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Beber água alcalina faz bem?

Beber água alcalina faz bem?

Se você pesquisar “água alcalina” na internet, encontrará vídeos que ensinam a fazer este tipo de água em casa, além de marcas dessa água engarrafada, como a SFerriê. Mas, afinal, o que é água alcalina? Para que serve? Por que optar por ela?

Antes de mais nada, vale relembrar aquela aula de química da escola – de uma maneira bem resumida: o pH (potencial de hidrogênio) é uma escala responsável por indicar se determinadas substâncias aquosas são ácidas, neutras ou básicas (alcalinas). Por exemplo, uma água com pH 5 é ácida, outra com pH 7 é neutra e uma com pH 8 é alcalina.

Os defensores da água alcalina afirmam que, como o pH do sangue de um ser humano saudável fica entre 7,35 e 7,45 – levemente alcalino –, tomar uma água básica estaria reduzindo os esforços do nosso rim, órgão responsável por equilibrar o pH sanguíneo.

Entre os possíveis benefícios da ingestão de água alcalina, Dr. Victor Dias, especialista em medicina integrativa, pontua: “Beber esta água facilita a digestão dos alimentos; além disso, ela contraria os estados de hiperacidez gástrica que podem provocar azia e úlceras gastroduodenais e combate a hiperacidez proveniente de dietas ricas em carne e produtos refinados, como a de muitas pessoas hoje”.

Em uma matéria sobre o assunto publicada no Washington Post em 2013, Tanis Fenton, nutricionista, epidemiologista e professora assistente adjunta da Universidade de Calgary, em Alberta, Estados Unidos, explica que, de fato, a dieta atual resulta em uma urina sutilmente mais ácida do que a do homem antigo. Alguns pesquisadores especulam que isso acontece porque comemos coisas repletas de gordura saturada, açúcar, sódio e cloreto – substâncias acidificantes –, e pouco magnésio e potássio – substâncias alcalinizantes. No entanto, mesmo com essa dieta, a Dra. Fenton diz que o nosso organismo não se torna ácido. Somente a urina, o que, em última análise, significa que os nossos rins estão sendo eficazes em excretar o ácido do corpo.

Outro estudo, realizado em 2012 por Jamie A. Koufman e Nikki Johnston pelo Voice Institute of New York, afirma que a ingestão de água alcalina pode trazer benefícios no tratamento de pacientes com refluxo.

O problema é a água?

Dentre tantos modismos no universo da saúde, cabe questionar se o problema está mesmo em beber ou não beber determinada água.

Para o Dr. Rômulo de Mello Silva, clínico geral e pediatra antroposófico, a água alcalina é uma água de ótima qualidade, mas o problema vai além. “Mais importante do que tomar a água alcalina é saber o que está acontecendo hoje que deixa o nosso organismo mais ácido. Essa acidez do corpo é um dos principais causadores de muitas doenças, como a gota e o cálculo renal”.

Na medicina antroposófica, a principal preocupação é com a alimentação. Se você não se alimenta direito, pouco importa o pH da água que ingere. Segundo Rômulo, uma alimentação saudável consiste na ingestão de mais alimentos de origem vegetal e menos de origem animal, além de evitar comidas processadas e industrializadas e priorizar alimentos “vivos”. Por exemplo, ingerir leite fresco e pasteurizado tipo A ao invés do leite em pó ou do produto acondicionado na caixinha, e preferir lanches como legumes crus (cenoura, pepino) do que bolachas e batatas fritas industrializadas.

Dr. Rômulo reforça, no entanto, que não é só a alimentação que influencia na acidez do corpo, isso tem a ver também com a qualidade do sono e o estilo de vida. De acordo com ele, essa tendência da acidez no corpo desequilibra o rim. Quando estamos em situações em que há uma descarga alta de adrenalina, o valor do colesterol e da glicose no sangue aumenta, a pulsação acelera e a pressão sobe. “É como se um leão estivesse atrás de você: é preciso energia para correr ou para lutar”. Essa situação de perigo cria um catabolismo intenso no corpo e esse processo acidifica o sangue imediatamente. “Logicamente o rim não tem como trabalhar isso de forma imediata; ele fará depois, quando você se acalmar”.

