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Bom de Copo: Vermute pode ser considerada um dos grandes curingas no seu bar

Bom de Copo: Vermute pode ser considerada um dos grandes curingas no seu bar

O vermute faz a diferença

Algumas bebidas clássicas aparecem, fazem sucesso e desaparecem, aí tornam a ganhar os holofotes novamente. Esse é o caso do vermute, que leva vinho, álcool, açúcar e botânicos em sua composição. Sua produção segue regras rígidas.

O vinho, selecionado cuidadosamente, pode ser branco, rosé ou tinto. O passo seguinte é a fortificação, que adiciona uma parte de álcool à bebida. Nesta etapa a mistura é adoçada com açúcar caramelizado, sacarose ou mosto de uva, para só depois receber as ervas, segredo da receita. As fórmulas podem variar, mas todas devem ter absinto, que em alemão é “wermut”. Sua produção é dominada pela Itália e França com nomes como Martini e Noilly Prat.

Contudo, já é possivel encontrar vermutes na Alemanha, na Grécia e no Reino Unido. A Espanha tem crescido muito neste cenário com seus vermutes produzidos na região demarcada de Jerez. Grandes e pequenos produtores têm apresentado suas versões, que também são exportadas.

Um exemplo é a marca Fernando de Castilla, um produtor de vinho e brandy de Jerez que aproveitou este boom para ampliar sua linha de produtos. Seu vermute utiliza vinhos com as variedades Palomino e Pedro Ximenez, que descansam em barricas de carvalho por até oito anos.

Visto por muitos como apenas um ingrediente na coquetelaria, o vermute é mais versátil do que se imagina. O resultado é uma bebida com toque cítrico, doce e notas de jerez envelhecido. Sozinho, se transforma em um delicioso aperitivo antes da refeição: basta adicionar gelo e uma raspa de laranja ou limão, e pronto!

Você sabia?

A história do vermute começou na Grécia Antiga, quando Hipócrates acrescentou dictamo de Creta (uma erva medicinal) e absinto ao vinho para estimular o apetite.

• O vermute deve ter no minimo 75% de vinho em sua elaboração e ser fortificado entre 14,5% e 22%.

• Existem três categorias clássicas de vermute: dry, branco e tinto, mas os novos produtores estão investindo em um novo estilo, o rosé.

• As ervas e plantas utilizadas em sua elaboração são excelentes para abrir o apetite. Por isso, o vermute é uma ótima opção pré-jantar ou como ingrediente de um coquetel.

• O vermute é a espinha dorsal de coquetéis clássicos como o Dry Martini, o Manhattan e o Negroni.

• Por ser um vinho fortificado, o vermute deve ser conservado na geladeira depois de aberto.

Bom de copo: O consumo inteligente do vinho tem grandes benefícios para saúde e longevidade

Bom de copo: O consumo inteligente do vinho tem grandes benefícios para saúde e longevidade

O Brasil consome muito pouco vinho. Estamos falando de apenas dois litros per capita/ano da bebida. E olhe que neste número está considerado o vinho de garrafão e os vinhos de mesa muito simples, que são líderes absolutos de venda.

Mas há um lado bom nessa informação: os jovens estão gostando de tomar vinho, seja como drinque, seja de forma descontraída, seja de forma clássica. Temos esperança no futuro. Afinal, o vinho ainda não encontrou espaço nas refeições familiares, que é o que precisa ser feito.

Para o leitor ter uma ideia dos volumes, consomem-se hoje no país 170 milhões de garrafas de vinho por ano. Mas se todos os 60 milhões de brasileiros que declaram beber ao menos duas garrafas de vinho anualmente bebessem uma taça por refeição, que é o que a classe médica recomenda, o consumo seria de 1,7 bilhão de garrafas/ano!

Para que isso aconteça, muita coisa precisa ser feita. Tirar a imagem de elitismo do vinho, oferecê-lo em taça em bares e restaurantes, promover e degustar vinho com os consumidores e, principalmente, informar os benefícios à saúde da ingestão cotidiana e parcimoniosa desta bebida. A recomendação médica de uma tacinha por refeição está apoiada em mais de dois mil estudos científicos.

