O recém-inaugurado Teatro XP Investimentos é uma das mais moderna casas de espetáculo do Rio de Janeiro, com capacidade para 366 espectadores, acessibilidade total, acústica da melhor qualidade e um ambiente requintado e cheio de história. Ele funciona dentro do Jockey Club Brasileiro, em uma construção tombada pelo Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.
Preta Gil narra a história de sua vida em “Mais Preta que Nunca”. Foto: Divulgação
A programação deste mês inclui os espetáculos “A Casa dos Budas Ditosos” (nos dias 11, 12, 13, 18, 19 e 20, com Fernanda Torres interpretando texto de João Ubaldo Ribeiro) e “Mais Preta que Nunca” (nos dias 14, 15, 16, 17, 21, 22, 23, 24, 28 e 29, com Preta Gil em um monólogo que narra a história de sua vida em forma de musical, dirigido pelo ator Otávio Muller, seu ex-marido).
O que não falta em São Paulo são atividades para se fazer, exposições para visitar e filmes para assistir. Agora saber de tudo o que está acontecendo pela cidade é outro assunto. Portanto, para te ajudar, montamos uma agenda cultural mostrando o que fazer por São Paulo no final de semana.
Eventos
Casa das Rosas recebe Coletivo Pink
Coletivo Pink realiza exposição na Casa das Rosas. Foto: Divulgação / Coletivo Pink
Até dia 20, a Casa das Rosas recebe uma série de atividades culturais e educativas sobre o câncer de mama. No mês dedicado à conscientização para o controle e diagnóstico da doença (o Outubro Rosa), a Casa abriu espaço para o movimento Coletivo Pink apresentar, à sua maneira, as múltiplas formas de se abordar o tema. O propósito do Coletivo Pink – “Por um Outubro Além do Rosa” é encontrar formas de dialogar com toda a sociedade e dar voz para quem enfrenta o câncer de mama. Para algumas atividades é necessário fazer inscrição pelo site do evento.
Inaugurado no primeiro semestre deste ano, o bar Hoegaarden Greenhouse participa do Brunch Weekend, em outubro. Para quem não conhece, o Brunch Weekend é um evento que acontece em São Paulo e Rio de Janeiro, disseminando o conceito de brunch com um roteiro selecionado de restaurantes que reúnem diversas opções do café da manhã e almoço em uma só refeição. No caso do bar, o cardápio exclusivo inspirado na primavera feito pelo chef Raphael Despirite estará disponível até dezembro. Serão oito opções, entre entradas, refeição principal e sobremesa, que compõem os pratos.
Nômade Festival
Nômade Festival acontece nesse final de semana. Foto: Divulgação
O Nômade Festival está de volta ao Memorial da América Latina. Começando dia 12 de outubro, vem para celebrar a diversidade e compartilhar estilo e boa música, ao longo de 10 horas de programação. O line-up traz nomes dos mais variados estilos, desde o pop rural do duo Anavitória, até o som de Arnaldo Antunes, passando pela black music e o soul da Liniker e ainda a africanidade pop de Luedji Luna.
Espetáculos
Orquestra Jovem do Estado
Orquestra Jovem do Estado de São Paulo, na Sala São Paulo. Imagem: Reprodução
A Orquestra Jovem do Estado de São Paulo recebe dois convidados especiais para os concertos do mês de outubro: o maestro norte-americano Ira Levin e a mezzo-soprano Denise de Freitas. O grupo, formado por 90 bolsistas, faz concerto gratuito no dia 12 de outubro, sábado, às 20h, na Sala Palma de Ouro, em Salto/SP, e no domingo dia 13, às 16h, na Sala São Paulo, com ingressos a R$30 e R$15 (meia). Ingressos no site.
Cinema
“Morto não fala” estreou essa semana nos cinemas. Foto: Divulgação
Tem filme nacional de terror estreando nos cinemas. “Morto não fala” acompanha um plantonista de um necrotério, Stênio (Daniel de Oliveira) possui um dom paranormal de se comunicar com os mortos. Trabalhando a noite, ele já está acostumado a ouvir relatos do além. Porém, quando essas conversas revelam segredos sobre sua própria vida, o homem ativa uma maldição perigosa para si e todos a sua volta.
