Bruninho comanda a seleção brasileira de vôlei em Paris, nesta que deve ser sua última Olimpíada

por | jun 28, 2024 | Entrevista, Olimpíadas, Pessoas & Ideias | 2 Comentários

Em sua quinta e provavelmente última Olimpíada, o levantador Bruninho vai a Paris disposto a fechar com medalha de ouro sua vitoriosa trajetória como levantador da seleção brasileira de vôlei

O vôlei é um dos esportes que mais despertam o interesse da torcida brasileira nas Olimpíadas. Seja nas quadras ou nas areias de praia, seja os rapazes ou as garotas – as equipes que representam o país são sempre um sucesso de público e crítica.

No time masculino que disputa nas quadras seu quarto ouro olímpico este mês em Paris, um jogador se destaca por seu papel de líder, suas performances de alto nível técnico e sua identificação com a galera das arquibancadas: o levantador Bruninho, que acaba de completar 38 anos e, hoje, é um dos mais veteranos da equipe.

 

foto Guilherme Leporace / Buena Onda

 

Filho do treinador da seleção, Bernardinho, o craque já conquistou todos os títulos mais importantes do vôlei: seu currículo tem um ouro olímpico (conquistado na Rio 2016), um campeonato Mundial (em 2010, com o Brasil), uma Champions na Europa, vários campeonatos italianos, uma Copa do Brasil, sete Superligas aqui no país e um campeonato Sul-Americano – entre outros.

De volta ao Brasil após anos na Itália, prepara-se para encerrar sua trajetória como jogador. Ídolo da seleção, ele concedeu uma entrevista à 29HORAS, na qual discorreu sobre suas expectativas para esta que deve ser sua última Olimpíada, falou sobre a importância dos cuidados com a saúde mental para o seu jogo e a sua vida fora das quadras e revelou quem são os maiores levantadores que viu jogar. Confira a seguir tudo o que ele contou para a gente.

Como está a preparação para a Olimpíada de Paris? Você vê nesse grupo um potencial comparável ao do time que conquistou o ouro na Rio-2016?
A preparação está sendo muito boa! O empenho, a dedicação e os primeiros jogos mostram que a equipe está na direção certa. O time de 2016 e o de hoje são bem diferentes, mas vejo uma equipe se doando diariamente como aquela e com potencial de brigar de igual para igual contra qualquer adversário do mundo.

Na sua opinião, quem serão os nossos adversários mais duros na jornada até mais uma medalha olímpica?
O voleibol masculino está realmente muito equilibrado. Acredito que temos três seleções com grandes chances de medalha: Polônia, Itália e EUA. Um pouco atrás vêm França, Japão, Argentina e Canadá.

 

Em ação, Bruninho levanta a bola enquanto seus companheiros de equipe se posicionam
para a cortada – foto divulgação / FIVB

 

Após um ciclo com a seleção treinada pelo Renan Dal Zotto, agora você voltou a trabalhar sob o comando do Bernardinho, seu pai. Quais são as diferenças entre os estilos de comandar dos dois e, a seu ver, o que muda no jogo da equipe com a saída de um e a chegada do outro?
Acredito que o legado deixado lá atrás pela comissão técnica de 2016 (que foi praticamente a mesma durante 16 anos), de trabalho e de dedicação, seguem no mesmo patamar. Isso é algo que não muda. Se tornou uma base da seleção brasileira. Existem diferenças de personalidade entre o Renan e o Bernardinho, e isso acaba alterando um pouco o cotidiano, mas nenhum problema. Acredito que essa temporada estamos buscando uma intensidade de jogo maior, mais volume, com mais defesa –evoluindo o trabalho que vínhamos fazendo com o Renan até o ano passado.

Em Pequim-2008 você era o novato do time. Agora, aos 38 anos e em sua 5ª Olimpíada, você é uma referência para os jogadores mais jovens da seleção, como o Lukas Bergmann e o Arthur Bento. É um peso ter a responsabilidade de ser o “capita”?
Acho que é um processo natural. As responsabilidades ao longo dos anos vão crescendo. Sinto que, hoje, além de ter um papel dentro de quadra, também tenho o de conversar, de entender como cada um está se sentindo e ser alguém que possa ajudar os mais jovens. Dentro do grupo, essa é uma missão fundamental que agora cabe a mim e a alguns outros “veteranos”.