Iniciativa Pró-Vinho

Para propor maneiras efetivas de elevar o consumo do vinho no Brasil nasceu a Pró-Vinho (www.provinho.org.br), que reúne diversos profissionais do setor, entre empresários, jornalistas e formadores de opinião. O grupo conseguiu colocar na mesma mesa, e com os mesmos interesses, as associações que representam os produtores de vinho brasileiro, os importadores, os supermercadistas e os donos de bares e restaurantes.

A iniciativa foi lançada em janeiro e tem reunido mensalmente os interessados para criar, sugerir e formatar ações que aproximem as pessoas do vinho. Vai vir muita coisa boa por aí… Afinal, consumir uma tacinha por refeição pode fazer as pessoas mais saudáveis e felizes.

Saúde!

Bom de copo: As nuances da cerveja artesanal

Bom de copo: As nuances da cerveja artesanal

IPAs, Weizenbier, Amber e Pilsen são alguns estilos de cerveja artesanal

Você sabe identificar uma cerveja artesanal? Para falar a verdade, essa nomenclatura não está 100% exata, tendo em vista que para a produção de cerveja no Brasil é necessária uma estrutura de equipamentos e processos que são industriais, mesmo que em uma escala reduzida. Nomenclaturas à parte, ainda é possível diferenciar as cervejas comerciais das “artesanais”.

Começando com cuidado com os insumos, processos e qualidade do produto. Cervejarias artesanais têm um foco grande em qualidade, variedade e inovação na sua linha de produtos, enquanto as comerciais focam em eficiência de custo e distribuição.

Muito se fala sobre a qualidade superior da “cerveja puro malte”, mas apenas isso não deve ser considerado como fator decisivo. Importante é levar em conta a qualidade dos ingredientes. Uma cerveja que leva frutas, aveia ou trigo não é puro malte e pode ter excelente qualidade, enquanto uma cerveja puro malte com defeitos sensoriais pode não ser boa.

Outro fator que influencia é a pasteurização. Todas as cervejas comerciais são pasteurizadas, o que reduz a qualidade da bebida, mas isso facilita a distribuição. As cervejarias artesanais optam por comercializar cervejas frescas, ou seja, que não foram pasteurizadas e filtradas. Isso garante uma experiência marcante para o consumidor, mas essas cervejas devem estar 100% do tempo refrigeradas, o que restringe bastante a distribuição.

Então, quanto mais perto da fonte, melhor e mais fresca será a cerveja. Hoje temos excelentes cervejarias espalhadas por todos os cantos do Brasil, que produzem mais de cem estilos diferentes de cerveja. Com certeza alguma delas irá agradar o seu paladar. Quando viajar, procure os produtores locais e dê uma chance ao desconhecido. Você pode se surpreender!

Vamos falar de lúpulo

Você já deve ter ouvido falar de India Pale Ale (IPA) e do lúpulo, ingrediente que tem roubado a cena cervejeira. A IPA é uma cerveja com aroma de lúpulo bastante definido e fresco, amarga e com maior teor alcóolico. O lúpulo é um insumo presente em todas as cervejas, porém em proporções diferentes dependendo dos estilos.

O objetivo deste conservante natural é trazer amargor e manter a qualidade da cerveja. Nas IPAs, ele também age para conferir aromas e sabores cítricos, frutados e florais, que seduzem consumidores de cerveja mundo afora. São vários tipos de lúpulos diferentes e é a combinação entre eles que irá determinar o estilo e o sabor da cerveja.

Gim é a bebida do momento

Gim é a bebida do momento

Drinque Negroni, feito com gim, vermute tinto doce e Campari

Na época medieval, monges toscanos usaram medicinalmente, pela primeira vez, o zimbro – o ingrediente emblemático do gim.

A Holanda tem o mérito de ter produzido, no século XVII, o primeiro gim, também para fins medicinais. Pouco tempo depois, guerreando nos Países Baixos, os britânicos tomaram contato com essa bebida e a levaram para o Reino Unido, onde foi objeto de um súbito e enorme sucesso.

