logo
logo
Mobilidade: A tecnologia contra o assédio a mulheres

Mobilidade: A tecnologia contra o assédio a mulheres

Segundo a OMS, no mundo, uma em cada cinco mulheres até 18 anos já sofreu alguma violência. Esse quadro chocante se agrava na América Latina, que tem 7 dos 10 países mais violentos para mulheres, segundo a ONU. No Brasil, há uma denúncia de agressão a cada sete minutos, segundo dados da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres.

“A gente é criada desde cedo para ter medo de andar sozinha na rua à noite, mas não deveria ser assim”, diz a arquiteta e urbanista mineira Priscila Gama, de 36 anos, co-fundadora do aplicativo Malalai, que coleta informações de segurança sobre rotas de forma colaborativa e possibilita a companhia virtual com avisos automáticos de localização e chegada ao destino.

Priscila Gama, fundadora do Malalai. Foto: Divulgação

“Em uma pesquisa, perguntamos para mais de 2 mil mulheres se elas se sentiam vulneráveis sozinhas na rua e quase 95% responderam que sim. O resultado reforçou os dados oficiais sobre o tema e o nosso desejo de solucionar a questão”, explica Priscila.

O app funciona em três frentes. A primeira é preventiva, com informações de segurança sobre as ruas e um mapeamento colaborativo dos lugares mais iluminados, com comércio aberto e postos policiais. A segunda leva ao conforto cognitivo. “É a sensação de estar seguro, o motivo pelo qual a gente avisa alguém que está saindo de algum lugar e vai chegar em algum horário”, diz a empreendedora.

O recurso permite que a pessoa tenha sua rota acompanhada virtualmente. E a terceira frente é emergencial, fornecendo um botão de emergência que, acionado, envia mensagens de pedido de socorro a três contatos de confiança pré-selecionados. Há ainda um recurso extra, um anel discreto que permite o uso do botão de emergência de forma mais rápida, via Bluetooth.

Em 2017, a Malalai foi selecionada pelo 1º Programa de Aceleração de Negócios Sociais do Labora, uma parceria do Instituto Oi Futuro com a Yunus Negócios Sociais, voltado para organizações e empreendedores comprometidos com a transformação de impacto social.

Em 2018, a startup levou o segundo lugar no 1º Creator Awards Brazil, competição organizada pela WeWork, agora denominada The We Company, em diferentes países do mundo, passando a compor a cartela de empresas investidas pelo grupo.

Obter o investimento foi o maior desafio até o momento, já que apenas 10% dos negócios comandados por mulheres recebem aporte financeiro, e entre esses, menos de 1% é liderado por mulheres negras, que é o caso de Priscila Gama. “Esse cenário só mudará quando tivermos mais mulheres e pessoas negras em posições de liderança política e financeira”, afirma.

Mobilidade: Riba incrementa o mercado com suas scooters elétricas

Mobilidade: Riba incrementa o mercado com suas scooters elétricas

Fundada em 2006 com o objetivo de transformar o setor elétrico de duas rodas, a Riba Brasil vem espalhando suas scooters compartilhadas pela capital paulista. Hoje, cerca de 100 delas estão em diferentes pontos de bairros das zonas oeste e sul, inclusive bem perto do Aeroporto de Congonhas.

Riba inova no mercado com suas scooter elétricas

Scooter elétrica da Riba próxima ao aeroporto de Congonhas. Foto: Divulgação

“Algumas estão a dois minutos do aeroporto, em um bolsão em área residencial depois da passarela”, explica Ricardo Cabral, CEO da empresa. A meta, segundo ele, é chegar a 3 mil motos elétricas na cidade até o final de 2021. Em seguida, o plano é chegar a metrópoles como Campinas, Salvador, Recife e Porto Alegre, que têm acima de 1 milhão de habitantes e são mais planas.

O custo (R$ 5,90 para os 10 minutos iniciais e R$ 0,75 para cada minuto adicional), a rapidez do modal e a funcionalidade têm atraído usuários de diferentes perfis. Em um teste comparativo feito pela Riba, em trajeto da avenida Paulista até a avenida Faria Lima, em horário de pico, sobressaem-se as vantagens da scooter: ela chegou ao destino em 15 minutos, gastando R$ 9,65. Já o patinete chegou em 22 minutos por R$ 14; o carro por aplicativo levou 40 minutos e custou R$ 22,80; e o ônibus foi o mais em conta (R$ 4,30) e o mais demorado, gastando 60 minutos.

Entre as várias verticais da Riba, há a fábrica no sul de Minas Gerais, onde são montadas as scooters com peças vindas da China; o setor de sharing; o de vendas; e o de aluguel para empresas e eventos, como Lollapalooza e, agora em novembro, a Fórmula 1. Uma novidade é o trabalho com motoboys.

“Queremos transformar esse mercado oferecendo um modal que une rapidez, eficiência, segurança e sustentabilidade”, diz Ricardo. A empresa acabou de fechar uma parceria com a iFood, na qual eles conseguem mapear e gerenciar todo o trajeto do entregador. “Pela geolocalização conseguimos ver se o cara está correndo, empinando, andando na contramão ou acelerando muito, e colocamos alertas para o usuário. Isso traz segurança para todos os envolvidos: entregadores, empresas e clientes”, ressalta Arthur Figueiredo, coordenador de operações da Riba.

