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Cultivo educativo promove consciência alimentar em empresas, ONGs e comunidades

Cultivo educativo promove consciência alimentar em empresas, ONGs e comunidades

A história do pé de feijão, negócio social paulistano que realiza oficinas de educação alimentar por meio de hortas como veículo pedagógico, está muito atrelada à da bióloga Luisa Haddad, head da empresa.

Em 2013, ela fez um exame de sangue que lhe indicou colesterol muito alto, triglicérides e princípio de inflamação no fígado por conta de uma alimentação completamente desregrada. O baque fez com que a ambientalista repensasse a cultura herdada da família. Decidiu procurar um nutricionista e assumiu um intenso processo de mudança de paradigmas.

É esta experiência positiva que ela e seus quatro sócios querem passar para as pessoas. E encontraram na implementação de hortas em ambientes coletivos a plataforma ideal para transmitir lições sobre saúde, alimentação e sustentabilidade. Em operação desde novembro de 2015, a iniciativa se tornou bastante requisitada não só por pequenos e grandes grupos privados e ONGs, mas também por escolas e associações de bairro.

Quando vocês começaram já havia uma demanda pela proposta ou foi necessário todo um trabalho de abertura de nicho?

Não havia uma demanda das empresas por esse serviço específico, mas há uma demanda por inovação nos programas de qualidade de vida e de sustentabilidade. O trabalho foi de formiguinha, de primeiro apresentar uma ideia; depois, como essa ideia poderia funcionar na empresa; e ainda, uma visão de quanto custaria tudo isso.

Todo esse mapeamento de mercado foi feito nos primeiros seis meses de incubação do Pé de Feijão na Yunus Negócios Sociais, onde a ideia virou negócio.

Vocês já conseguiram avaliar os benefícios que isso traz para as vidas das pessoas?

São diferentes aspectos de saúde física e mental. Temos diversos depoimentos dos colaboradores contando que utilizam a horta como uma válvula de escape quando o trabalho está muito estressante, depoimento de pessoas contando que recuperaram a autoestima depois que começaram a se engajar na horta e conseguiram mudar a alimentação.

Fora a quantidade enorme de pessoas que passaram a plantar em casa, ensinaram os amigos, voltaram a cozinhar. Nas organizações, as hortas despertam o espírito de equipe e aumentam a integração.

No futuro, teremos cidades com uma realidade de uso misto do espaço, integrando áreas verdes e hortas urbanas comunitárias?

Esse futuro já acontece! Acredito que as pessoas vão viver a cidade plenamente, buscando qualidade de vida em todos os aspectos. Quem mora no entorno da Horta das Corujas, no Sumarezinho, por exemplo, já vive essa realidade.

Quantos projetos vocês já realizaram até o momento? Cite alguns clientes.

Temos mais de 120 oficinas de saúde, alimentação e horta realizadas em diferentes clientes, mais de 5.500 pessoas impactadas e 15 hortas implantadas.

Empresas que são nossos clientes contínuos: Barilla, Seguros Unimed, Sul América, Serasa Experian, CIEE, várias unidades do SESC. E já trabalhamos de forma mais pontual com a Amil, Bonduelle, Rede Globo, ICE, entre outras. pedefeijao.com.br

Brain Business School propõe “mão na massa” para empreendedor brasileiro

Brain Business School propõe “mão na massa” para empreendedor brasileiro

No atual cenário econômico brasileiro, ser empreendedor se tornou uma forma de tentar driblar o desemprego e garantir uma fonte de renda fixa. Mas para que um negócio prospere, somente boas ideias não são garantia de sucesso.

De olho na criatividade dos empreendedores brasileiros, dois amigos com experiência em negócios desenvolveram um método de ensino que privilegia a prática. A capacitação também dura somente dois anos, o equivalente à metade de um curso tradicional.

“Ainda não somos uma escola. Aguardamos uma autorização do MEC para que nosso curso de graduação em empreendedorismo possa começar no segundo semestre deste ano”, explicou Luca Borroni, diretor acadêmico e um dos fundadores da Brain Business School.

