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Especial Imóveis: Panorama do mercado

Especial Imóveis: Panorama do mercado

Photo by Breno Assis on Unsplash

Considerado um dos termômetros da economia, o mercado imobiliário reflete os ciclos financeiros de um país. Trata-se do primeiro setor a sofrer os efeitos da crise econômica e, do mesmo modo, o último a superá-la. Qualquer instabilidade é motivo para que as pessoas adiem o projeto da casa própria. Além disso, este nicho se beneficia muito da confiança do consumidor, pois o giro da economia possibilita crédito e prazos mais longos.

A boa notícia é que neste ano os indicadores mostram uma recuperação e um aumento nas vendas. Segundo o Secovi-SP, os dados do primeiro semestre apontam que o panorama de 2018 é de consolidação, com viés de alta, após tímida retomada de crescimento no ano passado.

No período de seis meses, foram comercializadas 12.001 unidades residenciais na cidade de São Paulo, 52,1% acima do registrado no primeiro semestre de 2017, quando as vendas totalizaram 7.888 unidades. O resultado deste ano foi o melhor desde o início da crise econômica do país, iniciada em 2013.

A comercialização de imóveis novos neste primeiro semestre do ano também é próxima da registrada nos anos de 2011 e 2012, com 11,7 mil e 12 mil unidades residenciais vendidas, respectivamente. Esse comportamento reafirma a reação do mercado imobiliário da capital, iniciada no segundo semestre de 2017.

Os produtos que se destacaram nas vendas foram os imóveis de 2 dormitórios, com área útil inferior a 45 m², e na faixa de preço de até R$ 240 mil, e a região com a maior participação de vendas foi a zona oeste, com 26% do total comercializado no primeiro semestre. Em seguida vem a zona sul, com 24% do total, a zona norte com 20%, a zona leste com 17% e a região central com 13%.

Tendo em vista o comportamento do mercado no primeiro semestre do ano e a sondagem feita junto a incorporadoras da capital, o Secovi-SP reviu as previsões para este ano, que ainda poderão ser impactadas pelo processo eleitoral em curso. “O forte ritmo de crescimento das vendas neste primeiro semestre está diretamente relacionado à procura do público por imóveis econômicos e compactos, cujos valores são mais acessíveis, às taxas de juros mais reduzidas e à demanda muito intensa”, avalia Flávio Prando, vice-presidente de Intermediação Imobiliária e Marketing do Secovi-SP.

Imóveis menores e mais práticos

Dados do Secovi-SP mostram que, desde 2007, a área média dos imóveis diminuiu 30% (caiu de 102,33 m² para 71,58 m²) e o mercado de apartamentos de um quarto explodiu. Nas grandes metrópoles, as pessoas realmente ficam cada vez menos tempo em casa, e além disso querem imóveis perto de eixos de transporte e rede de serviços, para facilitar a vida. Pesa também o fator de que as famílias diminuíram e são formadas mais tarde. Estudantes, casais jovens ou profissionais liberais singles fazem parte de um público crescente que busca imóveis práticos e perto do trabalho.

Proprietário da construtora R. Yazbek e vice-presidente de Assuntos Legislativos e Urbanismo Metropolitano do Secovi-SP, o engenheiro Ricardo Yazbek observa que muitas das novas demandas têm sintonia com o novo Plano Diretor Estratégico (PDE) da cidade de São Paulo, que ele acompanhou desde a gestão de Fernando Haddad. “Além da limitação de vagas de garagem nos edifícios próximos dos eixos de transporte – o que é muito bem-vindo, pois melhora a mobilidade –, o Plano Diretor também induz ao uso misto, de moradia e comércio, o que é muito saudável. O conceito de trazer a população mais perto de onde ela mora, onde trabalha, onde tem serviços, para minimizar deslocamentos, é perfeito nos dias de hoje, em que as pessoas perdem tanto tempo no trânsito”, explica Yazbek.

Econômicos lideram

O número de lançamentos na cidade de São Paulo indica uma movimentação positiva no mercado. Segundo a Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), foram lançadas 8.068 unidades residenciais no primeiro semestre deste ano, correspondendo a um crescimento de 4% em relação ao primeiro semestre de 2017, quando os lançamentos totalizaram 7.769 unidades residenciais. No entanto, o número ainda está 24% abaixo da média histórica de 10,7 mil unidades lançadas no primeiro semestre, calculada no período de 2004 a 2018, mostrando que ainda há longo caminho para este setor exibir todo o seu potencial.

