Após dois anos fechado para visitas, Valle Nevado reabre na alta temporada de inverno nas cordilheiras chilenas
Percorrer a sinuosa estrada de 60 km que serpenteia a Cordilheira dos Andes a partir de Santiago, no Chile, pode ser um passeio custoso para os turistas de estômago sensível. As sessenta curvas que salpicam a via fazem com que o trajeto de pouco mais de uma hora pareça quase tão radical quanto o destino. A vista, porém, costuma compensar o caminho turbulento. No fim da estrada, o panorama de um céu azul quase sem nuvens recortado por montanhas cobertas de neve recepciona os viajantes que chegam ao Valle Nevado durante os meses de inverno.
Fincado no coração da cordilheira, a aproximadamente 3 mil metros de altitude a partir do nível do mar, esse majestoso complexo turístico funciona desde 1988 em uma área de mais de 900 hectares escarpada entre as montanhas, e dispõe de três hotéis, seis restaurantes e mais de 40 pistas de esqui e snowboard, que se abrem à disposição do público entre os meses de julho e setembro – ou enquanto houver neve suficiente recobrindo o solo e permitindo a prática segura de esportes radicais.
Aliás, é essa adrenalina que, anualmente, atrai milhares de esquiadores de todo o mundo para o topo dos Andes. Detentor da maior área esquiável da América do Sul (desbancando, inclusive, a tradicional Bariloche, na Argentina), o Valle tem pistas versáteis, que se adaptam aos mais variados níveis de expertise. Enquanto aprendizes esquiam na tranquilidade de regiões de média altitude, o público mais experiente fica à vontade para se arriscar a altas velocidades em vias mais íngremes, acessadas por meio de teleféricos.
E, embora não seja necessário pagar para usufruir das pistas (a entrada no Valle é 100% gratuita), é possível – e bastante recomendado, sobretudo aos esportistas de primeira viagem – contratar aulas com os instrutores do complexo antes de se jogar de cabeça na neve. Tíquetes para duas horas de classes de esqui ou snowboard custam em torno de 87 mil pesos (R$ 470) para adultos e 72 mil (R$ 390) para crianças, com aluguel de equipamentos essenciais – botas, esquis e bastões – já incluso no valor. Quem precisar, também pode arrendar roupas e luvas térmicas, capacetes e antiparras no Ski Rental do complexo, por um valor à parte que varia ao longo da temporada.
Mas se engana quem pensa que turista que não esquia está fadado a dias de tédio por ali. Além de passear por um charmoso boulevard com lojinhas e apreciar relaxantes mergulhos na piscina aquecida, os menos aventureiros também podem preencher suas manhãs com sessões em grupo das tradicionais “caminhadas em raquetas”. Nesse tranquilo programa guiado pelas montanhas (que custa em torno de R$160), as turmas conhecem os principais mirantes do complexo enquanto ouvem histórias sobre a região.
Para um pouco mais de adrenalina, desça de jardineira até a Curva 17, área do complexo de onde partem as famosas “gôndolas” – teleféricos de cabine fechada, que proporcionam uma incrível visão área do Valle. O passeio tem como ponto final o bar Bajo Zero, especializado em lanchinhos rápidos, cafés e chocolates quentes.
Já se o cansaço após um dia inteiro na neve pedir por refeições mais fartas, reserve horário em um dos disputadíssimos restaurantes do complexo. Preferido dos visitantes, o La Fourchette abre apenas para o jantar e oferece boefs bourguignons, sopas e outros clássicos da culinária francesa, sempre acompanhados de uma boa taça de Carménère, vinho feito com esssa variedade de uva que é quase uma exclusividade do Chile. Já o charmoso Monte Bianco serve jantares italianíssimos em três tempos. Para a entrada, vá de carpaccio de salmão; depois, invista em um dos risottos da casa; e, para fechar, prove a panacotta com sorvete de framboesa.
Dias gelados e noites quentes
Uma vez fechadas as pistas, às 17h, a vida noturna do Valle se acende. No 4° andar do hotel Tres Puntas – o três estrelas do complexo, com diárias a partir de US$ 200 por pessoa em quarto duplo –, um moderníssimo pub funciona madrugada adentro, com mesa de bilhar, fliperama, karaokê, drinques e DJ com um set recheado de músicas brasileiras. Bebericar um pisco sour ao som de Anitta pode ser uma maneira interessante de finalizar o dia.
Para os turistas que querem mais de um dia de diversão no Valle, a dica é se hospedar por lá mesmo. O Hotel Puerta Del Sol é o maior do complexo e o preferido dos visitantes. Com diárias a partir de US$ 240 e serviços quatro estrelas, o espaço funciona em sistema de meia pensão, com café da manhã e jantar inclusos. Já no cinco estrelas Valle Nevado, os pernoites saem por US$ 325, e os hóspedes podem desfrutar de spa, fitness center e salas de cinema 3D. Com quartos exclusivos equipados com varandas com vista para o pôr-do-sol entre as montanhas, o hotel é o único do complexo que funciona em esquema ski-in/ski-out, oferecendo aos hóspedes acesso direto às pistas.
Após dois anos de portas fechadas devido às restrições impostas pela pandemia, os três hotéis do Valle se preparam para um recorde de reservas em 2022. O público mais aguardado é brasileiro, que deve representar cerca de 60% dos visitantes – por isso, não se espante se escutar mais português do que espanhol por ali…
Por enquanto, ainda há datas disponíveis para reserva durante esta temporada, que podem ser consultadas em www.vallenevado.com.
*A repórter viajou a convite do Valle Nevado Ski Resort
0 comentários