Se esse processo é normal, qual é o problema, então? “O problema da nossa cultura é que a gente está sempre no estado da adrenalina. É o famoso stress crônico; a gente come mal, dorme mal e nunca relaxa. Nesse contexto, beber água alcalina em busca de saúde sem uma mudança de estilo de vida e de hábitos alimentares é como ficar passando o pano em um chão que está molhado ao lado de uma torneira aberta. E a água alcalina representa mais o ato de “passar o pano” do que o de “fechar a torneira”.

Bom de copo: Os vinhos orgânicos chilenos

Bom de copo: Os vinhos orgânicos chilenos

O Chile é um país que poderia ser todo biodinâmico ou orgânico. Afinal, sua situação geoclimática propicia isso. Um solo rico em cobre, uma geografia protegida por uma cordilheira a leste, um oceano a oeste, um deserto ao norte e uma geleira ao sul: esse cenário privilegiado evita que pragas e doenças, como a Philoxera, que dizimou as vinhas da Europa toda em 1865, penetrem no país.

Aliás, foi o Chile que forneceu mudas de vitis-viníferas depois que se descobriu que as vinhas enxertadas em raízes de vinhas americanas estavam imunes à praga. Dessa forma, 94% das vinhas são plantadas em pé-franco, nome que se dá ao plantio direto da videira, sem enxerto.

Mesmo assim, a maioria das vinícolas do Chile usa o sistema convencional, aquele que utiliza produtos químicos como fertilizantes e defensivos, além de empregar leveduras selecionadas, que não são as originais dos vinhedos.

Como sou um apaixonado pelos produtores “naturebas”, aqueles que são orgânicos, biodinâmicos ou naturais, fui garimpar as vinícolas que têm esse importante conceito no Chile. E elas existem! Por isso montei com o Artur Farias, um brasileiro que faz sucesso no Chile como operador de enoturismo para brasileiros, um roteiro perto de Santiago.

São seis vinícolas “naturebas”: Attilio & Mochi Passionate Winemakers, Odfijell, Antiyal, Catrala, Rukumilla e Tipaume. Há roteiros para três vales: Casablanca, Maipo e Cachapoal. Saúde!

Seis vinícolas em três vales

A “Ruta Natureba”, no Chile, envolve visitas às vinícolas, degustação e compra com descontos. Os preços variam de US$ 150 a US$ 220 por pessoa. O projeto foi lançado em abril na Enoteca Saint Vin Saint, que só vende vinhos orgânicos e naturais.

CASABLANCA

Attilio & Mochi e CATRALA.

A primeira é de um casal de brasileiros que desde 2011 produz excelentes vinhos no Chile. A vinícola Catrala é abraçada pela floresta, o que torna a visita muito especial.

MAIPO 

Antiyal, ODFJELL e rukumilla

A história familiar da bodega Antiyal, o centro biodinâmico da vinícola Odfjell, com sua bela vista do vale do Maipo, e a simpatia de Angélica e Andrés, da Rukumilla.

CACHAPOAL

Tipaume

O passeio começa nos vinhedos, onde se conhece mais sobre a agricultura orgânica, passa pela bodega subterrânea e termina na sala de degustação, cercada pela linda natureza local.

Mais informações:
Artur Farias arturtremperfarias@gmail.com

Bon Vivant: Conheça o que é um gastrobar

Bon Vivant: Conheça o que é um gastrobar

Se eu tivesse que escolher o mês da minha preferência em São Paulo, eu escolheria o mês de maio. É quando a cidade fica mais linda, banhada por essa luz característica da época conhecida como veranico. Essa luz é tão especial que consegue deixar mais bonitos não só folhas e árvores mas até prédios e postes.