Os imóveis econômicos – com área útil menor que 45 m² e faixa de preço menor que R$ 240 mil – participaram com 35% do total de lançamentos no primeiro semestre deste ano, com 2.802 unidades lançadas. Para fins comparativos, em 2017 essa participação foi de 19%, com 1.510 unidades.

Este cenário vai de acordo com o tipo de investidor presente no mercado. Segundo Caio Carrato, gerente de marketing e vendas da Gafisa, o perfil de investidor hoje não é o do boom imobiliário de 2011 a 2013. “O que vemos atualmente é a volta do investidor poupador, aquele que compra uma unidade para moradia e outra para locação, muito diferente daquele que compra o prédio inteiro, metade do produto ou uma laje inteira”. Na opinião de Carrato, este investidor de perfil agressivo ainda está esperando as decisões macroeconômicas e o resultado das urnas para saber se faz sentido ou não investir neste momento.

Especial Imóveis: O mundo dos apartamentos de luxo

Especial Imóveis: O mundo dos apartamentos de luxo

Loft com vista para Paulista, do acervo da Bossa Nova. / Crédito: Divulgação

Casa em rua tranquila no Morumbi, quatro suítes, piscina, terreno com 2.100 m². Preço: R$ 15 milhões. Cobertura nos Jardins com vista para cidade, duas suítes, área com piscina e spa aquecidos, 363 m². Preço: R$ 20 milhões.

Esse é um pedaço do universo do mercado imobiliário de luxo de São Paulo. Por trás de valores milionários e imóveis que parecem ter saído de algum filme hollywoodiano, estão os corretores. Eles são os responsáveis por mediar as relações de compra e venda entre executivos, empresários, artistas e demais figuras que detêm o poder financeiro do país.

Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty, representante da maior grife imobiliária do mundo no Brasil, comenta sobre o segmento: “A crise no alto padrão não é a mesma do mercado imobiliário. Ela acontece não porque as pessoas estão sem dinheiro, mas sim porque elas adiam a tomada de decisão. Sofremos no ano passado com isso. A nossa média de fechar um negócio é de seis meses. Em 2017, chegou a nove, doze meses”.

Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s International Realty

Da mesma forma, Maria Amélia Alves de Lima, fundadora da Terra Lima Imóveis, observa alguns fatores que podem contribuir para esse adiamento de decisão, como a instabilidade na política e economia e as crises internacionais. “Na incerteza, o cliente, mesmo com dinheiro, não tem o “animus” para investir. Ele prefere esperar. Esse ano de eleições, por exemplo, gera muitas dúvidas. Não sei se a palavra certa seria ‘crise’, mas certamente há uma desaceleração”.

Ainda assim, o segmento de luxo se mantém firme. E os corretores seguem alinhados com as necessidades do público de alto padrão. Para negociar, os profissionais precisam estar em sintonia com o contexto cultural e socioeconômico de seus clientes e fazer parte do lifestyle desse universo. “São pessoas que moram em imóveis muito semelhantes a esses que estão sendo vendidos, ou conhecem os hábitos, os costumes, os códigos de quem está comprando e vendendo”, afirma Marcello Romero. “Tenho corretores aqui que têm casa em Miami, casa em Trancoso, apartamento em Courchevel…”   

Casa em Pinheiros à venda pela Terra Lima. / Crédito: Divulgação

A corretora Adriana Becker, da Bossa Nova, concorda com Romero: “Eu costumo ir aos eventos sociais que me convidam, acho que isso faz parte do meu trabalho. Também é importante frequentar exposições e festas e clubes como o Paulistano, o Harmonia, o Pinheiros e o Paineiras”.

Além da sintonia com o cotidiano e o perfil do cliente, o corretor deve ter paciência, discrição e muita empatia. Adriana relembra um de seus casos, em que o negócio foi desfeito na assinatura, na frente do escrivão, por conta de uma briga entre marido e mulher. “Isso pode acontecer. Mas o papel do corretor é se manter profissional, porque no fundo estamos lidando com o que vai ser o lar da pessoa. E isso mexe muito no lado psicológico”.

