À frente da Representa, o ator e roteirista Pedro Henrique França exalta a diversidade em produções audiovisuais

por | nov 7, 2022 | Entrevista, Pessoas & Ideias | 0 Comentários

 Pedro Henrique França comanda a produtora Representa, com foco na diversidade em filmes, documentários e videoclipes independentes

Quando deu vida ao seu primeiro protagonista no teatro – “Tistu, o Menino do Polegar Verde”, em 1997 – Pedro Henrique França ainda não tinha dimensão do significado político daquela ocupação. “O mundo da arte não costuma oferecer gentileza a pessoas como eu, e só descobriria isso algum tempo depois. Ser um artista gay e com nanismo é conviver com a certeza de que ‘resistência’ será sempre uma palavra muito mais recorrente no nosso vocabulário do que ‘protagonismo’. O que fiz ali foi uma leve revolução”, conta. Hoje, aos 37 anos, ele ainda resiste. Mas também comanda seu próprio motim, na Representa – produtora audiovisual encabeçada por ele e comprometida em transformar a diversidade em narrativa.

 

Foto Flora Negri

Foto Flora Negri

 

Nos filmes, documentários e videoclipes delineados pela produtora, corpos negros, femininos, LGBTQIA+ e com deficiência tomam a frente das câmeras e das salas de roteiro. “Liniker, Tulipa Ruiz, Majur e Illy são algumas das nossas estrelas e símbolos, e a ideia é ampliar ainda mais esse casting para pessoas de todas as cores, origens, gêneros, orientações sexuais e lutas.” Nos bastidores, Pedro utiliza a técnica adquirida em seus anos como jornalista no Estadão e roteirista do Grupo Globo – por trás de programas célebres, como “Esquenta” e “Que História É Essa, Porchat” – para construir narrativas que mesclem perspicácia e denúncia. “Ao meu lado, trabalha Nathália Ribeiro, sócia, produtora executiva, mulher, preta e nordestina.”

Fundada em 2018 e mantida, desde então, de maneira independente, a Representa agora recebe os louros pelo seu primeiro documentário original, “Corpolítica”. Produzido com o apoio do ator Marco Pigossi e com estreia nacional prevista para o início de 2023, o filme investiga a recente ocupação de cargos políticos por pessoas da comunidade LGBTQIA+. “É um alerta para a sub-representatividade crônica a que somos historicamente submetidos.”

Eleito em setembro o melhor documentário do ano pelo público do Queer Lisboa e, em outubro, vencedor do Festival Internacional de Cinema de Brasília na categoria Melhor Roteiro e do Prêmio Félix de Melhor Documentário no Festival do Rio, neste mês “Corpolítica” viaja mais uma vez, agora para ocupar as telas do Hollywood Brazilian Film Festival e integrar a programação do Merlinka Festival, na Sérvia. “Acredito que essa repercussão internacional toda se deva à ainda infeliz universalidade do preconceito, mas também à ampliação da nossa rede de apoio em todo o mundo. O caminho é longo, mas nunca estivemos tão unidos.”

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