Memória paulistana: bairro Campos Elíseos guarda ecos de um passado de glória

por | jul 23, 2024 | Coluna | 0 Comentários

No Campos Elíseos, bairro que já foi o orgulho de São Paulo, é possível visitar alguns templos da cultura brasileira 

O nome Campos Elíseos sugere a nobreza que essa região central representou quando era o endereço certo dos barões do café e dos empresários proeminentes do começo do século 20. A elite paulistana era fã da cultura e da arquitetura francesa e, não à toa, o nome da localidade dos mais poderosos era a tradução da mundialmente admirada avenida parisiense dos Champs-Élysées.

O bairro, maltratado assim como todo o centro da cidade, ainda guarda ecos de um passado de glória. Uma de suas mais imponentes mansões pertencia à família Alves de Lima, cujo patriarca era um dos grandes barões do café, além de presidente da Café Paulista S/A e da Cooperativa Central dos Cafeicultores. Construída na rua Guaianases, em 1912, essa mansão foi projetada pelo famoso arquiteto Ramos de Azevedo e foi batizada de Casa de Don’Anna pelo neto do barão, que reformou o imóvel em 2015, homenageando a sua avó e permitindo assim um uso comercial.

 

Ambiente do restaurante Ama.zo, nos Campos Elíseos – foto divulgação

 

E é ali que nasceu o Ama.zo – Cozinha Peruana, sob o comando do reconhecido chef peruano Enrique Paredes, em que a proposta é unir clássicos da culinária andina a sabores da Amazônia. A casa é maravilhosa por dentro e aproveite uma ida ao toalete para dar uma volta pelos cômodos luxuosos, que remontam ao ambiente chique de outrora. O restaurante se situa no incrível jardim repleto de jabuticabeiras e abacateiros, protegido por um telhado translúcido quase imperceptível. O ideal é chegar cedo (até às 12h45) em um dia bonito e começar beliscando uns chicharrones de calamares, acompanhado do ótimo pisco sour da casa.

Após escolher um dos vários ceviches de entrada, sugiro pedir o ceviche e pulpo, que mistura ceviche com polvo na brasa e mousse de batata doce e abacate. Outra pedida de sucesso é o chaufa e panceta, que traz arroz salteado ao estilo oriental com vegetais e é servido com panceta laqueada em molho teriyaki, couve frita e alho crocante. A ambientação é agradável e, na minha ida, estava tocando um trio de soft blues, apresentando J.J. Cale e Eric Clapton.

 

Ceviche com polvo do Ama.zo – foto divulgação

 

A área de jardim serve também como extensão do café inaugurado no porão da casa, denominado Café Paulista, em memória ao bisavô do atual proprietário. A visita vale muito a pena e, se estiver por lá em um sábado ou se tiver a tarde livre, aproveite para fazer um tour cultural no bairro e vá conhecer o lindíssimo Theatro São Pedro, que é uma casa centenária com uma das histórias mais ricas da música nacional, ou visite a imponente Pinacoteca do Estado, próxima aos Campos Elíseos.
Caso você esteja com menos tempo disponível, mesmo assim curioso pelo cardápio do Ama.zo, pode conhecer a filial recentemente inaugurada do restaurante no shopping Pátio Higienópolis. Aproveite!

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