Criador da marca picante de óculos de sol, armações, relógios e mochilas, Caito se consolida como guru do empreendedorismo e leva os óculos de sua inovadora e descolada marca a 19 países
Com pimenta, tudo fica mais marcante. Assim é no prato e no mundo corporativo. Longe de ser tradicional, básico ou feijão com arroz, Caito Maia, CEO da Chilli Beans, personifica o que sua marca de óculos e acessórios que é a brasileira super moderninha dos negócios há mais de duas décadas propõe: é autêntico e ousado. Aos 53 anos, o empresário recebeu a equipe da 29HORAS no seu escritório em Barueri, na Grande São Paulo, vestindo um moletom colorido, depois de uma reunião com uma equipe jovem e diversa. Na sala repleta de livros e fotos que mesclam o mundo das artes e da música, Caito logo apresenta empolgado a nova iniciativa da “Chilli”, que agora vende seus produtos no Mercado Livre, em uma experiência de consumo nada estática e muito imersiva, diferente de outras lojas presentes na plataforma.
“Priorizo a conversa, a essência da Chilli Beans é se reinventar o tempo inteiro”, conta. A marca que, hoje, tem mil lojas espalhadas por 19 países como Estados Unidos, Emirados Árabes, Tailândia, a maioria dos países da América Latina e, mais recentemente, Índia, Austrália e Indonésia está em fase bastante internacional. Em uma parceria fechada com o Grupo Hirmer, maior grupo varejista da Alemanha, anunciou um plano de expansão inédito, com a inauguração de 64 lojas físicas e um e-commerce no território europeu. “Equilibramos a nossa essência brasileira com as tendências dos diversos lugares onde estamos, porque primeiro entendemos o perfil dos consumidores em uma venda apenas online, para depois abrir pontos físicos”, explica. “Se você não tiver humildade para admitir quando desconhece uma determinada realidade, aquilo não vai funcionar.”
E nada como celebrar o dinamismo e o sucesso desses novos ares com a inauguração de um ponto de venda em um lugar que fala por si. A loja número mil da Chilli Beans abre neste mês em Congonhas, o maior aeroporto executivo do país, em São Paulo. “É um marco pela visibilidade que o aeroporto tem, estar ali mostra que circulamos em todos os lugares mais importantes”, diz.
Para essa expansão, a empresa aposta em um novo formato, o Eco Chilli loja em formato de contêiner 100% sustentável que tem como característica principal ser mais acessível para novos franqueados, disponível a partir de R$ 60 mil, já com estoque inicial incluído. “O modelo é construído com material reciclado e opera com energia solar. O Eco Chilli também funciona como posto de coleta de óculos usados e o cliente ainda ganha desconto na troca por um modelo Chilli Beans novo é um ciclo de sustentabilidade que funciona.”
Tubarão parceiro
Vivemos em tempos em que a idade não dita regra alguma, e inovação se pratica a vida inteira. Caito Maia tem uma verve inventiva que transparece em podcasts, entrevistas e, principalmente, no “Shark Tank Brasil“, do canal Sony. Desde 2017, o empresário é um dos tubarões como são conhecidos os jurados do programa, que investem o próprio dinheiro nas startups participantes. Ao lado de Felipe Tito (Titanium Inc.), João Appolinário (Polishop), Carol Paiffer (Atom Educacional), Sandra Chayo (Hope) e José Carlos Semenzato (SMZTO), ele trava uma batalha para investir em pequenas e médias empresas.
Dos novos empreendedores, Caito destaca um case que chamou a sua atenção no programa e do qual se tornou sócio. Nada menos óbvio que um penteado que resiste até a uma moto apoiada por cima, sem desmanchar. Esse é o corte blindado, o cabelo “indestrutível” e colorido que o barbeiro Ariel Franco inventou e que conquistou uma legião de fãs na internet e nas ruas das periferias paulistanas. O primeiro salão de Ariel ficava na Brasilândia, na zona norte da capital paulista, e, hoje, graças ao investimento de Caito e à visibilidade do programa a Barbearia Rei do Blindado está no Shopping Metrô Tatuapé, na zona leste, e em breve em outros endereços.
Para conquistar o investidor Caito Maia é preciso ter uma boa história, mas também conhecimento de mercado. “É ter um negócio que faz seus olhos brilharem, além de saber dos números, é uma balança entre racional e emocional”, conta. Ou seja, tem que fazer diferente, como ele mesmo fez há 25 anos. “As pessoas precisam parar de pensar, se vestir, agir, trabalhar e abrir um negócio de um jeito igual”, reflete.
Acessório da autoestima
Lá atrás, no finalzinho da década de 1990, Caito levava a sério o sonho de ser um músico. Chegou a estudar na renomada Berklee College of Music, em Boston. Em sua casa, em São Paulo, havia um pequeno estúdio e, no mesmo corredor, um quartinho que ele usava para guardar sua pequena distribuidora de óculos. Após uma viagem para a Califórnia, ele trouxe diversos modelos de óculos escuros para revender para amigos e familiares. Foi nesse vaivém entre os dois espaços, o musical e o de vendas, que tudo começou. “A escolha por largar a música foi uma necessidade financeira. A banda não ia pagar minhas contas.”
Com o aumento crescente da demanda de pedidos por óculos, decidiu investir em sua própria marca e inaugurar a primeira loja da Chilli Beans, na Galeria Ouro Fino, nos Jardins, inovando o segmento de óculos no país ao trazer para o varejo ótico o conceito de self-service. Nessa época, Caito já desenvolvia um modelo de negócio que priorizava a experiência do consumidor, ao gerar o contato direto com o produto, em um ambiente com música, sem portas e vitrines, e ao produzir 44 coleções limitadas por ano, com parcerias baseadas na moda, música, arte e no universo geek.
Apesar de sempre ter gostado de óculos de sol, especialmente os modelos norte-americanos, hoje o empresário entende o significado desse item de uma maneira mais madura e, por que não, filosófica. “Vendemos um produto que traz autoestima para as pessoas, é impressionante ver como os óculos transformam o comportamento e a postura de quem experimenta um, é incrível trabalhar com isso!”
Ideias mutantes
E como nem todos são somente extrovertidos e cheios de atitude como os produtos mais antigos da Chilli Beans buscavam encantar, não há medo algum em diversificar o portfólio. Recentemente, Caito Maia decidiu embarcar em uma nova aventura: a Ótica Chilli Beans.
A primeira unidade foi inaugurada em 2019 no Shopping Cidade São Paulo e já é a terceira maior rede do Brasil, com mais de 160 lojas abertas. “Ninguém gosta de buscar por óculos de grau, parece a experiência de ir ao médico, falta uma atenção à individualidade de cada cliente. Não queremos ser uma ótica ‘engessada’, com produtos trancados numa vitrine. Queremos trazer o mesmo conceito das nossas lojas para a Ótica Chilli Beans, transformar os óculos de receituário em itens de moda”, explica. “Trocando os óculos, você troca de cara, de humor.”
Com seu espírito sempre criativo e postura cheia de vida, de alguém que, inclusive, será pai pela terceira vez sua esposa, a jornalista Denize Savi, está grávida do filho Noah o empresário ainda quer consolidar a história disruptiva e a exaltação à diversidade que a Chilli Beans propõe e não é de agora. “Quando viajo para conhecer lojas em diferentes lugares do Brasil, escuto de vendedores que eles se sentem acolhidos como nunca foram em outro trabalho, seja por sua aparência ou por sua atitude. Eu quero que essa história seja sempre lembrada quando pensarmos na marca Chilli Beans!”.
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