Monitorada e rastreada em tempo real, e em funcionamento full-time, a Riba Share conta com seguro contra acidentes e exige do usuário a habilitação na categoria “A”.

No cadastro no app, o usuário deve enviar uma cópia da CNH e inserir um cartão de crédito para pagamento. Localiza-se então a scooter mais próxima, que pode ser reservada gratuitamente por 15 minutos. Ao chegar, ela é ligada pelo app – limitada a 50 km por hora, inclui um capacete no baú. Quando a viagem termina, é só estacionar em vagas permitidas para motos ou em bolsões. “Com zero de emissões de poluentes, zero de poluição sonora e muito fácil de pilotar, ela é uma opção perfeita para driblar o trânsito de cidades como São Paulo”, afirma Ricardo Cabral.

Mobilidade: mestre da bicicleta

Mobilidade: mestre da bicicleta

Bruno Uehara é um entusiasta da bicicleta: ele anda, vive, trabalha e pensa esta engenhosa e sustentável máquina 24 horas por dia. Arquiteto e urbanista formado pela Universidade de São Paulo, Bruno sempre teve interesse no funcionamento das coisas – e essa curiosidade também apareceu quando ele começou a andar de bicicleta, ainda menino.

Manual ajuda as pessoas a terem mais independência com sua bicicleta

Bruno Uehara, criador do manual “Anatomia da Bicicleta”. Foto: Tomás Senna

O resultado, depois de muito estudo – que incluiu uma imersão em Colorado, nos Estados Unidos, com o lendário Koichi Yamaguchi, um dos mais importantes construtores de bicicletas do mundo –, foi que ele se tornou um dos maiores especialistas no assunto. Trouxe para o Brasil a bike feita por ele e decidiu criar um manual sobre a anatomia da bicicleta.

No manual, cujo conteúdo está disponível para download gratuito no link tinyurl.com/y5dhqjg5, Bruno detalha todos os componentes e funções de uma bike. “Até agora foram mais de 7.000 downloads, e colho muitos frutos desse trabalho. Mas o que me deixa mais feliz é o retorno de pessoas que passaram a entender e usar melhor suas bicicletas”, ele diz.

Atualmente voluntário de um projeto paulistano chamado Treino na Laje, organizado por Sophia Bisilliat, onde ele faz manutenção de bicicletas das crianças do Capão Redondo, Bruno Uehara também está à frente da Escola Grow, um projeto desenvolvido pela empresa de aluguel de bikes e patinetes. “Em abril deste ano, conheci o lado social e inclusivo da Grow, e a necessidade de treinar e capacitar o time de campo, por meio de aulas de mecânica de bicicleta e patinete. O objetivo é preparar os jovens colaboradores de oficina e das operações de rua, garantindo que eles estejam preparados para o mercado de trabalho, seja dentro ou fora da Grow”, explica.

Para Bruno, a bicicleta é uma criação tão perfeita que ele não consegue encontrar pontos negativos. “Além de transformar o indivíduo, a sociedade, a cidade e o meio ambiente, ela também é uma ferramenta inclusiva e acessível. Tem um funcionamento belíssimo, de tão simples e eficientes que são seus mecanismos.

E, como se não bastasse, é uma das mais belas formas de expressão. Uma bicicleta normalmente diz muito sobre o seu dono. Forma e função em sua excelência, além de fazer bem para o coração, o corpo e a mente”, resume esse inspirado biker e mestre das magrelas, que sonha em melhorar a mobilidade paulistana.

Seus projetos incluem o incentivo do uso da bicicleta desde a infância – como fazem países como Holanda e Dinamarca –, a disseminação da importância do uso dos modais ativos e o estímulo constante da ocupação do espaço público. “Através de aulas, redes sociais, eventos, palestras… Enfim, quero mostrar que a bicicleta é transformadora e pode mudar nosso mundo para melhor”.

Mobilidade: A expansão dos carros elétricos

Mobilidade: A expansão dos carros elétricos

Veículo elétrico é uma das principais tendências na indústria

Em julho último, 960 veículos elétricos foram vendidos no Brasil, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Trata-se do maior recorde em um único mês, desde janeiro de 2012. Desse período até julho deste ano, foram comercializados 13.982 carros elétricos, que incluem os modelos puros (100%, com bateria) e os híbridos. E, na conta, estão de fora ônibus, motos e levíssimos, setor em franca expansão com patinetes, scooters e monociclos.

Os números são motivo de comemoração, frisa o presidente executivo da ABVE, Ricardo Guggisberg. Desde 2006, ele vem trabalhando obstinadamente pelo desenvolvimento, crescimento e divulgação dos elétricos no Brasil. “É um trabalho constante e muito focado, porque esse é um setor complexo. Não temos no Brasil políticas públicas para incentivar a produção e o consumo de carros elétricos. Isso dificulta, porque os impostos são muito altos e há um custo elevado para implantar toda a infraestrutura necessária”, afirma.

