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CEO da AccorHotels na América do Sul, Patrick Mendes aposta na diversidade e na sustentabilidade para manter a liderança

CEO da AccorHotels na América do Sul, Patrick Mendes aposta na diversidade e na sustentabilidade para manter a liderança

Antonietta Varlese, vice-presidente de comunicação da Accor, a drag queen Tchaka, e Patrick Mendes, em evento que comemorou um ano do comitê LGBT+ do grupo

Há alguns anos o departamento de RH da rede Accor tem usado um novo termo no seu dia a dia: casting. Jargão no meio artístico e cinematográfico, que define a seleção de elenco para um filme ou espetáculo, a palavra designa bem a atual fase dessa rede hoteleira francesa de cinquenta anos, há quarenta no Brasil.

“Hoje buscamos contratar pessoas de diferentes gêneros, etnias, estilos, idades e perfis, que representem vários tipos de públicos”, diz o francês Patrick Mendes, CEO da rede na América do Sul. Barmen tatuados, garçons-atores, atendentes com as mãos cheias de anéis – gente que foge do padrão usual do setor – estão em hotéis como o Pullmann, no bairro paulistano da Vila Olimpia.

Na luta para combater a LGBTfobia, o executivo diz promover a inclusão de todos os representantes da sociedade em seu grupo de mais de 22 mil colaboradores na América do Sul, entre eles profissionais transgêneros.

“Queremos que todos sejam muito bem-vindos”, afirma o CEO. Dentro desse mesmo espírito, um dos programas principais da AccorHotels é o Heartartist, em que os funcionários são treinados para oferecer experiências personalizadas aos clientes. O nome junta dois valores importantes para a rede: o coração e a arte. “Receber com carinho e autenticidade”.

Com isso, tem havido uma uma grande procura de jovens para trabalhar nos hotéis da rede. “Gente que não pensava em atuar na hotelaria vem dizendo que a Accor é diferente”. Os resultados, após essa mudança de paradigmas, são animadores. Rede líder no Brasil, com 310 hotéis, a Accor bateu seu recorde de abertura de unidades em 2018, com 52 novos hotéis – sua média no país é trinta por ano.

Além do investimento em uma hotelaria mais disruptiva e moderna, há um esforço do grupo em acelerar o desenvolvimento pela aquisição de grupos hoteleiros. “Nós adquirimos recentemente os grupos Posadas, BHG e Atton, e temos lançado novas marcas, como a Tribe, para quem quer pagar cerca de R$ 300 por um quarto, mas busca design e boa gastronomia”. O público-alvo deste nicho é o “urban traveller” da geração millenial, que busca tarifas mais baratas.

Outro perfil de cliente é o desejoso de experiências de luxo, exclusivas. Nesse rol incluem-se marcas como Mondrian, Delano, The Redbury, Morgans Originals e SLS, recém-adquiridas pela rede.

Há sete anos no Brasil, Patrick se diz “cada vez mais brasileiro”. Entusiasmado com o país, com o crescimento da rede e com os times daqui, ele vem criando novidades em sua gestão para motivar os colaboradores. Um exemplo é o programa Feel Welcome, em que ele recebe mensalmente, para um café da manhã, vinte recém-contratados, de todos os níveis e áreas.

A busca por um ambiente de trabalho agradável e por uma boa performance envolve principalmente a gerência geral dos hotéis – na qual 52% dos líderes são mulheres. “Nós temos uma maneira de medir a eficiência dos nossos gerentes com as pesquisas de satisfação dos hóspedes. Se as notas forem abaixo de 82%, o gerente pode ser impactado em sua remuneração, e aí nós o acompanhamos com treinamento na academia Accor”.

Outro pilar do grupo é a sustentabilidade. O programa Planet 21 visa reduzir o consumo de energia, aumentar o plantio de árvores e zerar o desperdício de alimentos. Sobras dos restaurantes viram adubo orgânico, hoje há mais de cem hortas orgânicas nos hotéis, e um projeto na Serra da Canastra já plantou 400 mil árvores desde 2009.

Fundação Hermann Hering busca alavancar a cultura e o empreendedorismo sustentável

Fundação Hermann Hering busca alavancar a cultura e o empreendedorismo sustentável

Foto: Divulgação

Responsável pela gestão do investimento social-privado da Cia. Hering, a Fundação Hermann Hering realizou somente durante o ano que passou, 124 eventos, entre oficinas e cursos para compartilhar técnicas em moda e design, treinamentos para a transformação de resíduos em novos produtos, atividades educativas para crianças, entre outros.

