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Bom de copo: A moda do vinho Bio – a novidade que está conquistando os paulistanos

Bom de copo: A moda do vinho Bio – a novidade que está conquistando os paulistanos

Antônio e Bruno Faccin com seu vinho familiar

Hoje o vinho Bio (na Europa significa orgânico), ou biodinâmico, natural, está definitivamente na moda. E não é só por aqui não, está no mundo todo. Na França, os vinhos Bio cresceram nos últimos cinco anos nada menos do que 276%! O dado foi divulgado pela revista francesa La Revue du Vin de France, que trouxe sua capa de junho dedicada ao tema dos orgânicos, biodinâmicos e naturais. Nesse momento, o importante é você priorizar a boa informação e procurar checar sobre os produtores, pois os oportunistas aparecem sempre onde há demanda.

Para experimentar um vinho realmente puro, lembre-se de dar uma visitadinha no site do produtor e olhar suas fichas técnicas, procurando, por exemplo, sobre a fermentação. Veja se é espontânea ou se menciona leveduras indígenas. Quem produz vinho assim, faz questão de dizer em suas fichas. Esses são os vinhos mais autênticos que você encontrará, pois as leveduras indígenas, naturais do vinhedo, são a garantia do sotaque daquele local.

Isso não quer dizer que esses vinhos sejam melhores que outros, até porque gosto é algo particular e cada um tem o seu – inclusive, as pessoas se acostumam com um determinado gosto. Porém, eu gostaria de convidar você a abrir seu paladar para experiências de autenticidade, pois no futuro é isso que os bons apreciadores de vinho procurarão, um vinho que represente de fato sua origem, a família que o produziu. Acredite.

Autenticidade

Confira alguns dos brasileiros naturais, que devem realmente ser experimentados. Saúde!

Atelier Tormentas

Sediado em Canela (RS), Marco Danielle é um produtor absolutamente livre e que está fazendo história. Não conheço outro caso de vinho brasileiro que tenha arrancado no mundo tantos elogios.

Era dos Ventos

Na Serra Gaúcha, Luís Henrique Zanini produz de modo artesanal vinhos de personalidade. Seu Era dos Ventos Peverella foi apresentado como destaque em junho em Nova York, em um seminário sobre vinhos naturais.

Entre Villas

Eles são feitos de forma artesanal, sem adição de sulfitos, na serra da Mantiqueira, em São Bento do Sapucaí (SP). Entre as castas, Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Shiraz, Malbec e Pinot Noir.

Faccin Vinhos

Produzidos em Monte Belo do Sul, na Serra Gaúcha, com vinhedos próprios, os ótimos vinhos da marca têm fermentação de leveduras selvagens contidas na casca da uva. Segundo a família Faccin, são “vinhos que dão alegria sem dar ressaca”.

Vinhedo Serena

Uma família superunida que vive em Pinto Bandeira, no nordeste do Rio Grande do Sul, onde cultiva vinhos com certificação orgânica, manejo biodinâmico, cores e sabores diversos. Um resgate de tradições e antigos saberes.

Famiglia Boroto

Em Garibaldi, os Boroto produzem vinhos orgânicos desde 1986. Hoje fazem vinhos com as uvas próprias e sem nenhum aditivo nem SO2. Alguns de seus vinhedos são centenários.

Bom de Copo: Água de beber

Bom de Copo: Água de beber

Hoje são muitas as questões envolvendo esse líquido fundamental para a saúde e o bem-estar

Vale lembrar que a água é incolor, inodora e insípida em sua fórmula mais pura, H2O, enquanto a água mineral natural vai ter uma leveza e um sabor característicos diretamente proporcionais à quantidade de sais minerais existentes em sua composição. Tecnicamente uma água é considerada leve quando em sua composição química o teor de carbonato de cálcio é menor que 100 mg/L. Quanto ao aroma, ele se relaciona ao tipo de solo e rocha que a água mineral natural percorre até a formação de sua jazida.

Águas minerais naturais oriundas de rochas de relevo cárstico possuem aromas alcalinos e terrosos, enquanto águas carbogasosas naturais exalam, em geral, um aroma levemente trufado. A grande maioria das reservas de águas minerais naturais no Brasil é classificada como oligomineral e tecnicamente é inodora.

E por que a água mineral é mais indicada para beber do que a água de torneira ou filtrada? Por sua qualidade. A legislação de parâmetros de qualidade nacional e internacional aplicados à água mineral natural é muitíssimo exigente, e vai além dos critérios exigidos para a água de torneira e filtros.

