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Empresas responsáveis em meio à pandemia de coronavírus

Empresas responsáveis em meio à pandemia de coronavírus

Novo logo do “Mercado Livre” com a pandemia de coronavírus

O mais importante festival mundial de publicidade, criado em 1953, o Cannes Lions deste ano não será realizado em sua data tradicional, meados de junho, durante o Verão da Riviera Francesa. Por causa da pandemia do coronavírus  (Covid-19), a edição 2020 foi transferida para outubro.

Espera-se que até lá o novo coronavírus tenha sido contido e debelado nos países que mais mandam representantes para o evento, especialmente o Brasil.

Desde o ano 2000, delegações gigantescas de chineses desembarcam no balneário francês para participar da mais moderna e atual programação de palestras e workshops sobre comunicação e marketing. Além deles, entre os mais de 14 mil delegados marcam presença italianos e espanhóis, povos das nações européias mais atingidas pela epidemia.

Solidárias

No Brasil, o mês de março foi marcado por uma série de iniciativas das empresas no desempenho de seu papel social de conscientização da população sobre os perigos do vírus.

Mais do que isso, de ações efetivas, como fez a Ambev, maior fabricante de cervejas do globo, anunciando que passou a produzir 500 mil unidades de garrafas PET com álcool gel, doadas a todos os hospitais públicos nos municípios de São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde se concentram a maioria dos casos da doença.

Um grupo de publicitários criou a conta @distanciasalva no Instagram, convidando as pessoas a compartilharem depoimentos em vídeo, com a hashtag #DistânciaSalva, contando suas experiências para combater o coronavírus, mostrando que é possível manter a união mesmo à distância.Vários anunciantes e agências aderiram imediatamente à ação por meio da thread no Twitter, como a 99, Hershey, Itaú Cultural, Rappi, Havaianas e OLX.

Empresas e agências de publicidade adotaram o home office, algumas em 100%, conscientes da grave situação. Uma das ações juntou necessidade e criatividade. O Mercado Livre, em parceria com sua agência de propaganda GUT, mudou temporariamente a logomarca da empresa, substituindo o tradicional aperto de mãos por um toque de cotovelos.

Comunicado conjunto assinado pela ABAP, APRO e sindicatos da indústria e de profissionais do setor audiovisual, recomenda utilizar recursos alternativos em roteiros de filmagens. Entidades que representam agências e produtoras de comerciais enviaram comunicado a seus associados logo após a prefeitura de São Paulo determinar a não concessão de autorização para filmagens na cidade. Além de sugerir suspensão ou adiamento, o documento também orienta a utilização de outros tipos de execuções, como imagens de stock shot, animação e pós-produção.

Até o time de futebol do Corinthians aproveitou sua interação com um contingente mais de 30 milhões de torcedores para mandar seu recado quanto ao Covid-19. O clube resgatou uma ação de oito anos, a “Epidemia Corinthiana”, campanha criada pela F/Nazca para incentivar os fãs a interagirem com a marca durante a disputa do Mundial da FIFA 2012. Com isso, a “Locospirose”, que remetia a um vírus do bem que contagiava corintianos, virou uma cartilha de prevenção e combate ao novo coronavírus.

 

Marketing e marcas: a publicidade na luta contra o desperdício de água

Marketing e marcas: a publicidade na luta contra o desperdício de água

Em 2009, quando foi lançada a campanha “Xixi no Banho”, criada pela agência F/Nazca e assinada pelo SOS Mata Atlântica, iniciava publicitariamente o processo de incentivo à economia de água no país.

desperdício de água

Campanha da Colgate-Palmolive contra o uso excessivo da água. Foto: Divulgação

Premiada em 2010 pela inovação e criatividade nos festivais El Ojo de Iberoamerica e Cannes Lions, “Xixi no Banho” também conquistou o troféu da categoria institucional do Profissionais do Ano, da Rede Globo.

A campanha se tornou tema de discussões, embora descontraídas, da questão da preservação ambiental. Conforme levantamentos, com esse hábito uma só pessoa pode deixar de usar 4.380 litros de água por ano, uma vez que em uma descarga são utilizados 12 litros.

Dez anos depois, com o problema se agravando, a mensagem abandonou o tom de humor e passou à ironia. Dessa vez produzida pela Publicis para o Carrefour, a estratégia de marketing tentava mostrar que uma garrafa de meio litro poderia ser vendida a quase R$ 100 se a água não fosse economizada.

Mais séria e com entonação preocupante, a campanha do Carrefour de 2019 avisava que, caso não fosse usada com moderação, a água poderia cobrar um preço alto demais pelo descaso.

Na ilustração, criativa e impactante, a rede colou um cartaz em uma de suas lojas, ao lado da garrafa de apenas 500 ml por R$ 99,90.

O objetivo da campanha foi lembrar que só 3% da água do mundo é potável e que, de acordo com estudo da ONU, 45% da população ficará sem ela até 2025.