Engajada em projetos culturais e sustentáveis, reportou um crescimento de 26% no número de visitantes do Museu Hering e de quase 600% em eventos realizados, além de proporcionar, com apoio de leis de incentivo à cultura, o transporte de alunos da rede pública de ensino ao Museu Hering.

Durante o ano, a Fundação ocupou o Espaço Gertrud Hering, em Blumenau, casa histórica e tombada pelo patrimônio estadual. O local tem promovido experiências e vivências diferenciadas. Em 2018, foram recebidas mais de 400 pessoas. O espaço foi sede da Semana de Moda da FURB – Universidade Regional de Blumenau –, e de encontros da plataforma colaborativa Santa Catarina Moda e Cultura (SCMC) e da própria Fundação.

No período, a entidade aderiu ao programa Transporte Programado, com apoio do PRONAC – Programa Nacional de Apoio à Cultura –, por meio do qual oferta transporte gratuito para escolas públicas e grupos especiais até o Museu Hering, com o objetivo de realizarem uma visita educativa ao espaço. No total, foram patrocinados 36 traslados escola-museu-escola, o que corresponde a 31 instituições beneficiadas entre colégios e ONGs e 2.880 estudantes e professores contemplados pelo programa.

Centro de Memórias Ingo Hering. Foto: Divulgação

No Centro de Memórias Ingo Hering, foram catalogados 7.212 documentos, montante que se soma a um total de 35.018 itens registrados no acervo, mantido há muitas décadas e que, desde 2015, ano de abertura do espaço, vem recebendo atenção especial. Em 2018, foram implantados novos arquivos deslizantes, que passam a proteger, guardar e conservar o acervo. Neste período, foram realizadas higienizações de registros de plantas de unidades da Cia. Hering e 50 pesquisas atendendo a diversos públicos.

Projetos transformadores

Em 2018, a Fundação agregou mais dois projetos ao seu compromisso com o empreendedorismo: Mãos Solidárias, em parceria com o Senai-GO e a Prefeitura da cidade de Morrinhos-GO, e Oficinas Criativas de Soluções, em parceria com o Instituto Reciclar, em São Paulo. O primeiro reúne pessoas acima de 60 anos, que produzem biojóias a partir de resíduos têxteis oriundos de indústrias da região. As peças confeccionadas estão expostas no Museu Hering.

Já as Oficinas Criativas de Soluções são constituídas por jovens entre 15 e 17 anos, do bairro de Jaguaré, em São Paulo, que desenvolvem o olhar para o varejo, por meio da ressignificação e do empoderamento criativo e de exercícios para a composição de coleções. O projeto foi desenvolvido com o time do Instituto Reciclar e da Fundação.

Outro destaque é a parceria com o Sebrae Nacional para a realização do Encadeamento Produtivo, o qual possui a estratégia de ampliar a competitividade por meio de relacionamentos cooperativos entre grandes companhias e pequenos negócios em Goiás, Rio Grande do Norte e Santa Catarina. A Fundação manteve, ainda, a parceria com o Senai–GO para os projetos Arte de Costurar, que realiza capacitações em costura industrial e mecânica de máquinas a jovens de 16 a 18 anos, de São Luís de Montes Belos (GO).

Museu Hering está entre as 10 atividades mais recomendadas para visitar em Blumenau, segundo informações do site de viagens TripAdvisor. Foto: Divulgação

Dentre os projetos de grande relevância para o portfólio de parcerias da Fundação Hermann Hering, por meio do PROAC-SP, está o Trama Afetiva, que agrupa estudantes e profissionais de moda e design, interessados na pauta upcycling e no processo de repensar o consumo. Os “trameiros” contaram com tutoria de Alexandre Herchcovitch, Itiana Pasetti e Marcelo Rosenbaum e direção criativa de Jackson Araujo e Luca Predabon. Como resultado do Trama Afetiva foi criado o projeto Retrama, o qual criou peças produzidas a partir de resíduos têxteis da Cia. Hering e inspiradas na Trama Afetiva.

