Este ano foi difícil. A pandemia e a consequente crise econômica impactaram a saúde mental dos brasileiros. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) nos meses de maio, junho e julho revelou que 80% da população brasileira se tornou mais ansiosa com o novo coronavírus. “O que não quer dizer que antes estivéssemos muito bem, mas sem dúvida vemos um aumento do sofrimento psíquico em tempos de incerteza, ameaça e risco”, analisa Maria Homem.
Como lidar com isso? A psicanalista vê duas linhas principais: ou se conversa mais sobre tudo o que vivemos – e o aumento da busca por espaços terapêuticos variados exemplifica isso – ou embarcamos na linha de comportamentos agressivos, e o ódio nas redes sociais mostra esse outro lado. “Como estamos sob a ameaça de um vírus e na miragem da morte, não é de se estranhar que as polarizações fiquem mais cruas e cada vez mais delirantes”.
Formada em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP) com mestrado pela Universidade de Paris VIII, Maria também é professora na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). Com olhar atento e sensível, transpôs algumas das reflexões da sala de aula e das sessões de terapia para o mundo digital. Falando sobre desejo, medo e tudo o que envolve a subjetividade contemporânea, seu canal no Youtube já tem 140 mil inscritos e quase 4 milhões de visualizações.
Para Maria Homem, as redes sociais replicam as relações humanas, no que podem ter de destrutivo e clichê, e no que podem ter de descoberta e circulação de ideias. “Poder falar é uma aposta nessa segunda vertente. A vida de modo geral ficará cada vez mais híbrida, on e offline. A próxima fonte de ansiedade será: como se equilibrar nessa corda bamba, entre real e virtual?”.
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