Como vamos nos locomover nas cidades no mundo pós-pandemia?

por | jul 3, 2020 | Coluna, Mobilidade | 0 Comentários

Muitas mudanças de comportamento serão necessárias no mundo que, gradualmente, sai do isolamento social. Na nossa desequilibrada “normalidade”, construímos cidades insalubres, baseadas no carro movido a combustão, modal que já vem há algum tempo sendo questionado. Essas horas perdidas no trânsito absorvendo poluentes nunca fizeram sentido. Agora, muito menos. No mundo todo tivemos a chance de respirar melhor e apreciar o céu limpo. A poluição do ar reduziu 17% no planeta e 25% no Brasil durante essa triste pandemia.

Assim, o que se espera no futuro é o florescimento de cidades mais inclusivas e saudáveis. O transporte coletivo, essencial em qualquer metrópole, precisará garantir maior segurança sanitária. Já a bicicleta, recomendada pela OMS como o melhor modal na pós-pandemia, é a aposta de mais de cem cidades do mundo. Além de reduzir a poluição e promover a saúde, evita custos, desafoga trens e ônibus e mantém a distância física necessária.

Desde o primeiro dia da quarentena, em março, Bogotá implantou 117 km de ciclofaixas, obra da prefeita, Claudia Lopez, que defende com unhas e dentes o espaço para ciclistas na capital colombiana, que já conta com 550 km de ciclovias.

Foto divulgação

A Itália está oferecendo bônus de até 500 euros para quem mora em cidades com mais de 50 mil habitantes e quer comprar bicicletas tradicionais ou elétricas. Berlim, que já tem 1.000 km de ciclovias, reduziu o espaço dos carros e ampliou calçadas para estimular a caminhada.

Com a prefeita Anne Hidalgo, Paris vem se transformando em uma cidade para ciclistas. O plano de Hidalgo promete a construção de 650 quilômetros de ciclovias. Já em Londres, além do plano de emergência de 250 milhões de libras para expandir a malha, houve medidas de acesso gratuito a bikes elétricas para profissionais de saúde em serviço. O transporte ativo também é prioridade em Nova York, que ampliou sua rede cicloviária e instituiu mais ruas fechadas e “calmas”, onde a velocidade é reduzida.

E aqui no Brasil? Na contramão dessas tendências, nem um quilômetro de ciclovia ou ampliação de calçadas foi anunciado, apesar da pressão de vários grupos de ciclistas e de defensores do transporte a pé. Mas não podemos desanimar. “Acredito na consciência coletiva, pois a sociedade reunida consegue reivindicar melhoras para todos”, diz o médico patologista Paulo Saldiva, um dos maiores especialistas em poluição do ar no Brasil, e que alerta há anos sobre a importância de usarmos modais mais inteligentes, saudáveis e sustentáveis.

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