Impacto social

Ao longo do ano, a Fundação Hermann Hering investiu com seus parceiros 2.743 horas em capacitações e consultorias promovidas nos projetos, oficinas e eventos e mobilizou mais de 120 oficineiros, criativos, educadores e expositores que compartilharam seus conhecimentos durante as ações. O Museu Hering recebeu durante o ano 29.795 visitantes. No total, quase 100 mil pessoas foram impactadas de forma presencial e virtual pelas iniciativas da Fundação.

Mais informações: www.fundacaohermannhering.org.br / @fundacaohering / @museuhering

Bicicletas e patinetes reafirmam a importância de modais sustentáveis em São Paulo

Bicicletas e patinetes reafirmam a importância de modais sustentáveis em São Paulo

Ciclistas, patinetistas e o bike táxi Bikxi na ciclovia Faria Lima, a mais movimentada de São Paulo

Um harmonioso e silencioso congestionamento de ciclistas e patinetistas. É assim que fica, por alguns instantes, a ciclovia da avenida Faria Lima no início da manhã e no final da tarde. O principal corredor cicloviário de São Paulo, que liga o Parque Villa-Lobos, na zona oeste, ao bairro da Vila Nova Conceição, na zona sul, chega a ter um pouco de fila nos horários de pico. Mas essa fila anda… Não se compara à situação da avenida coalhada de carros, uma das vias mais lentas da cidade.

São cerca de nove mil ciclistas que passam pela ciclovia por dia, um aumento de 73% em relação a 2017. De acordo com dados da CET, em 2017 mais de 1 milhão e 600 mil viagens foram feitas ali, contra 930 mil em 2017. O crescente movimento comprova a ideia de que basta oferecer infraestrutura que os ciclistas aparecem. Como explica a urbanista Irene Quintáns, o ideal é fazer o sistema cicloviário por oferta, não por demanda. “Você não coloca ciclovia porque ali tem muito ciclista, você coloca para que tenha muito ciclista. Isso é fundamental para formar público”, ensina.

A cena na Faria Lima é bonita e traz um alento para quem busca uma cidade de São Paulo mais humana, mais gentil, mais ligeira e menos poluída. A cada ano aumentam os congestionamentos e as horas perdidas na capital paulista. Estima-se que o paulistano passe, em média, um mês e meio parado no trânsito por ano.

Sexta metrópole mais poluída do mundo, ela está no ranking por responsabilidade quase integral das emissões dos carros. “Em São Paulo, eles causam 92% da poluição, ao contrário de outras cidades afetadas pela indústria”, diz Adalgiza Fornaro, professora de Climatologia da USP.

Por isso, e por uma infinidade de razões, é muito bem-vindo o burburinho colorido de bicicletas e patinetes com pessoas dos mais variados perfis e idades. Só nos primeiros cem dias de 2019, o Bike Itaú, sistema de bicicletas compartilhadas operado pela Tembici e patrocinado pelo Itaú Unibanco, atingiu o recorde de quatro milhões de viagens em suas operações brasileiras e latinoamericanas.

O aumento exponencial de bicicletas compartilhadas e patinetes elétricas aconteceu em São Paulo de 2018 para cá

Para Guilherme Monacelli Cipullo, das relações institucionais do banco, a micromobilidade é a grande tendência deste e dos próximos anos. “Ela envolve os trajetos curtos realizados para as ações de seu cotidiano, como ir à padaria, à farmácia, ao almoço no restaurante.

Eles fazem parte de um universo de 46,7% de deslocamentos que não abrangem o ir e vir da casa para o trabalho e vice-versa, de acordo com a mais recente Pesquisa Mobilidade da População Urbana, da CNT (Confederação Nacional do Transporte). A tecnologia é central nesse movimento, ajudando as pessoas a decidir como vão se locomover”.

Segundo Marcel Bely, gerente de relações públicas da Yellow, que recentemente se fundiu com a mexicana Grin, de patinetes elétricas, as duas empresas estão comprometidas em atender às necessidades de mobilidade em toda a América Latina. “É onde a alta densidade populacional e a infraestrutura de transporte insuficiente criam uma demanda única por soluções de micromobilidade”, diz Bely.

Segurança é essencial

Especialistas alertam, porém, para a necessidade de uma regulamentação desses novos modais. Bikes e patinetes circulam também pelas calçadas, colocando em risco a segurança de pedestres. A Prefeitura de São Paulo montou um grupo de trabalho para discutir as regras e pretende reduzir a velocidade nas ciclovias. Pela lei brasileira, patinetes não podem passar de 20 km/h nesses locais. Segundo Marcel Bely, recentemente a Grin e a Yellow anunciaram uma ação educativa com crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade no Largo da Batata.

