Uma coisa é querer tomar alguns coquetéis, outra é fazer desse momento uma experiência completa. É incrível como alguns hábitos foram afetados durante a pandemia. Para quem costuma beber socialmente, como no happy hour com os colegas ou em eventos, é claro que ficou complicado. Com o distanciamento das mesas e o uso obrigatório de máscara, mesmo agora que recuperamos parte da mobilidade, as paqueras e as afinidades espontâneas sofreram muito.
Mas a boa notícia é que para quem aprecia toda a arte e a sedução que o universo do bar e do drinque envolvem, ainda vivemos em uma das melhores cidades do mundo. E quando digo bar me refiro ao universo e à estética que compõe essa arte. Falo do layout da parede repleta de rótulos, da luz certa para valorizar tanto as garrafas como o bem estar do cliente, do balcão em si, do conforto dos bancos ou poltronas e da postura e sobriedade do profissional que está executando os drinques bem ali na nossa frente. É um show particular, uma performance.
São Paulo tem diversos lugares de extremo bom gosto e com profissionais reconhecidos internacionalmente. Eu cito aqui alguns que sempre me trouxeram a magia e o prazer que busco nessa viagem. Para uma experiência completa recomendo sentar-se no balcão, claro.
O Frank Bar, no lobby do Maksoud Plazza, traz um charme inerente a bares de hotel. É hoje comandado pelo elogiado Rafael Domingues, que traz entre outras criações o Autumn Leaves, à base de calvados (destilado de maçã da região da Normandia), vermute Carpano Clássico, rye whiskey (uísque de centeio) e bitter Angostura.
Outro endereço espetacular é o Sub Astor na Vila Madalena. Fábio La Pietra já fez história por trás desse balcão. Ali me permito dizer apenas quais clássicos me agradam (tipo Negroni ou Dry Martini) e dou carta branca na espera de um híbrido deles.
O Jean Ponce já levou muitos prêmios por aqui e pelo mundo afora e comanda o Guarita Bar, em Pinheiros. É imperdível, e não só pelos coquetéis de autor como pelo bolovo (bolinho frito com recheio de carne moída e gema de ovo caipira mole), que já foi eleito o melhor petisco da cidade várias vezes. Ali é possível tomar drinques como o Encorpado Cavaleiro, de rum envelhecido, cachaça Anísio Santiago, vermute, amaros e bitter de madeiras. Acredite: é muito diferente de tudo que você já tomou. Aliás, ele também é conhecido por fazer as melhores caipirinhas da cidade.
Por fim, gosto de um pequeno balcão na rua Pinheiros chamado Le Jazz Petit, originalmente criado para atender a espera do Le Jazz e que acaba servindo de sala de espera deste e dos vários outros bistrôs que abriram no mesmo quarteirão. O balcão em formato de U tem apenas nove lugares, o bar é lindo com as paredes revestidas de posters de clássicos do jazz e os coquetéis definitivamente valem a visita. Sem contar a qualidade dos copos utilizados. Tudo de cristal austríaco ou de vidro alemão, aqueles bem pesados. O excelente bartender Danty Monteiro faz por merecer a fama do lugar e executa qualquer pedido com destreza.
Como o gosto etílico é muito pessoal, sugiro que não se apresse para fazer suas escolhas. E deixe o carro em casa…
Até!
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