anos. Nas ruínas de Ingapirca dá para ver parte desse passado pré-colombiano do país.

Sítio arqueológico Igarpica

No centro desse complexo de construções de mais de seis séculos fica o Templo do Sol, um observatório astronômico cañari que foi convertido pelos incas em fortaleza militar. Feito com rochas cortadas misteriosamente em forma de trapézio, como nas ruínas de Machu Picchu, Ingapirca fica no fim da chamada Trilha Inca do Equador, um caminho cênico de 40 quilômetros que os adeptos de longos trekkings costumam percorrer a pé, num trajeto que dura até três dias, ou de bike.

Tesouro no Pacífico

Resumindo, a porção continental do Equador é uma região de lindas paisagens e surpreendente riqueza histórica e cultural. Se tivesse “apenas” isso para oferecer, já seria digna de uma bela viagem. No entanto, para a maioria dos estrangeiros que vão ao país, a principal atração ainda é o arquipélago de Galápagos.

Sua singular e endêmica fauna é de tal forma especial que inspirou a revolucionária teoria da origem e da evolução das espécies desenvolvida pelo naturalista inglês Charles Darwin. Em 1859, logo depois de retornar à Europa após sua passagem pelas ilhas, ele publicou sua obra, que quebrou paradigmas da ciência, da religião e da sociedade.

E o melhor de tudo é que as iguanas, tartarugas gigantes e aves como os albatrozes, os atobás de pata azul e as garças ainda estão por lá, vivendo em paz nesse santuário da natureza.

Em Galápagos, é possível ficar pingando de uma ilha para outra por conta própria, mas a opção mais cômoda e prática é embarcar em um dos cruzeiros que visitam várias ilhas. Não se trata de uma opção barata, mas permite que você fuja das muvucas dos mochileiros e tenha o tempo todo um guia para te dar dicas dos melhores points de mergulho e explicar curiosidades sobre as formações rochosas das ilhas, sobre a flora e sobre as faunas terrestre e aquática.

Igreja da Companhia de Jesus, em Quito

Uma boa agência que opera cruzeiros em embarcações com apenas seis a vinte cabines e serviços personalizados é a Live Aboard (www.liveaboard.com). As diárias em um dos catamarãs, iates ou escunas da empresa têm preços a partir de US$ 200, incluindo todas as refeições, passeios, caiaques e equipamentos de snorkel e mergulho.

O arquipélago é formado por 58 ilhas vulcânicas que ficam a 1.000 km do continente. O portal de entrada desse paraíso geralmente é a ilha de Santa Cruz, onde fica a cidade de Puerto Ayora, o túnel de lava do vilarejo de Bellavista, a Colina do Dragão com seu um lago habitado por flamingos e patos silvestres e as disputadas praias de areias finas de El Garrapatero e Tortuga Bay.

Outra das principais é a ilha Bartolomé, famosa por seu Pináculo, um obelisco que se levanta da beira do oceano, e por seus pinguins, a única variedade dessa ave que pode ser encontrada ao norte da linha do Equador. A ilha tem ainda um museu de vulcanologia.

Já a ilha Seymour possui penhascos que abrigam iguanas e ninhos de pelicanos, gaivotas e fragatas, enquanto a Ilha San Cristobal é o melhor lugar para ver o pôr do sol – que é especialmente bonito na praia de La Loberia, assim batizada por ser o lar de milhares de lobos-marinhos. Por fim, a Ilha Isabela é sempre uma das mais visitadas, por abrigar um Centro de Criação de Tartarugas Gigantes e por causa do vulcão Alcedo, com seus 1.097 m de altura, sua caldeira com 7 km², seus “respiradores” que permanentemente exalam fumaça e a vista espetacular oferecida de seu cume.