Esse é um grupo que não é um grupo e que fará um show que não é um show… Trata-se do Koolulam, “grupo” israelense que desembarca pela primeira vez na América do Sul, para se “apresentar” em São Paulo. As aspas, quando se fala em apresentação, ficam por conta da dinâmica do evento: um grande ensaio de uma única música, cujo principal artista é o próprio público. O show, na verdade, se torna uma grande catarse, reunindo estranhos sem experiência em cantar para interagirem de forma harmônica.
Nos show do Koolulam quem canta é o próprio público. Foto: Divulgação
A ideia do Koolulam surgiu em 2017 quando o multicultural Or Taicher viu pelo YouTube cerca de 1.000 pessoas rezando juntas em voz alta no Muro das Lamentações, em Jerusalém. Ele, que nada tem de religioso, viu na cena uma inspiração para transmitir uma mensagem de união, que lembrasse as pessoas sobre o que as unem ao invés do que as dividem e separam.
Pouco depois, a especialista digital e empreendedora Michal Shahaf, hoje gerente geral do Koolulam, uniu-se a Or Taicher para fornecer sua experiência na construção de um projeto. O maestro Ben Yaffet, que atua como diretor musical, é o terceiro fundador. Foi o 12º. maestro procurado por Taicher. O primeiro que aceitou o desafio. Hoje, quem o vê no palco e nos vídeos não imagina o projeto sem ele.
Os fundadores acreditam que reunir diversos membros da sociedade através desses eventos pode superar suas diferenças e ajudar a criar uma experiência mais unificada. E essa convicção tem se convertido em realidade. Em menos de três anos de existência, o Koolulam já recebeu três prêmios internacionais: o Asia Game Changer Award, o Jerusalem Unity Prize e o WhatsNext Musical Innovation Award, todos em 2018.
O nome Koolulam vem de uma combinação das palavras hebraicas kulam (todos), kol (voz) e kululu (grito, uivo ou som de alegria emitido em momentos de alegria por pessoas das comunidades judaicas do Norte da África e Oriente Médio).
Koolulam em São Paulo
Em São Paulo, o evento acontece no dia 1º. de dezembro, das 16h30 às 18h30, no auditório Espaço de Eventos Parque Estaiada, à av. Ulysses Reis de Mattos, 230, com capacidade para três mil pessoas. O preço do ingresso é de R$ 186,00. Pode ser adquirido através do site ou pelos telefones 11-3042-4673 e 3042-0240.
Os portões abrem mais cedo. A partir das 14h30 o público tem opções de Food Truck, inclusive com comida Kasher (feita de acordo com os preceitos da religião judaica). Depois, a partir das 15h30, ao ingressarem no espaço do evento, as pessoas são classificadas em três “grupos vocais”: barítono, alto e soprano. Após essa classificação, todos ensaiam a música escolhida (ainda indefinida), que será brasileira, com arranjo instrumental e vocal inovadores. Os ensaios duram em média 60 minutos, sob a regência do maestro Ben Yaffet, acompanhado pela arranjadora vocal e maestrina Lilach Krakauer. O auge é quando toda a plateia canta junto. No show do Koolulam em São Paulo serão 3.000 vozes.
Evento inter-religioso na Torre de David, em Jerusalém. Foto: Divulgação
Serviço
Dia 1º. de dezembro, das 16h30 às 18h30
Avenida Ulysses Reis de Mattos, 230, tel. 3042-4673.
Dia 11 de outubro, o palco do Theatro Municipal do Rio recebe a cantora e compositora texana Jazzmeia Horn, uma das grandes revelações do jazz contemporâneo dos Estados Unidos.
Jazzmeia Horn é um dos grandes nomes do jazz atual. Foto: Divulgação
Com apenas 28 anos, é uma fera na arte da improvisação vocal e no scat singing (técnica em que a voz funciona como um instrumento de percussão). A artista também é conhecida por seu engajamento em causas sociais e pela valorização da identidade afro-americana.