No Brasil, nas festas dançantes do final dos anos 1960, três eram as bebidas alcoólicas mais servidas: cuba libre (rum e cola), hi-fi (vodca e crush, como era denominada a Fanta laranja) e gim-tônica – a minha predileta. Após essa época, o consumo de gim no nosso país ficou adormecido por décadas.

Em meados da década de 2010, na esteira do boom mundial dessa bebida, ela despertou da longa letargia. O mercado de gins nacionais e importados contava, então, com uma dezena de rótulos. Hoje, temos noventa marcas de gim à venda no país, sendo que 36 delas são nacionais.

Afinal, que bebida é esta?

O gim, assim como a vodca, é uma bebida destilada proveniente de matéria-prima agrícola (cereais, uva, maçã, cana-de-açúcar etc.). No Brasil, o seu teor alcoólico deve ter entre 35% e 54% de álcool em volume, ao passo que na legislação europeia deve ficar acima de 37,5%. A vodca é relativamente neutra, já o gim é submetido a mais um estágio de produção, a redestilação com botânicos.

Os botânicos são misturas de especiarias, ervas, flores e frutas usadas como ingredientes flavorizantes. Onde, por lei, a presença de bagos de zimbro (Juniperus communis) deve ser predominante. Desta forma, obtém-se a mais aromática das bebidas alcoólicas!

Bom de copo: Saquê, a bebida milenar

Bom de copo: Saquê, a bebida milenar

No Japão, a palavra “sake” significa bebida alcoólica ou “bebida com mais de 1% de teor alcoólico”. Já a bebida fermentada proveniente do arroz, que aqui nós conhecemos como saquê, lá é chamada de nihonshu (bebida originária do Japão). O nihonshu surgiu em 300 d.C (era Yayoi) com cerca de 13% a 15% de teor alcoólico. Em sua composição constam arroz, água, leveduras, fungos e, principalmente, o cuidado de quem produz.

Mais próximo do vinho por ser um fermentado, o saquê, quando consumido puro, pode ser degustado em taças e mais tradicionalmente em copo pequeno e sem alça – o choko. Aqui, é comum adotar o masu, aquele copo quadrado, mas esse tipo só é usado no Japão como utensílio de medida e em cerimoniais. Outra forma de consumo, que surgiu no Brasil, é a “caipisaquê”. Para iniciantes, acho interessante provar, porque introduz a bebida e permite que ela se torne mais conhecida no país.

São mais de 20 tipos e 8 categorias de saquê. Os mais comuns são o honjozou-shu (com acréscimo de álcool após o processo da fermentação) e o junmai-shu (apenas a fermentação pura do arroz, sem acréscimo de álcool), que podem geralmente ser servidos frios, aquecidos e na temperatura ambiente.

Já o saquê premium ginjo-shu (que conta com 40% a 49% de polimento do arroz) e o super premium daiginjo-shu (polimento de mais de 50%) são aromáticos e complexos e devem ser servidos resfriados e frios. Se houver necessidade de aquecimento, ele deve ser feito em banho-maria ou microondas em uma pequena jarra.

Por ser uma bebida de sabor diferenciado, o saquê pede uma degustação mais lenta e atenciosa.

E, sendo fermentado e sem conservantes, deve ser bebido em no máximo um mês depois de aberto, já que o contato com o ar provoca mudanças indesejadas. Guarde-o na geladeira, em pé, para a tampa não ficar em contato com o líquido. E aproveite essa bebida milenar e deliciosa!

 

Equilíbrio perfeito:

#1 Colocar sal na borda do copo não é uma tradição japonesa.

#2 O saquê é produzido numa proporção perfeita de sabores: o doce do arroz, a acidez, o leve amargor e o umami (como é conhecido o 5º gosto).

#3 Como o vinho, o saquê deve ser harmonizado com comidas de diferentes sotaques, não só a japonesa.

 

Yasmin Yonashiro é saquê sommeliere e consultora com foco em serviço e hospitalidade japonesa.