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Bon Vivant: confira supermercados com ótimos restaurantes

Bon Vivant: confira supermercados com ótimos restaurantes

Apesar de ter virado moda pedir delivery de supermercados, eu faço parte daqueles que fazem questão de escolher os produtos que iremos consumir em casa. Mas a luta contra a ansiedade não é novidade para todos aqueles que têm um lado gourmet (e gourmand) e já não podem mais com as extravagâncias alimentares em qualquer ocasião.

Fraldinha do restaurante El Carbón. Foto: Helena de Castro / Divulgação

Quem lê esta coluna sabe exatamente do que estou falando. Acontece que falar a respeito de controle de ansiedade parece simples, porém conseguir pôr a determinação de fechar a boca em prática no dia a dia é bem mais complicado.

Pretendo nunca deixar de apreciar o lado gourmand da gastronomia, mesmo sabendo que já não posso usufruir dela como antes, e isso por vários motivos… Invejo quem não precisa se regular na alimentação cotidiana, mas não posso reclamar, tive lá minhas décadas de fartura. Estou, hoje, naquele estágio que tolera até um ou dois excessos por semana, no máximo. Falo daquelas mesas sem culpa onde só importa a celebração da vida e do estar juntos. Digamos que busco restringir o consumo de proibidos (pelo médico e pelo meu cinto) nos jantares com amigos.

Uma das coisas que todo mundo sabe e que aprendi é não ir às compras em supermercados ou empórios com fome. É obrigatório comer algo antes de sair pilotando o carrinho pelas gôndolas, caso contrário, é certeza de que na hora de guardar as compras nos armários, o arrependimento vai bater. Como não sou do tipo que sai com listinha na mão, qualquer produto bem embalado se torna sedutor.

Minha receita é simples: qualquer que seja o lugar escolhido para se abastecer, vá direto para um restaurante ou para uma cafeteria no mesmo endereço. Para mim, é simples porque os poucos mercados e empórios que frequento têm ótimas opções para fazer um lanche ou mesmo jantar antes de partir para a missão principal.

Seguem minhas sugestões para esse pit stop antes das compras nos mercados que frequento: no Jardim Pamplona Shopping tem um Carrefour bem legal e no roof top há várias opções de bons restaurantes, entre eles o árabe Saj, a parrilla uruguaia Las Leñas e o El Carbón, onde o cardápio com pé na Espanha passa todo por um forno de carvão.

No imponente Eataly também há boas opções. Tanto o Brace quanto o Mare usam a grelha nos seus menus. O Brace tem um menu da terra bem italiano e o Mare com seus peixes tanto crus quanto na grelha. E atenção, se nenhum dos dois empolgar, o La Pizza entra para resolver com a autêntica pizza napolitana.

Quem quer algo um pouco mais sofisticado pode optar pelo Empório Santa Maria. Ali, a única mas ótima opção é o Sushi Bar. Os produtos e os sushimen são ótimos. O preço, nem tanto. Por fim, o melhor supermercado de todos para mim é a Casa Santa Luzia. Só que ali só tem a cafeteria no primeiro andar (onde ficam os orgânicos e sem glúten). Mas mesmo assim é possível resolver a fome com uma ótima quiche ou um dos bons salgados e um suco natural. Sem contar que, se você fizer questão de comer em restaurante, basta andar pelo quarteirão.

Garanto que boa parte dos supérfluos que você teria comprado se estivesse com fome vão continuar na prateleira do mercado. E o mais legal desse procedimento é que você ainda faz a digestão enquanto circula pelos corredores.

Ou seja, ainda vai para cama sem culpa… Até!

Bon Vivant: opções culinárias boas, baratas e bacanas

Bon Vivant: opções culinárias boas, baratas e bacanas

Dez anos atrás, em uma das primeiras edições da 29HORAS, escrevi nesta coluna (então intitulada “Comer, Beber, Viver”) sobre o mesmo assunto. Dez anos depois a diferença é que, para ser bom e barato, não é mais necessário falar apenas de restaurantes chineses, italianos ou árabes. A diversidade culinária invadiu a nossa cidade de tal forma que as dicas desta edição serão somente de gastronomias que até então sequer eram encontradas (ou apenas em bairros de nichos dos respectivos imigrantes).

