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Normandia: a paisagem viva das obras impressionistas

por | abr 1, 2019 | Viagens | 0 Comentários

Nas paisagens da Normandia, as telas grandes artistas impressionistas, como Claude Monet

Foi o cenário romântico de Honfleur, com suas ruas medievais entre duas colinas e o velho porto, na Normandia, que atraiu, no início do século 19, paisagistas e aquarelistas de diferentes nacionalidades à região. Mas quem definitivamente colocou Honfleur no mapa das artes foi Eugène Boudin, nascido nessa pequena aldeia de pescadores ao norte da França e conhecido como um dos precursores do impressionismo.

Em caminhadas pela costa normanda, pintando ao ar livre, Boudin apresentou as pinceladas soltas e a valorização da luz ao jovem Claude Monet que, mais tarde, seria o mais aclamado entre os impressionistas franceses.

Além da pequena Honfleur, a rota do impressionismo na Normandia tem dois outros destinos imperdíveis: Giverny, onde a casa e os jardins de Monet testemunham a sua história, e Auvers sur Oise, o último endereço de Vincent Van Gogh.

Quase duzentos anos se passaram desde que Boudin reunia amigos como Pissarro, Renoir, Cèzane, Jongkind, Monet, além de poetas como Baudelaire, para temporadas, a 40 francos por mês, na La Ferme Saint-Simeon – a hospedaria, berço do movimento impressionista, que foi transformada, em 1964, em um belíssimo hotel cinco estrelas da rede Relais Chateaux (20, Route Adolphe Marais).

Honfleur mantém seu encanto e ainda atrai pintores com seus cavaletes diante da baía de Santa Catarina, hoje povoada não mais por barcos de pesca mas por veleiros de lazer.

Nas vielas estreitas da Honfleur medieval, cujos primeiros registros são do século 11, as velhas casas abrigam hoje boutiques que, com a elegância e o bom gosto típico francês, vendem de tudo com uma dose extra de charme: de sabonetes e cremes artesanais a cerâmicas e chocolates ecológicos. Honfleur foi o cais de onde partiram os franceses que fundaram Quebec e, por estar às margens do Sena, foi importante na rota comercial com a Inglaterra.

Porto Le Havre, em Honfleur

Hoje o Le Havre, ali pertinho, é o principal porto, e Honfleur um balneário que atrai milhares de turistas no verão, ampliando em muito sua população de aproximadamente 8 mil habitantes.

Os visitantes vão atrás de joias arquitetônicas seculares, como a igreja de Santa Catarina, construída entre 1466 e 1497 toda em madeira. A gastronomia é outro ponto de atração: uma vez ali, não deixe de experimentar a galette, um tipo de panqueca recheada quase sempre com queijo gruyère. Também são imperdíveis os pratos de frutos do mar – especialmente as moules, os mexilhões à francesa acompanhados de sidra, bebida típica da Normandia.

Visitando Monet

Claude Monet já passava dos 40 anos quando comprou a propriedade abandonada que ele transformou em obra de arte floral com suas próprias mãos e se tornou o principal tema de suas pinturas.

Giverny, onde ficam a casa e os jardins de Monet, é um dos passeios mais encantadores perto de Paris. Fica a apenas 30 quilômetros da capital francesa, bem no início da Normandia. O lugarejo tem apenas 500 habitantes, entre eles muitos aposentados em busca de melhores preços e sossego – este item nem sempre é possível para quem mora próximo à casa e aos jardins de Monet, que recebe anualmente mais de meio milhão de visitantes.

Visitar os Jardins de Monet é como estar na casa de um amigo, tão familiares são aqueles jardins tantas vezes mostrados, seja em fotos ou na reprodução das pinturas. Andando fora ou dentro da casa, magnificamente preservada com mobiliário e objetos, tal qual era, o visitante é capaz de sentir a atmosfera que reinava por lá… Ou ainda devanear visualizando o próprio pintor em seu estúdio, admirando os jardins que ele mesmo plantou.

A casa de Monet, em Giverny

O passeio começa sempre pelo Jardim Normando, o primeiro que Monet formou como uma verdadeira paleta de cores, misturando espécies rústicas com rosas e dálias, colocando arcos metálicos no caminho central onde capuchinhas, rosas perfumadas, dálias, peônias, papoulas, íris e narcisos continuam a encantar os visitantes, numa mistura aparentemente desordenada, mas que segue uma incrível harmonia de cores.

A etapa seguinte leva ao Le Jardin D’Eau, que Monet começou a formar dez anos após se instalar em Giverny, acessível por travessia subterrânea. É ali que você reconhece as muitas telas que celebrizaram Monet, especialmente as “Nympheas”, série de 250 telas que ele pintou nos últimos trinta anos de sua vida.

Antes de visitar a casa de Monet, vale a pena andar por Giverny e sentir a atmosfera de encantamento, com os muitos ateliês de pintura e casas com janelas românticas e cortinas quadriculadas, como se espera do cenário do interior da França.

A Casa de Van Gogh

Depois de peregrinar por inúmeros endereços na França, Vincent Van Gogh alugou, por 3,5 francos por dia, um pequenino quarto de 7m² com uma única claraboia no Auberge Ravoux, em Auvers-sur-Oise. Neste vilarejo a 30 km de Paris ele passou os últimos 70 dias de sua vida e produziu mais do que uma tela por dia. A cidade ainda respira Van Gogh.

O Auberge Ravoux continua lá, e seu restaurante, decorado da mesma forma, funciona regularmente. O quarto nº 5, fechado durante cem anos, permanece como era quando o artista ali morreu ao lado de seu irmão, Theo, após alguns dias de agonia. As visitas ao quarto nº 5 são possíveis de quarta a domingo (6 euros por pessoa) de março a novembro, precedidas de apresentação de audiovisual sobre a vida de Van Gogh em Auvers-sur-Oise.

O albergue onde Van Gogh viveu

O passeio ao último endereço de Van Gogh inclui caminhada pelo vilarejo durante a qual é possível reconhecer a igreja, as casas, as ruas, o castelo e os campos pintados por ele.

Mais do que os impressionistas

Em razão da proximidade de Paris, geralmente os passeios guiados a Giverny e Auvers-sur-Oise combinam os dois destinos num único dia, o que permite ver, mas não favorece em nada a vivência dos lugares. Se você tiver mais tempo, a viagem certamente será enriquecida.

Já Honfleur, a 192 km de Paris, demanda mais dias e se encaixa perfeitamente em rotas da Normandia. É lá que fica Rouen, a cidade de Joana D’Arc, patrona do país, e Lisieux, o Santuário de Santa Teresinha, além das praias do histórico desembarque do Dia D, na Segunda Guerra Mundial. É na Normandia que se produz o original queijo Camembert e também o Calvados, destilado de maçãs com denominação de origem.

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