Lá fora, os carros elétricos estão rodando com incentivo de ações e impostos reduzidos. A China é líder mundial: em 2018, as vendas de carros elétricos cresceram 61,7%, alcançando 1,26 milhão de unidades. Estados Unidos, Portugal e Chile conseguiram reduzir o imposto equivalente ao ICMS brasileiro; já no Reino Unido, os carros híbridos e elétricos são liberados para circular nas zonas de congestionamento sem nenhum tipo de restrição.

De acordo com estudo da Bloomberg New Energy Finance (BNEF), a frota de elétricos no mundo deve alcançar os 56 milhões até 2040. Além da questão da sustentabilidade, fundamental nas políticas de diversos países, há o financeiro. O custo por quilômetro rodado com um carro elétrico é até 50% inferior em relação a um modelo movido a combustão.

A ABVE defende o desenvolvimento de elétricos em geral, sejam eles pesados (ônibus, caminhões, trens etc.), leves (carros, caminhonetes) ou levíssimos (motocicletas, bicicletas, patinetes etc.). Nesse último segmento, temos visto uma equiparação com os países desenvolvidos. “A explosão dos patinetes elétricos mostrou que as pessoas querem se movimentar independentemente dos carros. Nesse mercado estamos junto com o mundo e vivendo os mesmos problemas, inclusive com a dificuldade de regulamentar esse tipo de modal”, observa Guggisberg.

Um exemplo dos levíssimos é a scooter elétrica Riba, no mercado há mais de nove anos e com sua célula de montagem em Minas Gerais, onde tem incentivos. A Riba, que faz parte da ABVE, conta com o sistema sharing de scooters, com veículos que podem ser acionados automaticamente com o uso de um smartphone, com preços calculados por minuto de uso. É mais uma opção sustentável, prática e ligeira que pode melhorar o trânsito em cidades como São Paulo e contribuir para um ambiente melhor e mais saudável.

Mobilidade: Caminhando juntos até a escola

Mobilidade: Caminhando juntos até a escola

Crianças do grupo Carona a Pé

Em São Paulo, o retorno do calendário escolar costuma trazer no “pacote” os congestionamentos, as filas duplas, as buzinas e a poluição nos arredores das escolas. Já nos acostumamos com isso, parece normal, mas não é: no Japão e na maioria das cidades europeias, as crianças vão à escola a pé ou de transporte coletivo. Os pais as acompanham nos trajetos e nas caminhadas, até que elas possam adquirir independência para caminhar sozinhas ou com os colegas, com autonomia e cidadania.

Em Londres, em alguns bairros, há multas para os pais que desembarcam seus filhos de carro na porta da escola. O objetivo é proteger o entorno escolar, estimulando a sustentabilidade, a educação e a saúde. A professora Carolina Padilha se inspirou nesses valores para criar o Carona a Pé, em 2015. Seu objetivo foi sensibilizar e capacitar pais e crianças para que eles caminhem juntos rumo à escola. Os grupos que moram próximos saem diariamente, em horários pré-estabelecidos, seguindo rotas previamente determinadas.

Em conversa com o Pro Coletivo, Carolina contou sobre as novidades do projeto, que cresceu e hoje envolve dez escolas públicas e privadas em São Paulo e em Belo Horizonte, e mostrou as vantagens de adotar o transporte a pé para levar os filhos à escola. “Vencemos a etapa nacional do Prêmio Mapfre Inovação Social e em outubro representaremos o Brasil na categoria mobilidade urbana. Estamos felizes porque, com o prêmio, poderemos implementar o programa em muitas outras escolas do país”.

Para Carol, é um equivoco pensar que isolar as crianças significa protegê-las. “Quando as crianças ocupam os espaços públicos suas necessidades se tornam evidentes e isso faz com que os adultos repensem esse espaço. Uma cidade que é boa para as crianças também é boa para todos”.

E o que a rua pode ensinar às crianças e aos seus pais? “Que o espaço público é rico, diverso e de todos. É circulando pelas ruas que boas perguntas e reflexões surgirão, principalmente do que não está bom e poderia melhorar”.

Durante os quatro anos em que vem caminhando com crianças e pais, Carol conheceu as demandas dos alunos. As crianças precisam, por exemplo, de mais tempo para atravessar nas faixas: os tempos semafóricos são insuficientes para elas. “Estamos tentando levar essas necessidades para a esfera pública”.

A taxa de adesão ao programa é alta: 30% dos estudantes passam a ir com os grupos. O que conta para as crianças, além da sensação de pertencer a um grupo e da interação com colegas, é a possibilidade de participar da vida da cidade. “Depois que o Carona a Pé começa, ele engaja toda a escola e até o comércio local”, diz Carol, lembrando que em setembro fará um grande encontro de escolas em São Paulo para discutir questões como segurança, mobilidade e saúde infantil. Se sua escola tem interesse, é só entrar em contato pelo email carona@caronaape.com.br ou pelas redes sociais.