São Paulo está repleta de opções culinárias boas e baratas

Bibimbap do Komah. Fotos: Divulgação

Eu me lembro que para poder provar a comida coreana, eu e o Pedro, publisher desta revista, tínhamos que ir ao bairro da Aclimação – e ainda assim acompanhados dos nossos colegas coreanos da faculdade, que tinham familiaridade com a região.

Hoje temos um representante desta colônia na Barra Funda que está na categoria Bib Gourmand (boa relação custo/qualidade) do guia Michelin: o Komah, que é realmente um lugar especial. Tanto pela qualidade da comida quanto pela personalidade do ambiente, mesmo tão simples. É uma mistura de alma com qualidade.

Outro exemplo de diversidade culinária é a grega. Há cerca de cinco anos era necessário ir ao Bom Retiro para sentir o gosto dos pratos gregos. O Acrópoles era o único representante do seu país em São Paulo. Em 2015, o Myk trouxe o conceito de comida grega para os Jardins e agradou tanto que o mesmo grupo expandiu o conceito com a bandeira Kousina. Hoje, eles têm outros três endereços. A coisa é parecida quando se trata da cozinha espanhola.

Ceviche da Comedoria Gonzales

Lembra quando o Don Curro era a única opção? Ou então você tinha que ir até o Los Molinos, no Ipiranga, para poder degustar uma paella, uma lula en su tinta ou simplesmente um jamon ibérico? Sem contar que tínhamos que formar mesas grandes para justificar o tamanho dos pratos servidos…

Agora existem vários representantes de qualidade da Espanha com o formato de“bar de tapas”, servindo pequenas porções para compartilhar. Entre eles destaco o Teus, na Vila Madalena; o Maripili, em Santo Amaro; e o Museo Veronica, em Moema. Os dois últimos são do mesmo grupo e tão genuínos e despojados quanto competentes. Não devem nada para os originais espanhóis.

Outra onda que acertou os paulistanos em cheio é a dos ceviches. A iguaria peruana aportou há menos de dez anos por aqui e se proliferou numa velocidade recorde. Um exemplo desta delícia é a Comedoria Gonzales, do chef boliviano Checho Gonzales. Além de ter preço razoável, ainda traz o benefício de uma dieta saudável.

Instalada em um lugar despretensioso (fica no box 85 do Mercado de Pinheiros), com um ar bem genuíno, a Comedoria serve ceviches primorosos, realmente delicados e muito bem feitos. À revista 29HORAS, Checho explica que se trata de “comida de imigrante”: “É comida simples, de raiz boliviana e alma andina, feita com ingredientes frescos e de qualidade”, ele diz. Um lugar para comer sem frescura, já que os pedidos são feitos e retirados no balcão (e por isso não há taxa de serviço), e em pratos, copos e talheres descartáveis. O foco é realmente a comida, como as outras opções acima. Bom apetite e até!

Bon Vivant: Alimentação saudável na primavera

Bon Vivant: Alimentação saudável na primavera

Vieiras com ovas do Imakay

Está chegando a estação mais leve e mais sutil do ano. Para mim é a mais bonita e a mais inspiradora. A luz do sol e as cores das plantas nos fazem sorrir. A gente se sente bem, feliz e disposto. A primavera tem um ar de saúde…

É a época perfeita para tomar decisões relativas ao nosso bem-estar. O fato é que grande parte das pessoas que apreciam uma boa mesa vive inventando dificuldades para mudar de hábitos, como se para isso tivesse que abrir mão do prazer. Seja para pegar mais leve no estresse do dia a dia e na alimentação ou até mesmo para fazer alguma atividade física.

Mas uma coisa é certa: essa mudança começa por uma alimentação mais saudável. E São Paulo oferece tantas opções que não é sacrifício nenhum adotar uma alimentação mais leve ou até mesmo vegetariana ou vegana.

