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Especial Brasil-Japão: Kimi Nii, criar é a palavra-chave

por | jul 11, 2018 | Pessoas | 0 Comentários

Para quem conhece o trabalho de Kimi Nii, é difícil acreditar, mas seu envolvimento com a cerâmica começou na feirinha da Praça da República, no centro de São Paulo. Foi em uma barraquinha de rua que ela encontrou o que procurava: uma cerâmica utilitária autêntica e de alta temperatura. “A barraquinha pertencia a um senhor japonês, e eu perguntei a ele com quem eu poderia aprender a fazer peças como aquelas”. A resposta veio rápido: “Você quer aprender? Eu posso te ensinar”.

Logo depois de se formar em Desenho Industrial pela FAAP, Kimi absorveu tudo o que aquele senhor podia ensinar e se sentiu realizada ao executar as peças que projetava, diferentemente da época da faculdade, em que só desenhava. “Eu chegava em casa depois da aula e não conseguia dormir, pensando ‘Eu fiz! Eu fiz!’ Eu estava apaixonada por aquilo tudo”.

Após três meses de curso, ela seguiu seu próprio caminho, pesquisando e experimentando sozinha. Sua primeira fornada de peças, no entanto, foi um fracasso. Na época, ela e a prima, também ceramista, levavam as peças para queimar no forno de um amigo, em Embu das Artes. Como a ocasião era muito esperada, se reuniam com amigos na sequência para celebrar os resultados. “Naquele dia, as minhas peças saíram do forno todas com algum defeito e muitos ceramistas mais velhos me falavam: ‘nossa, estou com pena de você, nenhuma das suas peças deu certo'”. Com esses comentários, Kimi Nii confessa que chorou, desapontada.

Os defeitos tinham a ver com a argila experimental, com o forno construído pelo próprio amigo e com a sua ousadia de criar peças de formatos experimentais logo no início de sua carreira. Com o tempo, Kimi Nii aprimorou esses e outros detalhes técnicos e começou a errar menos, como ela mesma diz.

Sobre seus formatos ousados ao longo dos anos 1970 e 1980, ela comenta: “Eu não conseguia vender minhas cerâmicas, eu fazia peças diferentes e os meus tipos de desenho não eram comuns na época; mas eu precisava criar alguma coisa, não ficava satisfeita fazendo vasos que todo mundo já tinha feito”. Hoje as coisas mudaram e a linguagem desenvolvida por Kimi Nii na cerâmica é compreendida e aclamada.

Representada pela galeria Emmathomas, do colecionador Marcos Amaro, com direção artística de Ricardo Resende, a artista já realizou incontáveis exposições coletivas e 20 individuais em diversas capitais brasileiras e cidades como Barcelona, Bruxelas e Tóquio. Passeando pelo pequeno jardim entremeado por esculturas na entrada de seu ateliê, localizado no Butantã, Kimi Nii faz uma última reflexão, ao final da entrevista: “O imperfeito tem mais graça, você não acha?”

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