Com uma longa experiência profissional em escolas de negócios de primeira linha, Borroni afirmou que a graduação de sua futura instituição propõe a vivência de situações de crise, solucionando-as e, com isso, deixando os empreendedores preparados para evitar que suas ideias venham a “morrer na praia”. “Ninguém ensina como se deve empreender, na prática. Não basta só ter uma boa ideia, o que é, claro, importante.

Mas é fundamental também contar com um arcabouço técnico e conceitual para a ideia não se desmanchar em dois anos ou menos”, afirmou. A metodologia de ensino proposta pela Brain utilizará quadros conceituais aplicados, estudos de casos, simulações e até jogos, com o intuito de privilegiar a agilidade na condução de discussões participativas e produtivas.

Além da graduação, um curso de pós-graduação, desenvolvido em parceria com a CUNY (City University of New York) será oferecido pela instituição de ensino. “Nossa escola já começará com certificação internacional”, acrescentou Borroni. Para os empreendedores que não tiverem tempo, a escola também vai oferecer cursos de curta duração, com enfoque em empreendedorismo e inovação, finanças, gestão de negócios, liderança e vendas.

A formação de equipes, para garantir o crescimento das empresas, também será trabalhada em classe, além do empoderamento das mulheres empreendedoras e a capacitação de idosos que queiram se manter ativos no mercado de trabalho. Para garantir a eficiência na capacitação dos alunos, as turmas serão pequenas. Na graduação, serão oferecidas 50 vagas, e, na pós-graduação, 30.

Borroni acredita que, a partir de março, a instituição já possa anunciar seu primeiro vestibular. Com o aval do MEC, a escola será a primeira e única a oferecer um curso de graduação em empreendedorismo com duração de dois anos no país.

Sabores pancs ganham espaço no Brasil

Sabores pancs ganham espaço no Brasil

Pancs significa “Plantas Alimentícias Não Convencionais”

O Brasil está entre os dez países que mais desperdiçam alimentos no mundo. Segundo Viviane Romeiro, coordenadora de Mudanças Climáticas do World Resources Institute (WRI) Brasil, são desperdiçados anualmente 41 mil toneladas de alimentos – um índice que mostra uma grave questão social, de segurança alimentar, e problemas de ordem econômica e ambiental: a produção desperdiçada aponta para perda da biodiversidade, para impactos no uso do solo e da água, além do clima, com as emissões de carbono.

Matinhos do bem

Felizmente, há hoje cada vez mais gente interessada em resgatar a nutrição sustentável, diversificada e orgânica. Um exemplo é a paulistana Regina Fukuhara, especialista nas saborosas pancs – Plantas Alimentícias Não Convencionais –, até pouco tempo tidas como mato.

Quando anda pelas ruas de São Paulo, tornou-se tão comum como inevitável para ela bater o olho num matinho qualquer e reconhecer nele plantas comestíveis crescendo à revelia dos leigos olhares. Pariparoba dá muito no Centro, Butantã, Pinheiros e Lapa; erva-de-jabuti cresce solta em Interlagos e na Liberdade. “As pancs são espontâneas e muito mais resistentes do que as convencionais”, avalia. E, na sua opinião, o que tem impulsionado o crescente interesse mundial pelas pancs é a exigência das novas gerações por uma alimentação mais saudável e agroecológica.

Chefs conscientes

Superinteressado nessa biodiversidade, Alex Atala acredita que a nossa relação com o alimento precisa ser revista. “Precisamos garantir alimento bom para todos e para o meio ambiente e, para isso, é preciso aproximar o comer, o cozinhar e o produzir da natureza”, ele diz.

