Acordei com uma dúvida. Hoje é quinta ou sexta-feira? Dia 26, 27? Como a lógica do tempo muda neste distanciamento social. Afinal, quais são os marcadores que nos mostram que é terça e não quarta? Deve ser a terapia que define as manhãs de determinado dia. Ou ainda o tão esperado happy hour com os colegas na sexta, que coloca um ponto final nos dias de labuta. Mas o isolamento mexeu com tudo isso.

É importante não se perder. A vida é amplamente possível e, um dia de cada vez, chegaremos ao fim desta reviravolta mundial. Mais do que nunca notamos que é importante viver o presente, perceber nossos corpos, estar realmente ativos no instante. Manter uma rotina, adaptada. 

Aplicativo para vídeo chamadas em grupo “HouseParty”

A terapia continua na terça. Graças ao Skype, às chamadas de vídeo do Whatsapp ou mesmo ao telefone, a cama vira divã. A academia à noite agora ficou mais perto. É na sala, com os sofás arrastados e aulas infinitas de exercícios disponíveis no Youtube. Aos sábados, o vinho com os amigos ainda está de pé. Um aplicativo chamado HouseParty permite, inclusive, jogos virtuais por meio de vídeo chamadas em grupo. Adivinhações e questionários fazem as horas passarem e a conversa, render. 

Sem falar, claro, que o Spotify tem uma gama enorme de playlists, que possibilitam até mesmo uma festa de aniversário à distância, é só compartilhar. Pois pobres dos arianos, não poderão apagar as velinhas entre os seus neste ano, mas não deixem a peteca cair! Usem a criatividade. A dica é a 29HORAS Play, nosso canal nas plataformas de música. Lá, vocês encontram ritmos de carnaval, rap, mpb… Amém, tecnologia!

Hoje é sexta-feira, dia 27 de março. E, para continuar firme no calendário, me apego, paradoxalmente, ao poema de Lya Luft, que nos ajuda a passar por esse rio turbulento. No fim das contas, estou a favor de tudo que tire esse clima de fim de época e nos coloque de volta ao eixo. Mas, claro, transformados, de olho em quais marcadores do tempo realmente importam.

 “O tempo não existe:

tudo se resume ao instante.

O antes disso

é um rio que corre

mas não passa.

(Basta chamar:

é sempre agora.)”

Lya Luft