Encantos catalães: Barcelona é um destino completo de arquitetura, cultura, gastronomia e vida noturna

por | jul 23, 2024 | Hospedagem, Passeios, Turismo, Viagens | 0 Comentários

Barcelona se mantém uma cidade vibrante que combina arquitetura singular, gastronomia excepcional com espumantes especiais, vida noturna animada e uma cena cultural dinâmica

Os olhos do mundo se voltam vez ou outra a Barcelona, com interesses renovados por uma cidade que reúne o melhor da arte, arquitetura, cultura e gastronomia. A atenção da vez é o restaurante Disfrutar – reconhecido como o melhor do mundo pela premiação gastronômica World’s 50 Best Restaurants 2024, passando à frente do também espanhol Etxebarri. Com três estrelas Michelin, a casa é comandada pelos chefs Eduard Xatruch, Oriol Castro e Mateu Casañas, que misturam de forma elegante técnicas modernas e de vanguarda com ingredientes tradicionais da Catalunha.

O menu degustação do Disfrutar apresenta a culinária mediterrânea em pratos divertidos e reinventados, como o “Pesto multiesférico con pistachos tiernos y anguila” (enguia com pistaches macios e pesto) e o “Panchino relleno de caviar y crema agria” (pão recheado de caviar e creme azedo). No entanto, é necessário o aviso: uma ida ao restaurante pode ultrapassar R$2.500, uma vez que menu sai por 290 euros, cerca de R$ 1.660 por pessoa. Quem optar pela refeição harmonizada com vinhos, acrescenta 160 euros (R$ 910) à conta. Mas a experiência vale o investimento e é importante reservar mesa antes de aparecer no local.

 

Vista aérea de Barcelona, que evidencia seu famoso plano diretor – foto iStockPhoto

 

O Disfrutar se confunde com outros charmosos cafés, wine bars e livrarias do bairro L’Eixample – eleito pela revista Time Out o mais cool do mundo em 2020, com sua vida noturna vibrante, proximidade do centro e colado na famosa Passeig de Gràcia. É nessa agradável avenida que se afiliaram lojas grifadas e expoentes da arquitetura e da hotelaria. Por ali, turistas se concentram para visitar as brilhantes materializações de Antoni Gaudí, como a Casa Batlló – edifício que pertenceu a um industrial catalão e que recebe atualmente mais de 1 milhão de pessoas por ano – e a Casa Milà, conhecida como La Pedrera, que abriga diferentes exposições artísticas.

No coração do Quadrat d’Or, também na Passeig de Gràcia, o emblemático Majestic Hotel, com 106 anos de história, destaca-se com sua arquitetura neoclássica em meio aos icônicos edifícios modernistas da região. Com 258 acomodações – distribuídas em diferentes categorias – o hotel guarda uma surpreende coleção de arte com mais de mil peças, assinadas por artistas como os espanhois Modest Urgell e Jaume Plensa.

O Majestic inaugurou em abril deste ano um espaço totalmente dedicado ao bem-estar com piscina semiaquecida e uma jacuzzi, onde todos os procedimentos e tratamentos utilizam prestigiadas marcas catalãs. Porém, é inevitável se voltar para fora, e um dos destaques do edifício é o disputado terraço La Dolce Vitae, com vista panorâmica para Barcelona. De lá, avistam-se a Sagrada Família, a Praça Catalunha e até mesmo o Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC) – paisagem que é acompanhada por um menu descomplicado de tapas, como croquete de presunto ibérico, sanduíche de rosbife no pão baguete com molho chimichurri, espetinhos de lula, e presunto ibérico com ovo de codorna.

 

Rooftop e espaço de bem-estar do Majestic Hotel – foto divulgação

 

A poucos passos outro ícone se revela, o Mandarin Oriental Barcelona. Com entrada imponente em meio a obras da galeria de arte Villa del Arte – inaugurada há um ano e focada em artistas multimidia –, o hotel dispõe de espaços comuns e quartos com design claro e minimalista, em consonância com o “quiet luxury” – verdadeira tendência em diferentes segmentos do luxo. No topo do prédio, é possível conhecer o Terrat, que destaca coquetéis clássicos e internacionais e comida peruana com influências asiáticas, como ceviches e jalea chifera (mix de peixes, mariscos com salsa e maionese), além de baos de carne de porco, quinoa e peixe fresco.

E, se a ideia for curtir um happy hour e estender até a noite no mesmo bairro, o badalado Boca Grande, na interessante Passatge de la Concepció, oferece uma verdadeira mistura. Nos últimos andares, bares de coquetéis e tapas animam os visitantes, mas há restaurante de frutos do mar e até mesmo uma balada eletrônica no subsolo.

 

Drinque e tapas do Terrat, no Mandarin Oriental – foto divulgação

 

Para bebericar e beliscar na região, há ainda os bares El Cangrejo Loco, que apresenta caranguejos, frutos do mar, peixes e arroz, e a Cerveceria Catalana, onde brilham o polvo à galega e a alcachofra frita. Àqueles que buscam equilibrar as refeições, é possível também encontrar sempre por perto um restaurante da rede espanhola Honest Greens, que serve saladas, frangos, sopas e sanduíches rápidos.

Andar e descobrir

O urbanismo de Barcelona é mesmo invejável e admirado no mundo inteiro. A cidade que conhecemos hoje se deve ao Plano Cerdà de urbanização, criado em 1858, que melhorou sua organização e trouxe mais qualidade de vida para os moradores.
O plano diretor possibilitou ruas largas e espaços verdes, mantendo a geometria de ruas paralelas e perpendiculares que fazem interseção com grandes avenidas principais, que atravessam a cidade de maneira diagonal. O projeto urbano incorporou quadras sempre idênticas octogonais e até mesmo as esquinas foram planejadas, sendo chanfradas (recortadas em meia-lua) para facilitar a circulação.

 

Bairro Gótico – foto iStockPhoto

 

Em resumo, caminhar por Barcelona é natural e convidativo há muito tempo. Um dos grandes destaques é a área antiga da cidade, a Ciutat Vella, que reúne ruas estreitas medievais que revelam museus, catedrais, restaurantes, mercados de rua, cafés e lojas. A região abriga dois bairros principais, La Ribera e El Gótic (bairro gótico).

Uma boa maneira de adentrar as ruelas é partindo das Ramblas – avenida central dominada por pedestres, que divide a cidade e se inicia ao norte na Praça Catalunha. Ao caminhar, os tons claros se tornam mais terrosos com prevalência de rochas e construções robustas. Entre essas ruas, chama a atenção a Basílica de Santa Maria del Pi, uma construção do século 14 que representa bem o estilo gótico catalão, com uma agradável praça em sua frente, que é bastante ocupada por moradores locais.

Com sapatos confortáveis, a andança e suas descobertas continuam. A poucos metros, é possível avistar a Catedral de Barcelona que, apesar de se manter à sombra da magnífica Sagrada Família, também impressiona em seus detalhes. Com um chamativo conjunto de cadeiras de madeira talhada, o coro é um dos lugares mais valiosos do interior da catedral.
Há também o Museu Frederic Marès, que reúne uma interessante coleção de esculturas e inclui algumas obras realizadas pelo próprio colecionador que dá nome ao local. As peças estão divididas em diferentes âmbitos, como Antiguidade, Românico, Gótico, Renascimento, Barroco e Século 19. A entrada é gratuita aos domingos.

 

Catedral de Barcelona – foto Shutterstock

 

Para jantar nas proximidades, vale conhecer o restaurante El Cercle, localizado em um palácio antigo do Real Círculo Artístico de Barcelona – um edifício do século 16, com janelas góticas e relevos renascentistas. O lugar conta com mesas externas em um terraço e destaca no menu as clássicas tapas, paellas, saladas e peixes.