Abordando esses temas, ela acaba de lançar seu segundo álbum, “Love and Liberation”, com oito composições de sua autoria, que fazem um mix de jazz com hip hop, soul e R&B. Com uma vasta legião de admiradores em todo o mundo, Jazzmeia encanta por suas performances cheias de sentimento, com a intensidade de Billie Holiday, o virtuosismo de Sarah Vaughan e o ativismo de Nina Simone. Logo ao nascer, a artista foi abençoada com um nome bem apropriado: sua avó, pianista de jazz, foi quem sugeriu que ela fosse batizada como “Jazzmeia”. Deu no que deu…
Os lugares não são apenas pontos geográficos, são de onde partem as nossas perspectivas para o mundo. “Ser de Tocantins, do interior de um estado esquecido, nos torna empáticas com as diferentes realidades que existem no Brasil, os olhos e os ouvidos estão mais abertos”, diz Vitória Falcão, da dupla Anavitória.
Em outubro, duo leva o estilo pop rural para o Rock in Rio e o festival Nômade, na ponte aérea Rio-SP. Foto: Daryan Dornelles
De Araguaína, as duas cantoras hoje se deparam com a velocidade da vida em São Paulo, terminam a segunda turnê e se preparam para rodar ainda mais pela América Latina, com shows na Argentina em 2020. A dupla também se apresenta no dia 5 de outubro no maior festival de música do país, o Rock in Rio, e no Nômade, em São Paulo, no dia 12 deste mês. “Agora é tudo gigante”, repara Ana Caetano.
Apesar do sucesso rápido, a calma está na voz das duas, que ouvem as perguntas para este perfil entre reflexões e pensamentos compartilhados. Olhando uma para a outra, buscam exemplos para explicar o impacto que é sair de uma cidade interiorana para viver na maior capital da América do Sul. “Em Araguaína, não era possível ver uma exposição de arte, ir a um show de um cantor favorito tão facilmente e até os filmes no cinema demoravam a chegar”, conta Ana. Na capital paulista, moram e trabalham na região central, e não param. “O mais legal de viver e trabalhar em São Paulo são os encontros possíveis”, declara Vitória.
Foi por meio desses encontros que Ana e Vitória agora são Anavitória, dupla ganhadora do Grammy Latino de Melhor Música em Língua Portuguesa com “Trevo (Tu)”, em 2017, e indicada à premiação deste ano com o novo álbum, “O Tempo É Agora”. As amigas conheceram o empresário Felipe Simas em 2015, depois de mandarem suas versões de músicas do cantor brasiliense Tiago Iorc feitas em seu canal no YouTube, e deslancharam a carreira. Os cabelos soltos e os pés descalços encantaram o país com o primeiro e mais conhecido single, “Singular”.
Os versos e as vozes suaves declaram amor, primordial entre todos e o sentimento que atravessa as canções de Anavitória. Talvez em falta entre os músicos populares e contemporâneos do país, a simplicidade das jovens de 24 anos é como sua canção de maior sucesso.
De tudo fica um pouco
Ana Caetano cursava Medicina. Vitória Falcão enveredou pelo Direito. Com vinte e poucos anos, os conflitos sobre seguir as carreiras tradicionais faziam as amigas questionarem se a veia artística de ambas seria deixada de lado. A música sempre esteve presente na casa das duas, mas elas são as únicas que a seguiram profissionalmente.
O pai de Vitória tocava bateria em uma banda de amigos e ela cantava na igreja. Já Ana tinha muitos instrumentos em casa, escrevia suas próprias canções e postava algumas delas no Youtube. “Minha avó conta que tínhamos um parente famoso na cidade, o Chico Tomás, que era violeiro”, recorda, entre risadas e lembranças da família.
Foi preciso coragem para seguir os próprios desejos. “Minha cabeça estava uma bagunça, gostava de cantar e todo semestre era uma luta para continuar na faculdade”, diz Vitória. “Antes de trocarmos o certo pelo incerto, Vitória me convenceu a ir para São Paulo e aí acabamos trancando os cursos”, lembra Ana.
Elas, então, tranquilizaram as famílias, que apostaram nos estudos das filhas. Pediram um tempo para os pais, foram experimentar a vida na cidade grande, conheceram outros cantores e agora já não pensam mais em voltar atrás. “Tudo o que experimentamos fica em nós, agora vemos como foi a melhor mudança das nossas vidas, mas ainda é louco pensar que deu certo!”, percebe Vitória.
