Azul e Latam: Outrora rivais, agora parceirinhas

por | set 8, 2020 | Aviação | 0 Comentários

As rivais Azul e Latam compartilham voos para reduzir seus custos.  Mas o que muda para os passageiros? É bom ficar atento, pois os preços costumam subir sempre que a concorrência diminui

Em junho, no momento mais agudo da crise que atingiu as companhias aéreas, a Azul e a Latam anunciaram uma parceria que, em outros tempos, seria absolutamente impensável. As duas empresas, que há anos disputam ferozmente os passageiros nas rotas que interligam as principais capitais do país, revelaram ter feito um acordo de codeshare para 64 rotas domésticas e o acúmulo de pontos nos dois programas de fidelidade.

Em condições normais, Latam e Azul jamais cogitariam a celebração de um acordo desse tipo, mas a paralisação causada pela pandemia do novo coronavírus acabou gerando uma situação absolutamente excepcional, que não tem nada de normal. Com esse compartilhamento, as duas empresas arranjaram uma maneira de eliminar sobreposições, reduzir custos operacionais e ampliar a taxa de ocupação dos voos.

Analistas do mercado enxergam o gesto como um “clinch”, aquele recurso do boxe que os lutadores utilizam ao abraçar seu oponente para neutralizá-lo e, ao mesmo tempo, para dar uma descansadinha marota para respirar e recuperar suas forças.
Mas há também quem enxergue nessa “trégua” o início de um processo de fusão entre as empresas. Desde que foi incorporada à Lan chilena, a brasileira Tam oscilou bons e maus momentos. Não seria surpresa no mercado se a Latam vendesse à Azul as suas operações no Brasil.

Mas, para se concretizar, esse negócio tem que ser aprovado no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE), o que não seria fácil, pois a empresa resultante dessa união nasceria concentrando sozinha mais da metade dos mercados doméstico e internacional. Quem indubitavelmente sairia perdendo com isso seriam os passageiros, que teriam menos opções e, por conta da redução da concorrência, preços certamente mais altos.

É uma sinuca de bico: sozinhas, Azul e Latam Brasil correm o risco de ficarem fracas, mas juntas elas podem ficar fortes demais.

 

Radar

Ranking
Em julho, o mercado doméstico do setor aéreo já deu uma boa mostra de como vai funcionar no pós-pandemia: a Gol segue liderando o ranking, com 44,3% dos passageiros transportados. A Azul cresceu e ficou com a vice-liderança, sendo responsável por 32% da movimentação. Já a Latam, cada vez menor, abocanhou uma fatia de apenas 23,2% do bolo.

Comida de avião
Um jato Fokker 100 que há anos estava guardado em um hangar da Avianca Brasil acaba de ganhar uma segunda vida: ele terá seu interior reformado para abrigar o restaurante temático Pan Am Experience. Por fora, será pintado com as cores da companhia aérea norte-americana, falida em 1991. Lá dentro, garçons e garçonetes trabalharão vestindo elegantes uniformes iguais aos usados pelos comissários de bordo da empresa – um ícone dos tempos áureos da aviação comercial. A abertura do estabelecimento está prevista para o primeiro semestre de 2021, na capital federal.

Baixo austral
Com 99% dos voos domésticos e internacionais suspensos pelo menos até novembro, o setor aéreo na Argentina está mergulhado em uma séria crise, que já causou o encerramento das operações da Latam Argentina. A nova vítima é a Austral, subsidiária da estatal Aerolíneas Argentinas, que deve desaparecer entre o final deste ano e o início de 2021. Aos poucos, sua frota de aviões Embraer E190 será toda repintada com as cores e a logomarca da Aerolíneas.

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