Outra estratégia criativa para celebrar o Dia Mundial da Água no ano passado foi produzida pela agência Cheil para a marca Green People, de sucos naturais. Com a participação de celebridades da TV como Angélica, Luciano Huck, Glória Pires, Mateus Solano e Marcos Palmeira, a campanha focou no desperdício de água.

Ilustrações de recipientes de água comparavam a quantidade de cada um com ações do cotidiano. Uma garrafa de meio litro, por exemplo, representa 18 minutos de torneira pingando. Um litro seria como 40 segundos escovando os dentes e 5 litros é igual a 20 segundos a mais do que o necessário no banho.

Várias outras marcas vêm realizando campanhas sobre o tema a cada 22 de março. Em 2016, a Colgate-Palmolive, com criação da agência Young & Rubicam, lançou “Cada Gota Conta”.

Adesivos no fundo de pias de banheiro dos apartamentos dos hotéis Marriot estampavam a foto de uma criança carente segurando o ralo como um copo sob o título “A água que você desperdiça é a água que eles precisam”.

Iniciativas de marcas internacionais também mostram preocupação com o problema. Em 2017, a cerveja Stella Artois promoveu uma ação mundial de conscientização criada pela agência Crispim Porter + Boguski.

Todas essas campanhas, com apoio de grandes empresas e instituições, talvez um dia ajudem a minimizar a terrível estatística da OMS, que mostra quase um terço da população mundial sem água potável em casa.

Marketing e Marcas: empresas miram o público vegano

Marketing e Marcas: empresas miram o público vegano

Carré de quinoa ou de shimeji, hambúrguer de grão de bico, espeto de soja e salsicha de alho já estão na mesa de alguns brasileiros desde dezembro de 2016. Há três anos, foi inaugurado em São Paulo o “No Bones”, The Vegan Butcher Shop, açougue vegano hoje também com endereços em Curitiba, Niterói e Itajubá.

Ingredientes como soja e beterraba, com ajuda da tecnologia, levaram startups e empresas a apostarem corrida por esse “novo alimento”. A meta não é só atender o mercado vegetariano, mas diversificar o consumo de “carne” no país.

Anúncio do Rebel Whopper, do Burger King

Estima-se que no Brasil 14% da população seja formada por vegetarianos e veganos, o que representa mais de 30 milhões de pessoas. Mas é preciso somar ainda os flexitarianos, pessoas que têm o hábito de ficar um ou dois dias por semana sem consumir carne de proteína animal.

Desde 2012, a procura pelo termo “vegano” no Google aumentou 14 vezes. O crescimento do mercado nacional acompanha a tendência mundial, puxada pelo Reino Unido e Estados Unidos.

No último mês de janeiro, durante o International Consumer Electronics Show, em Las Vegas, a Impossible Foods, empresa da Califórnia que desenvolve produtos à base de plantas para substituir a proteína animal, apresentou filés de porco e salsicha vegetal. Outra concorrente lançou quitutes com gosto e textura de lagosta e camarão.

São cada vez mais itens à disposição, tanto em casas especializadas quanto em supermercados, que oferecem versões veganas de produtos como nuggets, presuntos, quibes, coxinhas, salsichas e linguiças.

A grande estrela desse segmento é o hambúrguer 100% feito de ingredientes vegetais. A ponto de merecer campanha publicitária criada no Brasil e já exportada para vários países.

Na “pegadinha” do Burger King, clientes são surpreendidos ao degustar um Rebel Whopper sem perceber que não é de carne. A gigante Seara investe na novidade para atender toda a família. Sua linha “Incrível” promete uma revolução alimentar com produtos fabricados a partir da Biomolécula i, que garante a mesma textura e sabor de carne. Além do hambúrguer, já oferece empanados, quibes e comida oriental.

Segundo pesquisas da empresa, dois terços dos brasileiros demonstram curiosidade em experimentar esses produtos, o que a levou a firmar parceria com redes e restaurantes como Habibs, Churrascaria Rodeio e Subway.

O Rebel Whopper chegou ao Brasil em setembro do ano passado, cinco meses depois de lançado no mercado norte-americano. O sanduíche é produzido exclusivamente de plantas, mas consegue manter sabor e textura semelhantes ao do hambúrguer de carne bovina.

Maior prova de que o produto realmente engana foi a exportação da campanha “Teste Cego” para a Espanha, especificamente para a região de Ávila, conhecida como a Terra do Chuletón. Até os espanhóis se surpreenderam!

Marketing e marcas: grandes empresas apostam no humor do Porta dos Fundos

Marketing e marcas: grandes empresas apostam no humor do Porta dos Fundos

Vivo, Nivea, Nissin, Honda e Chocolates Garoto são algumas das marcas que apostaram no humor escrachado do canal Porta dos Fundos como branded content em 2019.

Criado em 2011 pelos humoristas Ian SBF, Fábio Porchat, Gregorio Duvivier, João Vicente de Castro e Antonio Tabet, incomodados com a falta de liberdade criativa na TV brasileira, o coletivo se tornou um fenômeno nacional.

