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Você sabe o que é Esclerose Múltipla?

por | ago 16, 2018 | Saúde & Bem-estar | 0 Comentários

30 de agosto é o dia nacional de conscientização sobre a esclerose múltipla. O que você sabe sobre esta doença?

Segundo o Código Internacional de Doenças (CID10), a Esclerose Múltipla (item 35) é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central. Nossos neurônios – células responsáveis por transmitir mensagens do cérebro para o resto do corpo – são recobertos por uma camada de mielina, tecido gorduroso responsável por proteger a “linha de transmissão”. No caso da esclerose múltipla, essas camadas de mielina dos neurônios localizados no sistema nervoso central sofrem lesões e prejudicam a comunicação do cérebro com o resto do corpo.

Embora a doença seja rara no Brasil – encontramos 27 casos a cada 100 mil pessoas –, sua ocorrência está aumentando ao longo dos anos. Ela atinge principalmente mulheres e é a segunda maior causa no Brasil de déficits neurológicos em jovens de 20 a 40 anos, atrás somente dos traumas – acidentes ou situações violentas.

O nome “esclerose múltipla” soa assustador para muitos, possivelmente pela associação errônea de “esclerose” com a imagem de idosos em estado de demência. No entanto, esclerose diz respeito a um tecido que sofreu uma lesão e não retornou ao seu primeiro estado, ganhando uma textura endurecida. Por exemplo, uma cicatriz na pele é um tecido esclerosado, assim como uma artéria endurecida por placas de gordura ou cálcio caracteriza a arteriosclerose. No caso da esclerose múltipla, essas lesões – inflamações – que acabam virando cicatrizes acontecem nas camadas de mielina dos neurônios cerebrais em vários lugares, por isso o termo “múltipla”.

Dentre os sintomas causados pela doença os mais comuns são fadiga, vista embaçada, intolerância ao calor, formigamento dos membros e dormência da língua ou do rosto. Quanto mais precoce for o diagnóstico – feito por meio de ressonância magnética – e mais rápido for o início do tratamento, melhor será o controle da doença e maior a probabilidade de retardar – ou inibir – o aparecimento de sequelas.

 

A doença é classificada de três formas

– Remitente recorrente: É a mais comum. Cerca de 85% dos diagnosticados passam por episódios de novos sintomas seguidos de períodos de recuperação total ou parcial.

– Secundária progressiva: Cerca de 50% dos portadores da forma remitente recorrente evoluem para a secundária progressiva, com episódios de piora dos sintomas com ou sem surtos e sem recuperação.

– Primária progressiva: Forma debilitante marcada por sintomas que se agravam constantemente, sem períodos de melhora. Agora, com tratamento aprovado no Brasil.

Ping-pong com Jefferson Becker, presidente do Comitê Brasileiro de Tratamento e Pesquisa em Esclerose Múltipla e Doenças Neuroimunológicas (BCTRIMS)

Quais são as causas da esclerose múltipla?

Acredita-se que a Esclerose Múltipla seja causada por uma predisposição genética (e não herança genética) sobre a qual algum fator ambiental atua como gatilho para disparar a doença. Atualmente acredita-se também que exista mais de um fator ambiental e que a junção deles é que faz com que o paciente desenvolva a EM. Há algumas causas que já estão melhor definidas, como a deficiência de vitamina D. Um outro fator ambiental é a infecção causada pelo Vírus Epstein-Barr. A obesidade, especialmente a infantil, também colabora como fator de risco, assim como o tabagismo, ainda que passivo. Quanto mais cedo essas exposições ambientais acontecem, maiores são as chances de desenvolver a doença.

Todas as pessoas com esclerose múltipla chegarão, em algum momento da doença, a um estado debilitado?

Nem todo paciente com EM evolui com um quadro necessariamente ruim. Certamente há pessoas que terão limitações, algumas delas até de forma bastante rápida, às vezes mais agressivas, mas nem todo paciente evolui assim. Além disso, hoje, com os tratamentos, estamos conseguindo diminuir a velocidade de evolução das sequelas e até mesmo fazer com que os pacientes não entrem em um estágio de maior comprometimento.

Quais são as novidades no tratamento da EM?

Nos últimos anos surgiram medicações que proporcionam uma melhor resposta com posologia menos invasiva. Agora há medicações orais e intravenosas que podem ser usadas mensalmente, semestralmente ou anualmente. Além disso, este ano, no Brasil, foram aprovadas as medicações para os quadros progressivos – até então só havia tratamento para pacientes remitentes recorrentes. Portanto, agora podemos oferecer tratamento para todos os grupos com esclerose múltipla.

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