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Bon Vivant: Os autênticos restaurantes franceses em SP

Bon Vivant: Os autênticos restaurantes franceses em SP

O chef Alain Poletto comemora a Copa no Bistrot de Paris

Não podia ser diferente: a vitória francesa nesta Copa do Mundo pôs a nação “bleu blanc rouge” em primeiro plano, bem além do futebol. A terra do Paul Bocuse, do Jean-Luc Godard e da Brigitte Bardot, que agora também é do Mbappé, ganhou ainda mais respeito do resto do planeta.

Nossa São Paulo não escapou a essa onda e durante os jogos não eram poucos os estabelecimentos nitidamente a favor da nação gaulesa, alguns deles literalmente tomados pelos franceses residentes na cidade e já adeptos e apaixonados pela vibe de bagunça que toma conta do povo brasileiro em tempos de Copa do Mundo.

Por isso, resolvi compartilhar com vocês alguns endereços na cidade que não são apenas franceses no conceito, mas que são verdadeiramente tocados por franceses.

Todos eles adicionaram ou incrementaram algo no cardápio em função da Copa e do seu vencedor. Verifique junto ao serviço in loco o que mudou em cada lugar após esse grande evento mundial.

O mais chique dos restaurantes é o La Casserole, nosso velho e bom representante das brasseries francesas, com direito ao charme da vista de frente para a floricultura do Largo do Arouche. Está na segunda geração de franceses no comando. 

O também charmoso L’amitié, em pleno Itaim, tem a cozinha e o negócio chefiados pelo chef Yann Corderon e oferece um ambiente bem parisiense a preços justos, o que hoje é fundamental para ter sucesso. Assim também é o Bistrot de Paris, escondido numa charmosa vilinha no lado Jardins da rua Augusta, onde tanto a adega quanto o cardápio cabem no bolso de quem frequenta…  Numa noite bonita vale sentar nas mesas de fora.

Por último e mais casual, mas não menos autêntico, vem o La Tartine, do querido Xavier Leblanc, na região da Consolação. Quiches e coq au vin não param de sair da boqueta para o animado e barulhento salão. Os quadros e imagens nas paredes são uma viagem pela cultura da boemia francesa.

Os torcedores do “hexagone” (sinônimo de França por lá, pelo formato do país) mais ligados em vinho do que em comida atracaram no Canaille Bar em Pinheiros, que é um wine bar (que aqui vira bar à vin) em que o diferencial é a coleção de bons rótulos com ótimos preços, graças a uma sócia também sommelière irrequieta.

Mas para não dizer que os franceses só empreendem em comida e vinhos, quando o assunto é entretenimento, que tal estender o programa “frenchie” para uma sessão de cinema? Para quem aprecia o cinema francês (mas não só), a Reserva Cultural fica na Paulista, no térreo da TV Gazeta, e conta com quatro salas de cinema, uma livraria e um bistrô bem honesto também. Um programaço.

Desde o fim de 2016 a Reserva Cultural também administra cinco salas de cinema projetadas por Niemeyer em São Domingos (Niterói). Ali também já funcionam um bistrô e uma livraria pra carioca nenhum dizer que isso é privilégio de “paulisshtas”.

Especial Saúde: A questão do parto

Especial Saúde: A questão do parto

Foto Julie Johnson via Unsplash

“O melhor tipo de parto é aquele que conduz a mãe com segurança para o momento que pode ser uma das coisas mais mágicas e maravilhosas do mundo”, afirma a Dra. Luciene Miranda Barduco, de 52 anos,  especializada em Ginecologia e Obstetrícia. “O nascimento de um filho é uma experiência fantástica. Resgata na mulher aquilo que ela tem de mais primitivo, no sentido de gestar, de cuidar daquela gravidez. Eu sempre vi o parto como algo sagrado. E sempre preferi o parto natural”.

A prática de cesariana, contudo, sempre foi majoritária no Brasil. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, nós somos o segundo país do mundo a ter mais da metade de todos os nascimentos (55,6%, segundo dados de 2016) feitos por essa cirurgia. Estamos atrás apenas da República Dominicana, que ostenta 56% de cesáreas. Na Europa, a taxa média de cesáreas é de 25% e nos Estados Unidos é de 32,8%. A cirurgia é recomendada apenas quando o parto natural pode levar a complicações que coloquem em risco a saúde da mãe e do bebê. Para a OMS, a porcentagem adequada de cesáreas gira em torno dos 15%.

“Entre outras coisas, a cesárea vem de um vício histórico que começou no SUS”, explica Luciene. “Em hospitais públicos, uma prática muito comum era oferecer laqueadura às gestantes. Acontece que o SUS só pagava o procedimento se a laqueadura estivesse associada a uma cesariana. Então tinha isso: ‘vou fazer cesárea para já aproveitar e fazer a laqueadura’”.

Na rede particular, a médica comenta que a cirurgia predominava por outras questões. “Quando comecei a atender em consultório, às vezes chegava uma paciente já dizendo: ‘olha, eu tenho convênio e quero optar pela cesariana’. A ideia era que, se ela tivesse um convênio, teria a oportunidade de escolher pela cirurgia”.

