Adriana Esteves celebra mais de três décadas no audiovisual brasileiro e é reverenciada pelo público e pela crítica

por | set 30, 2024 | Arte, Cinema, Cultura, Entretenimento, Entrevista, Pessoas, Pessoas & Ideias | 0 Comentários

Adriana Esteves comemora seus 35 anos de carreira interpretando na nova novela das 21h uma vilã que promete ser tão perversa quanto a icônica Carminha 

Com 35 anos de carreira, a carioca Adriana Esteves é uma das atrizes brasileiras mais completas da atualidade. Na TV, no cinema e no streaming, ela consegue se dividir em diferentes projetos e interpretar uma ampla gama de personagens, desde mocinhas carismáticas até vilãs memoráveis, como a emblemática Carminha, de “Avenida Brasil”, do autor João Emanuel Carneiro – produção indicada ao Emmy Internacional à época.

 

Adriana Esteves – foto Marcos Serra Lima / globo

 

Doze anos depois, a atriz repete a parceria na atual novela das 21h, “Mania de Você”, da TV Globo. A trama se inicia em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. “Como em todas as obras do João Emanuel, o público pode esperar muitas surpresas e uma permanente dualidade. Temos camadas dos personagens que vão se revelando ao longo dos capítulos. Em termos de conceito artístico, isso também é um norteador: toda a leveza da atmosfera de Angra dos Reis e suas praias paradisíacas contrasta com a tensão dos mistérios do roteiro”, conta o diretor artístico Carlos Araujo.

No papel de Mércia, Adriana explora justamente essas camadas que evidenciam a complexidade da personagem, que de imediato parece fria e solitária, mas que esconde carência e força desvelados pouco a pouco. “Trabalhar com João é excelente, não apenas porque ele é um autor e um grande artista, mas porque deposita, nos atores e na equipe, uma confiança que acho muito especial para o nosso mergulho criativo. Ele é democrático! Temos todos a sensação de pertencimento. Cada um de nós se sente importante e indispensável dentro da obra que está sendo feita”, afirma a atriz. 

 

Adriana Esteves ao lado do autor da novela “Mania de Você”, João Emanauel Carneiro – foto Manoella Mello / Globo

 

Para ela, que tem em seu currículo trabalhos em diversas plataformas, o atual papel é sempre o mais desafiador. “Porque ainda está em fase de estudo e experimentação, mas todas as personagens que aceito fazer são as que consigo vislumbrar um mergulho e uma profundidade”, explica. 

Com formato diário e roteiro aberto, as novelas criam uma conexão mais imediata com o público, o que exige entregas rápidas dos atores e uma rotina de gravações bastante intensa –diferentemente das séries do streaming, outra aposta de Adriana. “As produções para streaming oferecem um tempo mais dilatado para a construção dos papéis e das tramas, e vejo que as séries permitem aprofundamento e uma elaboração maior da história. No caso de ‘Os Outros 2’, tive a oportunidade de vivenciar a volta de Cibele, a minha personagem, com sua história ampliada. Isso foi e vem sendo uma experiência incrível!”

O céu e o inferno são os outros

Sucesso no Globoplay no último ano e agora em sua segunda temporada, a série “Os Outros”, criação de Lucas Paraizo, foi escrita por Fernanda Torres e conta com direção artística de Luisa Lima. A narrativa une drama e suspense em um roteiro que aborda a intolerância e a dificuldade de diálogo na sociedade atual. O ponto de partida é a história de duas famílias que vivem em um mesmo condomínio de classe média na Barra da Tijuca. Dois casais vizinhos — um formado por Wando (Milhem Cortaz) e Mila (Maeve Jinkings), outro por Cibele (Adriana Esteves) e Amâncio (Thomás Aquino) — entram em conflito após uma briga entre seus filhos. A situação escala até um nível extremo, trazendo consequências para outros moradores do local.