Mesmo quem procura casas estritamente veganas (com zero proteína animal) encontra opções cada vez mais sedutoras. Poucos meses atrás, o festejado carioca Teva desembarcou por aqui, no bairro de Pinheiros. Os pratos são tão ricos em ingredientes e sabores que você nem se lembra que a casa é vegana… é de dar água na boca. Que tal uma lasanha de ricota de tofu, tomate seco com espinafre sauté e mussarela de castanha de caju? Aliás, o saudável está tão em alta que grande parte das melhores casas de São Paulo já incorporou pratos vegetarianos e veganos no cardápio.

Tofu orgânico agridoce e polenta do restaurante Nou

No badalado baixo Pinheiros, o contemporâneo Nou acabou de incluir cinco opções veganas, uma mais interessante que a outra, como o tofu orgânico agridoce e o tartar de cenoura.

E a verdade mesmo é que tem comida leve e saudável para todos os gostos. Em uma levada parecida com a culinária japonesa, uma das febres atuais é o poke, prato típico do Havaí que mistura cubos de peixe fresco com arroz estilo gohan, molho de soja, castanhas e até frutas. São Paulo já conta com mais de trinta endereços dessa iguaria light.

Na mesma linha do mar e saudável, está começando a virar febre a comida peruana, que entrou no circuito com o ceviche e vem ganhando sofisticação. No recém-aberto Imakay, por exemplo, as vieiras canadenses são levemente grelhadas e regadas com molho de mel e azeite em cima de crocante de quinoa. O que não falta ali são composições de peixe, ovas e algas. Ou seja, não existe a desculpa de falta de opções apetitosas. E não vamos esquecer que essa leveza toda traz ainda mais disposição para outras práticas saudáveis, né?

Resumindo, pouco importa a religião culinária de cada um. O verão chegará em três meses e já sabemos que as temperaturas irão bater recordes. Vamos chegar lá mais leves, dispostos e, principalmente, bem humorados?

Até!

Bon Vivant: A alegria de sair de casa (e dos apps)

Bon Vivant: A alegria de sair de casa (e dos apps)

O discernimento na hora de usar os apps é fundamental para não perder de vista o prazer de jantar fora, ir ao cinema ou até mesmo tomar um sorvete na rua

Quero alertar a todos os bon vivants sobre um fenômeno relativamente novo, mas que de dois anos para cá vem se tornando assustador. Me segurei até agora porque achei que podia ser considerado um tipo de preconceito ou de radicalismo, sei lá, afinal de contas tenho uma clara tendência saudosista quando o assunto é prazeres urbanos, ainda mais quando a cidade em questão é São Paulo, com tudo o que ela tem a oferecer.

Eu me refiro aos serviços de entrega, mas não apenas aos deliveries de restaurantes, mas também aos de supermercados, sorvetes e tantos outros que nos oferecem até os últimos lançamentos do cinema sem sair de casa.

Os apps querem, e pelo jeito estão conseguindo, nos tirar o prazer de ir jantar fora ou de ir ao cinema e até mesmo de fazer umas comprinhas no supermercado… Socorro!!! Sou a favor de todos os serviços, mas se não houver discernimento, vamos nos enclausurar para poder ficar mais tempo ainda pendurados no celular ou para conseguir ver mais um capítulo da série do momento… No final das contas, um aplicativo leva a outro.

Vamos deixar esse tipo de recurso para dias de chuva ou para situações específicas, quando não podemos manter o programa original que é sair, ver gente, encontrar amigos, ver o que tem de novo na rua ou simplesmente socializar com a nossa cidade.

No Carrefour ao lado da minha casa, fiquei pasmo ao ver uma funcionária do Rappi fotografando uma fatia de salame para perguntar ao seu cliente se a espessura estava boa. Me perguntei se é possível viver sem avaliar e escolher nós mesmos as frutas, legumes e até as flores que irão entrar em casa. Só de pensar que alguém que nunca vi vai fazer essas escolhas por mim, já me diz que algo está errado. A não ser em caso de emergência, claro.