Esta mesma luz que dá vontade de estar na rua até o último raio de sol é acompanhada de um friozinho gostoso, que só faz aumentar o apetite. E é aí que entra o conceito de gastro-pub ou gastrobar. É a possibilidade de unir o happy hour ao jantar sem sair do mesmo endereço, em um ambiente informal e despretensioso. E com ótima gastronomia e bebidas.

Ao mesmo tempo que o modelo de boteco só com porções e petiscos fritos vem rareando, há uma investida no mercado na mixologia, a evolução do universo dos drinques. Hoje são raros os happy hours e rides noturnos regados somente a chope e cervejas pilsen. Cervejas artesanais ou importadas na faixa de R$ 30 a R$ 40 são encontradas na maior parte dos bares.

Pois o gastrobar pressupõe essa pegada dupla com duas estrelas no comando: um bom chef e um bom barman, dois criativos em ambiente despojado. A origem é dúbia, mas tem certamente forte influência da Península Ibérica e da Inglaterra, onde o guia Michelin local dá um destaque excepcional a essa categoria. Em São Paulo, temos alguns representantes de diferentes origens culinárias que considero autênticos e competentes. Confira no box ao lado e boa diversão!

O Axado, de Joachim Koerper

Chef alemão radicado em Portugal, onde tem quatro restaurantes com uma estrela Michelin, Koerper montou uma maravilha de exemplar: o Axado. Experimente as minicataplanas de peixe com batata-doce e as lascas de bacalhau servidas sobre torradas de pão da casa, com chutney de pimentão e vinagrete de grão-de-bico.

Rua Dep. Lacerda Franco, Pinheiros, tel. 3819-1304.

Barê, de Rodrigo Einsfeld

Repaginado recentemente, o Barê ficou ainda mais convidativo. O chef e sócio Rodrigo investiu na mixologia e na gastronomia descomplicada. Experimente a paleta de cordeiro marinada e cozida no vapor por 12 horas ou o peito de pato acompanhado de mandioca rústica e cebolas ao molho rôti.

Alameda Lorena, 1892, Jardins, tel. 3564-2016.

Cazu, de Gabriel Benigni

Bem brasileiro e variado, o Cazu surpreende com receitas criativas que harmonizam bem com cervejas artesanais e drinques. O guisado de leitão com pasta de alho e torradas, o medalhão de mignon ao molho Dijon com fritas e o bife ancho com arroz biro-biro, fritas, vinagrete e farofa são boas pedidas.

Rua Harmonia, 321, Vila Madalena, tel. 2539-3860.

 Camden House, de Elisa Hill

Depois de onze anos em Londres, a chef Elisa abriu esse gastropub para oferecer um bom fish & chips, paletas e até um autêntico curry indiano com arroz basmati, pão naan e iogurte – que é servido em inúmeros pubs da Inglaterra. Para acompanhar, cervejas de pressão sazonais e ótimos drinques.

Rua Manuel Guedes, 243, Itaim Bibi, tel. 2369-0488.

Conheça o Mezzogiorno, o almoço executivo do La Tambouille

Conheça o Mezzogiorno, o almoço executivo do La Tambouille

Salada de brotinhos verdes com manga caramelizada, tomate cereja e nozes

 

Um dos restaurantes mais elegantes e charmosos da cidade, o La Tambouille oferece um cardápio executivo, o Mezzogiorno, pelo preço fixo de R$ 98. Mas vale dizer que não se trata de um almoço executivo comum. A experiência leva à mesa couvert, entrada, prato principal e sobremesa supervisionados por Carla Bolla e pelo chef Anderson Laranjeira. Pratos bem orquestrados e repletos de sabor, com apresentação impecável.

 

Ovos mexidos com salmão e frutas vermelhas

 

Além do famoso carpaccio da casa com queijo Grana Padano (foi o saudoso criador do restaurante, Giancarlo Bolla, quem trouxe a criação para a cidade), o novo menu de maio destaca o saboroso ovos mexidos com salmão defumado e frutas vermelhas. A outra opção é a salada de brotinhos verdes com manga caramelizada, tomate cereja e nozes.

