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Bom de copo: Os vinhos orgânicos chilenos

Bom de copo: Os vinhos orgânicos chilenos

O Chile é um país que poderia ser todo biodinâmico ou orgânico. Afinal, sua situação geoclimática propicia isso. Um solo rico em cobre, uma geografia protegida por uma cordilheira a leste, um oceano a oeste, um deserto ao norte e uma geleira ao sul: esse cenário privilegiado evita que pragas e doenças, como a Philoxera, que dizimou as vinhas da Europa toda em 1865, penetrem no país.

Aliás, foi o Chile que forneceu mudas de vitis-viníferas depois que se descobriu que as vinhas enxertadas em raízes de vinhas americanas estavam imunes à praga. Dessa forma, 94% das vinhas são plantadas em pé-franco, nome que se dá ao plantio direto da videira, sem enxerto.

Mesmo assim, a maioria das vinícolas do Chile usa o sistema convencional, aquele que utiliza produtos químicos como fertilizantes e defensivos, além de empregar leveduras selecionadas, que não são as originais dos vinhedos.

Como sou um apaixonado pelos produtores “naturebas”, aqueles que são orgânicos, biodinâmicos ou naturais, fui garimpar as vinícolas que têm esse importante conceito no Chile. E elas existem! Por isso montei com o Artur Farias, um brasileiro que faz sucesso no Chile como operador de enoturismo para brasileiros, um roteiro perto de Santiago.

São seis vinícolas “naturebas”: Attilio & Mochi Passionate Winemakers, Odfijell, Antiyal, Catrala, Rukumilla e Tipaume. Há roteiros para três vales: Casablanca, Maipo e Cachapoal. Saúde!

Seis vinícolas em três vales

A “Ruta Natureba”, no Chile, envolve visitas às vinícolas, degustação e compra com descontos. Os preços variam de US$ 150 a US$ 220 por pessoa. O projeto foi lançado em abril na Enoteca Saint Vin Saint, que só vende vinhos orgânicos e naturais.

CASABLANCA

Attilio & Mochi e CATRALA.

A primeira é de um casal de brasileiros que desde 2011 produz excelentes vinhos no Chile. A vinícola Catrala é abraçada pela floresta, o que torna a visita muito especial.

MAIPO 

Antiyal, ODFJELL e rukumilla

A história familiar da bodega Antiyal, o centro biodinâmico da vinícola Odfjell, com sua bela vista do vale do Maipo, e a simpatia de Angélica e Andrés, da Rukumilla.

CACHAPOAL

Tipaume

O passeio começa nos vinhedos, onde se conhece mais sobre a agricultura orgânica, passa pela bodega subterrânea e termina na sala de degustação, cercada pela linda natureza local.

Mais informações:
Artur Farias arturtremperfarias@gmail.com

Bon Vivant: Conheça o que é um gastrobar

Bon Vivant: Conheça o que é um gastrobar

Se eu tivesse que escolher o mês da minha preferência em São Paulo, eu escolheria o mês de maio. É quando a cidade fica mais linda, banhada por essa luz característica da época conhecida como veranico. Essa luz é tão especial que consegue deixar mais bonitos não só folhas e árvores mas até prédios e postes.

Esta mesma luz que dá vontade de estar na rua até o último raio de sol é acompanhada de um friozinho gostoso, que só faz aumentar o apetite. E é aí que entra o conceito de gastro-pub ou gastrobar. É a possibilidade de unir o happy hour ao jantar sem sair do mesmo endereço, em um ambiente informal e despretensioso. E com ótima gastronomia e bebidas.

Ao mesmo tempo que o modelo de boteco só com porções e petiscos fritos vem rareando, há uma investida no mercado na mixologia, a evolução do universo dos drinques. Hoje são raros os happy hours e rides noturnos regados somente a chope e cervejas pilsen. Cervejas artesanais ou importadas na faixa de R$ 30 a R$ 40 são encontradas na maior parte dos bares.

Pois o gastrobar pressupõe essa pegada dupla com duas estrelas no comando: um bom chef e um bom barman, dois criativos em ambiente despojado. A origem é dúbia, mas tem certamente forte influência da Península Ibérica e da Inglaterra, onde o guia Michelin local dá um destaque excepcional a essa categoria. Em São Paulo, temos alguns representantes de diferentes origens culinárias que considero autênticos e competentes. Confira no box ao lado e boa diversão!

