O astral dos cariocas sofre com uma sucessão de más notícias, seja na saúde ou na política. Só que as pessoas que vivem na cidade maravilhosa têm o dom de produzir por elas mesmas boas novidades. As páginas no Instagram “Levanta, Botafogo” e “O que fazer no Rio” apostam nas indicações entre amigos como estímulo para a retomada econômica e a recuperação do bom humor no Rio Janeiro.
A pandemia intensificou o desemprego no país, que chegou a 13,8% no trimestre encerrado em julho. É a maior marca da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), que teve início em 2012. Esses números certamente se refletiram na movimentação de bairros boêmios e conhecidos do Rio.
“Cresci e sempre morei em Botafogo, com a flexibilização da quarentena, sentia o bairro muito caído, com negócios fechados”, conta Carla Knoplech, empresária e fundadora da Agência Forrest. Foi nesse momento que a expert em criação de conteúdo no Instagram pensou em desenvolver um espaço que pudesse ser a plataforma de visibilidade de empreendedores locais, a “Levanta, Botafogo”. “Queria ajudar essas pessoas, levantar o astral da região”.
De pães de fermentação naturais, aulas de cerâmica e produção caseira de vinhos, as dicas são dadas pelos próprios moradores do bairro, que formaram uma comunidade que valoriza Botafogo. “É a amostra de que na ausência de perspectiva governamental, as pessoas geriram por elas mesmas a crise e a pandemia, e estão se recuperando”.
Com a proposta de democratizar as dicas culturais da cidade, o projeto “O que fazer no Rio” surgiu em 2015 e aposta na vida além da zona sul. “Os cantinhos ‘secretos’, aqueles points que são achados e que quase ninguém ainda conhece, bombam! Os cariocas adoram uma exclusividade, mesmo sabendo que é a cidade mais turística do país”, explica Natalia Alves, fundadora da plataforma com mais de 300 mil seguidores.
Muitas vezes com sátiras e até memes, a página sugere pontos inusitados para recuperar o astral dos moradores da cidade. São indicações como praias selvagens; o sítio Burle Marx, na zona oeste do Rio de Janeiro; a Barra de Guaratiba, entre outros locais pouco visitados. “Eu costumo dizer que se tiver uma guerra nuclear no mundo, só sobra barata e carioca. Nós estamos acostumados com as piores notícias do país, mas sempre respondemos com humor”, finaliza.
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