Porta dos Fundos

Os criadores do canal: Ian SBF, Fábio Porchat, Gregório Duvivier, João Vicente de Castro e Antonio Tabet. Foto: Divulgação

E desde abril do ano passado também internacional, com o lançamento do “Back Door” no México, primeira das muitas investidas além das fronteiras brasileiras previstas para este 2020.

O canal mexicano já conta com mais de 2,5 milhões de inscritos e mais de 150 milhões de visualizações de seus vídeos. O brasileiro é um dos maiores endereços do Youtube, com 16 milhões de fãs e 5 bilhões de views. Piraquê, Netflix, Amazon, MTV, Hotéis.Com e Waze foram outras empresas que apostaram no Porta dos Fundos para divulgar suas marcas.

O aplicativo de mobilidade urbana, aliás, proporcionou ao canal a produção de sua primeira campanha pan-regional, com esquetes no Brasil e no México para propagar o serviço de carona Waze Carpool.

Esse modelo de negócio do Porta dos Fundos começou com um vídeo para o restaurante de cozinha italiana, Spoleto, em resposta a um viral que ironizava o sistema de atendimento massificado de uma rede de fast food.

“Nem em outra vida” foi a primeira resposta da diretoria de marketing do anunciante, diante do roteiro proposto. Depois, relaxou e aproveitou a publicidade para se oferecer a ouvir reclamações de clientes em caso de mau atendimento.

A internacionalização do Porta dos Fundos, que este ano deve chegar à Espanha, Itália e Estados Unidos, é um projeto da Viacom, conglomerado de mídia norte-americano, dono da MTV, que em abril de 2017 adquiriu 51% do canal.

E o primeiro reconhecimento no exterior chegou no ano passado, quando o canal venceu o Emmy Internacional 2019 com o especial “Se Beber Não Ceie”, versão humorística da Santa Ceia. Esse vídeo, por sua vez, deu início a uma série de polêmicas decorrentes das histórias do grupo. No caso, uma acusação de intolerância religiosa baseada no escárnio, ao sugerir ter havido relações sexuais de Maria com Deus.

Apesar das ações movidas pela Igreja contra o canal, Tereza Gonzalez, diretora da Viacom Brasil e CEO do Porta dos Fundos, garante ganhar todas com base na Lei do Direito de Expressão. Nada, porém, que atrapalhe o desempenho, o projeto de expansão e o relacionamento com as marcas do canal mais influente e um dos mais acessados do Youtube.

Marketing e marcas: A evolução do merchandising

Marketing e marcas: A evolução do merchandising

Segundo nome no elenco, Wilson foi o principal personagem de apoio a Tom Hanks durante grande parte das duas horas e 23 minutos de duração do filme “Náufrago”.

Wilson é a bola de vôlei que “sobreviveu” ao acidente com o avião da FedEx no enredo do longa-metragem que chegou às telas do Brasil em 2001. Batizado com a própria marca, Wilson se tornou parceiro e confidente de Chuck Noland, funcionário da Federal Express, papel que deu a Hanks indicação ao Oscar de Melhor Ator.

Paolla Oliveira como a digital influencer Vivi Guedes, no comercial da Fiat. Foto: Divulgação

Nascia ali o que hoje o mundo da comunicação e do marketing conhece como “branded content”. Passaram-se 18 anos até que o Brasil tivesse seu primeiro case do gênero, realizado por meio de parceria entre uma grande marca e uma produtora de conteúdo.

Fiat e Globo, em ação criada pela agência de publicidade Leo Burnett Tailor Made, enfim apresentaram ao público um branded content inteligente. Até então, o que se via em séries e novelas eram meras ações de merchandising inconvincente, tosco e introduzido em cenas de forma forçada, fácil de ser percebido pelo público.

Vivi Guedes, personagem da atriz Paolla Oliveira no folhetim “A Dona do Pedaço”, mudou essa história. Influenciadora digital no roteiro, ela assumiu esse papel no mundo real e, com apoio da emissora, realizou uma interessante ação para a marca. Além de atuar também em redes sociais com o nome da personagem, ainda foi a estrela de um comercial “ao vivo” durante a exibição da novela.

A ação quebrou paradigmas. A peça publicitária foi gravada pela primeira vez por uma equipe e nos próprios estúdios da Globo, em uma combinação inédita entre as áreas comercial e de dramaturgia da emissora.

A personagem ainda apareceu na vinheta do intervalo da atração preparando-se para gravar um comercial de automóvel, o que acabou acontecendo na ficção e na realidade. Não se sabe se, ao criar Vivi Guedes, o autor Walcyr Carrasco imaginou ação dessa natureza, assim como William Broyles Jr. ao escrever o roteiro de “Náufrago”.

De qualquer forma, ao idealizar uma digital influencer, ele proporcionou a oportunidade para isso acontecer. Antes de Fiat, Vivi Guedes chegou a realizar postagens publicitárias em seu Instagram para as marcas Avon e Casas Pernambucanas.

O que ficou de lição para o mercado é que é possível seguir o exemplo de Wilson, quando há interação entre quem produz, as marcas e quem realmente pensa comunicação.