Em abril, foi noticiado que um grupo de adolescentes tem usado patinetes elétricas para realizar roubos na região. “Também estamos em constante diálogo com a Secretaria de Assistência Social e Conselho Tutelar para, de forma conjunta, buscar as melhores soluções para desenvolver esses menores e, assim, aumentar a segurança da operação nessa área”.

Primeira e última milha

Atualmente, a Yellow e Grin juntas contam com mais de 135 mil patinetes e bikes em sete países, já realizaram 2,7 milhões de viagens em apenas seis meses e empregam 1,1 mil funcionários. “O objetivo da Yellow é revolucionar o transporte por meio da disponibilização de alternativas para as chamadas ‘primeira e última milha’ das viagens urbanas”, diz o executivo.

Em São Paulo, onde a ocupação dos carros é baixíssima (a média é 1,4 ocupante por veículo), dois terços das viagens de automóvel são de menos de 5 km e, portanto, muitas vezes substituíveis por formas mais inteligentes e sustentáveis de transporte. Negócios têm surgido dessa necessidade. Um deles é o Bikxi, primeiro táxi de bicicleta da cidade, nascido há quase dois anos. O economista Danilo Lamy andava estressado com o trânsito e decidiu investir em uma bike elétrica.

Aplicativos como o Grin, possibilitaram grandes avanços na mobilidade urbana

A guinada positiva motivou-o a montar a empresa para oferecer o serviço de táxi, estendendo esse bem-estar às pessoas. Elétricas, as bikes duplas são dirigidas por profissionais treinados e atendem apenas em ciclovias e ciclofaixas. O passageiro pode pedalar com o bikxer ou apenas relaxar e curtir o passeio.

Em uma roda só

CEO da Eletricz, que comercializa monociclos elétricos, Marcio Canzian calcula que foram vendidas cerca de 1500 unidades nos últimos doze meses em todo o Brasil. Diferentemente das bikes e patinetes, o monociclo elétrico requer um treinamento específico.

Marcio frisa que em até duas horas é possível aprender os comandos básicos, as curvas e as dicas para se manter em pé no equipamento. “E a vantagem é que eles são muito versáteis. Pequenos e relativamente leves, têm autonomia de bateria que pode chegar a 140 km com uma só carga e transpõem todo tipo de terreno, mesmo as subidas mais íngremes, sem qualquer esforço físico”, explica Canzian.

Os monociclos contam com um giroscópio eletrônico que deixa o centro gravitacional tracionado na posição horizontal e um acelerômetro que reconhece o movimento pendular do corpo, fazendo com que o veículo se locomova até atingir a velocidade desejada.

O anjo da bicicleta

Quem nunca andou de bicicleta ou fica inseguro para pedalar na cidade pode ter a ajuda do Bike Anjo, uma rede que surgiu há nove anos em São Paulo com o objetivo de incluir a bicicleta na vida das pessoas. Hoje o projeto está espalhado em 741 cidades de 34 países e atua com 7.267 voluntários, que já atenderam 22 mil pessoas, sempre gratuitamente.

Para pedir o auxílio de um Bike Anjo basta se inscrever no site bikeanjo.org. O passo seguinte é encontrar o instrutor, que irá ajudar nesse primeiro trajeto da sua casa até o trabalho, por exemplo. “O importante é ajudar as pessoas a andar de bicicleta e traçar rotas e itinerários mais seguros. Assim a gente contribui para tornar possível o uso da bike no dia a dia”, explica Marina Castilho, que atua na rede.

Avenida Paulista, cartão postal da cidade

Entre as ações que o grupo faz nas várias cidades em que atua, uma de destaque é a campanha De Bike ao Trabalho, que acontece no dia 10 de maio. Neste ano a campanha faz um chamado para mapear as Empresas Amigas da Bike: por meio de um formulário simples, no site da campanha, a empresa submete seu perfil como apoiadora e incentivadora dessa prática entre seus colaboradores.