A temática de “Os Outros” é bastante contemporânea ao contexto social e político do Rio de Janeiro com reverberações em todo o país, com a violência infiltrada no cotidiano de muitas pessoas. “‘Os Outros’ foi a série mais autoral que escrevi até hoje. Nasce de uma reflexão sobre o que acontece quando todos acham que têm razão, uma característica dos dias de hoje. Tentei unir uma narrativa popular à densidade dos assuntos que escolhi tratar: a classe média brasileira endividada, polarizada e cheia de medo, mas com sonhos e ambições legítimas”, comenta Lucas Paraizo.

 

Com os atores Letícia Colin e Eduardo Sterblitch, em “Os Outros 2”, da Globoplay – foto Daniel Klajmic / Divulgação

 

Cibele, personagem de Adriana Esteves, é consumida pela violência de seu convívio.  A interpretação da atriz contribui significativamente para o clima psicológico da série, destacando as dificuldades das relações e o impacto do passado na vida presente. A habilidade de Adriana em transmitir vulnerabilidade e força é um dos pontos altos da produção. “É um verdadeiro microcosmo, com todos os nossos reflexos sendo expostos nos espelhos. A intolerância e o medo estão presentes nos indivíduos, essas dores e rivalidades que existem nas relações sociais. Os condomínios e as comunidades são ambientes realmente capazes de representar o mundo”, reflete a atriz.

Boa mistura de leveza e drama

Aos 54 anos de idade, a carioca passeou por uma variedade significativa de papéis ao longo da sua carreira. O primeiro foi na novela “Top Model”, exibida em 1989. Na trama, ela interpretou a personagem Malu, uma jovem que sonha em ser modelo. Mais tarde, em 2000, veio Catarina, em “O Cravo e a Rosa”, escrita por Walcyr Carrasco – uma adaptação da peça “A Megera Domada”, de William Shakespeare. Na comédia romântica, a personagem de Adriana é uma mulher decidida e determinada, que se apaixonada por um homem rústico. A novela foi um grande sucesso, teve algumas reprises e é lembrada por sua leveza e pelos personagens carismáticos.

Já símbolo da teledramaturgia brasileira e verdadeiro ícone cultural, Carminha, de “Avenida Brasil”, ainda faz sucesso, seja em reprises na TV ou mesmo na internet com memes e compartilhamentos relembrando cenas da personagem. “A novela foi uma das genialidades que foram produzidas na televisão brasileira nesses últimos tempos. O elenco foi espetacular, a direção e a produção foram impecáveis, e eu tive essa honra de fazer parte e receber essa personagem, que foi mais um presente. ‘Avenida Brasil’ reflete o enorme acerto e sintonia do João Emanuel de falar com o Brasil sobre assuntos que o país estava com vontade de ver, ouvir, curtir… Tudo isso com muita alegria! É um grande exemplo de como arte e entretenimento podem se misturar.” 

 

A atriz como Carminha, contracenando com Débora Falabella, em “Avenida Brasil” – foto Estevam Avellar / globo

 

Para o futuro, Adriana deseja pausar suas atuações em novelas, mas reconhece o impacto e a aderência do formato na audiência brasileira e ainda se divide em diferentes plataformas. “Quando terminei  ‘Amor de Mãe’, achei que não faria mais novelas. Após a pandemia, percebi o quanto ajudaram na saúde mental das pessoas e mudei de ideia. Agora, após ‘Mania de Você’, pretendo dar uma parada”, comenta. “Mas vejo que o nosso país ainda gosta muito de novelas, fazem parte de nossa história. O crescimento de obras nos streamings é algo muito rico para o nosso mercado audiovisual. Os teatros, hoje lotados, e nosso cinema, com grandes produções sendo realizadas, também é bastante animador para a nossa cultura. Tenho muito entusiasmo com essa cena cultural atual tão diversificada e estou animada para os trabalhos e encontros que estão por vir”, comemora.  

Foto da capa: Manoella Mello / Globo

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