O Axado, de Joachim Koerper

Chef alemão radicado em Portugal, onde tem quatro restaurantes com uma estrela Michelin, Koerper montou uma maravilha de exemplar: o Axado. Experimente as minicataplanas de peixe com batata-doce e as lascas de bacalhau servidas sobre torradas de pão da casa, com chutney de pimentão e vinagrete de grão-de-bico.

Rua Dep. Lacerda Franco, Pinheiros, tel. 3819-1304.

Barê, de Rodrigo Einsfeld

Repaginado recentemente, o Barê ficou ainda mais convidativo. O chef e sócio Rodrigo investiu na mixologia e na gastronomia descomplicada. Experimente a paleta de cordeiro marinada e cozida no vapor por 12 horas ou o peito de pato acompanhado de mandioca rústica e cebolas ao molho rôti.

Alameda Lorena, 1892, Jardins, tel. 3564-2016.

Cazu, de Gabriel Benigni

Bem brasileiro e variado, o Cazu surpreende com receitas criativas que harmonizam bem com cervejas artesanais e drinques. O guisado de leitão com pasta de alho e torradas, o medalhão de mignon ao molho Dijon com fritas e o bife ancho com arroz biro-biro, fritas, vinagrete e farofa são boas pedidas.

Rua Harmonia, 321, Vila Madalena, tel. 2539-3860.

 Camden House, de Elisa Hill

Depois de onze anos em Londres, a chef Elisa abriu esse gastropub para oferecer um bom fish & chips, paletas e até um autêntico curry indiano com arroz basmati, pão naan e iogurte – que é servido em inúmeros pubs da Inglaterra. Para acompanhar, cervejas de pressão sazonais e ótimos drinques.

Rua Manuel Guedes, 243, Itaim Bibi, tel. 2369-0488.

Conheça o Mezzogiorno, o almoço executivo do La Tambouille

Conheça o Mezzogiorno, o almoço executivo do La Tambouille

Salada de brotinhos verdes com manga caramelizada, tomate cereja e nozes

 

Um dos restaurantes mais elegantes e charmosos da cidade, o La Tambouille oferece um cardápio executivo, o Mezzogiorno, pelo preço fixo de R$ 98. Mas vale dizer que não se trata de um almoço executivo comum. A experiência leva à mesa couvert, entrada, prato principal e sobremesa supervisionados por Carla Bolla e pelo chef Anderson Laranjeira. Pratos bem orquestrados e repletos de sabor, com apresentação impecável.

 

Ovos mexidos com salmão e frutas vermelhas

 

Além do famoso carpaccio da casa com queijo Grana Padano (foi o saudoso criador do restaurante, Giancarlo Bolla, quem trouxe a criação para a cidade), o novo menu de maio destaca o saboroso ovos mexidos com salmão defumado e frutas vermelhas. A outra opção é a salada de brotinhos verdes com manga caramelizada, tomate cereja e nozes.

 

Pescada amarela com spaguettini de legumes, do cardápio Mezzogiorno do La Tambouille

 

Das escolhas de prato principal, além de um destaque diferente a cada dia da semana, o menu oferece a bem balanceada pescada amarela ao molho Chardonnay com spaghettini de legumes ou com a pasta da casa feita na hora. Há também o tradicional, que voltou a moda, spaghetti à carbonara e como opção de carne, mezzaluna com molho de arrosto servido com risoto à milanesa ou com a pasta da casa.

Para a sobremesa, feche seu almoço com fruta ou doce do dia.

tambouille.com.br

Av. Nove de Julho, 5.925

Tels. (11) 3079-6276/ 3079-6277
86 lugares
Horário de funcionamento:
Ter. a qui.: 12h às 15h / Sex.: 12h às 15h

Cartões de crédito: Visa, MasterCard, Elo, Amex, Diners

Facilidades: reservas por telefone / wi-fi/ acesso e banheiro para deficientes físicos / área para fumantes

Valet R$ 25

 

Mobilidade: uma conversa com Silvia Ballan

Mobilidade: uma conversa com Silvia Ballan

Silvia Ballan desde 2010 leva diariamente, de bike, sua filha Nina à escola

Criadora do blog silviaenina.org e do projeto Cheguei de Bike, Silvia conta sua experiência de pedalar na capital paulista.

O que você sente quando pedala por SP com a sua filha Nina na garupa?

Eu sinto liberdade, prazer e principalmente me sinto poderosa e inteligente. Optei por um modo simples, rápido e divertido. Delícia é o sinônimo de nossos trajetos, caminhos mágicos numa cidade que é um caos urbano. É como estar numa nuvem linda sobrevoando o inferno, basicamente. Foi assim também com a minha filha Beatriz, de 19 anos.

Como você reage ao violento cenário urbano da cidade?

