“Em Pleno Verão”, disco de Elis Regina, traz composições de ícones da música brasileira

por | nov 28, 2022 | Coluna, Música | 0 Comentários

O disco histórico Elis Regina traz composições que ganham balanço e potência na voz da cantora e anunciam uma estação cheia de vida

Em 1970, Elis Regina tinha 25 anos. Já era uma cantora de sucesso e, apesar da pouca idade, estava meio na contramão da juventude rebelde e do movimento da contracultura do final dos 1960. Ela foi uma das mais aguerridas na Marcha Contra as Guitarras, em 1967, imaginem…, mas, inteligente e talentosa como era, não demorou nada para tomar outro rumo.

Como dizem no mar, vento bom é aquele que a gente sabe aproveitar. Com arranjos do grande Erlon Chaves, maestro, pianista e compositor cheio de suíngue, e com produção genial de Nelson Motta, a cantora lançou um disco histórico: “Em Pleno Verão”. Atualizando seu repertório, entraram músicas de seus contemporâneos Gilberto Gil, Caetano Veloso, Jorge Benjor, Joyce Moreno, Roberto e Erasmo Carlos esses últimos com a gravação de “As Curvas da Estrada de Santos”, que é um clássico atemporal. Elis se mostra “bluezeira” e muito pop. Na canção de Gil, “Fechada pra Balanço”, os versos filosóficos encontram a bateria de Wilson das Neves e o baixo de Luizão Maia. A cantora dá um show de balanço (com perdão do pleonasmo) na divisão das frases.

Foto Reprodução

Foto Reprodução

 

Esse disco marca também a estreia de Tim Maia dividindo os vocais com Elis, em “These Are the Songs”, com órgão roqueiríssimo tocado por José Roberto Bertrami na introdução. Aliás, a ex-famigerada guitarra está pelo disco todo tocada por Luiz Cláudio Ramos, inclusive na faixa “Vou Deitar e Rolar”, que abre o LP, sucesso imenso do repertório de Elis composta por Paulo César Pinheiro e Baden Powell. Ela improvisa, faz scat singing, solta a voz lindamente.

Em “Comunicação”, de Edson Alencar e Edson Mateus, o arranjo até lembra os tropicalistas, e a letra é totalmente pop. Elis canta Chacrinha e outros ícones da cultura colorida que invadia o país, e até “Meu Nome é Gal” aparece no improviso final. Há quem diga que a cantora baiana foi grande influência para Elis nesse momento. Faz sentido!

Em “Copacabana Velha de Guerra”, ela canta os versos de Joyce “nós estamos por aí sem medo…”, apontando mesmo uma nova direção com “desfilando com a camisa cor do mar”. O nome do LP é muito feliz, muito inspirador e a foto da capa é maravilhosa. Esse disco contraria aquela máxima de que “amor de verão não sobe a serra”. É um clássico e um grande marco na carreira dessa voz imensa. E já que essa é a estação que se aproxima, deixo aqui essa dica para começar bem chique a sua trilha sonora. Aproveite!

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