O vermute, bebida milenar europeia, caiu no gosto dos brasileiros e já é encontrado em versões com botânicos e frutos nacionais
O médico grego Hipócrates costumava preparar uma bebida no ano de 400 AC. Ele macerava a planta losna e flores de menta em um vinho forte e doce da Grécia, criando um tônico digestivo que ficou famoso como “vinho de Hipócrates”. O médico costumava receitar essa bebida para tratar condições como reumatismo, anemia e dores regulares.
Durante a Idade Média, a produção de vermute se estabeleceu em Piemonte, próximo às colinas alpinas, assim os destiladores encontravam facilmente plantas botânicas em suas proximidades. Muito tempo depois, em 1768, a bebida foi nomeada o “Aperitivo da Corte “. O costume pelo vinho se espalhou na Corte Real da Bavária, onde o “Wermut Wein” era popular.
De taças em taças, ao chegar na Corte francesa, virou vermouth. A primeira marca comercial surgiu em 1786 fundada por Antonio Benetto Carpano – sua fórmula usava vinho moscatel de qualidade e ingredientes misturados por monges locais e álcool para fortalecer e preservar a receita final. Já em 1813, o herbalista Joseph Noily começou a fabricar o seu vinho com laranjas amargas, camomila, e botânicos como losna, criando o vermute aromático e seco, o Noilly Prat. Seguindo o exemplo, outras famílias iniciaram a pirâmide de vermute. Entre as mais famosas estão Martini & Rossi, Cinzano, Cora, Cocchi, Gancia, Toso e Riccadonna. Na França, destacam-se Dolin e Lillet.
A crescente e atual demanda por coquetéis e bebidas de qualidade, fez com que buscássemos por produtos nacionais. Vermutes brasileiros vêm ganhando espaço, conquistando o paladar de muitos apreciadores da bebida, como os vermutes das marcas Aureah da Famiglia Griffo, Virgulino Ferreira, Vermú da Cia dos fermentados e os inovadores rótulos da empresa Divino Vermutes – que lançou em conjunto com especialistas do país, uma linha de produtos como bitters, xaropes e, claro, vermutes.
Tive a honra de desenvolver e assinar a receita do primeiro vermute de açaí do mercado mundial, com o fruto nativo do Pará e mais 11 botânicos. Gabriel Santana, bicampeão do World Class Brasil, assina o vermute de caju que leva canela e cumaru entre as especiarias, o bitter aromático, e o xarope de limão siciliano. Léo Massoni, que já chefiou os bares Trabuca e DOM, assina o vermute de amora com laranjas e outras especiarias secas, o bitter de laranja e o xarope de gengibre.
Entre os clássicos e as novidades
Os vermutes são classificados em variedades doce e seca, com o Bianco de teor moderado de açúcar sendo introduzido por volta dos anos 1960. A bebida faz parte de grandes clássicos da coquetelaria centenária mundial e de coquetéis contemporâneos, como Negroni, passando por Manhattan, Dry Martini, Spritz e os mais “jovens” Vermute & Tônica. É possível degustar também os vermutes puros com gelo ou misturados com água com gás.
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