Estilistas resgatam técnicas e conceitos artesanais em suas coleções para reinventar a relação com o que vestimos
Quando o líder indígena e filósofo Ailton Krenak compartilhou a ideia de que “o futuro é ancestral”, explicou que não poderíamos pensar em um futuro para a humanidade sem resgatar as cosmovisões sustentáveis das civilizações do passado. Essa visão ganhou força após as limitações impostas pela pandemia, e parece que a moda também vem refletindo sobre esse conceito com rapidez.
Para muitos estilistas e pesquisadores, o futuro da moda, além de ancestral, é feminino e artesanal. Com relação ao trabalho manual, peças em crochê e macramê já vinham ganhando força e se consolidaram há algumas estações. Antes, encontrávamos essas técnicas em estéticas ligadas ao étnico e ao rústico. Agora, o artesanato aparece em peças modernas e coloridas, em uma clara mensagem de que queremos ressignificar o passado para seguir adiante.
Um exemplo desse movimento é a Cru Macramê, marca que, por meio de suas peças artesanais e sustentáveis, ajuda a empoderar mulheres do interior do Ceará. “Muitas vivenciam uma realidade muito dura e se surpreendem com a possibilidade de ganhar dinheiro com o crochê, artesanato que aprenderam com mães e avós”, explica Gabriela Gaio-fatto, criadora da marca.
E Cintia Felix, estilista da AZ Marias, criou sua mais nova coleção inspirada na frase de Krenak, e as peças desfilaram na São Paulo Fashion Week (SPFW) deste ano. A marca de impacto social e ambiental também centraliza os saberes ancestrais e as mulheres, principalmente as de corpos grandes, em seu discurso.
Além dos looks, um ato que vem se tornando tradição é a entrada da mãe da estilista nos encerramentos de seus desfiles. “Quero que a minha mãe receba os aplausos junto comigo, pois é uma forma de reverenciar as batalhas de uma mulher negra 50+. Quero que essas mulheres se vejam como bonitas, como deusas, como protagonistas”, comemora.
Uau! Amei a matéria. E é bem isso. O futuro é ancestral e colorido e a moda manifesta isso. Voltei a crochetar depois de anos, integrando com minha atividade como terapeuta holística. Fiz um xale para usar e estou confeccionando outras peças e comercializando elas. É um honrar e um ressignificar os saberes que nos foram passados.