 

Pescada amarela com spaguettini de legumes, do cardápio Mezzogiorno do La Tambouille

 

Das escolhas de prato principal, além de um destaque diferente a cada dia da semana, o menu oferece a bem balanceada pescada amarela ao molho Chardonnay com spaghettini de legumes ou com a pasta da casa feita na hora. Há também o tradicional, que voltou a moda, spaghetti à carbonara e como opção de carne, mezzaluna com molho de arrosto servido com risoto à milanesa ou com a pasta da casa.

Para a sobremesa, feche seu almoço com fruta ou doce do dia.

tambouille.com.br

Av. Nove de Julho, 5.925

Tels. (11) 3079-6276/ 3079-6277
86 lugares
Horário de funcionamento:
Ter. a qui.: 12h às 15h / Sex.: 12h às 15h

Cartões de crédito: Visa, MasterCard, Elo, Amex, Diners

Facilidades: reservas por telefone / wi-fi/ acesso e banheiro para deficientes físicos / área para fumantes

Valet R$ 25

 

Mobilidade: uma conversa com Silvia Ballan

Mobilidade: uma conversa com Silvia Ballan

Silvia Ballan desde 2010 leva diariamente, de bike, sua filha Nina à escola

Criadora do blog silviaenina.org e do projeto Cheguei de Bike, Silvia conta sua experiência de pedalar na capital paulista.

O que você sente quando pedala por SP com a sua filha Nina na garupa?

Eu sinto liberdade, prazer e principalmente me sinto poderosa e inteligente. Optei por um modo simples, rápido e divertido. Delícia é o sinônimo de nossos trajetos, caminhos mágicos numa cidade que é um caos urbano. É como estar numa nuvem linda sobrevoando o inferno, basicamente. Foi assim também com a minha filha Beatriz, de 19 anos.

Como você reage ao violento cenário urbano da cidade?

Eu fico muito triste, não vejo mudança a curto prazo. Vejo pessoas como no filme “The Wall” [1982, de Alan Parker], seguindo a fila, seguindo a máquina. Acho cruel. Temos muitos gases tóxicos e as pessoas se enfurnam nos carros, ligam o ar e nem imaginam que estão piores que os ciclistas, pois este ar interno não se renova. O respeito ou desrespeito é individual. Aquela pessoa que fura a fila da padaria é a mesma que usa o celular enquanto dirige, uma pessoa que não sabe conviver no coletivo.

Como é a rotina de bicicleta de vocês?

Hoje nós acordamos às 6h, tomamos café e saímos no mesmo horário todos os dias, 6h45. Em quinze minutos percorremos aqueles 5 km. Algumas vezes passamos pelas amoreiras do caminho e colhemos um pouco para comer no trajeto. Coisas da bicicleta.

Por que é tão difícil para as pessoas experimentar outras formas de locomoção?

Os adultos levam os filhos de carro para escola, eles estão dentro da máquina do sistema, como se não houvesse saída, como se aquilo fosse o único jeito de viver – e eu diria sobreviver, pois não é vida, não. Esses adultos se acomodaram em dar tablets e iPads para os filhos nos carros, eles mexem no celular e assim vão mascarando o tempo.

O que diria para uma mãe ou pai que deseja levar seu filho de bike em SP?

Eu diria para me procurar (chegueidebike@gmail.com). Posso acompanhá-los até a escola e ensinar muitas manhas para driblar buracos e ruas congestionadas.

Há um novo secretário de mobilidade em SP, João Octaviano Machado Neto. O que é fundamental nesta pasta?

Ciclovias, ciclovias e ciclovias, todas conectadas! Sem ciclovias jamais teremos uma boa cidade. Toda cidade em que você vê mais famílias pedalando é melhor para se viver. E pedalar com os filhos é muito bom, porque você passa valores, ensina na prática o respeito ao próximo.