Além disso, havia muitas conveniências também. Para a paciente, era uma forma de poder controlar o nascimento do filho. “E os motivos para isso eram vários, desde a gestante estar cursando uma pós-graduação ou prestando vestibular até desejar que o aniversário do filho seja no mesmo dia da sogra, por exemplo. E é obvio que, para o obstetra, é muito mais cômodo marcar dia e hora para fazer essa cesárea. Você não tem que sair de madrugada ou adiar uma viagem, então foi uma acomodação de ambas as partes. O médico, por um lado, não fazia questão de se colocar à disposição, de orientar a história do parto, e muitas pacientes faziam questão de ter a liberdade de escolha”, explica Luciene.

Segundo a OMS, o Brasil é o segundo país do mundo que mais realiza cesáreas. / Crédito: foto de Naypong Studios via Shutterstock

Entre as ações que surgiram para melhorar a condição da gestante, podemos citar o projeto Parto Adequado. Desenvolvido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o Hospital Israelita Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI), o projeto tem como objetivo identificar novos modelos de atenção ao parto e ao nascimento, que valorizem o parto normal e reduzam o percentual de cesarianas desnecessárias.

A iniciativa foi lançada em 2015 e a adesão é feita de forma voluntária pelos hospitais. Na Fase 1 o projeto envolveu 35 hospitais e conseguiu evitar a realização de dez mil cesarianas desnecessárias.

Hoje, 127 hospitais e 62 operadoras de planos de saúde participam do projeto. Nos hospitais que entraram na Fase 2, que vai até maio de 2019, houve um aumento de 8% em partos normais.

“O Parto Adequado não é contra a cesariana, mas sim contra a cesariana desnecessária”, explica Jacqueline Torres, coordenadora do projeto. “Não se trata de defender parto normal a qualquer custo, até porque sabemos que a cesariana contribui para a diminuição da mortalidade materna, mas ela deve ser usada com limite”.

Sobre os riscos de realizar uma cesariana desnecessária, Jacqueline comenta: “São vários. A mulher pode comprometer as próximas gestações e, como a cirurgia acontece antes do início do trabalho de parto, o bebê pode ter problemas como hipoglicemia, dificuldades respiratórias, asfixia neonatal, necessidade de internação em UTI neonatal, icterícia, entre outros”.

Agosto dourado

Nesse mês acontece o “Agosto Dourado”, campanha da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o intuito de estimular o aleitamento materno e alertar sobre a importância da amamentação para as crianças e também para as mães.

A presidente da SBP, Luciana Rodrigues Silva, lembra das vantagens comprovadas do aleitamento na saúde das crianças, com impacto no seu desenvolvimento físico e emocional e no reforço à prevenção de doenças. Segundo ela, oferecer o leite materno aos filhos reduz em cerca de 12% o número de mortes em crianças menores de cinco anos de idade a cada ano, ou cerca de 820 mil mortes em países de média e baixa renda.

Rádio Vozes: “Canção do Amor Demais” faz 60 anos

Rádio Vozes: “Canção do Amor Demais” faz 60 anos

Capa do LP “Canção do Amor Demais”, de 1958

Em 1958, Tom Jobim e Vinicius de Morais declararam ao mundo sua parceria. Lançaram o LP “Canção do Amor Demais”, com a voz de Elizeth Cardoso. Cantora fundamental da história da nossa música, ela foi chamada desde aquela época “A Divina”. Elizeth emprestou seu prestígio para os recém-lançados compositores e o disco foi um sucesso! No repertório nascia uma seleção de clássicos. Nos arranjos, toda a modernidade e a erudição de Jobim. Nas letras, a marca inconfundível do poeta Vinicius. João Gilberto tocou violão em duas faixas, “Chega de Saudade” e “Outra Vez”, lançando ali a semente da bossa nova, do violão diferente, do sincopado mais sofisticado do samba.

Mas e as outras canções? Por onde andam? “Janelas Abertas” foi lindamente cantada por Zélia Duncan no disco “Eu Me Transformo em Outras”, com belíssimo arranjo interpretado por bambas: Hamilton de Holanda no bandolim, Marcio Bahia na bateria, Gabriel Grossi na gaita e Marco Pereira no violão. “Estrada Branca” e “As Praias Desertas” foram gravadas por Paula Morelenbaum no maravilhoso “Casa”, com o maestro e cellista Jaques Morelenbaum e Ryuichi Sakamoto tocando o piano que era de Tom Jobim. Este disco, aliás, merece ser ouvido com aquela tranquilidade exigida pelas obras-primas.

Em 2001, Olivia Byington gravou o repertório todo com arranjos e piano de Leandro Braga. “Medo de Amar” (essa só de Vinicius) foi gravada em 75 com Nana Caymmi, violão de Toninho Horta e arranjo de Dori Caymmi.

“Chega de Saudade” foi gravada no mundo inteiro, tem até versão instrumental de Yo-Yo Ma.  E neste ano, aos 60 anos do lançamento desse LP, o Instituto Moreira Salles de SP pediu para Ná Ozzetti e sua incrível banda um show sobre o disco. Para celebrar essa maravilha subiram ao palco Dante Ozzetti (violão e direção musical), Mario Manga (guitarra e violoncelo), Sérgio Reze (bateria), Zé Alexandre Carvalho (baixo acústico) e Fernando Sagawa (sopros e teclados). O espetáculo foi delicioso e merece o registro.

Mas escrevo isso tudo pra te dizer que, se você ainda não ouviu “Canção do Amor Demais”, corra para fazer isso. Se já ouviu, celebre com a entrevista que fiz com Ná para o Vozes do Brasil. Aqui está o link: https://radiovozes.com/vozes-do-brasil/17493.