Vagas com antecedência

Em 2011, o catarinense Daniel Kohntopp veio trabalhar em São Paulo e estranhou a imobilidade do trânsito. Como sempre andou de bicicleta em Joinville, passou a usar sua magrela, mas ficava inseguro ao estacioná-la nas ruas. Há um ano, idealizou a startup Bike & Park, que ele acaba de lançar, com um app que liga o ciclista a uma rede de estacionamentos com bicicletários automatizados. O ciclista pode reservar a sua vaga com antecedência e tem seguro incluso durante o uso, com o pagamento realizado pelo próprio aplicativo. “Também estamos montando planos para empresas que desejam colocar o serviço como benefício para seus colaboradores”, explica Daniel.

Outro aplicativo criado para facilitar a vida do ciclista nas cidades é o UseBike, que existe há três anos. A plataforma colaborativa mapeia pontos de aluguéis, prestadores de serviço, oficinas, bicicletários, paraciclos e rotas, além de locais para banho e outros estabelecimentos bike friendly no Brasil – com uma tecnologia que é acessível no mundo todo. “Hoje temos mais de trinta mil pontos cadastrados para tornar o pedal mais seguro e prazeroso”, diz Thiago Turbian, um dos quatro fundadores da startup.

Movidos a arroz e feijão

Segundo uma grande pesquisa sobre cidades inteligentes feita pela empresa Hello para a Tupinambá, todas as ações que priorizam o pedestre e o ciclista – como o fechamento de importantes ruas para lazer de pedestres, a criação de ciclovias e ciclofaixas e a diminuição de espaço para carros – são vistas com bons olhos pela maior parte das pessoas. “Constatamos que 75% dos entrevistados aplaudem essas iniciativas”, diz Davi Bertoncello, CEO do Hello Group. “A pé também é transporte”, lembra Silvia Stuchi Cruz, fundadora da ONG Corrida Amiga, que trabalha com a mobilidade ativa.

Sua missão é inspirar as pessoas a trocar o carro pelo tênis. “O transporte a pé gera benefícios para a saúde e protege o meio ambiente. Você não polui, porque é movida a arroz e feijão”, diz a andarilha Silvia, que faz todos os trajetos pela capital paulista – todos, sem exceção – caminhando ou correndo.

Fundamentada no conceito de microrrevoluções urbanas – pequenas atitudes dos cidadãos que, somadas, podem solucionar problemas urbanos sem a intervenção do poder público –, a Corrida Amiga nasceu em 2014, quando Silvia, retornando ao Brasil após residir um ano na Inglaterra, sentiu a necessidade não apenas de utilizar os pés como meio de locomoção, mas também de inspirar este meio de transporte como estilo de vida. Hoje a organização se espalhou pelo país, mobilizando mais de mil pessoas em quinze cidades. Em 2015, consolidou a iniciativa também na Austrália.

Empresas adotam cada vez mais práticas sustentáveis em seus produtos

Empresas adotam cada vez mais práticas sustentáveis em seus produtos

Switchel Kiro, feito com gengibre orgânico

Duas regras básicas do empreendedorismo são investir em algo totalmente novo ou atuar em um segmento que esteja em expansão. A tendência nesse milênio vem sendo o consumo cada vez maior de produtos que não comprometem o meio ambiente e nem a saúde das pessoas, e isso abre muitas novas oportunidades para os empreendedores.

Provas disso são as áreas de produtos orgânicos nos supermercados, que não param de ser ampliadas, o número cada vez maior de empresas que adotam práticas sustentáveis e o crescente grupo de consumidores enxergando o valor desse diferencial do “justo, ecológico e saudável”.

De olho nesse filão, vários negócios nascem e conquistam bons resultados para quem produz, quem vende, quem compra e também para o planeta! É muito mais gostoso e racional consumir um azeite biodinâmico e fresco da Serra da Mantiqueira, como o Zet, do que um similar trazido da Itália ou de Portugal, feito a milhares de quilômetros da sua casa e sem que a gente saiba em que condições ele cruzou o Atlântico.

E que tal usar cosméticos veganos – como o gloss Bioart e os batons da Simple Organics – que não são testados em animais e não possuem parabenos e corantes sintéticos em sua composição? Até na hora de tomar uns drinques a opção ecológica é melhor: a ressaca de quem bebe a vodca orgânica Tiiv, de Taquaritinga, é bem mais amena do que a causada por bebidas convencionais, que podem conter traços de agrotóxicos.