Por falar na sua idade, sente que a aposentadoria está próxima? Considera que essa será a sua última Olimpíada? Já tem projetos para a sua vida depois do final da sua trajetória como jogador?
Não sei até quando jogarei, mas acredito que essa é minha última Olimpíada, sim. Sinto que estou no momento final da carreira. Sobre o meu futuro, posso dizer que atualmente eu não penso em ser treinador. A única certeza que tenho é a de que pretendo continuar dentro do esporte.

 

foto Maurício Val / CBV

 

E sobre o seu retorno ao Brasil, o que te trouxe de volta? Do que vai sentir mais falta de sua vida na Itália?
Foram muitos anos na Itália, tendo o voleibol como prioridade número 1 na minha vida. O voltar se deve à vontade de equilibrar mais a minha vida profissional com minha vida pessoal. Quero estar mais próximo das pessoas que amo. Sobre o que deixei na Itália, sem dúvida o que vai fazer mais falta são os amigos que fiz ao longo desses anos todos por lá.

Você considera o nível dos torneios nacionais (Superliga, Copa Brasil…) equivalente ao dos campeonatos que disputou na Itália?
O nível dos torneios no Brasil, infelizmente, ainda está abaixo do nível italiano. O fator principal é o número de estrangeiros que jogam no Campeonato Italiano. Lá, os times têm os melhores jogadores de vários países, e isso eleva o nível de competitividade do torneio. O fato de o euro ser uma moeda mais forte também contribui para isso.

Quais as suas expectativas para próxima temporada, agora atuando pelo Vôlei Renata? E o que espera nessa volta a Campinas, cidade da família de sua mãe (a ex-ponta Vera Mossa), local onde você passou boa parte da sua adolescência e onde fica o seu 1° time, o Clube Fonte São Paulo?
Estou muito feliz e motivado para que seja uma grande temporada. Temos uma equipe competitiva que, sem dúvida, vai brigar para chegar às finais e disputar títulos. Cheguei na cidade pré-adolescente e fiquei até meus 19 anos. Tenho muitos amigos até hoje por lá, e o Ginásio do Taquaral é praticamente minha segunda casa. Não vejo a hora de entrar lá de novo, depois de tantos anos.

 

foto Guilherme Leporace / Buena Onda

 

Em seu livro lançado em 2023, “Da Escuridão ao Ouro”, você fala de vitórias, mas também das derrotas, de suas fraquezas, das decepções e dos fantasmas que teve de enfrentar para superar os momentos de dificuldade. E você revela que, há mais de uma década, dedica um cuidado especial à sua saúde mental. Como é esse trabalho e como ele tem te ajudado a ser um atleta melhor e uma pessoa melhor?
Quando comecei a trabalhar esse lado mental, logo após as Olimpíadas de 2012, não era usual se falar sobre saúde mental. Hoje isso se tornou muito importante. Acredito que é um trabalho constante e, junto com o Giuliano Milan [consultor de profissionais de alta performance], me faz ter equilíbrio e serenidade melhores para encarar os altos e baixos da vida de um atleta.

Para finalizar, mostre que você é realmente um ótimo levantador e por favor “levante a bola” dos outros: quem são os maiores levantadores que você já viu em ação?
Maurício e Ricardinho. Dois monstros.

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2 Comentários

  1. Julyana Moreira

    Que incrível essa matéria! Isso só mostra com atletas são seres humanos e precisam estar perto de amigos e famílias para continuar em um alto rendimento. Acompanhar a carreira de Bruno por anos a fio, só mostra cada vez mais a pessoa dedicada e esforçada que ele é. Rumos as olimpíadas e que ela seja dourada para você e para nós, capitão!

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  2. Bruno Rezende News

    Vai ser muito difícil não ter mais você na Seleção mas apenas torcemos pela sua felicidade. Vai ser uma Olimpíada incrível para todos! Que você consiga alcançar tudo o que deseja com seus novos objetivos. Estaremos aqui para te apoiar em cada jornada, capita! Matéria incrível, pessoal. Parabéns a todos os envolvidos! (:

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