Chef Manu Buffara, do restaurante Manu

Nos dias 25, 26 e 27 de janeiro de 2019, Atala estará à frente do seminário “FRUTO | Diálogos do Alimento”, na Unibes Cultural, que tem a chancela de seu Instituto ATÁ. Paranaense de Maringá, Manu Buffara é outra chef apaixonada pela comida sustentável. Proprietária do restaurante Manu, aberto em Curitiba em 2011, acaba de receber o prêmio One to Watch, do Latin America’s 50 Best – lista dos mais importantes restaurantes da América Latina. Mas, para ela, conquista maior é usar o seu avental dignamente: “A pesca artesanal é a solução para sustentabilidade econômica e ambiental em comunidades de pescadores. Por isso, no Manu não temos nada fixo no cardápio, nos adaptamos com o que o mar nos dá todos os dias. E assim também com a terra, com as hortaliças e verduras, e com os animais. Luto pelo alimento de qualidade, pela diversidade e pelo trabalho dos pequenos produtores do nosso estado”, ela diz.

Saiba mais:
saboresdomato.blogspot.com
institutoata.org.br
restaurantemanu.com.br

Eduardo Srur usa a arte para conscientizar a sociedade

Eduardo Srur usa a arte para conscientizar a sociedade

Os caiaques no Rio Pinheiros (2006)

Eduardo Srur é conhecido pelo questionamento dos problemas urbanos por meio de intervenções artísticas em espaços públicos. Dessa vez, após uma trajetória de dez anos utilizando a rua como plataforma, ele leva o discurso de volta a uma instituição formal, o Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC), com a instalação “Caos”, uma forte crítica à ditadura do carro.

Dois paredões de carrinhos de brinquedo foram construídos bem no pátio do museu, medindo 6,4 x 3,3 metros e edificados com quatro mil exemplares amontoados. A reflexão proposta é clara: o sufocamento causado pelo trânsito nas metrópoles. “Agora, em 11 de dezembro, a obra estará diferente. Vou desmontar as paredes e fazer um estacionamento gigante com os milhares de carrinhos, e o público vai poder levar embora. Vou doar esse trabalho”, ele avisa.

Srur chamou atenção em 2008 com as esculturas em forma de garrafas pet gigantes que colocou nas margens do Rio Tietê. Outra de suas obras famosas é a réplica de uma carruagem imperial alçada a 30 metros de altura na Ponte Estaiada da Marginal Pinheiros, em 2012. Naquele mesmo ano, ele construiu um labirinto enorme de resíduos sólidos no Parque Ibirapuera. Em 2013, ocupou o centro de São Paulo com “Farol”, uma instalação com milhares de ratos de borracha no Vale do Anhangabaú.

O “Pintado”, em 2017

Para ele, o meio ambiente, o consumismo e a mobilidade urbana são questões cotidianas que mexem com qualquer pessoa que esteja numa grande metrópole como São Paulo. “Como artista, comecei a trazer esses assuntos para gerar um balanço visual que provoca e faz refletir. Traz um pouco de humor, mas também tem uma questão política. É uma vontade de explicitar, de maneira diferente, estes erros urbanísticos”, ele diz. Srur gosta do trabalho que tem algo a dizer, aquele que gera uma reflexão na sociedade. “É importante buscar uma nova perspectiva da realidade sobre as questões contemporâneas. Como o Ai Wei Wei está fazendo na Oca, com “Raiz”, ele compara.

Em 2017, o seu “Pintado”, um peixe colorido, gigante e inflável, navegou sobre as águas poluídas do rio Pinheiros. À noite, o peixe ficava iluminado por energia solar ao lado da ciclovia do rio. “Se a sociedade é incapaz de cuidar do rio Pinheiros, o “Pintado” nos lembrará que a arte é um caminho possível. O artista não dá o peixe, ele ensina a pescar”, ecoa Eduardo.

Além de toda preocupação política, ele cuida para que suas obras não causem impactos.”Procuro evitar o resíduo. Quando não dá, sigo transformando. As garrafas pet, por exemplo, viraram mochilas escolares, os carrinhos serão compartilhados… sempre tenho um pensamento que chamo de resíduo zero pós-produção/exposição. Ou a transformação das obras em outras coisas”.