Marlene Jarussi, também corretora da Bossa Nova, ressalta que o maior desafio é lidar com a vaidade que surge entre as partes, quando nenhum lado quer ceder. Ela viveu um caso emblemático quando ajudava um famoso apresentador de televisão a vender um apartamento no Jardim Guedala. “Ele insistia em colocar o imóvel fora do preço de mercado imobiliário e não vendia”, relembra. “Apareceu um interessado que queria por um valor bem abaixo. Mas o dono não quis ceder. Até que um belo dia ele me liga perguntando se a pessoa ainda tinha interesse. Eu respondi que sim e ele me disse: ‘tudo bem, mas liga para ele e fala que só vendo por aquele preço se for agora, senão tiro de venda’. Liguei para o interessado, que me respondeu: ‘olha, só porque ele quer hoje eu não vou fazer pelo valor que ele está pedindo, vou baixar’. Retornei para o apresentador, expliquei, e ele fechou o negócio, por cerca de R$ 12 milhões. Mas ele brigou, brigou, brigou e quase perdeu o cliente para depois ligar e vender por menos do que o cliente tinha oferecido”.

Maria Amélia Alves de Lima, fundadora da Terra Lima Imóveis

À frente da Terra Lima Imóveis, Maria Amélia reflete sobre a profissão: “Tem gente que fica com vergonha de falar que é corretor. Já eu tenho muito orgulho de falar que sou corretora, porque é um trabalho muito gratificante. A gente se envolve com a compra mais importante da vida da pessoa, que é a casa dela. Com sensibilidade, você ajuda e entra nessa parte sutil das relações familiares, começa a entender por que aquele cliente está agindo de certa forma. Posso dizer que tenho grandes amigos que surgiram sendo meus clientes”.

23h às 29h: Boas bebidas e jogos no DiceZ

23h às 29h: Boas bebidas e jogos no DiceZ

Esses tempos estava conversando sobre jogos com meus netos mais velhos, Antônio e Maria Júlia. Mencionei o mahjong – jogo chinês milenar, com pedras semelhantes às de dominó – e, para o meu espanto, eles disseram que já conheciam. Maria Júlia sacou o aparelho celular e me mostrou um mahjong na tela. Que fique claro aqui, assim como expliquei a ela, que este tal “aplicativo” que anda circulando por aí com o mesmo nome é bem diferente do original, feito para jogar na mesa concreta e com mais pessoas.

Ao final do parlatório, eles me convenceram a ir a um “game bar” – coisa que eu nem sabia que existia – para experimentar os jogos da moçada de hoje em dia. Fomos ao DiceZ. O local bonitinho e aconchegante é comandado por uma simpática família e tem o tamanho ideal para manter-se agradável. Para beber, pedi um gim-tônica, enquanto Antônio pediu um “Drunken Kong” – feito com banana, cachaça, canela e açúcar – e Majú um genial e elegante “Hum, Apple Pen”, drinque que leva suco de maçã, suco de limão, calda de hortelã, vermute seco, grenadine e twist de laranja. Segundo ela, este nome esquisito é uma referência a um vídeo que bombou na internet.

Feitas as escolhas de bebidas, chamamos o “sommelier de games”, que nos sugeriu algumas opções dentre os quase 150 jogos oferecidos na casa. Primeiro escolhemos “Um império em 8 minutos”, jogo rápido de estratégia em que a proposta é dominar mais territórios no tabuleiro. Depois desse, pedimos o que até agora é o meu queridinho, chamado Dixit. Trata-se de um jogo no qual é preciso adivinhar qual das cartas foi a escolhida pelo adversário a partir do exercício da imaginação de todos os participantes. As cartas são verdadeiras obras de arte (vide imagem acima) e, sem sombra de dúvidas, convencerei a minha maravilhosa turma do crapô a abrir uma exceção para conhecer o moderno e criativo Dixit.

DiceZ

Endereço: Av. Pompéia, 2.549, Vila Pompeia, tel. 3872-5755

Valores: Não há taxa para utilizar os jogos. Paga-se somente o que consumir.

Abertura da casa: 18h.

Lourdes de Sá tem 74 anos, é funcionária pública aposentada e avó de três jovens. Gosta de sair e se intitula uma “notívaga compulsiva”.

Bom de Copo – Vinhos nacionais e baratos

Bom de Copo – Vinhos nacionais e baratos

No Brasil temos o problema de um governo muito ganancioso em tributos, o que deixa tudo mais caro. Não é diferente no vinho: lamentavelmente, ele é considerado um produto supérfluo, sendo taxado como se fosse uma arma de fogo ou um perfume… Isso é triste, porque, afinal, todo país desenvolvido considera o vinho um alimento. No nosso caso, quando bebemos uma garrafa de vinho pagamos por cinco taças mas bebemos apenas uma, pois quatro delas foram impostos!