Eu fico muito triste, não vejo mudança a curto prazo. Vejo pessoas como no filme “The Wall” [1982, de Alan Parker], seguindo a fila, seguindo a máquina. Acho cruel. Temos muitos gases tóxicos e as pessoas se enfurnam nos carros, ligam o ar e nem imaginam que estão piores que os ciclistas, pois este ar interno não se renova. O respeito ou desrespeito é individual. Aquela pessoa que fura a fila da padaria é a mesma que usa o celular enquanto dirige, uma pessoa que não sabe conviver no coletivo.

Como é a rotina de bicicleta de vocês?

Hoje nós acordamos às 6h, tomamos café e saímos no mesmo horário todos os dias, 6h45. Em quinze minutos percorremos aqueles 5 km. Algumas vezes passamos pelas amoreiras do caminho e colhemos um pouco para comer no trajeto. Coisas da bicicleta.

Por que é tão difícil para as pessoas experimentar outras formas de locomoção?

Os adultos levam os filhos de carro para escola, eles estão dentro da máquina do sistema, como se não houvesse saída, como se aquilo fosse o único jeito de viver – e eu diria sobreviver, pois não é vida, não. Esses adultos se acomodaram em dar tablets e iPads para os filhos nos carros, eles mexem no celular e assim vão mascarando o tempo.

O que diria para uma mãe ou pai que deseja levar seu filho de bike em SP?

Eu diria para me procurar (chegueidebike@gmail.com). Posso acompanhá-los até a escola e ensinar muitas manhas para driblar buracos e ruas congestionadas.

Há um novo secretário de mobilidade em SP, João Octaviano Machado Neto. O que é fundamental nesta pasta?

Ciclovias, ciclovias e ciclovias, todas conectadas! Sem ciclovias jamais teremos uma boa cidade. Toda cidade em que você vê mais famílias pedalando é melhor para se viver. E pedalar com os filhos é muito bom, porque você passa valores, ensina na prática o respeito ao próximo.

Rádio Vozes: O grande Torquato Neto

Rádio Vozes: O grande Torquato Neto

Torquato Neto e Gilberto Gil

Olá viajante, prazer estar contigo. Este mês falarei de Torquato Neto, nome importante para a nossa música. Ele nasceu em Teresina em 1944 e morreu no Rio, aos 28 anos. Mesmo tão jovem, deixou um legado.

Foi parceiro de Gil em “Geleia Geral” e “Louvação”. Foi gravado por Gal Costa (“A Coisa Mais Linda que Existe”, “Mamãe Coragem”), por Jards Macalé (“Let’s Play That”) e Caetano Veloso (“Soy Loco Por Ti América”).

Entre 1971 e 1972, Torquato também escreveu uma coluna no jornal Última Hora. Antes, escreveu no icônico O Sol, jornal citado na canção “Alegria, Alegria” (“O Sol nas bancas de revista/ Me enche de alegria e preguiça…”) e no Jornal dos Sports, em 1967.

Textos cheios de energia e talento que se expressariam em letras de canções que viraram clássicos. Vale lembrar que outros autores de maravilhas como Fernando Lobo (“Chuvas de Verão”) e Antonio Maria (“Ninguém me Ama”) também exerciam nessa época o jornalismo como atividade de sustento. Imaginem!

Torquato, com a coragem dos poetas, foi um cronista! Um crítico militante da antropofagia e do Tropicalismo. Com seus escritos podemos sentir a atmosfera urgente de renovação. A arte como saída para a barbárie que se aproximava. A arte como reflexo do cotidiano, como expressão da consciência coletiva.

A importância do trabalho de Torquato Neto, além da beleza e do registro histórico, é justamente chamar a atenção dos leitores para o poder transformador da música. Muitas vezes, ele chama seus pares para essa ação: “Louvando o que bem merece, deixo o ruim de lado”.

Ao lado, algumas fontes para conhecer mais sobre Torquato. Muito obrigada e até a próxima!

PARA OUVIR, VER E SENTIR: 

Torquatália: Geleia Geral
Livro organizado por Paulo Roberto Pires e editado pela Rocco.

Todas as Horas do Fim
O filme de Eduardo Ades e Marcus Fernando conta a história de Torquato Neto. O ator Jesuíta Barbosa é quem interpreta o poeta.

Benditas Sejam as Moças: as Crônicas de Antonio Maria
Seleção de 47 crônicas de Antônio Maria publicadas originalmente no jornal Última Hora.

Chuvas de Verão
de Fernando Lobo (recomendo o álbum Caetano Veloso, de 1969).