Inspirado no #MeToo, movimento contra o assédio sexual lançado nos Estados Unidos em outubro de 2017, o mercado publicitário brasileiro iniciou uma mobilização contra esse tipo de crime muito comum em agências, empresas e, especialmente, em sets de filmagem.
Neste ano, em parceria com o #MeTooBrasil, a Associação Brasileira da Produção de Obras Audiovisuais apresentou uma filmagem com relatos reais de assédio em forma de roteiros de filmes.
Denominada “Corta!”, a campanha criada pela agência Leo Burnett Tailor Made reforça a necessidade de mudança de comportamento na indústria audiovisual com relação ao assédio sexual no trabalho. É apresentada como um pacto de conscientização contra o assédio na indústria do audiovisual e disponibiliza o #MeTooBrasil para denúncias e o atendimento as vítimas.
Os filmes retratam situações de comportamentos abusivos que aconteceram em festas, eventos oficiais do mercado e até mesmo em um típico dia de trabalho dentro de um set de produção, com diretores, produtores, atores e profissionais do segmento.
“Isso não é um roteiro. Isto é uma história real. Isto precisa ter fim. Corta!, um movimento contra o assédio na indústria do audiovisual”, prega a campanha da APRO.
No final de 2017, uma pesquisa promovida pelo Grupo de Planejamento havia revelado que 90% das mulheres e 76% dos homens já havia sofrido assédio moral ou sexual no trabalho. Desse total, 51% das mulheres afirmaram terem sido vítimas de assédio sexual.
O chamado GP levou o resultado desse levantamento para 65 agências de São Paulo, mostrando que o problema poderia afetar inclusive a produtividade da empresa.
É sintomático da natureza estruturante do abuso que os diretores, principal interface sênior com as equipes, tenham sido citados como assediadores por 63% do total da amostra. E não causa surpresa que o assédio sexual seja maior entre as mulheres, com uma em cada duas reportando já terem sofrido esse tipo de violência no ambiente de trabalho.
A hostilidade vivida nos ambientes de trabalho tem consequência na saúde dos profissionais, já que 62% das mulheres e 51% dos homens afirmam ter sofrido algum sintoma de saúde por causa de assédio moral.
O movimento resultou em um engajamento das principais entidades do setor, representantes dos profissionais de mídia, criação, produtoras e até de anunciantes. Agências de propaganda anunciaram medidas práticas contra o assédio, como a implementação de códigos de conduta e canais independentes de denúncia.
Cada vez mais conscientizado, o mercado publicitário dá um passo à frente para eliminar de seu convício quem prefere batizar o assédio com outros nomes e esconder seus atos criminosos.
Você também pode entrar em contato com o #MeTooBrasil para fazer um desabafo de maneira anônima ou para realizar uma denúncia e receber apoio jurídico, psicológico, médico e socioassistencial. Acesse o site: metoobrasil.org.br/ajuda/
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