O sucesso foi reconhecido pelos familiares e por toda Araguaína, no Tocantins. Em 2017, a dupla voltou à cidade para se apresentar em praça pública com ingressos gratuitos. O resultado foi um show lotado e uma cidade mobilizada para recebê-las como estrelas. O retorno foi registrado no documentário “Anavitória: Araguaína – Las Vegas”, disponível na Netflix.
Documentário mostra a vida e bastidores da dupla
O tempo é agora
“Sempre nos perguntam sobre sonhos e planos futuros, mas para mim já está tão bom assim…”, reflete Ana. O tempo presente é, como a palavra diz, um presente para Ana e Vitória. E elas são conscientes disso. “Queremos seguir fazendo música, a ansiedade surge quando acaba uma turnê, mas no final somos só nós, cantando”.
Ana e Vitória estão realmente mergulhadas na música. Em fevereiro de 2018, lançaram seu terceiro EP, “Anavitória Canta para Foliões de Bloco, Foliões de Avenida e Não Foliões Também”, com o músico baiano Saulo Fernandes – canções para ouvir em casa, dançar e curtir. Em junho do ano passado, a dupla saiu em uma miniturnê com o cantor Nando Reis pelo Brasil. “Nando é uma referência, ele combina com a gente”, pontua Vitória.
Ainda naquele mesmo mês, foi anunciado o longa-metragem “Ana e Vitória”, também na Netflix. No dia da estreia do filme, foi lançado o segundo álbum de Anavitória, “O Tempo é Agora”. “A gente faz música, às vezes despertam outros projetos em torno dela, mas o foco é sempre cantar no final das contas”, diz Ana.
Cerâmica e cozinha
Só que as inspirações para a música também vêm de outros momentos e de outras atividades. “Meu hobby atual é a cerâmica, o que fazemos com a mão desliga um pouco a mente, tenho gostado muito”, conta Ana. “E eu amo cozinhar, faço tudo na cozinha para meus amigos, adoro fazer chás também”, diz Vitória.
Ana Caetano e Vitória Falcão no filme “O Tempo é Agora”, da Netflix
A sincronia é tanta entre as duas que quando querem ajustar uma música nova, seja a melodia ou o tom, as duas já sabem do que a outra vai gostar. As falas das amigas se sobrepõem e intensificam o que querem expressar. “É bom compartilhar o trabalho com uma amiga tão parecida comigo, não vim para essa vida para fazer música sozinha, ter a Vitória ao meu lado traz mais sentido para tudo isso”, conta Ana.
A combinação também está nas roupas de Ana e de Vitória, que se apresentam nos palcos com vestidos e saias leves, brancos e pretos, alternando a escolha entre as duas.
“É mais uma forma de expressão, mas começou de um jeito muito natural: era o que tínhamos no guarda-roupa”, lembra Vitória, rindo. Agora, a dupla veste uma moda romântica assinada pela estilista paulistana Julia Pak, que também desenha vestidos de noivas. “As roupas dialogam com a nossa música”.
A música “Calendário” é a preferida das duas nesse momento. “Ela condensa a nossa mensagem”, diz Vitória. “Mas aquilo que cantamos para nós mesmas é recebido de outro jeito pelas pessoas, sempre vai depender de quem está ouvindo, de como as letras conversam com cada um, porque o amor é assim também”, resume Ana.
Ana, Vitória e o cantor gaúcho Vitor Kley no clipe da música “Pupila”
Palavras que tocam pessoas de diferentes lugares do país, movimentando o calendário das cantoras. Além da apresentação no Rock in Rio, elas cantam no Teatro Municipal da cidade no dia 10 deste mês. Em São Paulo, haverá também um show próprio no Espaço das Américas, em 20 de dezembro.
“Caramba, nem sei como vai ser depois disso tudo, vamos vivendo cada coisa por vez, né?”, ri Ana, procurando o olhar e o suporte de Vitória. Afinal, Anavitória são elas mesmas, as amigas de Araguaína, que se apoiam e compartilham a música e a vida.
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