Mas o brasileiro vem consumindo cada vez mais vinho e notadamente os vinhos de baixo valor. Os sites e clubes de vinho têm inundado o mercado com ofertas de garrafas abaixo de R$ 30, com rótulos muito bonitos e nomes pomposos, mas que dificilmente trazem um conteúdo de qualidade. Não há segredo, pois um vinho de fora custa para nós sempre de cinco a dez vezes mais do que seu valor original. Essa é a conta. Assim, vinhos de R$ 30 na verdade são vinhos de R$ 6.

Portanto, posso garantir a você, meu amigo leitor, que os vinhos brasileiros da linha de entrada das grandes vinícolas são as melhores opções. Vinhos como os Classic da Salton, ou os Varietais da Aurora, ou ainda os Almaden da Miolo são vinhos que variam sempre de R$ 22 a R$ 29 e trazem maior qualidade em seu interior. Acredite no que digo – se quiser, faça um teste comparativo às cegas e verá. Claro que há exceções: o vinho português de uma cooperativa de Beira Serra custa R$ 16 no Pão de Açúcar e é de qualidade muito boa. Porém, via de regra, vá nos brasileiros. Saúde!

Baratinhos que valem a pena

• Classic Salton

• Algairem Macabeo

• Vinho do Gordo Cabernet Sauvignon

• Club des Sommeliers, Vinho Regional do Tejo

• Club des Sommeliers Vinho do Douro

• Club des Sommeliers Vinho do Dão

• Linha Varietal da Aurora

• Vivere vinho português de importação da Vinho Ideale (tem o branco e o tinto)

• Linha Agnus da Lidio Carraro

Denis Garcia e as 5 maratonas em 5 dias

Denis Garcia e as 5 maratonas em 5 dias

Denis Garcia, 41 anos, é gerente de contas do Meio & Mensagem, mas nas horas vagas tem uma paixão: correr. Entusiasta por maratonas, há quinze anos ele corre em provas oficiais de longa distância.

Em 2016, quando participou com um amigo da prova El Cruce, entre a Argentina e o Chile, surgiu para a dupla a ideia do projeto “cinco maratonas em cinco dias”, que consistia em correr todo dia 42 km, totalizando ao final de cinco dias 210 km percorridos.

A decisão de fazer a aventura na Península Mitre (Patagônia) foi movida pelo desafio. Por quatro meses eles estudaram a região e planejaram uma rota em meio à natureza.

Confira abaixo fragmentos dessa aventura, que teve como ponto de partida para todos os percursos a cidade argentina de Ushuaia:

Dia 1: Glaciar Martial (30 km)

“Seguimos até o início do Glaciar. Fomos interrompidos por tempestades de neve e decidimos parar já em Ushuaia. Do alto vimos a cidade e o canal de Beagle, Isla Navarino (Chile). As rajadas de vento jogavam neve e doíam as pernas”.

Dia 2: Cabo Auricosta (50 km)

“Fica entre Ushuaia e Rio Grande. O vento contra na ida dificultou. Fizemos o percurso a beira mar. Durante alguns quilômetros íamos beirando o rio Fuego. Avistamos raposas, cavalos e guanacos”.

Dia 3: Parque Nacional Tierra del Fuego (50 km)

“Próximo de Ushuaia, com trilhas abertas e sinalizadas. Começamos pela linha do trem e seguimos até o Lago Roca, um cenário perfeito com rios e lagos de água transparente. Uma das trilhas leva a Pampa Alta, com vista para o Canal de Beagle”.

Dia 4: Estância Moat (42 km)

“Percurso de praias inteiras de pedras, terrenos com turfeiras e morros. Golfinhos, águias e cavalos selvagens. Terra inóspita. Cenário de bosques, montanhas e pampas”.

Dia 5: Laguna Turquesa e Laguna Esmeralda (39 km)

“A Laguna Turquesa é espetacular. Toda congelada, é cercada por montanhas cobertas de neve. De lá avistamos a laguna Esmeralda e fomos até ela. Caminho com muita lama. A noite chegou e terminamos nosso projeto com chave de ouro”.

 

>> DENIS GARCIA tem 41 anos e é maratonista por hobby: já correu 11 maratonas e 7 ultramaratonas.