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A jornalista que escolheu fazer rádio de outro jeito

por | fev 6, 2018 | Música | 0 Comentários

Recém-vencedora da primeira edição do Women’s Music Event Awards by Vevo na categoria “Radialista”, Patrícia Palumbo é um radar de novos talentos. Com audições no seu próprio apartamento em São Paulo, ela prevê quem serão os novos grandes nomes do país – e acaba se tornando madrinha de muitos deles –, assim como transmite aos seus ouvintes um pouco mais sobre os sons atuais e de tempos passados. Após vinte anos de trabalho na rádio Eldorado, com os programas “Vozes do Brasil” e “A Hora do Rush”, agora ela passa a ser conhecida como fundadora da rádio digital mais completa e bem feita do país. Patrícia Palumbo  nos recebeu em sua casa para contar um pouco sobre a Rádio Vozes e sobre sua relação com o rádio e com a música brasileira.

Como foi o processo de criação da Rádio Vozes?

Essa história de fazer uma rádio digital começou há cerca de dez anos, quando fui a Amsterdã visitar a cantora Ceumar. Ela morava lá junto ao marido, Ben, que é da área de produção musical. No porão da casa deles havia um miniestúdio, onde ele fazia uma rádio digital 24 horas sozinho. Na sala, havia um receiver de rádio web igual ao que temos em casa e, como qualquer um, você “zappeia” e para em rádios digitais. Isso ficou na minha cabeça me martelando por anos. Continuei fazendo rádio de diversas maneiras, mas cada vez mais ligada na possibilidade de ter uma rádio web. No entanto, o conceito de rádio web que a gente tinha até então no Brasil era muito cru, era simplesmente um player com o mesmo conteúdo que está no ar na rádio analógica tradicional. Não era o que eu queria. Há dois anos, quando eu estava cansada do mercado e do formato de rádio da maneira como ele é – e das dificuldades que o acompanham –, eu decidi entrar nessa onda digital e finalmente fazer uma rádio web. Comecei a pesquisar as possibilidades, as rádios web da Europa, e então criei essa história de fazer uma rádio como eu sempre quis fazer e como eu sempre quis ouvir. Uma rádio que toca música brasileira contemporânea, música do mundo, com programas de cultura, de arte e de variedades. Uma rádio que transmite um bom astral, que transforma a vida dos ouvintes – o que sempre foi o papel do rádio.

O que o rádio significa para você?

O rádio para mim é aquele lugar em que você tem a possibilidade de ter surpresas o tempo inteiro: chega coisa nova e você está ouvindo na rádio; uma música que você nunca ouviu na sua vida, que foi gravada em 1967, mas que também pode ser uma grande surpresa. E essa é a ideia da Rádio Vozes: que você possa transformar sua vida com a música, com alto astral e com conteúdo de altíssimo nível. Eu tenho adorado! Eu gosto de ouvir a rádio! [risos]

Explique um pouco como funciona a Rádio Vozes.

A Rádio Vozes é uma plataforma de conteúdo. Nós oferecemos duas experiências: o streaming de música, que é a Rádio Vozes, 24 horas e ao vivo. Ao mesmo tempo, temos uma produção de conteúdo específica para o offline, o “on demand”. Este “sob demanda” são os nossos podcasts que, no fim das contas, são como programas de rádio. Todo o nosso acervo de podcasts está disponível no aplicativo para smartphones Rádio Vozes, assim como no site radiovozes.com.

O que significava o MPB para a Patrícia de 18 anos e o que significa o MPB agora, para a Patrícia de 52?

MPB quando eu tinha 18 anos ainda tinha muito a ver com aquele conceito que foi difundido na época dos festivais. Meus pais sempre ouviram muita música, então desde pequena eu acompanho tudo. E em casa era assim: minha mãe gostava de MPB e meu pai gostava de música pop. Isso queria dizer que minha mãe ouvia Chico Buarque e Maria Bethânia e que meu pai ouvia Jorge Ben e Tim Maia. Tínhamos essa briguinha lá em casa. Então basicamente MPB para mim era música brasileira mais tradicional. Hoje em dia eu acho que esse termo, “Música Popular Brasileira”, da maneira como se entendia, não dá mais para aplicar, porque depois do tropicalismo, dos anos 2000 e do fim dos muros entre o pop e a canção, entre o pop e o tradicional, a música brasileira está toda muito junta e misturada. Nós estamos vivendo hoje a diversidade – ainda bem – da música brasileira de uma maneira muito presente. Então, hoje, MPB é uma sigla antiga.

Como você descobre novos nomes da música brasileira? Você faz viagens pelo país?

Já fiz muito isso e faço sempre que me convidam para festivais, pois são boas oportunidades de conhecer música nova. Eu conheci muita coisa viajando por Belém do Pará, durante um tempo em que acontecia o Terruá Pará, que foi um projeto lindo. Já fui muitas vezes para Salvador a fim de conhecer a música da Bahia. Para Minas e Belo Horizonte eu vou sempre. No entanto, eu também recebo muita coisa e busco muita coisa pela internet. A gente falou de Belém do Pará. Por exemplo, o Arthur Nogueira, que hoje está em seu quarto álbum, eu conheci através da internet. Eu ouvi uma música do Ali Salomão e do Jards Macalé que ele gravou chamada “Mal Secreto”, essa gravação é uma maravilha. Enfim, temos várias maneiras de conhecer boa música, mas o principal é estar sempre curiosa a respeito.

Você já se aventurou a fazer música?

Ah, claro que sim! Imagina se não! Quando eu era menina eu tive aulas de piano, mas a professora era muito brava e me assustou. Eu fiz flauta transversal, então nas rodinhas de fogueira e violão a gente tocava Crosby, Stills, Nash & Young, Jethro Tull, e eu fazia os improvisos de flauta, mas era uma flautinha Yamaha pequenininha. Violão eu também fiz algumas aulas e tal. Mas era tudo muito amador e, quando eu comecei a trabalhar com música, começou a ficar constrangedor tocar alguma coisa, então agora eu só toco música no rádio!

Descubra mais sobre a Rádio Vozes aqui. E não se esqueça de baixar o app!

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