A água mineral natural nada mais é que uma água pura, sem adição de produtos químicos e/ou físicos, 100% natural e livre de quaisquer tipos de contaminantes. Vale dizer ainda que, em sua grande maioria, a água de torneira é procedente de mananciais de águas superficiais que, infelizmente, acabam recebendo vários tipos de contaminantes.

Essa água recebe também a adição de sulfato de alumínio, desinfetantes, redutores e inibidores de corrosão, algicidas, entre outras substâncias indesejáveis para a saúde. Os filtros não conseguem reter essas matérias 100%; outros agravantes são as tubulações que transportam a água da unidade de tratamento às residências, e que geralmente não têm manutenção adequada.

Como escolher a água?

Antes de mais nada, é importante ler a composição físico-química no rótulo e observar cada elemento existente. Hipertensos, por exemplo, devem consumir uma água mineral natural com o teor de sódio menor que 5 mg/L.

Quem tem intestino preguiçoso pode optar por uma água com teor de magnésio de no mínimo 15 mg/L. Às pessoas com problemas digestivos, a literatura recomenda ingerir água mineral natural com no mínimo 120 mg/L de bicarbonato, enquanto as carbogasosas naturais ou gaseificadas artificialmente também auxiliam no processo digestivo.

Uma pessoa de 60 kg em média deve beber diariamente dois litros de água – de preferência um copo em jejum e outro antes de dormir, e o restante ao longo do dia. Na harmonização com outras bebidas e pratos, a variação também pode ser grande. A tendência é recomendar uma água mineral natural oligomineral para ser consumida junto a bebidas destiladas de alto teor alcoólico.

Bom de Copo: Beber o Bourbon é um gole de história

Bom de Copo: Beber o Bourbon é um gole de história

Drink Old Fashioned, que leva whiskey, bitter, frutas e açúcar

O Bourbon é uma das bebidas mais icônicas e influentes do mundo. Versátil na coquetelaria e rico em histórias, é popular nos quatro cantos do planeta. O que pouca gente sabe, no entanto, é que a sua biografia está diretamente associada ao desenvolvimento dos Estados Unidos.

O surgimento da bebida remete à segunda metade do século XVIII, quando grande parte dos colonos era formada por irlandeses e escoceses que, literalmente, traziam destiladores em suas bagagens como forma de preservar um dos expoentes de sua cultura de origem: a produção do whiskey.

Esses neonativos vindos do leste movimentaram um grande processo migratório, infiltrando-se no país em busca de novas terras e, dessa maneira, fundando cidades. Foi assim que a cidade de Louisville, no Kentucky, surgiu, em 1778, às margens do rio Ohio – uma das principais rotas de acesso ao oeste dos EUA. Parada obrigatória para quem ali navegava, por causa de suas cataratas, a cidade apresentava solo fértil para a cultura do milho. Assim surgiu a primeira versão de uísque americano: o corn whiskey.

Vale destacar que esse destilado não passava por qualquer processo de maturação e que a ideia de envelhecimento em barricas surgiu por acaso, no uso de barris que eram previamente empregados para carregar peixes e carnes. A fim de remover o mau cheiro, a madeira era queimada – e assim os açúcares eram liberados, criando uma espécie de camada caramelizada.

Em 1783, Evan Williams foi o primeiro destilador registrado no Kentucky e já utilizava a técnica de maturação em barricas queimadas. Sua marca não só continua ativa até hoje, como é a segunda maior destilaria de Bourbon nos EUA.

Séculos depois, o Bourbon permanece sendo um dos melhores amigos do bartender, apresentando um vasto universo de coquetéis clássicos e contemporâneos e fazendo com que toda essa história possa ser apreciada em um bom bar próximo a você.

Você sabia?

De acordo com o regulamento norte-americano, para que o destilado seja considerado um Straight Bourbon Whiskey deve:

• Ser feito de uma mistura de grãos que contenha pelo menos 51% de milho;

• Ser destilado a não mais de 80% de álcool por volume;

• Ser armazenado em barris virgens de carvalho americano por, no mínimo, 2 anos (com a parte interna da madeira queimada);

• Ser engarrafado com, no mínimo, 40% de álcool por volume;

• Somente uísques produzidos nos Estados Unidos podem ser comercializados com o nome Bourbon.

Bom de Copo: Angelo Gaja revolucionou a qualidade do vinho no Piemonte

Bom de Copo: Angelo Gaja revolucionou a qualidade do vinho no Piemonte

Barbaresco, do produtor italiano Angelo Gaja

Falar de vinho em uma edição especial sobre a Itália requer espaço para uma revista inteira… Imagine falar de Vêneto, Verona, Friuli, Piemonte, Lombardia, Abruzzo, Emilia Romagna, Toscana, Lácio, Sicília! E cada uma com seu estilo, sua história, suas castas autóctones! Não é a toa que os gregos chamavam a Itália de “Terra do Vinho”: Enotria.