Outros bons exemplos de produtos desenvolvidos para as pessoas que se preocupam com a saúde e a natureza, mas não abrem mão dos pequenos prazeres da vida são o switchel Kiro e as pipocas Maïs Pura. Feito com gengibre orgânico e vinagre de maçã, o switchel é uma ótima alternativa de bebida não alcoólica para adultos que, além de deliciosa, refrescante e revigorante, funciona como um poderoso isotônico.

Presente em bares e restaurantes como o Arturito, o Spot, o Futuro Refeitório e a Padoca do Maní, o Kiro nasceu a partir de um insight dos jovens empreendedores Leeward Wang, Roberto Meirelles e Lena Mattar, que fizeram um investimento inicial de R$ 60 mil para dar o start na produção e colocar a marca no mercado.

Pipoca Maïs Pura, com milho não transgênico

Já as pipocas Maïs Pura têm como diferencial o fato de serem elaboradas com milho não transgênico e não trazerem nenhum conservante ou ingrediente alergênico. Lançadas por Fernando Nazareth, elas têm seis sabores doces e salgados e podem ser encontradas em mais de sete mil pontos de venda.

“Apesar de ele ser muito mais difícil de encontrar e custar 30% mais caro do que o convencional, só utilizamos o milho não transgênico. Os estudos sobre os efeitos de alimentos trans no organismo humano e na fauna da zona rural ainda são pouco conclusivos e, para nós, a segurança alimentar e o bem-estar dos nossos clientes valem mais do que qualquer dinheiro”, afirma Nazareth.

Pro Coletivo: por dentro da e-bike

Pro Coletivo: por dentro da e-bike

Bicicleta elétrica da Lev

Desenvolver um meio de transporte sustentável e incentivar um estilo de vida equilibrado. Essa ideia motivou a criação da Lev, marca de bicicletas elétricas que une inovação, design e serviço diferenciado. Em uma viagem à China, em 2007, o carioca Bruno Affonso se encantou com as magrelas elétricas nas ruas de Pequim. Comprou uma e percebeu que seria uma ótima alternativa para o Brasil.

Durante dois anos em Pequim, ele criou uma marca com uma pegada bem brasileira. Mudou os desenhos dos quadros, adaptou as baterias, imprimiu cores vibrantes e desenvolveu um design especial, inspirado nas curvas do Rio.

Ao final de 2009, em parceria com o irmão, Rodrigo, trouxe ao Brasil o primeiro contêiner de bicicletas: nascia então a Lev, que hoje conta com dez lojas próprias e 31 mil e-bikes nas ruas.

No mesmo ano, uma outra marca brasileira de bicicletas elétricas surgia em Minas Gerais: trata-se da Sense Bike, que integra a Lagoa Participações, grupo mineiro que desde 1981 investe no universo de duas rodas. O sonho? “Construir uma marca de bicicletas feita por apaixonados para apaixonados, com padrão internacional, foco em desenvolvimento e indústria de ponta”, resume Henrique Ribeiro, CEO da marca.

Em 2014, a Sense inaugurou uma fábrica em Manaus com recursos inovadores de tecnologia. E no ano passado comprou a Swift Carbon Global, importante fabricante mundial de bikes em fibra de carbono, com operação industrial na cidade do Porto, em Portugal. Praticamente quebrou um paradigma no setor de bicicletas – uma empresa nacional adquirindo uma estrangeira – e abriu mercado em mais de quarenta países.

A trajetória dessas duas empresas nacionais, que em menos de dez anos rodam negócios de sucesso, mostra o crescimento desse modal. Veículo elétrico mais vendido do planeta, de acordo com a consultoria Navigant Research, a e-bike é prática, não demanda grandes espaços para estacionar e pode aproveitar a infraestrutura cicloviária existente.

Boa para quem pedala por lugares íngremes ou precisa percorrer longos percursos, pois permite dar um fôlego maior na pedalada, ela não emite gases poluentes, é silenciosa e econômica: livre de impostos anuais, custa entre R$ 4 mil e R$ 8 mil em média, com baterias de lítio com autonomia de 25 a 50 quilômetros.

E o bacana é que o exercício físico está embutido no “pacote”. A e-bike é apenas uma assistência ao ciclista, pois é preciso pedalar para o sistema funcionar. Enfim, uma boa alternativa para ganhar tempo e melhorar a qualidade de vida no Brasil, país em que ficamos, em média, 25 dias por ano parados nos engarrafamentos.