 

Paella do restaurante El Cercle – foto divulgação

 

Já o boulevard El Born, no bairro La Ribeira, tem chamado a atenção dos gourmets de todo o globo. Nesse quarteirão, o Mercado de Santa Caterina se revela uma boa oportunidade para comer no meio do dia ou ainda garantir uma mesa no restaurante Cuines de Santa Caterina, em um loft dentro do mercado. No cardápio, as verduras ganham merecido espaço, como o queijo tomino com aspargos, tomate e cebolinha grelhada, e a salada de tomates com barriga de atum.

A região garante um circuito dedicado à arte, com endereços relevantes como o Museu Picasso, com amplo acervo do pintor espanhol e entrada pelo valor de 14 euros; o Moco Museum Barcelona, que reúne obras de arte moderna e contemporânea; e o Born Centre de Cultura i Memòria – que conserva a estrutura do antigo edifício do mercado El Born, projetado por Josep Fontserè em 1876.

 

Fachada do Born Centre de Cultura i Memòria – foto iStockphoto

 

Patrimônio na taça

O estilo de vida mediterrânea, com gastronomia variada e atenção às artes, não deixaria de lado os vinhos. Situada a cerca de 30 km ao sul de Barcelona, a região de Penedès é origem de uma parcela significativa dos vinhos da Catalunha. Como boa parte do solo nessa localidade foi fundo de mar há milhares de anos, há alta concentração de calcário, assim como na Champagne, o que favorece o cultivo de uvas brancas.

Com terroir de qualidade, a produção de espumantes no local feita de forma tradicional resultou na denominação de origem Cava – com as variedades de uvas locais, Macabeo (a mesma Viura de outras regiões), Xarel·lo e Parellada. E, desde 1911, uma das maiores produtoras de cava do mundo é a Freixenet – fruto de uma união de duas famílias espanholas com uma longa tradição em viticultura, os Ferrers e os Salas.

 

Sede e casa-museu da Freixenet, em Penedès, nas proximidades de Barcelona – foto Freixenet, S.A. / Saint Sadurní d’Anoia

 

Após as inovações introduzidas na década de 1970, a marca foi a primeira empresa na Espanha a adotar tanques refrigerados visando controlar a fermentação, e tornou-se uma das líderes no desenvolvimento da própria levedura na região. A casa “La Freixeneda”, onde a marca foi fundada em 80 hectares de vinha, floresta e olival, continua ativa com uma produção de cavas emblemáticos e como casa-museu.

Por lá, é possível conhecer mais sobre a história da Freixenet, avistar as plantações e mergulhar nas particularidades da marca – com a facilidade de ter uma estação de trem em frente à entrada do local para poder beber sem preocupar. Degustar os rótulos, como Elyssia Gran Cuvée, Elyssia Pinot Noir e Reserva Real, é como resumir as sensações aguçadas em uma viagem a Barcelona.

Belezas surreais

A Costa Brava abrange a parte mais ao norte do litoral da Catalunha, sendo um dos trechos mais bonitos da Espanha. É onde está Cadaqués, uma pequena cidade cercada por uma paisagem natural impressionante, formada por montanhas escarpadas que cortam a região de Alt Empordà e terminam em penhascos que se precipitam no mar. A área é ideal para praticar diversos esportes e atividades aquáticas, como mergulho, vela e windsurf.

Salvador Dalí deu a fama internacional a esse belo povoado. Sua casa-museu, situada em frente à baía de Port Lligat, ao norte de Cadaqués, permite conhecer uma parte da obra do mestre do Surrealismo. A forma mais rápida de chegar, partindo de Barcelona, é de carro, em uma viagem de duas horas.

 

Cadaqués, na Costa Brava – foto Adobe Stock

 

*Parte da viagem realizada pela jornalista foi financiada pela União Europeia e a convite da Freixenet

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