Mas eu escolhi apenas um nome para representar a Itália nesta página dedicada ao vinho. Falo de Angelo Gaja, um raro consenso nesse universo como o homem mais importante do vinho italiano. Gaja foi o responsável pela valorização e qualificação do vinho italiano no mundo.

Seu trabalho mudou de patamar a imagem e a qualidade do vinho italiano. Seu Barbaresco está certamente entre os melhores e mais elegantes vinhos do mundo. É o maior ganhador do Prêmio Tre Bicchieri no guia de vinhos italianos Gambero Rosso e o único a merecer as “tre stelle” do guia, que o classifica em primeiro lugar na Itália.

Eu tive o privilégio de estar com Angelo Gaja diversas vezes e tenho mais de quinze vídeos no youtube feitos com ele. Aos 79 anos, Gaja é uma aula ambulante e uma simpatia imensa. Fala com uma convicção e uma autoridade que parecem de um general romano dos tempos de César… Na última vez em que esteve no Brasil, tive a gratíssima surpresa de saber por ele que estava se convertendo ao biodinamismo, o que para mim é prova de inteligência e respeito ao meio ambiente. Todos os vinhos de Gaja, que devem ser experimentados uma vez na vida, são encontrados na importadora Mistral.

Humor e carisma

Em 2011, Gaja esteve em São Paulo às vésperas de um 1º de abril. Eu cheguei a ele e perguntei se na Itália também havia a brincadeira do dia da mentira. Ele disse que sim e eu perguntei se ele toparia me responder uma questão absurda para esse dia. Ele, bem-humorado como sempre, topou. E eu então lhe perguntei por que Gaja estava desenvolvendo um prosecco tinto. Ora, prosecco é um espumante de uvas brancas, a Glera, e não poderia nunca ser tinto.

Gaja também não tem espumantes em seu portfólio. Ou seja, um absurdo total. Pois ele dá uma enorme gargalhada e responde que sim, que quer tentar todas as possibilidades para difundir o vinho italiano! Foi superengraçado e eu postei no dia 1º de abril de 2011. Se você quiser assistir ao vídeo, acesse o youtube digitando: Angelo Gaja e seu Prosecco Rosso. Vale ver a simpatia de um extraordinário personagem do mundo do vinho italiano.

Bom de Copo: Os vinhos do Uruguai

Bom de Copo: Os vinhos do Uruguai

Bodega Bouza, adega familiar em Montevidéu, no Uruguai

Eu comecei a falar bem dos vinhos do Uruguai há mais de uma década. Era voz solitária na época. Fui criticado. Hoje vejo com alegria jornalistas do mundo todo elogiando os vinhos deste país maravilhoso, de gente maravilhosa e de gastronomia maravilhosa.

Inclusive, colegas meus que me criticaram e ironizaram meus textos hoje rasgam elogios aos vinhos do Uruguai. Que bom, não estava nem louco nem errado… O Uruguai é conhecido pela tannat, a uva do Madiran, sudoeste francês onde até hoje se produzem ótimos rótulos com esta cepa.

Lá, o processo pede anos de garrafa para que o vinho amacie… Confesso que gosto dele mais rústico. Não há harmonização melhor para uma carne sangrando, acredite. Mas devo dizer que a grande vantagem do Uruguai é que a quase totalidade de seus produtores é formada por pequenas famílias, gente da melhor espécie, uma mistura de bascos franceses e italianos que tratam você como alguém do próprio clã. Isso não tem preço.

Para você ter uma ideia, certa vez, numa viagem por lá, um produtor ficou de me pegar no hotel para irmos à vinícola. Trata-se do Daniel Pisano, uma espécie de embaixador do Uruguai: efusivo, dinâmico e que produz vinhos espetaculares. Pois eu entro no carro e ele abre um embrulho mal feito de papel, e dentro tinha um pedaço de pizza! Deliciosa! E me disse: “Desculpe, Didú, minha mãe que fez e está tão gostosa que eu tinha que te trazer um pedaço…” Precisa dizer mais?

O Uruguai é isso. Cada família tem um bom vinho, nenhum é parecido com nenhum, pois eles têm muita personalidade e são muito teimosos, dando as costas para vizinhos e, inclusive, para o exterior. Fazem o que acham certo e de maneira praticamente artesanal. Aqui no Brasil as melhores importadoras têm algum produtor de lá.

Saúde!