Os cantores têm cumprido um verdadeiro papel social em meio à quarentena. Para aliviar a tensão do confinamento, as lives acontecem todo final de semana e tem música para todos os gostos desde março. Uma verdadeira tendência digital foi inaugurada no país em meio à pandemia da Covid-19.
São vídeos ao vivo que recebem patrocínio de marcas, como cervejas e meios de pagamento online, com QR code na tela para doações e compras. Alguns desses cantores ainda têm uma verdadeira estrutura de show “na garagem” de casa, com palcos e drones.
Fátima Pissarra, sócia da agência Mynd, auxilia marcas na identificação de oportunidades e execução de projetos publicitários, unindo música, entretenimento, artistas e influenciadores. O casting exclusivo da empresa é composto por grandes nomes do cenário nacional, como Luísa Sonza e Pabllo Vittar – ambas, inclusive, já fizeram shows virtuais com centenas de milhares de expectadores acompanhando ao mesmo tempo no YouTube.
29HORAS – A arte nunca foi tão importante. Como os cantores trabalham hoje?
Fátima Pissarra – A música já passou por tantas reinvenções que os artistas estão muito preparados para inovar, ir além, e é o que está acontecendo agora. Se não há mais shows físicos, a live é uma grande oportunidade de cantar e, ao mesmo tempo, mostrar outros talentos. Temos cantores jogando, usando novas redes sociais, criando formas de interagir com seus seguidores… O cantor faz sua arte na música, mas também em outras frentes, que antes não funcionavam na mesma velocidade, por causa de uma agenda atribulada de shows e viagens.
29HORAS – Como as marcas se aproximam desses influenciadores/artistas nesse contexto?
Fátima Pissarra – Cada artista é grande para sua base, independentemente do tamanho. O importante é que a marca conectada ao artista seja uma verdade, seja uma relação real, o artista consuma, e a marca tenha uma estratégia para trabalhar esse artista, ou o segmento em que o artista está. A percepção é da coerência com a estratégia total da marca dentro e fora do ambiente digital. Se a marca quiser trabalhar um perfil high tech, de social media, vai buscar artistas super digitais, com bases digitais, mas não é apenas isso que influencia no sucesso ou não da campanha.
29HORAS – As lives têm se mostrado verdadeiros cases, com patrocínios diversos e enorme engajamento. Esse formato continuará mesmo após a pandemia, na sua visão?
Fátima Pissarra – É muito difícil prever qualquer coisa, ainda mais nesse momento super imprevisível que vivemos. Se é para eu torcer por algo, eu diria que sim, gostaria muito que as lives virassem uma realidade, que as pessoas pudessem ter a oportunidade de ver os artistas performando ao vivo de dentro de suas casas. As casas de show poderiam vender ingressos a preços mais acessíveis e transmitir também online – por que não? Acredito que novos públicos estão se formando, conhecendo as lives e gostando desse acesso.
29HORAS – O que o mercado dos influenciadores levará deste momento?
Fátima Pissarra – Eu acredito que estamos tendo um grande impacto em nossas vidas, e isso não pode ser em vão. Acho que o respeito e a forma de se posicionar vão ser cada vez mais valorizados. O novo normal vai ser pensar no coletivo, não só em si próprio. Como influenciadores, é necessário perceber que a sua ação gera uma reação muito grande, seus seguidores esperam uma postura, atitude e comportamento coerente com o que acreditam.
29HORAS – É possível deslanchar uma carreira de influenciador na pandemia?
Fátima Pissarra – Agora, e sempre! Ainda mais com as diferentes plataformas disponíveis. Tik Tok está chegando com força total com nomes super novos, que não fazem parte do dia a dia do influenciador de Instagram. Twitter tem outros nomes, YouTube… os espaços estão aí. A digitalização social está só começando. Isso é positivo, temos muito espaço.
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