Por isso, acho que todos nós que gostamos de frequentar bares, restaurantes, cinemas e livrarias temos que levantar a bandeira de uso consciente desse exército de apps. Mesmo que você faça sua pipoca e assista a um filme na TV, vamos combinar que não se compara com uma saída com direito a cinema e pipoca original. Assim como a gentileza do garçom ou a crocância do seu sanduíche não conseguem chegar à sua casa, por mais eficiente que seja o seu aplicativo…

Me lembra um pouco a história da caminhada no parque e da esteira na sala… resolve o fisiológico, mas não abastece o coração. Temos que resistir à quantidade de apps que invadiram o nosso dia a dia e que tentam a todo momento nos convencer de que eles podem fazer “tudo” o que estamos acostumados e gostamos de fazer nós mesmos…

Eu sei que tudo é motivo para cair no conforto e ficar em casa, mas tente, por exemplo, encarar o lado bom do frio deste inverno e convide o seu amor ou os seus amigos a ir comer uma das tantas boas sopas de São Paulo. Vai ser alegria, na certa.

Até, bom passeio.

Alguns restaurantes que servem sopas e valem a pena: Spot (pera com alho poró, banana ao curry), La Casserole (sopa de cebola), Le Jazz (sopa de cebola), Quinta de Santa Maria (caldo verde), Rancho Português (caldo verde).

Bon Vivant: o lado B dos “Jardins”

Bon Vivant: o lado B dos “Jardins”

Vieiras no bouillon de gengibre do Tonton

Desde sempre a denominação “Jardins” significou “in”, “chique” e, principalmente, sinônimo de endereço sofisticado. Tipo aquele bairro onde estão as lojas e restaurantes mais bacanas e onde tudo é “desejo”. É ali que ficam ruas do tipo Oscar Freire e Haddock Lobo, onde é gostoso ver e ser visto…

Até hoje o perímetro entre a Alameda Tietê, a rua Peixoto Gomide, a rua Estados Unidos e a rua Melo Alves é endereço obrigatório para flagstores, que nunca dividiu a glória com nenhum outro bairro. No máximo avançou um quarteirão, por exemplo, até a Alameda Casa Branca. Até agora… Mas as coisas estão mudando. A gastronomia, a nobreza e o charme do programa preferido do paulistano atravessaram a avenida Nove de Julho e invadiram o lado até então calmo e tranquilo do Jardim Paulista.

É entre a rua Pamplona e a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio que bistrôs e novidades gastronômicas estão fincando bandeira desde o ano passado. Se até então esse lado mais residencial dos Jardins já abrigava alguns clássicos como a pizzaria Camelo, o árabe Miski, a Lellis Trattoria e o lendário italiano Tatini, recentemente alguns novos restaurantes charmosos e com personalidade vieram reforçar esse bairro tão agradável de se explorar a pé, seja de dia ou de noite.

É o caso do francês Tonton e de seu primo italiano Tontoni, os dois tocados pelo competente e já premiado Gustavo Rozzino. O mesmo acontece com o cool and clean Mimo e com o mais que japonês (até o cardápio é em japonês) Quito Quito. Bem no meio desse novo circuito está a Alameda Campinas, que começou com o concorridíssimo Insalata (agora são duas unidades no mesmo quarteirão) e reúne algumas bandeiras de sucesso como a pizza Bráz Elettrica e a gelateria Bacio di Latte em um mosaico de sushis, cevicherias e outras propostas culinárias exóticas.

Eu recomendo sair flanando por esse bairro e se aventurar na porta que lhe parecer mais simpática, mas se quiser aproveitar a viagem para fazer qualquer tipo de compras (de supermercado a cosméticos), também vale passar no Shopping Pamplona (onde era o famoso supermercado Eldorado), com direito a muitas outras opções de restaurantes no seu rooftop…

Realmente esses poucos quarteirões do lado de cá dos Jardins se tornaram uma opção agradável para um jantar charmoso ou para um almoço executivo. Aliás, até para um café (da manhã ou não), já que bem na Alameda Campinas, quase esquina com a Estados Unidos, também está a concorrida Padaria da Esquina, do renomado chef português Victor Sobral.

Bon appétit!