logo
logo

Conheça a Serra Gaúcha, o principal polo enoturístico do Brasil

por | jul 1, 2019 | Turismo | 0 Comentários

Parreiras da Casa Valduga, em Bento Gonçalves

Conhecer a Serra Gaúcha é voltar aos primórdios da imigração italiana, à história de homens e mulheres que saíram de várias regiões da Itália, no final do século 19, em busca de terras e oportunidades no sul do Brasil.

Grande parte deles, por tradição e vocação, começou então a cultivar videiras e produzir vinhos para o consumo próprio, muitas vezes em pipas de madeira instaladas no porão da casa. Assim nasceram as principais produtoras de vinho do Rio Grande do Sul, estado que conta com 680 vinícolas, responsáveis por 90% do vinho brasileiro.

Esse pedaço privilegiado do país, cercado de montanhas e belas paisagens, concentra marcas reconhecidas internacionalmente. Mais de quinze mil famílias gaúchas estão envolvidas com o setor: desde pequenas e charmosas caves até grandes indústrias. O vinho é o protagonista na Serra Gaúcha.

Capital do espumante

A gastronomia italiana, a natureza farta, os programas culturais e o acolhimento da população tornam a viagem pela região uma experiência única. Até porque há muitas surpresas nas cidades que fazem parte do circuito do enoturismo.

Em Garibaldi, por exemplo, um ponto de parada obrigatória é o restaurante Galeto DiPaolo, que serve o “galeto al primo canto” e uma sequência de pratos italianos deliciosos, como capelleti in brodo, polenta crocante, almofadinhas de queijo e massas. Garibaldi é conhecida como a capital do espumante pela qualidade de seus produtos, e acolhe vários roteiros
focados na bebida.

Frades da Pousada dos Capuchinhos

Já em Vila Flores, a uma hora da cidade, o destaque é a estadia na Pousada dos Capuchinhos. Tocado por um grupo de simpaticíssimos frades capuchinhos, adeptos da filosofia de São Francisco de Assis, o hotel fica em um antigo seminário religioso. Ao lado dos freis é possível conhecer os vinhedos da propriedade, visitar a vinícola Frei Fabiano e experimentar os ótimos vinhos feitos por eles – o carro-chefe é o Vino Santo, usado em missas. À noite, eles convidam os hóspedes para jantares harmonizados. O capelleti in brodo do hotel está no topo do ranking no roteiro pela Serra Gaúcha.

Rituais e vivências

Ali pertinho, o passeio ao Atelier L´Arte Ceccato é imperdível. A começar pela acolhida amorosa dessa família de ceramistas italianos, que recepciona os visitantes já no portão da propriedade, contando a saga do clã no trato com o barro. Depois disso, você participa de vários rituais, como a terapia caminhante, a partilha do pão e a degustação de chás medicinais e de grostoli, conhecido como o doce da nonna. Uma vivência que acalenta o corpo e a alma. “Vila Flores é a terra da fé, do pão e do vinho”, diz Dona Benedita Ceccato, a matriarca ceramista, que conduz com a filha e o marido esse caloroso roteiro.

Um pouco mais adiante, no restaurante Giratório Mascaron – o único restaurante giratório do Brasil –, experimenta-se a sensação de saborear pratos italianos a 79,5 metros de altura: há uma parte fixa e nas mesas gira-se lentamente. Para acompanhar o almoço, foram apresentados os rótulos da vinícola Simonetto, que casaram bem com o cardápio focado em massas, risotos, grelhados e saladas.

Análise sensorial na Casa Perini, em Farroupilha

Em Farroupilha, depois da degustação na Adega Chesini, uma vinícola familiar que tem como ponto forte a “Experiência Sabor e Fé”, com partilha do pão e vinho, aconteceu uma divertida análise sensorial às cegas na Casa Perini: os participantes tinham que identificar os aromas de ingredientes e notas dos vinhos, aperfeiçoando o vital sentido do olfato.

A parada seguinte foi na vinícola Cave Antiga, que tem se saído bem em concursos internacionais com os seus espumantes, como o Moscatel, elaborado pelo método Asti. Depois de um jantar maravilhoso e muitos vinhos, o descanso no hotel Dall’Onder Vittoria, em Bento Gonçalves, foi providencial. O dia seguinte prometia novas degustações em vinícolas no Vale dos Vinhedos, que engloba as cidades de Bento Gonçalves, Monte Belo do Sul e Garibaldi.

Berço do enoturismo

O vale é realmente o coração do vinho na Serra Gaúcha, berço das principais vinícolas e o ponto de partida para quem quer mergulhar no enoturismo. Por onde quer que você passe há parreirais centenários, propriedades de pedra integradas com a natureza, hotéis de luxo (como o Hotel & Spa do Vinho, da redeMarriott) e bucólicos vilarejos.

A melhor época para ver as videiras carregadas de uvas é o verão, porque no inverno os parreirais hibernam para guardar energia para a próxima safra. Mas a estação do frio também tem seu charme, até porque a (prazerosa) atividade de apreciar o vinho fica perfeita quando a temperatura baixa.

Em Monte Belo do Sul, a pausa no Bistrô Casa Olga é um capítulo à parte, com a cozinha afetiva das irmãs Marta e Morgana, que resgataram as receitas da avó Olga em um espaço especial. O almoço foi harmonizado com os rótulos da Faccin, produtora de vinhos orgânicos e naturais, produzidos com leveduras indígenas e sem adição de dióxido de enxofre (SO2).

Goles inspiradores

Seguiu-se uma visita à Casa Valduga, em Bento Gonçalves, onde é possível conhecer a sua incrível cave subterrânea de espumantes, com capacidade para seis milhões de garrafas. A marca brasileira está presente em mais de vinte países nos cinco continentes: foi criada em 1875 por um imigrante de Rovereto, ao norte da Itália, e é um dos principais roteiros no vale.

Maria Fumaça, em Bento Gonçalves

Outras vinícolas de Bento, como a Miolo, a Dal Pizzol e a Lovara, guardam, cada uma delas, características especiais. O Miolo Wine Garden oferece a possibilidade de fazer um piquenique nos lindos jardins da propriedade regado com vinhos da marca. A Dal Pizzol, comandada pelos irmãos Antônio e Rinaldo, faz parte da rota Cantinas Históricas, projeto composto por propriedades rurais que retratam a vida dos imigrantes italianos. Rinaldo Dal Pizzol conduz os visitantes nesses passeios. Ele é autor da trilogia “Memórias do Vinho Gaúcho”, 752 páginas sobre a história do vinho no Rio Grande do Sul.

Viagem no tempo

E a vinícola Lovara, fundada em 1967 por Giuseppe Benedetti e Angelo Tecchio, vindos do norte da Itália, oferece, além de seus ótimos espumantes, um espaço para eventos e a opção de casar em meio aos vinhedos. Dois passeios completam essa deliciosa imersão no mundo do vinho. O primeiro é o parque temático Epopeia Italiana, que propõe o embarque em uma viagem junto aos imigrantes Lázaro e Rosa, desde a saída da Itália até a chegada em Bento Gonçalves.

Outro programa divertido é a Maria Fumaça, que passa pelas cidades de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa. Nas paradas os passageiros degustam vinho e suco de uva e curtem, dentro do trem, pocket shows com cantores, atores e dançarinos. Uma proposta que mostra a criatividade, o profissionalismo e o empenho dos gaúchos em fortalecer a cultura do vinho, um de seus maiores e mais ricos patrimônios.

A jornalista Chantal Brissac viajou a convite do Ibravin e do Sebrae

0 comentários
Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *